História da África: formação na Bahia
A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) conclui neste sábado, dia 14, no campus do município de Jequié, a seleção dos candidatos ao curso de pós-graduação em relações étnico-raciais, história da África e cultura afro-brasileira. Dos 75 inscritos, a instituição vai escolher 50, com base no currículo, no projeto de pesquisa do candidato e na entrevista com a equipe de seleção. As aulas começam em 21 de março.
A formação atende os requisitos e as diretrizes da Lei nº 10.639, de 9 de janeiro 2003, que incluiu o estudo étnico-racial no currículo da educação básica. O curso da Uesb é uma especialização de 360 horas em antropologia, com ênfase na cultura afro-brasileira.
De acordo com a coordenadora do projeto, Marise de Santana, professores e policiais do município, de cidades próximas e de outros estados concorrem às vagas. Segundo Marise, o aumento da procura de policiais pelo curso significa mudança de postura e abertura de oportunidades de trabalho na corporação. Com pós-graduação, eles também podem ensinar nos cursos internos de formação.
No caso dos professores, têm prioridade na seleção os que lecionam nas redes públicas de estados e municípios que pediram a formação em história da África e cultura afro-brasileira nos planos de ações articuladas (PAR). A pós-graduação da Uesb é financiada pelo Ministério da Educação e gratuita para os alunos.
Com quatro módulos presenciais e duração de 12 meses, o curso será ministrado uma vez por mês, de quinta-feira a domingo, em Jequié. No restante da semana, professores pesquisadores da universidade acompanharão os alunos na elaboração da monografia, que será apresentada ao fim da formação. O currículo compreende disciplinas como antropologia das populações de origem africana, história e cultura africana e afro-brasileira e diversidade lingüística.
Os selecionados assumem o compromisso de prestar oito horas de trabalho mensais no Odeere, órgão de educação e relações étnicas da Uesb. A atividade, segundo Marise, será desenvolvida na comunidade de Pau Ferro, na periferia do município, ou no projeto Erê, que atende e orienta estudantes e comunidades sobre questões étnicas e história da África.
Formação — Em 2008, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) selecionou, por edital, 25 instituições públicas de educação superior para a formação, com aperfeiçoamento ou especialização, em história da África e relações étnico-raciais. Outras duas universidades foram escolhidas para a produção de materiais didático-pedagógicos. O investimento nos cursos de formação é de R$ 3,6 milhões, distribuídos entre as instituições, em valores que vão de R$ 100 mil a R$ 150 mil, repassados pelo Programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior (Uniafro).
Ionice Lorenzoni