Inovação nas universidades em 2009
As 53 universidades federais começam 2009 mostrando inovações acadêmicas produzidas por um ano e meio de investimentos do Ministério da Educação na reestruturação e expansão da rede. De 2007 a 2008, o conjunto das universidades federais recebeu R$ 409 milhões por meio do Reuni, programa de apoio às instituições que começou em 2007 e vai até 2011, com investimentos de R$ 2,4 bilhões.
De acordo com a secretária de Educação Superior, Maria Paula Dallari Bucci, dos 53 planos de trabalho apresentados pelas universidades, 26 deles trazem mudanças acadêmicas importantes. “O que isso quer dizer? Quer dizer uma espécie de descongelamento da universidade brasileira”. Na avaliação da secretária, finalmente a universidade pública não só começa mudar, mas muda pensando na formação de recursos humanos para o país.
Entre as inovações, Maria Paula destaca os bacharelados em ciência e tecnologia e a expansão de cursos noturnos. Os bacharelados, explica, são cursos que evitam a profissionalização precoce, dão ao aluno uma formação mais completa e mais ampla antes dele escolher a profissão. Esse tipo de formação produz resultados específicos e imediatos: qualifica a formação, diminui a chance do estudante abandonar o curso, aumenta a permanência e reduz os índices de evasão.
Outra resposta que as instituições apresentam, induzidas pelo Reuni, é a ampliação do número de cursos e de vagas no turno da noite. A secretária cita o exemplo da Universidade Federal da Bahia, que tinha “uma oferta baixíssima de cursos noturnos”. A UFBA, diz, começa a abrir novos cursos e cria cerca de 24 mil vagas, “grande parte delas em cursos noturnos”. Ela também destaca a contratação de professores e de servidores que vão dar sustentação à expansão e melhoria da qualidade dos cursos superiores públicos. “São quase dez mil, entre docentes e técnicos. Temos um volume de contratação de professores inédito no país”.
A interiorização, que iniciou com a criação de campi e agora é fortalecida pelo Reuni, está consolidada, segundo Maria Paula. Ela informa que as universidades federais começam a oferecer novos cursos, abrem novas vagas e chegam a novas cidades. “A capilarização da rede federal é hoje uma realidade”.
ProUni — No caso do Programa Universidade para Todos (ProUni), a secretária de Educação Superior faz três destaques. O primeiro é o recorde do número de vagas abertas para o primeiro semestre do próximo ano, 156 mil. Nos anos anteriores, o número máximo de vagas para o primeiro semestre alcançou 108 mil, no ano de 2007. A perspectiva, segundo Maria Paula, é que o número de bolsas de estudo no primeiro semestre se consolide no patamar de 2008, isto é, na faixa de 150 mil.
O segundo destaque é o desafio que tem o Ministério da Educação de conseguir o pleno aproveitamento de todas as vagas abertas pelo programa. Um dos caminhos apontado é a complementação entre o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e o Programa Universidade para Todos (ProUni) para atender os estudantes com bolsa de 50% da mensalidade. O estudante com meia bolsa do ProUni pode financiar os outros 50% da mensalidade com recursos do Fies. Mas, diz a secretária, tudo indica que podemos melhorar ainda mais para não deixar fora da universidade nenhum aluno por razões econômicas.
O terceiro ponto em destaque diz respeito ao aproveitamento escolar dos bolsistas. Segundo a secretária de Educação Superior, quando se compara o desempenho acadêmico de bolsistas do ProUni com não-bolsistas, o aluno do ProUni se sai melhor; quando se compara o desempenho do bolsista integral com o do bolsista parcial, o aluno com bolsa integral se sai melhor. Isso demonstra que o aluno que chegou à universidade pelo caminho de uma ação afirmativa “agarra a oportunidade”.
Mas o sucesso não pára no estudante, relata Maria Paula: o aluno do ProUni freqüenta a biblioteca, vai a apresentações culturais, consulta o professor, tira dúvidas. Então, ele estuda, pergunta mais e dinamiza uma relação, muitas vezes, travada no interior da universidade. O aluno do ProUni modifica o ambiente.
Ionice Lorenzoni
Ouça também a entrevista da secretária Maria Paula Dalari Bucci