Última edição registrou o maior índice de participação em dez anos; custo com todo processo foi menor do que em 2018
O ministro da Educação, Abraham Weintraub (esq.), e o presidente do Inep, Alexandre Lopes, durante divulgação dos resultados do Enem (Foto: Luís Fortes/MEC)
Guilherme Pera, Larissa Lima e Bianca Estrella, do Portal MEC
A espera pela consulta às notas individuais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 chegou ao fim. Nesta sexta-feira, 17 de janeiro, os 3,9 milhões de participantes já podem acessar seus desempenhos e planejar o ingresso no ensino superior. A edição do ano passado obteve 77,2% de participação, taxa recorde desde 2009.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, e o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, apresentaram os dados em entrevista à imprensa na sede do Ministério da Educação (MEC), em Brasília. Confira a apresentação feita pelo Inep.
"[Está] tudo mostrando que foi o Enem de todos os tempos. Mostrando que gestão e eficiência e respeito ao dinheiro público são marcas do governo federal. Resumidamente, estou muito satisfeito. Se o brasileiro tiver condições de trabalho, pode entregar resultados iguais ou melhores que americanos, europeus e asiáticos", disse Abraham Weintraub. “[Por conta de] custo, logística, qualidade das questões. Não teve polêmica. [Foram bons] a execução, operação, custo, eficiência, satisfação de alunos e professores”, completou.
As notas individuais estão na Página do Participante, disponível no portal e no aplicativo do Enem. O participante deverá informar o CPF e a senha cadastrada. É possível, ainda, visualizar o número de inscrição, que é imprescindível, por exemplo, para ingressar no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e no Programa Universidade para Todos (ProUni). A nota pode ser usada ainda para conseguir financiamento pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), ingressar diretamente em instituições de ensino superior e até estudar em instituições parceiras de Portugal.
O Inep, vinculado ao MEC e responsável pela aplicação do Enem, também divulgou os resultados gerais para cada uma das quatro áreas exigidas no exame. As médias gerais foram 523,1 para matemática e suas tecnologias; 520,9 para linguagens, códigos e suas tecnologias; 508 para ciências humanas e suas tecnologias; e 477,8 para ciências da natureza e suas tecnologias.
Quanto à redação, 53 participantes obtiveram a nota máxima (1.000) e 143.736 zeraram. Os maiores percentuais de motivos para nota zero foram: redações em branco (56.945), fuga ao tema (40.624) e cópia do texto motivador (23.265). A média ficou em 592,9. Para os “treineiros”, aqueles que não concluíram o ensino médio em 2019, as notas estarão disponíveis em março, assim como o espelho da redação.
"O Enem foi um sucesso no sentido em que tudo correu dentro do planejado, dentro do cronograma. Nós não tivemos surpresa. A prova foi muito bem recebida pela comunidade acadêmica, pelos participantes. O tema da redação foi considerado inesperado, mas bem aceito pela sociedade. A acessibilidade ao cinema foi considerada uma discussão importante", disse Alexandre Lopes.
Entenda a nota – O cálculo das notas de cada área não é uma simples soma do número de questões acertadas no exame. O Inep adota a Teoria de Resposta ao Item (TRI), um conjunto de modelos matemáticos que permite a comparabilidade entre as edições do exame. As redações, por sua vez, são corrigidas uma a uma pelos mais de 5 mil avaliadores.
Como usar a nota
Sisu: o estudante interessado em ingressar em alguma instituição de ensino superior pública deve escolher até duas opções de cursos. Ao final, o sistema seleciona os mais bem classificados em cada curso, de acordo com as notas no Enem e eventuais ponderações, como pesos atribuídos às notas ou bônus. É pré-requisito não ter zerado a redação. As inscrições vão de 21 a 24 de janeiro. São 237 mil vagas.
ProUni: o estudante interessado no ingresso em instituições privadas de ensino superior pode concorrer a bolsas integrais (100%) e parciais (50%). Para se inscrever na iniciativa, o aluno que participou do Enem deve ter obtido média de ao menos 450 pontos e não ter zerado a redação. As inscrições vão de 28 a 31 de janeiro. São 249 mil bolsas.
Fies: com duas modalidades — juros zero a quem mais precisa (renda familiar de até três salários mínimos por pessoa) e escala de financiamento que varia conforme a renda familiar do participante —, as regras para a nota são as mesmas do ProUni. A partir de 2021, será preciso nota mínima de 400 na redação. As inscrições vão de 5 a 12 de fevereiro. São 70 mil vagas.
Ingresso direto: Para realizar o ingresso direto em uma instituição privada, o estudante não precisa realizar provas nem pagar taxas, apenas se inscrever no site ou diretamente na instituição de interesse e aguardar o resultado da seleção. Só é necessário não ter zerado nenhuma das provas.
Enem Portugal: 47 instituições portuguesas — 10 delas por convênios firmados em 2019 — aceitam a nota do Enem como forma de ingresso. Cronograma e regras são definidos pelas universidades.
Índice de ausentes – O número de inscritos que não compareceram às provas foi de 1.160.151, correspondente a 22,77% dos inscritos. Destes, 67,28% tiveram direito à isenção da taxa de inscrição e 32,72% eram pagantes.
Até então, o menor índice de ausentes havia sido registrado em 2018: 24,53%. O aumento do percentual de participação veio após medidas adotadas pelo Inep, como a não isenção de taxa àqueles que não fizeram pelo menos um dia de prova e não justificaram ausência na edição anterior.
Custos – O MEC empenhou R$ 537.665.342 para cobrir as despesas do Enem 2019, o que representa uma redução de R$ 52.145.341 em relação aos valores executados em 2018. Na edição do ano passado, o gasto total por aluno ficou em R$ 105,52, menor do que os R$ 106,13 de 2018.
Eliminações – A maior parte das eliminações se deu pela emissão de som de aparelhos eletrônicos, como toques ou alarmes. Dos 6.286 excluídos, 3.001 foram em função da novidade para 2019, previamente divulgada pelo Inep e pelo MEC.
Em segundo, veio o porte de objetos não permitidos — lápis, caneta de material não transparente, calculadoras, celulares, relógios —, que levou à eliminação de 1.265 participantes. Também houve 929 pessoas desclassificadas por sair da sala de provas sem o acompanhamento de um aplicador ou em definitivo antes de duas horas de exame. O Inep também registrou a eliminação de 11 pessoas por portar armas.
Acessibilidade – Foram ofertados 38.466 atendimentos especializados (destinados a pessoas com baixa visão, cegueira, visão monocular, deficiência física, deficiência auditiva, surdez, deficiência intelectual (mental), surdocegueira, dislexia, deficit de atenção, autismo e/ou discalculia) e 11.654 atendimentos específicos (gestante, lactante, idoso, estudante em classe hospitalar e/ou pessoa com outra condição específica).
Ao todo, foram disponibilizados 53.552 recursos de acessibilidade, como videoprova em Libras, tradutor-intérprete de Libras, sala de fácil acesso, prova ampliada (com letras maiores), prova em braile, auxílio para transcrição e leitura, e o uso de aparelho auditivo ou de implante coclear. Além disso, 394 participantes foram tratados pelo nome social.
Enem Digital – O Enem terá aplicação digital a partir de 2020. No primeiro ano da novidade, a aplicação será opcional, para 50 mil participantes, nos dias 11 e 18 de outubro. A implantação do Enem Digital será progressiva, com previsão de consolidação em 2026. O Enem tradicional será em 1º e 8 de novembro. Para participantes prejudicados por algum problema logístico ou, no caso da prova digital, de infraestrutura, haverá a reaplicação em papel.
No ano passado, dos 150 participantes que tiveram o pedido de reaplicação deferido, 99 refizeram a prova. Outros 51 faltaram.
Enem PPL – Em dezembro de 2019, foram aplicadas as provas para pessoas privadas de liberdade e jovens sob medida socioeducativa (Enem PPL). Dos 46.238 inscritos, 33.704 participaram da prova e 12.534 não realizaram o exame.
Novo site do Sisu – O Sisu ganha portal novo. O novo site permite, por exemplo, maior rapidez e simplicidade na consulta de vagas por meio do sistema de busca. A pesquisa do aluno interessado no programa pode ser realizada por curso, instituição ou município em que queira estudar. O estudante também poderá encontrar as informações necessárias para se inscrever e o cronograma completo do sistema.
"A principal mudança é que esse novo site foi construído em uma tecnologia que permite que as inscrições sejam feitas por aparelhos mobile. Qualquer consulta por qualquer estudante em qualquer lugar do pais seja feita por celular ou tablet", explicou o coordenador-geral de Programas de Ensino Superior do MEC, Thiago Leitão.
O site também dá acesso a um relatório com todas as informações sobre as vagas do programa. Basta acessar a aba “Relatórios” e baixar uma tabela em que é possível consultar informações detalhadas das 237 mil vagas. O objetivo é dar mais transparência às vagas do programa. No arquivo, uma planilha de Excel, estão disponíveis dados, como número de vagas, campus, modalidade, turno da vaga desejada e o modo de concorrência, por cotas ou deficiência física. Ainda será possível consultar as vagas por região, estado e município.
Para ter acesso a todos esses dados ou para realizar a inscrição, o estudante não vai precisar mais baixar nenhum aplicativo. Apenas acessar o site pelo computador, celular ou tablet, já que o novo portal é responsivo e se adapta a essas plataformas. A inscrição é feita exclusivamente pela internet e o participante deve acessar a página eletrônica do Sisu com número de inscrição e senha, os mesmos utilizados na Página do Participante do Enem 2019.
Com informações do Inep