Projeto expandirá educação do campo
As universidades públicas federais e estaduais de todas as regiões do país têm prazo até a próxima segunda-feira, 30, para enviar ao Ministério da Educação projetos de cursos de licenciatura em educação do campo. Para incentivar a abertura de cursos com conteúdos específicos sobre as temáticas do campo, o MEC vai repassar às instituições R$ 4 mil por aluno por ano, durante quatro anos.
De acordo com Armênio Schmidt, diretor de educação para a diversidade da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), a expectativa é que pelo menos 20 instituições apresentem planos de trabalho para abertura dessas licenciaturas. As universidades podem oferecer cursos em mais de um município e também podem fazer parcerias. Os recursos repassados pelo MEC poderão ser utilizados de diversas formas – entre elas, para hospedagem e alimentação dos estudantes, criação de acervos bibliográficos específicos, custeio de despesas dos tutores.
Para atender as escolas rurais com professores devidamente habilitados, explica Schmidt, o país precisa formar 20 mil professores. As maiores carências de graduação específica do campo estão nas regiões Nordeste e Norte. O objetivo do Ministério da Educação é que, a partir desses cursos incentivados, as universidades públicas coloquem nas suas grades cursos nas temáticas do campo. “Que entrem nos planos do Reuni e na matriz da Andifes como cursos regulares”, explica o diretor de diversidade.
Piloto – A ampliação das licenciaturas em educação do campo se desenvolverá a partir de um projeto piloto que está sendo testado pelas universidades federais de Brasília (UnB), de Minas Gerais (UFMG), da Bahia (UFBA) e de Sergipe (UFSE), pioneiras nesse tipo de formação. As quatro universidades têm hoje nas salas de aulas 220 alunos, entre professores sem graduação, educadores populares e de movimentos sociais e sindicais do campo, de suas respectivas regiões. Esses professores se habilitam para trabalhar nos anos finais do ensino fundamental e ensino médio nas escolas rurais. A UnB está com inscrição aberta, até 1º de julho, para a segunda turma do programa. São 60 vagas para alunos da região Centro-Oeste. O curso será oferecido no campus de Planaltina.
O modelo básico do curso – tempo de duração, currículo e regime de alternância – deve ser seguido pelas universidades que participarão da expansão da educação no campo. O curso será de quatro anos, desenvolvido em oito etapas semestrais. A formação se alterna em etapas presenciais denominadas Tempo-Escola, que acontecem em regime de internato, com 8 horas diárias de atividades num período que varia de 40 a 60 dias por semestre, e fases em que os alunos aplicam a teoria à prática, desenvolvem pesquisas ou mobilizam a comunidade onde residem e trabalham, que são chamadas Tempo-Comunidade.
Armênio Schmidt explica que o projeto pedagógico é inovador. O Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo) pretende articular conhecimentos teóricos e prática. Para atingir esse objetivo, a licenciatura é multidisciplinar com abordagem de quatro áreas: linguagens e códigos, em que o aluno adquire formação para trabalhar em português, literatura e artes; ciências da natureza e matemática, que capacita para lecionar matemática, química, física e biologia; ciências humanas e sociais, para trabalhar com filosofia, sociologia, história, geografia; e ciências agrárias.
O cadastro das instituições na Rede de Educação para a Diversidade deve ser feito pela internet, mas os planos de trabalho devem ser enviados pelos Correios, conforme o edital.
Ionice Lorenzoni