Angola recebe primeiro mestrado brasileiro no exterior
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) iniciam nesta segunda-feira, 28, o primeiro mestrado no exterior promovido pelo Brasil. A pós-graduação em saúde pública, parceria com o governo de Angola, será realizada pela Universidade Agostinho Neto, em Luanda, Angola.
O presidente da Capes, Jorge Guimarães, afirma que este é um passo importante para o país, porque representa o início da internacionalização da pós-graduação brasileira. “Passadas quatro décadas do início formal da pós-graduação no Brasil, que subsidia enormes avanços da ciência nacional, temos agora oportunidade de compartilhar essa experiência de sucesso com países que demandam tal participação, como é o caso dos países de língua portuguesa e do Mercosul”, avalia.
Guimarães revela que a Capes está formatando cursos de mestrado e doutorado com universidades norte-americanas, francesas e argentinas em áreas que o Brasil possui reconhecida liderança científica, como agricultura tropical, arquitetura e construção, doenças tropicais, produção animal, saúde pública e automação. “Com a internacionalização, fortalecemos a mobilidade de pesquisadores, professores e estudantes, além de revertermos uma situação recente em que só o Brasil enviava seus estudantes ao exterior.”
A turma do mestrado em Angola tem 33 estudantes. O professor Paulo Sabóia, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, ministrará a primeira disciplina com temas sobre saúde, estado e sociedade. A vice-presidente de ensino, informação e comunicação da Fiocruz, Maria do Carmo Leal, e o diretor da escola, Antônio Ivo de Carvalho, participam da aula magna. De acordo com Maria do Carmo, o objetivo do mestrado é formar profissionais qualificados para atuar na futura escola de saúde pública do país.
“É muito importante que os jovens sejam formados lá. Esse projeto é mais amplo porque o governo angolano precisa de pessoal altamente qualificado para montar seu sistema de saúde pública”, explica. A iniciativa faz parte da política externa do governo federal de colaboração com países africanos e latino-americanos. “O Brasil quer fortalecer suas relações culturais e históricas com esses países, além de valorizar a língua portuguesa”, afirma Maria Leal.
História — Angola permaneceu em guerra durante 41 anos, de 1961 a 2002. No passado, foi dominada por países como Portugal e Holanda. Desde 1975 o Movimento Popular de Libertação de Angola governa o país.
Adriane Cunha