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Questão regional é desafio para a pós-graduação

A redução das desigualdades regionais é um dos desafios da pós-graduação brasileira. A questão foi destacada pelo presidente da Capes, Jorge Guimarães, nesta quarta-feira, 16, em Brasília, no debate sobre educação e inclusão social, no primeiro dia da 3ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Educadores, especialistas da área de ciência, tecnologia e inovação, além de representantes governamentais discutiram a inclusão desde o ensino fundamental até a pós-graduação. Guimarães enfatizou a atual política do Ministério da Educação, que trata a educação como um processo sistêmico, da pós-graduação à educação básica. De acordo com ele, a Capes já vem colocando em prática as diretrizes do Plano Nacional de Pós-graduação (2005-2010). Entre as ações, vem estimulando a criação de novos cursos de qualidade de mestrado e doutorado nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Neste ano, as três regiões tiveram 74 cursos recomendados pela Capes.

Outra preocupação apontada pelo presidente da Capes é com a preparação de professores de química, biologia e física. “Estes profissionais são formados na graduação, mas a pós-graduação tem grande responsabilidade”. E acrescenta. “Também, temos um desafio em relação às chamadas universidades emergentes, várias instituições não têm condições de passar para um nível mais alto na pós-graduação. Estamos trabalhando mecanismos com elas para encontrarmos soluções para esse problema.” De acordo com Guimarães, dos 260 mil professores universitários só 20% têm doutorado e 30% têm mestrado.

O diretor da Secretaria de Educação Superior (SESu/MEC), Celso Ribeiro, que também participou do debate, apontou quatro ações entre as políticas fundamentais para atender a uma série de demandas de inclusão. O programa de expansão é a primeira delas. O MEC está criando nove universidades federais: ABC (SP), Grande Dourados (MS), Recôncavo Baiano (BA), Triângulo Mineiro (MG), Semi-Árido (RN), Alfenas (MG), Vales do Jequitinhonha e Mucuri (MG), Tecnológica do Paraná (PR) e de Ciências da Saúde de Porto Alegre (RS) e, ainda, estão em processo de implantação ou consolidação 36 campi. “O investimento será de R$ 353 milhões. Isso irá significar a contratação de 5.900 professores universitários, 1.400 servidores técnicos e administrativos e 111.000 novas vagas anuais no ensino superior”, destacou. Além disso, Ribeiro falou da ampliação de cursos de educação a distância e da reformulação do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) para bolsas de estudo. A quarta ação importante relatada por Ribei
ro são programas como o Uniafro. O programa incentiva projetos de ensino, pesquisa e extensão, que contribuam para a implementação de políticas de ação afirmativa para a população negra.

No encontro, uma das mais importantes especialistas em alfabetização de adultos do país, a educadora Esther Grossi, falou sobre a educação básica. “A falência do ensino básico não é só brasileira, há um déficit internacional”. Segundo Esther, a França, Inglaterra e até os Estados Unidos têm tido resultados negativos no ensino de matemática e também em redação. No último ranking divulgado pelo Pisa, estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ficou no 43º lugar no ensino de matemática. O presidente da Capes, Jorge Guimarães, complementou dizendo que o desempenho compromete os estudantes no ensino fundamental e médio e atinge o ensino superior. Uma das formas para que isso possa ser resolvido é com a iniciação científica, que é um ensino de processo formativo. “Existe uma tendência pelo ensino informativo, que não é suficiente. Muitos colégios de bom nível não têm laboratórios de física e química, e o ensino de biologia tem que melhorar. É fundamental o aluno experimentar e praticar”, disse.O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Davidovich, apresentou o cenário do ensino superior brasileiro. Ele manifestou sua preocupação com a concentração de estudantes em algumas áreas do conhecimento, na estagnação das universidades públicas e o avanço das instituições privadas. Segundo ele, em 2003, 69% dos estudantes estavam concentrados na área de ciências humanas, 13% na saúde e 11% nas ciências agrárias. “Manter cursos na área de humanas é mais barato para as instituições de ensino superior. Um exemplo é que 84% dos cursos de direito estão nas instituições privadas”, disse.

Davidovich acredita que o ensino público deve ser fortalecido e expandido de uma forma qualificada e propôs um processo de avaliação da graduação, similar ao praticado pela Capes. Além disso, defendeu a intensificação para professores do ensino fundamental e médio. “Se o ensino fundamental não evoluir, as políticas de ciência, tecnologia e inovação servirão apenas para uma pequena parcela da população”, concluiu.

A mesa-redonda sobre educação e inclusão social foi coordenada pelo presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ennio Candotti. Os debates da 3ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação acontecem até amanhã, 18. O encontro está sendo realizado no Hotel Blue Tree, em Brasília.

Repórter: Adriane Cunha

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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