Técnicos do PNAE encontram alimentação precária no Haiti
Uma missão do Ministério da Educação visitou escolas de Porto Príncipe e Hinche, no Haiti, entre os dias 11 e 16 de dezembro do ano passado. O objetivo foi o de elaborar um conjunto de planos e medidas para um programa de alimentação para os haitianos, com base no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) brasileiro.
A missão constatou que não há naquele país nenhuma infra-estrutura de preparo da alimentação. Além disso, os alimentos servidos não obedecem às orientações nutricionais preconizadas pelas autoridades sanitárias. Observou-se também, por outro lado, que os hábitos alimentares dos haitianos se assemelham aos verificados no Norte e no Nordeste do Brasil.
No lanche das 168 escolas beneficiárias do Programme de Reforcement de la Qualité de l'Éducation de Base (Parqe), financiado pela União Européia, é servida uma espécie de mingau, composto de milho, açúcar, água, leite e canela, acompanhado de cassave (tapioca) e mambas (creme de amendoim). No almoço, dependendo do dia da semana, a dieta inclui arroz, feijão, legumes, salada, milho moído com molho de feijão e legumes e sorgo com molho de feijão ou de cebola. No lanche da tarde, invariavelmente, banana, ovo cozido e suco de frutas, acompanhados de cassave e mambas.
Após as visitas, a missão concluiu que há pouca variedade de alimentos reguladores (frutas, verduras e legumes) e construtores (leite, queijos, iogurtes e carnes) e repetição de cardápio ao longo da semana. O mais grave, no entanto, é a carência de água potável. Além disso, os alimentos são preparados de forma rudimentar, por falta de infra-estrutura nas escolas.
Com base nas constatações da missão, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) propôs ao governo haitiano que defina um grupo de técnicos para conhecer de perto a execução do Pnae, no Brasil. Esses técnicos passariam por uma capacitação intensiva adequada aos hábitos alimentares e costumes do povo do Haiti.
O principal objetivo da viagem foi dar cumprimento ao memorando de entendimento assinado em 17 de outubro de 2005, em Roma, pelos governos brasileiro e haitiano e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com ênfase na transferência de experiências e conhecimentos e no treinamento de recursos humanos.
Lucy Cardoso