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Educação superior

UFMT aprova disciplina étnico-racial em curso de pedagogia

  • Quarta-feira, 25 de janeiro de 2006, 08h50

A disciplina educação das relações étnico-raciais passa a compor a grade curricular do curso de pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a partir do primeiro semestre de 2006. Atendendo a uma proposta do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre as Relações Raciais e Educacionais (Nepre), o Conselho de Ensino e Pesquisa (Consepe) da UFMT aprovou a disciplina, que abordará os conteúdos previstos na Lei nº 10.639/03, que inclui na rede de ensino fundamental e médio a obrigatoriedade da temática história e cultura afro-brasileira.

Segundo a professora Maria Lúcia Muller, membro do Nepre e autora da proposta, o fato é inédito no Brasil. “Acredito que a UFMT seja a primeira instituição de educação superior a instituir a disciplina na grade do curso de formação de professores”, comentou. Os conteúdos da disciplina estão baseados nas diretrizes curriculares do Conselho Nacional de Educação (CNE) propostas pela conselheira Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva em 10 de março de 2004.

A disciplina foi aprovada pelo Consepe no último dia 16. “Estou muito feliz. Para atacar o racismo, as escolas de formação de professores têm de colocar o assunto em discussão”, disse Maria Lúcia, complementando que o mito da democracia racial está muito presente no país.

Um fato que está constatado numa recente pesquisa feita em duas escolas municipais de Cuiabá, pela especialista em educação especial e relações raciais, Vanda Lúcia Gonçalves. A pesquisa intitulada Tia, qual o meu desempenho? estudou o desempenho de alunos negros em salas de aula do ensino fundamental. A conclusão é que os professores, inconscientemente, tratam de forma diferenciada alunos brancos e negros.

“Eles separam esses alunos em sala de aula. Uma separação que não se dá no espaço físico, mas sim no tratamento. Ao aluno branco eles oferecem ajuda quando este encontra uma dificuldade. A dificuldade do aluno negro é ignorada. O racismo está presente nas escolas públicas e permeia a prática do professor. É necessário que estes professores tenham muita disposição para mudar isso”, conclui a especialista.

A pesquisa referida foi realizada no primeiro semestre de 2005 e a partir de março estará disponível para consulta no Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre as Relações Raciais e Educacionais da UFMT.

Lei nº 10.639 – Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática história e cultura afro-brasileira.

Repórter: Sonia Jacinto

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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