A INDÚSTRIA DA REGIÃO DE MANAUS
Estrutura da Indústria

A Paer pesquisou, em Manaus, as unidades locais industriais com mais de 20 pessoas ocupadas em 31/12/98. Esse universo compreende 209 unidades, que empregam um total de 36.637 trabalhadores. A estrutura industrial de Manaus possui dinâmica e complexidade próprias que a distingue de outras regiões no Brasil, destacando-se a importância da Zona Franca de Manaus e o pólo produtor de aparelhos eletrônicos. Além dos produtos da ZFM, diversas outras divisões da indústria também apresentam expressividade regional na geração de empregos e da renda.

Quase metade das unidades e mais de 60% do pessoal ocupado encontram-se alocados nas indústrias de bens de consumo duráveis e bens de capital, como demonstra a Tabela 14. Destacam-se dentro deste grupo a divisão de aparelhos eletrônicos e de comunicação, com quase um terço dos empregos industriais, e a de veículos automotores e outros equipamentos de transporte, com mais de 15% do pessoal ocupado. Ressalte-se também a importância de outras indústrias de produtos tecnologicamente sofisticados, como as divisões de instrumentos de automação industrial e equipamentos de precisão e de aparelhos de informática.

A produção de bens de consumo não duráveis é responsável por aproximadamente 25% das unidades e por 20% do pessoal ocupado na indústria. As divisões mais importantes são alimentos e bebidas e edição e impressão, com aproximadamente 8% e 6% dos empregos industriais, respectivamente.

A indústria de bens intermediários apresenta um tamanho semelhante à de bens de consumo não duráveis, respondendo por cerca de um quarto das unidades e por um quinto do pessoal ocupado. Naquele setor, destaca-se a liderança absoluta da divisão de combustível, química, borracha e minerais não metálicos, com mais de 12% dos pessoal ocupado.

Tabela 14
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, segundo Categorias de Uso e Atividades Selecionadas
Região de Manaus
1996

Categorias de Uso e Atividades Selecionadas Unidades Locais Pessoal Ocupado

-

Nos Abs. % Nos Abs. %
Total 209 100,00 36.736 100,00
Grupo I - Bens de Consumo não durável 50 24,10 7.523 19,90
Alimentos e bebidas 24 11,47 2.986 8,13
Edição e impressão 10 4,78 2.113 5,75
Outros 16 7,85 2.096 5,70

-

       
Grupo II – Bens Intermediários 59 28,18 7.309 19,90
Combustível, Química, Borracha e Min. não Metálicos 32 15,14 4.523 12,31
Produtos de Metal, Máquinas e Equipamentos 5 2,39 779 2,12
Outros 22 10,65 2.007 5,46

-

       
Grupo III – Bens de Capital e de Consumo Durável 100 47,72 22.232 60,52
Produtos Eletrônicos e de Comunicação 30 14,5 11.452 31,17
Veículos Automotores e Outros Equip. de Transporte 20 9,56 5.664 15.42
Automação Industrial, Instrumentos Méd. e de Precisão 22 10,52 2.139 5,82
Aparelhos Elétricos 11 5,26 1.092 2,97
Produtos de Metal e Máquinas e Equipamentos 7 3,35 984 2,68
Material de Escritório e de informática 10 4,54 902 2,46
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Quando se compara, na Tabela14, a coluna do percentual das unidades locais com aquela referente ao percentual de pessoal ocupado, chega-se a conclusões a respeito do tamanho da unidade. Quando o percentual do PO, em um determinado setor, é maior que o percentual das unidades, é porque as unidades daquele setor empregam mais pessoas que a média das unidades industriais de Manaus. Segundo esse raciocínio, as unidades das divisões de produtos eletrônicos e de comunicação, de veículos automotores e outros equipamentos de transporte e de edição e impressão são maiores que a média das unidades industriais de Manaus, sendo que todas as outras divisões possuem unidades menores que a média.

Essa constatação pode ser confirmada com a análise das Tabelas 15 e 16, que apresentam o número de unidades e de pessoal ocupado por porte (faixa de PO) , segundo Ramo de Atividade.

A divisão da indústria mais importante em Manaus é a de fabricação de produtos eletrônicos e de comunicação, com 30 unidades e quase um terço do pessoal ocupado na indústria. É também neste ramo de atividade que se encontra a maior concentração de grandes unidades, uma vez que mais da metade das unidades industriais possuem mais de 500 pessoas ocupadas, respondendo por quase 70% dos trabalhadores desta atividade.

A divisão de equipamentos de transporte é ainda mais concentrada: as unidades com mais de 500 trabalhadores representam 72% do pessoal ocupado. Na divisão de edição e impressão, o percentual de pessoas ocupadas em unidades com mais de 500 empregados é em torno de 65%. Em todas as outras divisões, esse percentual situa-se abaixo de 40%, sendo que em vários segmentos não há unidades com mais de 500 empregados.

Tabela 15
Unidades Locais, por Faixa de Pessoal Ocupado, segundo Ramo de Atividade
Região de Manaus
1998

Ramo de Atividade 20 a 29 Empregados 30 a 99 Empregados 100 a 499 Empregados 500 e Mais Empregados Total
Total 43 79 68 19 209
Eletrônico e Comunicação 3 6 12 10 30
Equipamentos de Transporte 3 9 5 3 20
Comb. Química, Borracha, Min. Não Metálicos 8 12 10 2 32
Alimentos e Bebidas 9 7 7 1 24
Autom. Ind. Instrum. Méd. Precisão 2 13 7 0 22
Edição e Impressão 3 2 3 2 10
Prod. Metal e Máquinas e Equip. 3 3 5 1 12
Aparelhos Elétricos 0 7 4 0 11
Material de Escritório e Informática 3 6 1 0 11
Outros 9 16 14 0 39
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

 

Tabela 16
Pessoal Ocupado por faixa de Pessoal Ocupado, segundo Ramo de Atividade
Região de Manaus
1998

Ramo de Atividade 20 a 29 Empregados 30 a 99 Empregados 100 a 499 Empregados 500 e Mais Empregados Total

 

Total 1.060 4.644 14.631 16.401 36.736
Eletrônico e Comunicação 62 174 3.247 7.968 11.452
Equipamentos de Transporte 81 420 1.074 4.089 5.664
Comb. Química, Borracha, Min. não Metálicos 171 718 2.288 1.347 4.523
Alimentos e Bebidas 243 523 1.318 902 2.986
Autom. Ind. Instrum. Méd. Precisão 49 746 1.344 0 2.139
Edição e Impressão 78 143 517 1.375 2.113
Prod. Metal e Máquinas e Equip. 81 183 779 720 1.763
Aparelhos Elétricos 0 457 635 0 1.092
Material de Escritório e Informática 63 351 489 0 902
Outros 232 931 2.940 0 2.139
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

A grande maioria das unidades industriais de Manaus são unilocais (76,8%), que empregam 66,9% do pessoal ocupado (Tabela 17). As sedes de empresas multilocais e as filiais produtivas respondem, respectivamente, por 16,5% e 14,9 % do pessoal ocupado, e as filiais de apoio por menos de 2%. Percebe-se também que as sedes de empresas multilocais e as filiais produtivas têm um número maior de empregados por unidade do que as empresas unilocais.

Tabela 17
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, segundo Tipo de Unidade
Região de Manaus
1998

Tipo de Unidade Unidades Locais Pessoal Ocupado

-

Nos Abs. % Nos Abs. %
Total 209 100,00 36.736 100,00
Empresa Unilocalizada 161 76,83 24.581 66,91
Sede de empresa Multilocal 26 12,35 6.046 16,46
Filial Produtiva 18 8,59 5.456 14,85
Filial de apoio 5 2,23 653 1,78
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Focando a análise para as duas divisões mais importantes da indústria de Manaus - fabricação de material eletrônico e de comunicação e veículos automotores e outros equipamentos de transporte - foram encontrados resultados gerais semelhantes, ou seja, a maioria dos estabelecimentos e do pessoal ocupado estão em empresas unilocais (Tabela 18). As diferenças verificadas referem-se à alta participação no pessoal ocupado em filiais produtivas na divisão de produtos eletrônicos e de comunicação e à inexistência de filiais produtivas de empresas da divisão de equipamentos de transporte.

Tabela 18
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, segundo Tipo de Unidade das Divisões
de Produtos Eletrônicos e Comunicação e Equipamentos de Transporte
Região de Manaus
1998

Divisões e Tipo de Unidade Unidades Locais Pessoal Ocupado

-

Nos Abs. % Nos Abs. %
Prod. Eletrôn. e de Comunicação 30 100,0 11.452 100,00
Empresa Unilocalizada 18 60,0 7.289 63,7
Sede de empresa Multilocal 6 20,0 1.287 11,2
Filial Produtiva 6 20,0 2.876 25,1
Equipamentos de Transporte 20 100,0 5.664 100,00
Empresa Unilocalizada 16 80,0 5.253 92,7
Sede de empresa Multilocal 4 20,0 411 7,3
Filial Produtiva 0 0,0 0 0,0
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

A Tabela 19 agrega unidades segundo o período de início de seu funcionamento. A região de Manaus apresenta um grande número de unidades constituídas na década de 90 (mais de 40% das unidades instalaram-se após 90), que empregam 27,7% do pessoal ocupado. As unidades que iniciaram o funcionamento nos anos 70 são menor em número (17,1%), mas correspondem a empresas maiores, que alocam 40,0% do pessoal ocupado. Na década de 80, instalaram-se 33,3% das unidades, com 25,5% do pessoal ocupado. Percebe-se que é baixo o número de unidades e de pessoal ocupado em estabelecimentos que se instalaram antes de 1969, caracterizando como relativamente recente a indústria de Manaus.

Tabela 19
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, segundo Período de Início de Funcionamento
Região de Manaus
1998

Período de Início de Funcionamento Unidades Locais Pessoal Ocupado
Nos Abs. % Nos Abs. %
Total 207 100,0 36.687 100,0
Até 1969 17 8,3 2.483 6,77
1970 a 1979 36 17,1 14.656 39,95
1980 a 1989 69 33,3 9.363 25,52
1990 e mais 85 41,3 10.185 27,76

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional - PAER .

Com relação ao destino de vendas, a grande maioria das unidades de Manaus apresentam vínculos com o mercado local, mas também é grande o número de unidades com vendas para outros Estados da federação e municípios de outras regiões de Manaus (Tabela 20). São poucas as unidades cujo principal destino de vendas é o mercado externo, tanto Mercosul quanto outros países, mas correspondem a unidades grandes, com muitos empregados. O tamanho das unidades que vendem a outros Estados da federação também é maior que o tamanho médio das unidades cujo principal destino de vendas é a própria região.

Ao se analisar separadamente a divisão de produtos eletrônicos e de comunicação, verifica-se que o principal destino de vendas deixa de ser o mercado regional e se desloca para outros Estados da federação. Cresce também a proporção de unidades que destinam suas vendas ao exterior, principalmente ao Mercosul. Comportamento semelhante é observado nas divisões de escritório e informática e de instrumentos médicos e de precisão. Ou seja, as vendas das divisões da indústria cuja produção é mais intensiva em conhecimento estão direcionadas para fora de Manaus.

Tabela 20
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, por Atividade, segundo Destino das Vendas
Região de Manaus
1998

Em porcentagem
Unidades Locais Destino das Vendas Total da Indústria Eletrônico e de Comunicação
Pessoal Ocupado Unidades Locais Pessoal Ocupado
Região onde a U L está localizada 83,82 86,39 77,47 85,85
Municípios de outra Região do Estado 53,15 66,23 64,29 82,88
Outros Estados da Federação 67,82 83,58 96,7 99,1
Países do Mercosul 14,98 33,23 26,37 34,77
Outros Países, Exceto Mercosul 11,64 24,14 13,19 13,26
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional - PAER.

Nota: É admitida a resposta de mais de um destino de vendas por empresa.

Um total de nove unidades estavam localizadas em outras cidades e se transferiram para Manaus nos últimos anos, mas sete unidades transferiram fases do processo produtivo ou fabricação de algum produto para outra unidade da empresa. Esses dados mostram que ocorre a reestruturação espacial da produção, mas o saldo final não aponta nenhuma tendência marcante de deslocamento da atividade produtiva de/para Manaus.

A terceirização já atingiu grande parte dos serviços prestados às unidades industriais de Manaus (Tabela 21). As atividades mais terceirizadas (por mais de 70% das unidades) são as de assessoria jurídica, de manutenção e concerto de computadores e de serviços de transporte de mercadorias. Também são terceirizadas pela maior parte das unidades os serviços de auditoria contábil/fiscal, de transporte de funcionários, de alimentação/restaurante e de portaria, vigilância e segurança.

Tabela 21
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, segundo Tipos de Atividade Terceirizada
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Tipos de Atividade Terceirizada Unidades Locais Pessoal Ocupado
Assessoria Jurídica 75,07 86,47
Assessoria em Gestão Empresarial 27,4 18,01
Auditoria Contábil/Fiscal 52,46 58,59
Serviços de Cobrança 18,58 15,54
Serviços de Contabilidade 25,73 13,32
Transporte de Funcionários 53,43 77,27
Serv. de Ambulatório para Funcionários 42,66 51,36
Serv. de Alimentação /Restaurantes para Funcionários 63,8 77,93
Serv. de Limpeza/Conservação Predial 45,21 68,75
Serv. de Portaria, Vigilância e Segurança 57,08 75,92
Serv. de Transportes de Mercadoria 72,66 84,91
Seleção, Ag. e Locação de Mão-de-Obra 21,02 33,29
Serv. de Treinamento de Rec. Humanos 30,67 48,57
Desenvolvimento de Programas/Sistemas de Informática 47,4 58,88
Processamento de Dados 27,01 22,86
Manutenção e Consertos de Computadores 77,73 81,16
Desenv./Gerenc. de Projetos de Engenharia 27,08 21,35
Desenvolvimento de Produto 19,07 13,09
Ensaios de Materiais/Produtos (Análise de Qualidade) 17,45 17,03
Manufatura de Partes e Componentes 30,14 37,61
Manutenção de Máquinas e Equipamentos de Produção 29,78 42,72
Movimentação Interna De Cargas 21,99 24,57
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional - Paer.

É baixo o número de unidades que terceiriza os serviços de cobrança, bem como as atividades sofisticadas: desenvolvimento de produtos e análise de qualidade. Percebe-se também que a contabilidade é realizada internamente, principalmente nas grandes empresas.

Caracterização Tecnológica da Indústria

Um aspecto importante para a caracterização da atividade industrial da Região de Manaus e, conseqüentemente, da demanda por qualificações técnicas diferenciadas é a análise do padrão tecnológico das empresas. Esta seção tem por objetivo medir o grau de utilização de equipamentos e de técnicas de gestão nas unidades industriais de Manaus. A Tabela 22 apresenta diversas informações a respeito do uso de computadores na indústria manauara.

O uso de computadores é difundido por toda a indústria (atinge 93,3% das unidades), sendo mais intensivo nas grandes empresas. A proporção de unidades pequenas (com 20 a 29 pessoas ocupadas) que utilizam computador é de 83,7%, subindo para 93,7% naquelas com 30 a 99 pessoas ocupadas e atingindo quase a totalidade das grandes empresas. Esses índices mantêm-se altos em todas os ramos de atividade (Tabela 22).

No que se refere à densidade do uso de computadores (relação entre o pessoal ocupado e o número de computadores), chega-se a uma média de um computador para cada 6,6 funcionários. A densidade do uso de computadores não apresenta alterações significativas com o porte da unidade (Tabela 22).

Tabela 22

Unidades Locais que Utilizam Computadores, Pessoal Ocupado,
Número de Computadores e Densidade, segundo Faixa de Pessoal Ocupado
Região de Manaus
1998

Faixa de Pessoal Ocupado Unidades Locais Pessoal Ocupado Número de Computadores Densidade

(PO/computador)

Total 93,3% 96,9% 5536 6,64
20 a 29 83,7% 85,7% 153 6,93
30 a 99 93,7% 91,3% 692 6,71
100 e mais 97,7% 98,1% 4691 6,62
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional - PAER.

A utilização de computadores ganha maior importância quando se analisam suas formas de uso: no caso da Paer, investigou-se se as unidades estão ligadas à rede externa de troca/consulta eletrônica de dados. Constatou-se ser bastante elevada a participação de unidades que utilizam rede externa, sendo maior ainda o percentual do pessoal ocupado em unidades que as utilizam, indicando uso maior de redes externas pelas grandes unidades.

O uso de rede externa não se distribui uniformemente entre os ramos de atividade. As divisões de escritório e informática, material elétrico e de material eletrônico e de comunicação apresentam mais de 95% de unidades ligadas em rede, enquanto para a divisão de alimentação e bebidas esta proporção é de apenas 33% (Tabela 23).

Tabela 23

Unidades Locais com Troca ou Consulta Eletrônica de Dados Externa e
Pessoal Ocupado, segundo Ramo de Atividade
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Ramos de Atividade Unidades Locais Pessoal Ocupado
Total do Setor 72,89 87,39
Alimentação e Bebida 33,33 57,90
Edição e Impressão 60,00 87,41
Escritório e Informática 100,00 100,00
Aparelhos Elétricos 100,00 100,00
Eletrônicos e de Comunicação 96,70 99,00
Médico e de Precisão 71,43 68,29
Outros 70,48 86,20
Combustível, Química, Borracha e Min. Não Metálicos 68,42 81,15
Produtos de Metal e Máquinas e Equipamentos 83,33 77,03
Veículos Automotores e Outros Equipamentos de Transportes 70,00 91,30
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional - Paer.

Os dados relativos à utilização de equipamentos de automação industrial são ainda mais conclusivos sobre o grau de sofisticação tecnológica das unidades de Manaus. Mais da metade das unidades utiliza algum equipamento de automação industrial, respondendo por 81,6% do pessoal ocupado na indústria.

A distribuição destas unidades por porte e por atividade é semelhante àquela apresentada na Tabela 23. As maiores usuárias de automação industrial são unidades de grande porte e os ramos de atividade em que a utilização está mais disseminada englobam as divisões de escritório e informática, material elétrico e de material eletrônico e de comunicação (Tabela 24).

Tabela 24
Unidades Locais Usuárias de Equipamentos de Automação Industrial e Pessoal
Ocupado, segundo Ramo de Atividade
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Ramo de Atividade Unidades Locais Pessoal Ocupado
Total do Setor 51,66 81,62
Alimentação e Bebida 31,82 64,12
Edição e Impressão 60,00 87,70
Escritório e Informática 73,68 93,07
Aparelhos Elétricos 75,00 82,09
Eletrônicos e de Comunicação 68,18 96,90
Médico e Precisão 51,95 65,16
Outros 45,83 57,94
Combustível, Química, Borracha e Min. Não Metálicos 50,57 79,31
Produtos de Metal e Máquinas e Equipamentos 25,00 55,87
Veículos Automotores e Outros Equipamentos de Transportes 50,00 86,78
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional - Paer.

Para complementar a análise tecnológica, a Tabela 25 apresenta a idade média dos equipamentos mais importantes utilizados na empresa. A resposta mais assinalada foi de 1 a 5 anos, seguida por 6 a 10 anos. São poucas as unidades que possuíam equipamentos com tempo de utilização superior a 10 anos. Constata-se também que as grandes unidades industriais tinham equipamentos mais novos que as pequenas. As unidades cujo principal equipamento utilizado na produção possuía de 1 a 5 anos (46,3%) empregam aproximadamente 60% dos trabalhadores.

Tabela 25
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, segundo Idade Média dos Equipamentos mais Usados na Produção
1998

Em porcentagem

Idade dos Equipamentos Unidades Locais Pessoal Ocupado
1 a 5 anos 46,34 59,68
6 a 10 anos 40,88 28,36
11 a 15 anos 6,78 6,41
16 a 20 anos 8,01 5,09
Mais de 20 anos 1,49 1,13
Não sabe 2,40 3,32
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional - Paer.

 

As Tabelas 22 a 25 descrevem uma estrutura industrial com um perfil tecnológico moderno, integrada em redes e com disseminação do uso de instrumentos de automação. Esse perfil, apesar de mais intenso para as grandes unidades e para as divisões de eletrônico e de comunicação, escritório e informática e de aparelhos elétricos, também está presente nas divisões de edição e impressão, instrumentos médicos e de precisão, de combustível, química, borracha e minerais não metálicos e de equipamento de transporte.

Os resultados estão coerentes com a natureza destes ramos de atividades. As atividades industriais de Manaus estão concentradas em divisões modernas, intensivas em capital e tecnologia. As divisões mais tradicionais da indústria não possuem grande importância na atividade industrial manauara.

Estratégias

O período 1994-98 foi muito rico em transformações para a economia brasileira. A implantação do plano Real e a consolidação da estabilização de preços, o aprofundamento da abertura comercial, o aumento do fluxo de investimento direto estrangeiro e as crises internacionais afetaram diretamente as empresas e a produção industrial. Neste contexto, faz-se muito importante saber quais foram as estratégias de gestão adotadas pelas empresas frente a esse novo panorama macroeconômico.

As estratégias de gestão mais adotadas pelas unidades foram: informatização dos processos; aumento da escala de produção; ampliação do número de produtos; e nacionalização de produtos e componentes (Tabela 26). O crescimento da automação industrial foi constatado nas grandes unidades e entra na lista das estratégias mais adotadas quando o critério é o pessoal ocupado nas unidades que adotaram tais estratégias. Aliás, percebe-se que as grandes unidades lideraram a adoção dos procedimentos de ajuste.

Tabela 26
Unidades Locais e Pessoal Ocupado em Unidades, segundo Estratégia de Gestão da Produção Adotada
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Estratégia de Gestão da Produção Adotada Unidades Locais Pessoal Ocupado
Informatização dos Processos 64,04 80,45
Desativação de Linhas de Produção 27,7 47,97
Redução do Número de Produtos 29,72 29,39
Ampliação do Número de Produtos 55,98 56,71
Redução do Número de Fornecedores 38,03 54,03
Aumento da Escala de Produção 58,6 69,55
Diminuição da Escala de Produção 26,89 26,46
Terceirização de Atividade Produtiva 22,81 31,1
Terceirização de Atividade de Manutenção 29,97 43,52
Cresc. da Importação de Insumos e Componentes 44,9 49,02
Subst. Parte da Prod. Local por Produtos Importados 12,25 17,05
Nacionalização de Produtos e Componentes 53,36 66,45
Crescimento da Automação Industrial 42,29 68,86
Outros 10,69 25,84
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional - Paer.

Os procedimentos mais freqüentes sugerem que estas unidades adotaram estratégias ativas de aumento da produtividade e da produção com objetivos de novos mercados. A busca de maior racionalização da produção levou as unidades a informatizar os processos e a produção, aumentar a escala, entre outros procedimentos. O aumento da escala de produção, somado à ampliação do número de produtos e aos baixos índices de crescimento da importação, sugere crescimento da produção local. Essa afirmação é condizente com o aumento do consumo e a queda dos preços de eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos após a plano Real.

Segundo dados da Paer, 78% das unidades de Manaus adotaram métodos voltados ao aumento da qualidade e da produtividade. Esses procedimentos resultaram em certificação ISO 9000 para 63% do total de unidades, alcançando 93% na divisão de eletrônicos e comunicação. Se são altos os percentuais de unidades que receberam certificação de qualidade, o mesmo não ocorre com relação à certificação ecológica, pois apenas 6,9% das unidades (20% do PO) receberam o certificado ISO 14.000.

Planos de Investimento

A variável planos de investimento foi criada com a finalidade de captar mudanças que estejam ocorrendo e que venham a se intensificar na estrutura econômica da região. Os setores com alta intenção de investimento são aqueles com potencial de crescimento e com aumento do emprego e da necessidade de qualificação da mão-de-obra. Os dados da Paer indicam que 60,6% das unidades industriais com mais de 20 pessoas ocupadas pretendem realizar investimentos no mesmo setor e região, nos próximos três anos. Os ramos da indústria manauara com maiores intenções de investimento são os de equipamentos elétricos e de equipamentos eletrônicos e de comunicação.

Os investimentos podem ser separados em investimentos físicos e outros investimentos (que não físicos). Entre os físicos, as unidades mostraram maior disposição de destinar recursos para a aquisição de máquinas e equipamentos de informática e de comunicação e de outras máquinas. Ampliação do espaço físico e abertura de novas plantas também aparecem como tipos de investimentos planejados por 25% e 18% das unidades, respectivamente (Tabela 27).

Os outros investimentos deverão ser concentrados principalmente na implantação de novas formas organizacionais (41,8% das unidades) e contratação de serviços tecnológicos (26% das unidades). A aquisição de marcas e patentes e outros são investimentos planejados por apenas10% das unidades.

Tabela 27
Unidades Locais que Pretendem Realizar Investimentos no Mesmo Setor e Região, nos Próximos três Anos, e Pessoal Ocupado, segundo Tipo de Investimento
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Tipo de Investimento Unidades Locais Pessoal Ocupado
Investimentos Físicos
Ampliação do Espaço Físico 25,23 16,35
Novas Plantas 18,29 12,84
Maq. e Equip. de Informática e Telecomunicação 48,91 56,56
Outras Máquinas e Equipamentos 44,28 54,8
Outros Investimentos
Marcas e Patentes 9,04 7,84
Implantação de Novas Formas Organizacionais. 41,8 50,51
Contratação de Serviços Tecnológicos 25,96 29,82
Outros 11,81 15,27
Outros 11,81 15,27
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional - Paer.

Interessante observar que a empresa que pretende realizar investimentos no mesmo setor e região, nos próximos três anos, não possui apenas um objetivo, mas vários, como pode ser verificado na Tabela 28. Não existe um objetivo específico que se destaque dos demais, pois todos alcançam percentuais acima de 80%.

Tabela 28
Unidades Locais que Pretendem Realizar Investimentos no Mesmo Setor e Região, nos Próximos Três Anos, e Pessoal Ocupado, segundo Objetivo de Investimento
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Objetivo de Investimento Unidades Locais Pessoal Ocupado
Ampliação da Capacidade 90,46 87,7
Melhoria da Qualidade dos Serviços 98,27 98,76
Lançamento de Novos Produtos ou Serviços 81,13 83,09
Aperfeiçoamento Gerencial/Organizacional 88,14 88,3
Melhoria de Eficiência (Produtividade) 94,22 93,12
Outros 35,53 55,43
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional - Paer.

Nota: Percentual sobre o total de unidades que pretendem investir.

Os efeitos desses investimentos no perfil ocupacional da indústria de Manaus mostram a tendência de aumento por novas ocupações: 48% das unidades que declararam possuir intenção de investimento afirmam que tal procedimentos resultará em geração de novos postos de trabalho, enquanto apenas 3% afirmaram que ocorrerá extinção de ocupações. Entretando, o efeito sobre o nível de emprego não deve ser tão alto, pois as unidades com intenção de criar novas ocupações respondem por 25% do pessoal ocupado, e as que deverão eliminar postos de trabalho empregam 4% do pessoal ocupado.

Com relação às novas ocupações a serem demandadas em razão de futuros investimentos, as respostas foram dispersas entre as várias ocupações existentes na indústria. Mesmo assim, é possível constatar predominância de funções nas áreas de mecânica e eletricidade (Tabela 29).

Tabela 29
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, segundo as Ocupações mais Demandadas em
Razão de Futuros Investimentos
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Ocupações Unidades Locais Pessoal Ocupado
Auxiliares de escritório e trabalhadores Assemelhados 5,3 1,8
Montadores de Máquinas 3,5 1,4
Técnicos Eletricidade, Eletrônica e Telecomunicações 2,9 2,5
Operadores de Máquinas–Ferramentas 2,5 1,2
Técnicos de Química e Trabalhadores Assemelhados 2,4 1,2
Montadores de Equipamentos Eletrônicos 2,3 2,3
Programadores de Computador 2,2 0,9
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Requisitos de Contratação

A Paer pesquisou diversas informações a respeito de recursos humanos nas unidades de Manaus. As Tabelas 30 e 31 apresentam os dados sobre o nível de escolaridade exigido para a contratação, para o conjunto da indústria. As definições de cada categoria ocupacional estão no Anexo 2.

Através das Tabelas 30 e 31, constata-se o alto nível de escolaridade exigido pelas unidades industriais com mais de 20 pessoas ocupadas na Região de Manaus. Para todas as ocupações, a maioria das unidades exige o primeiro grau completo (atual ensino fundamental) para a contratação. Até mesmo para as ocupações com baixa qualificação da mão-de-obra, como operacional 1, o trabalhador sem educação formal terá grande dificuldade de colocação no mercado de trabalho. Outra constatação de como são altos os requisitos para contratação, refere-se ao fato de que 35% das unidades, que respondem por quase 50% do pessoal ocupado, exigem segundo grau (atual ensino médio) para as funções semi qualificadas (operacional 1).

Tabela 30
Unidades Locais, por Categoria Ocupacional, segundo Nível de Escolaridade Exigido para Contratação
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Nível de Escolaridade Operacional 1 Operacional 2 Téc. Nível Médio Administrativo Gerente
Nenhum 0,00 0,87 0,00 0,00 0,00
Quarta Série do Ensino Fundamental 10,70 4,03 - 0,00 0,00
Ensino Fundamental Completo 51,99 37,53 - 0,48 0,00
Ensino Médio Completo 35,39 52,63 84,46 53,78 18,21
Educação Superior Incompleta 0,00 2,47 11,96 19,58 11,71
Educação Superior Completa 1,92 2,47 3,58 26,16 70,08

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

A escolaridade exigida cresce conforme aumenta a qualificação das ocupações. Para a categoria operacional 2, a maioria das unidades exige o ensino médio completo, enquanto para os técnicos de nível médio, 15% das unidades exigem mais que esse nível de ensino. Para funções administrativas, a exigência de educação superior é maior, sendo que para gerentes, 70% das unidades, que respondem por quase 85% do pessoal ocupado demandam trabalhadores com curso superior completo.

Tabela 31
Pessoal Ocupado por Categoria Ocupacional, segundo Nível de Escolaridade Exigido para Contratação
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Nível de Escolaridade Operacional 1 Operacional 2 Téc. Nível Médio Administrativo Gerente
Nenhum 0,00 0,40 - 0,00 0,00
Quarta Série do Ensino Fundamental 3,70 1,20 - 0,00 0,00
Ensino Fundamental Completo 45,10 33,40 - 0,60 0,00
Ensino Médio Completo 49,60 57,90 87,50 38,10 11,20
Educação Superior Incompleta 0,00 5,10 9,90 21,20 4,50
Educação Superior Completa 1,60 2,00 2,60 40,10 84,30
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Quanto aos cursos profissionalizantes exigidos pelas unidades para contratação de pessoal ocupado, destaca-se a importância atribuída àqueles de curta duração, para quase todas as categorias ocupacionais, tanto em número de unidades quanto em pessoal ocupado. A exceção encontra-se na categoria técnico de nível médio, em que o curso de habilitação técnica é o mais importante (Tabelas 32 e 33).

Tabela 32
Unidades Locais, por Categoria Ocupacional, segundo Cursos Profissionalizantes Exigidos para Contratação.
Região de Manaus
1998

Em porcentagem
Tipo de Curso Operacional 1 Operacional 2 Téc. Nível Médio Prof. Nível Superior Administrativo Gerente
Cursos Profiss. (Curta Duração) 32,04 42,86 56,28 37,32 45,70 37,43
Cursos Profiss. (Ensino Fundamental) 24,80 31,30 30,37 15,48 18,81 15,60
Habilitação Tec. (Ension Médio) 13,26 27,43 88,46 26,57 40,90 23,54
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Tabela 33
Pessoal Ocupado por Categoria Ocupacional, segundo Cursos Profissionalizantes Exigidos para Contratação
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Tipo de Curso Operacional 1 Operacional 2 Téc. Nível Médio Prof. Nível Superior Administrativo Gerente
Cursos Profiss. (Curta Duração) 41,34 55,86 75,91 50,6 54,08 50,16
Cursos Profiss. (Ensino Fundamental) 19,45 29,33 32,05 11,58 20,36 13,18
Habilitação Tec. (Ension Médio) 18,03 31,06 89,14 23,19 37,87 17,47
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Quanto aos outros requisitos para contratação, que não referem-se à educação formal, constatou-se ser elevada, para todas as categorias ocupacionais (Tabelas 34 e 35).

De todos os requisitos, aquele considerado importante para o maior número de unidades, em todas as categorias ocupacionais, é a capacidade de trabalhar em equipe. Também aparece com destaque a experiência profissional anterior, principalmente para as categorias que exigem maior qualificação. Esse dado mostra a importância de programas de aprendizagem prática para os novos ingressantes no mercado de trabalho.

Os requisitos que apresentam relação com a educação básica, como comunicação escrita, expressão e comunicação verbal e matemática básica também são considerados importantes por um grande número de unidades. Já a experiência com técnicas de qualidade e o conhecimento tecnológico atualizado são valorizados por um número menor de unidades. Esses resultados indicam que, para as unidades, o conhecimento básico é tão importante ou mais que os conhecimentos sofisticados e específicos. Portanto, a melhoria na qualificação da mão-de-obra depende tanto de ensino básico quanto de treinamento específico.

Tabela 34
Unidades Locais, por categoria Ocupacional, segundo Requisitos Exigidos para Contratação
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Requisitos Operacional 1 Operacional 2 Téc. Nível Médio Prof. Nível Superior Administrativo Gerente
Experiência Anterior 44,25 67,51 77,65 84,38 89,59 88,25
Operar Microcomputador 7,03 24,44 69,97 80,8 95,77 90,81
Conhecimento de Idiomas 0,48 1,48 22,15 44,65 34,69 56,65
Exp. Técnicas de Qualidade 27,18 39,09 68,29 66,27 50,92 71,57
Conhec. Tecnológico Atual. 18,23 26,22 69,6 61,08 46,15 68,44
Comunicação Escrita 43,53 51,13 79,42 83,42 90,69 87,37
Expr. E Comunicação Verbal 49,09 58,61 84,71 86,67 90,74 90,97
Matemática Básica 54,92 64,9 75,4 74,0 76,04 75,81
Lidar com Público (Clientes) 20,01 29,67 58,02 73,21 81,54 85,93
Trabalho em Equipe 88,74 88,83 95,52 94,74 96,92 96,15
Outros 11,36 12,19 20,14 20,8 18,15 22,71
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Os requisitos de conhecimento de informática, conhecimento de idiomas e capacidade de lidar com o público apresentam proporções baixas de exigência para as categorias operacionais, mas aumentam rapidamente para hierarquias mais elevadas. Cabe destacar que o conhecimento de idiomas é, dentre todos, o requisito que apresenta o mais baixo número de respostas positivas, em todas as ocupações.

Tabela 35
Pessoal Ocupado, por Categoria Ocupacional, segundo Requisitos Exigidos para Contratação
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Requisitos Operacional 1 Operacional 2 Téc. Nível Médio Prof. Nível Superior Administrativo Gerente
Experiência Anterior 29,15 58,04 76,46 78,1 85,41 83,83
Operar Microcomputador 11,31 30,65 81,16 87,78 98,81 95,19
Conhecimento de Idiomas 0,08 4,51 45,01 69,2 54,71 76,04
Exp. Técnicas de Qualidade 33,03 47,93 76,74 81,65 67,87 84,51
Conhec. Tecnológico Atual. 21,97 27,13 78,85 78,11 64,00 84,41
Comunicação Escrita 50,97 57,02 85,96 91,96 95,09 95,43
Expr. e Comunicação Verbal 50,28 57,74 88,74 92,94 97,63 97,8
Matemática Básica 65,5 70,01 75,38 76,24 78,39 77,81
Lidar com Público (Clientes) 19,22 26,83 65,98 81,68 92,04 94,25
Trabalho em Equipe 96,16 94,88 98,46 98,11 98,62 96,88
Outros 14,2 15,42 18,58 21,56 20,9 21,96
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Podem ser formuladas duas explicações não excludentes para os requisitos de contratação serem tão elevados. A primeira é que com a evolução tecnológica, a rotina nos postos de trabalho torna-se mais complexa, necessitando-se de mão de obra cada vez mais qualificada. A segunda explicação é mais conjuntural: o aumento do desemprego e o conseqüente excesso de pessoas procurando trabalho permitem que as unidades sejam muito mais exigentes na contratação do que seriam em condições de desemprego baixo.

Treinamento

As Tabelas 36 e 37 apresentam a proporção de unidades e do pessoal ocupado em unidades com ocorrência de treinamento para qualificação e atualização fora do posto de trabalho, segundo tipo de treinamento. Deve-se analisar os dados da Tabela 37 com cuidado, pois referem-se à proporção de pessoal ocupado em unidades que ofereceram treinamento e não à de pessoas treinadas.

Observa-se que os cursos/treinamentos oferecidos fora do posto de trabalho estão bem distribuídos pelas diferentes categorias ocupacionais. Não obstante, pode-se verificar que são oferecidos mais cursos às categorias de técnico de nível médio e de administrativo. As grandes unidades, em média, treinam mais seus funcionários do que as pequenas, constatado pelo fato de a proporção no pessoal ocupado (Tabela 37) ser maior que a de unidades que ofereceram treinamento (Tabela 36). Os dados das Tabelas 36 e 37 possibilitam agrupar os treinamentos/cursos por categoria ocupacional. O primeiro grupo compreende os cursos que são mais oferecidos para as funções de maior qualificação da mão-de-obra, como os cursos de métodos e técnicas gerenciais e de língua estrangeira.

O segundo grupo engloba os cursos/treinamentos diretamente ligados à rotina do chão de fábrica – operação e manuseio de máquinas e equipamentos e operação de processos -, apresentando maiores participações para as categorias operacionais.

Os cursos de controle de qualidade, de relações humanas, os cursos técnicos e de segurança e higiene no trabalho não apresentam um padrão diferenciado conforme a hierarquia das ocupações. Cabe destacar que controle de qualidade e os cursos técnicos apresentam maior percentual de respostas positivas para a categoria técnico de nível médio. Os cursos de informática são oferecidos principalmente para o pessoal administrativo, bem como para as categorias técnico de nível médio e profissional de nível superior.

Tabela 36
Unidades Locais com Ocorrência de Treinamento para Qualificação e Atualização Fora do Posto de Trabalho, por Categoria Ocupacional, segundo Tipo de Treinamento
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Tipo de Treinamento Operacional 1 Operacional 2 Téc. Nível Médio Prof. Nível Superior Administrativo Gerente
Métodos e Técnicas Gerenciais 0,96 1,91 3,83 13,23 16,64 26,07
Controle de Qualidade 18,02 21,25 28,64 20,21 12,56 14,80
Língua Estrangeira 1,91 2,39 8,60 12,91 17,27 15,77
Relações Humanas 13,58 15,09 18,08 12,63 21,85 11,42
Informática 10,42 15,21 25,86 22,61 37,15 16,25
Cursos Técnicos 10,04 18,78 25,24 12,81 14,84 9,35
Segurança e Higiene no Trabalho 19,71 21,50 21,14 15,40 21,09 10,78
Oper. E Manuseio de Máq. e Equip. 16,21 16,81 15,26 6,13 4,22 3,27
Operação de Processos 13,38 14,71 12,82 4,78 4,37 5,50
Outros 4,78 5,26 7,49 7,01 7,49 6,53
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Tabela 37
Pessoal Ocupado (1) em Unidades com Ocorrência de Treinamento para Qualificação e Atualização Fora do Posto de Trabalho, por Categoria Ocupacional, segundo Tipo de Treinamento
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Tipo de Treinamento Operacional 1 Operacional 2 Téc. Nível Médio Prof. Nível Superior Administrativo Gerente
Métodos e Técnicas Gerenciais 0,99 2,44 6,51 34,74 37,19 56,70
Controle de Qualidade 29,82 33,29 42,83 33,94 26,94 27,06
Lingua Estrangeira 11,38 12,12 23,00 33,17 30,52 39,92
Relações Humanas 28,50 28,97 32,89 27,43 36,24 26,53
Informática 22,76 33,48 52,14 49,71 64,00 42,68
Cursos Técnicos 28,01 45,08 57,38 32,17 28,01 19,72
Segurança e Higiene no Trabalho 38,33 39,32 40,54 30,24 36,35 18,27
Oper. E Manuseio de Máq. e Equip. 33,86 38,12 36,25 16,32 8,06 6,74
Operação De Processos 26,38 27,26 32,66 14,65 4,35 9,80
Outros 9,69 10,96 16,63 14,49 14,34 12,62
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

(1) Refere-se ao pessoal ocupado em unidades que ofereceram cursos/treinamentos e não às pessoas que receberam cursos/treinamentos.

Educação Formal

A Tabela 38 contém dados referentes ao patrocínio ou à realização de programas de educação. Aqui também é mais comum as grandes unidades patrocinarem programas de educação do que as pequenas. Aproximadamente um quinto das unidades (20,2%), que respondem por dois quintos do pessoal ocupado (41,8%), patrocinaram programas de educação formal aos empregados.

Os programas de educação formal oferecidos pela maior parte das unidades (em torno de 11%, que são responsáveis por 30% do PO) são os de supletivo - tanto de ensino fundamental (1º grau) quanto de ensino médio (2º grau) -, bem como a educação superior (3º grau). Um número menor de unidades (em torno de 5%) patrocinaram cursos técnicos profissionalizantes de 1º e de 2º graus.

O fato de as unidades industriais de Manaus patrocinarem mais os programas de educação básica que os de formação técnica é coerente com os requisitos de contratação destas unidades. Comunicação escrita, expressão e comunicação verbal e matemática básica (relacionadas à educação formal) são requisitos considerados importantes por um número maior de unidades do que aqueles referentes a experiência com técnicas de qualidade e conhecimento tecnológico atualizado (Tabelas 33 e 34).

As unidades patrocinam muito mais cursos de supletivo do que os regulares, pois são mais curtos e mais compatíveis com o perfil de seus empregados (com relação à idade e ao grau de maturidade).

Tabela 38
Unidades Locais e Pessoal Ocupado nas Unidades que Patrocinaram ou
Realizaram Programas de Educação, segundo Tipo Programa
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Tipo Programa Unidades Locais Pessoal Ocupado (1)
Alfabetização 3,35 4,78
Supletivo Fundamental (1º Grau) 11,31 32,26
Supletivo Médio (2º Grau) 10,42 26,36
Fundamental (1º Grau) 3,66 3,56
Profissionalizante Técnico (2º Grau) 5,58 8,37
Profissionalizante Básico 4,14 4,93
Ensino Médio (2º Grau Regular) 1,43 1,46
Ensino Superior (3º Grau) 11,67 28,75
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

(1) Refere-se ao pessoal ocupado em unidades que ofereceram programas de educação e não às pessoas que receberam programas de educação.

Dificuldade de Contratação

Através da Tabela 39, observam-se as ocupações nas quais as unidades encontram dificuldade de contratação, fornecendo importantes subsídios para a definição dos currículos das escolas técnicas.

As principais dificuldades de contratação foram apontadas para a área de eletrônica e comunicações, seguida por ocupações da indústria mecânica e de bens intermediários. O perfil destas ocupações é coerente com a estrutura da indústria manauara, concentrada na produção de bens de consumo duráveis.

Tabela 39
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, segundo as Ocupações com Dificuldade de Contratação (1)
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Ocupações Unidades Locais Pessoal Ocupado
Técnicos Eletricidade, Eletrônica e Telecomunicações 10,0 14,8
Mecânicos de Manutenção de Máquinas 6,3 5,5
Gerentes de Empresas não Classificados sob Outra Epígrafe 6,2 10,8
Engenheiros Eletricistas e Engenheiros Eletrônicos 5,8 13,5
Técnicos de Mecânica 5,8 4,3
Trabalhadores de Fabricação de Produtos de Plástico 5,2 15,6
Engenheiros Mecânicos 3,4 7,7
Soldadores e Oxicortadores 3,4 16,5
Técnicos de Química e Trabalhadores Assemelhados 3,2 4,0
Auxiliares de Escritório e Trabalhadores Assemelhados 2,9 1,2
Engenheiros Químicos 2,7 3,3
Operadores de Máquinas – Ferramentas 2,6 1,7
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

(1) Principais ocupações em número de respostas.

A análise segundo os ramos de atividade indica que as ocupações com maior dificuldade de contratação são: gerentes; para alimentos e bebidas; técnicos de eletricidade, eletrônica e telecomunicações, para a divisão de aparelhos elétricos e de eletrônicos e de comunicação; técnicos de mecânica e engenheiros químicos, para combustível, química, borracha e minerais não metálicos; e soldadores e oxicortadores, para equipamentos de transporte.

Relacionamento com as Escolas Técnicas

Os dados da Paer demonstraram que a maioria das unidades, em todas as atividades industriais, tem conhecimento dos cursos oferecidos pelas escolas técnicas de Manaus, percentual que ultrapassa 90% na divisão de produtos de metal e de máquinas e equipamentos (Tabela 40).

Em todos os ramos de atividade, os relacionamentos mais comuns são aqueles que ocorrem entre os alunos e as empresas: estágios dos alunos das escolas técnicas na unidade; e recrutamento de profissionais nas escolas técnicas da região.

Tabela 40
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, por Conhecimento de Cursos e Tipo de Relacionamento com as Escolas Técnicas/Profissionalizantes da Região, segundo Ramo de Atividade
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Ramos de Atividade Conhecimento de Cursos Tipos de Relacionamento
Cont. de Serv. Técnicos Recruta Profissionais Estágios na Unidade Estágio de Atual. P/ Professores
UL PO UL PO UL PO UL PO UL PO
Total 67,8 83,3 10,2 19,9 41,6 56,6 47,2 67,4 1,0 1,8
Alimentos e Bebidas 54,2 80,9 8,3 8,9 41,7 73,1 37,5 26,1 0,0 0,0
Edição e Impressão 60,0 90,7 20,0 65,1 40,0 74,9 40,0 81,7 0,0 0,0
Escritório e Informática 73,7 83,1 36,8 67,0 73,7 83,1 73,7 83,1 0,0 0,0
Aparelhos Elétricos 65,9 57,4 15,9 15,1 50,0 52,6 50,0 52,6 0,0 0,0
Eletrônicos e Comunicação 75,3 93,5 16,5 31,6 62,1 86,2 59,3 86,1 0,0 0,0
Equip. Médico e de Precisão 66,2 74,7 9,1 19,3 23,4 32,3 57,1 61,0 0,0 0,0
Outros 65,7 68,8 5,2 14,5 36,5 39,1 34,3 35,8 0,0 0,0
Comb. Química, Min. Não Met. 62,1 64,8 0,0 0,0 35,8 36,4 39,0 54,3 3,2 13,7
Prod. Met., Máq. e Equip. 91,7 93,7 0,0 0,0 33,3 70,0 50,0 74,4 0,0 0,0
Equip. Transporte 75,0 91,6 15,0 4,5 35,0 11,5 55,0 80,1 5,0 0,7
Alimentos e Bebidas 0,0 0,0 16,7 54,7 0,0 0,0 4,2 4,4 4,2 4,5
Edição e Impressão 0,0 0,0 30,0 73,7 0,0 0,0 0,0 0,0 20,0 65,1
Escritório e informática 0,0 0,0 21,1 63,4 10,5 54,2 0,0 0,0 26,3 12,8
Aparelhos elétricos 0,0 0,0 15,9 12,3 0,0 0,0 15,9 12,3 15,9 12,3
Eletrônicos e Comunicação 6,6 8,9 16,5 26,8 19,8 31,8 26,4 44,4 16,5 19,6
Médico e de precisão 4,6 8,6 9,1 19,3 0,0 0,0 9,1 19,3 4,6 10,8
Outros 0,0 0,0 21,0 32,4 0,0 0,0 13,3 12,5 5,2 9,3
Comb. Química, Min. Não Metálicos 3,2 5,4 14,7 15,0 6,3 19,1 6,3 19,1 0,0 0,0
Prod. Met., Máq. e Equip. 0,0 0,0 0,0 0,0 8,3 40,8 0,0 0,0 0,0 0,0
Equip. Transporte 25,0 66,9 25,0 10,1 10,0 2,9 5,0 2,4 0,0 0,0
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Outros tipos de relacionamento que ocorrem são, em ordem decrescente do número de unidades: a unidade treina funcionários das escolas técnicas da região; contratação, pela unidade, de serviços técnicos especializados nas escolas; treinamento de funcionários nas escolas técnicas da região; a unidade fornece equipamentos/insumos para as escolas técnicas; a unidade auxilia financeiramente as escolas técnicas; a unidade participa da definição do curriculum, projetos com professores das escolas técnicas; professores das escolas técnicas fazem estágios de atualização na unidade.

Verificou-se, também, que metade das unidades, que respondem por 68,2% do pessoal ocupado, privilegiam na contratação alunos egressos de escolas técnicas federais/ estaduais/ municipais, enquanto 42% das unidades, responsáveis por 65,6% do pessoal ocupado, privilegiam alunos do Senai (Tabela 41). Esses dados indicam haver equilíbrio entre o prestígio dos dois principais centros de treinamento técnico para a indústria.

Tabela 41
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, segundo Escolas Profissionalizantes
Privilegiadas no Processo de Contratação
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Escolas Privilegiadas no Processo de Contratação Unidades Locais Pessoal Ocupado
Escolas Técnicas Federais/Estaduais/Municipais 50,1 68,2
Senai 42,3 65,6
Sesi 15,9 23,4
Senac 10,1 11,0
Outras 11,3 22,67
Fonte: Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Ao serem questionadas se contrataram profissionais egressos das escolas técnicas de educação profissional da região, no período 1996-98, apesar de 47% das unidades terem respondido afirmativamente, constatou-se que 10,6% contrataram profissionais egressos das escolas técnicas de educação profissional de fora da região.

Segundo os dados de contratação dos egressos das escolas técnicas/profissionais da região (Tabela 42), verifica-se que os técnicos de eletricidade, eletrônica e de telecomunicações são os mais demandados pela indústria de Manaus (24% das unidades que empregam 53% do pessoal ocupado), seguidos pelos técnicos de Mecânica (com 13% das unidades e 34% do pessoal ocupado). Esses dados também demonstram que a demanda por técnicos é maior nas grandes unidades.

Tabela 42
Unidades Locais e Pessoal Ocupado, segundo Ocupação (1) dos Contratados Egressos das Escolas Técnicas/Profissionalizantes da Região
Região de Manaus
1998

Em porcentagem

Ocupações – CBO Unidades Locais Pessoal Ocupado
Técnicos de Eletricidade, Eletrônica e Telecomunicações 23,6 52,9
Técnicos de Mecânica 13,3 32,7
Mecânicos de Manutenção de Máquinas 6,1 11,3
Técnicos não Classificados sob Outra Epígrafe 5,7 10,4
Técnicos de Química e Trabalhadores Assemelhados 5,6 14,1
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer.

Nota: Principais ocupações em número de respostas.