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  • Intuito é corrigir distorções na distribuição do benefício; implementação será feita de forma gradativa


    Dyelle Menezes e Larissa Lima, do Portal MEC

    Mérito acadêmico e incentivo ao desenvolvimento regional. Com essa proposta, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) lançou nesta quinta-feira, 20 de fevereiro, um modelo inédito para definir, de forma isonômica e transparente, a concessão de bolsas de pós-graduação stricto sensu.

    A ideia é corrigir distorções na distribuição atual dos benefícios, valorizando cursos com melhor desempenho acadêmico e que são oferecidos em municípios com baixo índice de desenvolvimento humano. 

    Para o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o modelo de concessão dá continuidade à política do MEC de valorizar o desempenho acadêmico e diminuir a concentração das bolsas da Capes em grandes centros: “A gente quer espalhar mais a pesquisa científica no Brasil, mas sempre buscando o mérito”.

    O modelo, que será implementado gradativamente, tem o objetivo de rever, por exemplo, a distribuição de bolsas de estudos para cursos que possuem a mesma nota, estão na mesma área de conhecimento e localização geográfica, mas contam com quantitativos de bolsas muito diferentes. Também entram nesse contexto cursos de excelência com número de bolsas inferior ao de cursos com nota mínima permitida. 

    “Esse modelo é dinâmico, pois possibilita, por exemplo, aumento do número de bolsas de determinado curso à medida que este melhora o seu desempenho na avaliação”, afirma Benedito Aguiar, presidente da Capes. Para ele, a medida reequilibra o sistema de concessão de bolsas e dá previsibilidade à pós-graduação já que agora há critérios mais objetivos.

    Os programas de pós-graduação stricto sensu compreendem cursos de mestrado e doutorado abertos a candidatos diplomados em cursos superiores de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino e à edital de seleção dos alunos. Ao final do curso, o aluno obtém diploma.

    Os bolsistas que já participam de programas de pós-graduação stricto sensu não terão o benefício interrompido. Atualmente, a Coordenação concede 81,4 mil bolsas a estudantes de 5,7 mil cursos de mestrado e doutorado em todas as unidades da Federação por meio de programas institucionais de apoio à pós-graduação, como os programas: Demanda Social, Excelência Acadêmica, Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares e Suporte à Pós-Graduação de Instituições Comunitárias de Ensino Superior.

    Atualização: As portarias que estabelecem as mudanças foram publicadas na edição desta sexta-feira, 21 de fevereiro, doDiário Oficial da União (DOU). Elas estão aqui, aqui e aqui.

    Conheça os critérios que serão adotados no cálculo da concessão de bolsas a partir de março:

    • Mérito acadêmico: O modelo que entra em vigor, a partir de março deste ano, equilibra a distribuição de bolsas com o resultado da avaliação periódica da pós-graduação realizada pela Capes. Assim, quanto mais elevada for a nota obtida pelo curso, maior será o número de bolsas a que ele terá direito, valorizando o mérito acadêmico.
    • Número de formados: Agora, o número de estudantes titulados por curso será levado em consideração na concessão de bolsas. Para realizar essa classificação, a Capes irá comparar o número médio de titulados no período de 2015 a 2018 com a média de titulados do colégio (classificação utilizada pela Capes em suas atividades de avaliação da pós-graduação).
    • Mais doutores: Com foco na meta 14 do Plano Nacional de Educação (PNE), de titular 25 mil doutores por ano até 2024, os cursos de doutorado receberão mais bolsas do que os de mestrado.
    • Impacto local: Para gerar impacto social e econômico nos municípios menos desenvolvidos, a concessão de bolsas de doutorado e de mestrado levará em conta o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Com isso, um curso localizado em cidade com o índice baixo terá duas vezes o número de bolsas que um curso semelhante ofertado em um município com muito alto.

    Com informações da Capes

  • O empenho e a dedicação dos professores e gestores das escolas públicas do município de Moraújo, no Ceará, tem surtido grande efeito na educação de crianças em fase final do ciclo de alfabetização. Quem dá o mérito aos educadores é a secretária de Educação do município, Ana Sara Vasconcelos. “Quem realmente faz a diferença é o professor na sala de aula com os alunos. Eu acredito que essa parte humana seja um dos fatores principais para o alto índice de alfabetização na nossa cidade”, afirma.

    Segundo dados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), divulgada recentemente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o município situado no noroeste do Ceará reduziu a taxa de analfabetismo em literatura de 53,05% em 2013 para 11,36% em 2014. Esse número corresponde aos alunos capazes de ler palavras com estrutura silábica. Em matemática, o índice caiu de 53,76% para 9,76% no mesmo período.

    Foram avaliados 700 alunos do terceiro ano do ensino fundamental de 11 escolas urbanas e rurais de Moraújo. Na região, todos os professores são concursados e possuem, pelo menos, graduação em pedagogia.

    A secretária municipal de Educação também destaca a importância de programas como o Mais Educação e o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) para a evolução desses índices. Segundo ela, o educador não tem como “se perder”. “Quando o professor participa de um programa desses, e ainda tem o acompanhamento da Secretaria de Educação, ele tem um suporte. Quando ele relata alguma dificuldade, a Secretaria faz as intervenções necessárias. Esse é o perfil desses programas”, garante Ana Sara Vasconcelos.

    A Avaliação Nacional de Alfabetização é fundamental para medir a qualidade de educação do Brasil. A pesquisa avalia o conhecimento de crianças em fase final do ciclo de alfabetização, de modo a cumprir a meta do Pnaic, de que todas as crianças até os oito anos de idade sejam alfabetizadas em português e matemática. O Pacto é uma iniciativa dos governos federal, estaduais, do Distrito Federal e administrações municipais.

    Assessoria de Comunicação Social

  • Encontro, em Brasília (DF), reuniu 200 participantes em quatro dias

    Mais de 50 especialistas do Brasil e do mundo passaram os últimos quatro dias reunidos em Brasília (DF) para falar sobre experiências que deram certo na alfabetização. Eles participaram da 1ª Conferência Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (Conabe). O evento contou com mais de 33 horas de debates em 28 palestras, sessões especiais e simpósios.

    A Conabe teve como tema a “A Política Nacional de Alfabetização e o Estado da Arte das Pesquisas sobre Alfabetização, Literacia e Numeracia”. As boas práticas baseadas em pesquisas que foram apresentadas no evento poderão ser incluídas no processo de alfabetização em escolas e nas famílias brasileiras e subsidiar o Relatório Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (Renabe), previsto para o ano que vem.

    Para o secretário de Alfabetização do Ministério da Educação (MEC), Carlos Nadalim, os debates e palestras deixam um legado de sugestões para o Renabe. "O MEC está aberto à ciência, às evidências científicas. São elas que sustentam políticas públicas sólidas", afirmou.

    Ao todo, foram mais de 200 participantes, incluindo a primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro. Ela esteve no painel que mostrou estudos sobre a alfabetização de surdos na quinta-feira, 24 de outubro.

    Reino Unido, Estados Unidos e França são alguns dos países que fundamentaram as políticas de alfabetização por meio de evidências científicas, ou seja, utilizaram métodos embasados em pesquisas para garantir um melhor ensino-aprendizagem. O objetivo é trazer isso para o Brasil, já que a Conabe faz parte das ações de implementação da Política Nacional de Alfabetização (PNA), instituída pelo governo federal em abril.

    Apoio ao PNA – No encerramento do evento, Nadalim leu um documento de consenso de apoio à PNA por parte do Painel de Especialistas. O grupo é composto por 12 especialistas, de notório saber nas áreas de alfabetização, literacia ou numeracia. “Trata-se de um importante passo para a melhoria da qualidade da alfabetização em todo o território nacional”, diz o texto.

  • A Comissão Nacional de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos (Cnaeja) se reuniu na última sexta-feira, 14, em Brasília, para traçar a próxima fase do programa Brasil Alfabetizado. A meta é atingir um maior número de pessoas alfabetizadas com o novo modelo. “Buscamos nesse encontro colher contribuições de modo a aprimorar e abrir um novo ciclo de alfabetização e educação de jovens e adultos no país”, explicou a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação, Ivana de Siqueira.

    O ciclo atual do Brasil Alfabetizado, iniciado em 2015, conta com 191 entidades executoras, 17.445 turmas ativadas, 167.971 alfabetizandos, 17.088 alfabetizadores, 2.902 coordenadores e 105 tradutores intérpretes de libras. A meta para o próximo ciclo é ampliar para 250 mil alfabetizandos atendidos. O número representa 50% a mais de vagas no ciclo 2017.

    A reunião da Cnaeja também serviu para discutir propostas de ajustes na Resolução nº 48/2012, que estabelece critérios para transferência de recursos para abertura de novas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), além da possibilidade de ampliação de parcerias. Atualmente, 13,1 milhões de brasileiros com mais de 15 anos ainda não sabem ler nem escrever. “O analfabetismo no Brasil tem um processo histórico relacionado às desigualdades sociais e aos contextos em que ocorrem as violações do direito de acesso à educação no nosso país”, lamenta a secretária.

    A Cnaeja é formada por membros dos governos federal, estaduais e municipais, representantes de instituições de ensino superior e movimentos sociais. O grupo se reúne periodicamente para acompanhar e avaliar as ações de EJA e a execução do programa Brasil Alfabetizado. A Comissão também é responsável por conferir a Medalha Paulo Freire a personalidades e instituições que se destacam nos esforços de universalização da alfabetização no Brasil.

    Acesse a íntegra da Resolução nº 48/2012

    Assessoria de Comunicação Social

  • A comissão mista do Congresso Nacional que analisa o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa aprovou a Medida Provisória nº 586, de 8 de novembro de 2012, que prevê a adoção de medidas destinadas a promover a alfabetização das crianças brasileiras até os oito anos de idade ao final do terceiro ano do ensino fundamental. A MP trata do apoio técnico e financeiro da União a estados e municípios.

    Entre as medidas estabelecidas pela MP está a oferta de cursos de capacitação para professores, de bolsas para professores alfabetizadores e de prêmios para escolas e docentes. O dispositivo legal prevê a aplicação de um exame nacional ao fim da terceira série do ensino fundamental para avaliar o desempenho dos alunos.

     

    Com investimento de cerca de R$ 3 bilhões, o pacto é uma articulação inédita com todos os secretários estaduais de educação e mais 5,3 mil municípios. Sua abrangência envolve aproximadamente 8 milhões de estudantes nos três primeiros anos do ensino fundamental, distribuídos em 400 mil turmas de 108 mil escolas da rede pública do país.

     

    O eixo principal do pacto é a oferta de cursos de formação continuada a 360 mil professores alfabetizadores, com tutoria permanente e auxílio de 18 mil orientadores de estudos, capacitados em 36 universidades públicas. O Ministério da Educação distribuirá mais de 60 milhões de livros didáticos, além de jogos pedagógicos.

     

    O esforço coordenado tem a finalidade de reverter o atual cenário do país, em que a média nacional de crianças não alfabetizadas até os oito anos chega a 15,2%, de acordo com dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

     

    O texto da Medida Provisória nº 586/2012 segue agora para apreciação pelos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. As regras do pacto foram estabelecidas pela Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012, publicada no Diário Oficial da União de 5 de julho de 2012, seção 1, páginas 22 e 23.


    Assessoria de Comunicação Social, com informações da Agência Câmara

     

     

  • Confira o segundo de 10 episódios produzidos pela TV MEC com conteúdos de literacia familiar e alfabetização


    Interação verbal é o ponto-chave do segundo episódio da série da TV MEC "Como aproveitar o tempo com as crianças". O vídeo contém dicas de técnica e conteúdo para conversas, leituras e contações de histórias para os pequenos. A série é baseada no material dos programas Conta pra Mim e Tempo de Aprender.

    O material é destinado a pais, mães e responsáveis que queiram estimular a leitura dos filhos em casa. Foram selecionadas práticas simples e instrutivas para que todos possam utilizar. O propósito é manter as crianças em contato com a aprendizagem para que não percam o ritmo na volta às aulas.

    Confira o segundo vídeo da série da TV MEC:

    Assessoria de Comunicação Social

  • Uma economia baseada na agricultura foi o cenário para a professora paranaense explorar o projeto sobre a origem dos alimentos, entre eles, o leite (arte: ACS/MEC)Um dos desafios da escola é motivar o estudante para que ele não só questione, mas encontre respostas para muitas perguntas relacionadas a experiências pessoais, cultura, rotina em casa e na comunidade. Quando se é criança, tudo pode ser muito bom, como correr, brincar e, no lanche, fazer bigodinho de leite.

    A partir de um desses momentos curiosos, a professora Elaine Cristina Benteo aproveitou para levantar, com os alunos, dúvidas como a origem do leite, da caixinha ou da garrafa. As respostas a despertaram para a realização de projeto em sala de aula com os alunos do segundo ano do ensino fundamental da Escola Municipal Padre Nelson Ângelo Resch, em Marilena (7,1 mil habitantes), no interior do Paraná. A ideia nasceu durante atividade sobre a origem dos alimentos.

    “Na nossa região, há muitos produtores de leite, e alguns alunos eram filhos de produtores”, lembra a professora. “Então, a primeira atividade foi levar as crianças a verificar como é feita a ordenha.”

    Na primeira propriedade visitada, os estudantes conheceram a ordenha manual e a mecanizada. Depois, visitaram outras propriedades, outros produtores. Souberam então que não só da vaca é possível consumir o leite. “Podemos consumir o leite de búfala, de cabra e de égua. Então, visitamos essas propriedades para eles conhecerem, vivenciarem.”

    Com uma economia baseada na agricultura, o município de Marilena foi o cenário para que a professora explorasse o projeto A Origem dos Alimentos: de Onde Vem o Leite. A turma passou por indústrias, visitou propriedades, acompanhou a ordenha dos animais e vivenciou a realidade de agricultores familiares que trabalham com derivados do leite, como queijos e iogurtes. Elaine ainda orientou os estudantes a observar o produto final nas prateleiras. “Fomos ao supermercado para que eles soubessem em que local são armazenados os produtos, para fazer a leitura das embalagens, identificar os ingredientes usados nos produtos, prazo de validade e estudo de embalagem”, diz a professora.

    O consumo consciente e a preocupação com o descarte das embalagens foi tema de lição de casa. Além disso, Elaine reuniu os pais e as merendeiras. “Conseguimos alguns cursos para os pais e para as merendeiras da escola, que aprenderam a preparar novos pratos com o leite da merenda escolar.”

    Campanha — Com o amplo envolvimento de todos, um dos alunos surpreendeu ao sugerir a organização de uma campanha para auxiliar moradores carentes. A iniciativa de arrecadar e doar caixas de leite levou a professora a apostar ainda mais no projeto. “Considerei a iniciativa muito interessante por partir de uma criança”, destaca. “Fizemos a campanha, que teve aceitação muito grande dos pais, que nos ajudaram na divulgação e na campanha propriamente dita; eles abraçaram bem o projeto, uma iniciativa que nos deixou muito felizes.”

    Para entregar as doações aos moradores da comunidade, a professora contou com o apoio da assistência social do município. “É o que nós estamos precisando: resgatar um pouco desses valores”, diz Elaine. “Então, nós fizemos a campanha; depois, a entrega, com o pessoal da assistência social, para a comunidade conhecer um pouco a função da assistência social, que é responsável pelo cadastro, pelo acompanhamento das famílias do município.”

    Paixão — A criatividade da professora para pensar todas essas atividades vem da paixão por educar, por alfabetizar. Graduada em pedagogia, pós-graduada em psicopedagogia e educação especial, Elaine, com 23 anos de experiência em sala de aula, vive com o coração o processo de alfabetização, período de descoberta para as crianças.

    “Quando eu comecei a estudar, eu me encontrei; é uma profissão que eu amo, que eu adoro”, diz. “E sempre gostei do processo de alfabetização, que é o que me encanta.”

    Elaine considera apaixonante, no início do ano letivo, deparar-se com as crianças que iniciam o ano, com suas garatujas e rabiscos e, em três ou quatro meses ter o prazer de vê-las lendo e escrevendo com autonomia.  “Isso para mim é apaixonante, é o que me motiva cada vez mais e é onde eu me encontro”, afirma. “Não me consigo ver atuando em outra série que não seja de alfabetização. Essa é a minha verdadeira paixão. É o que eu amo fazer.”

    Assessoria de Comunicação Social

  • O professor Renan Sargiani, coordenador-geral de Neurociência Cognitiva e Linguística do MEC, fala sobre as diversas metodologias de alfabetização (Foto: Gaby Faria/MEC)A discussão sobre os melhores métodos de alfabetização não é nova nem exclusividade do Brasil. Há pelo menos 50 anos, esse tem sido o alvo de muitas discussões entre cientistas, educadores e formuladores de políticas públicas de alfabetização em diversos países. Esse “grande debate” sobre o ensino das habilidades de leitura e de escrita tornou-se explícito inicialmente pela pesquisadora Jeanne Chall, professora já falecida da Universidade de Harvard, que publicou, em 1967, nos EUA, o livro Learning to Read: The Great Debate, no qual fez uma intensa pesquisa sobre o assunto e revelou quais abordagens eram mais eficientes para o ensino da leitura e da escrita, concluindo que a abordagem fônica era a mais eficiente. Esse também pode ser considerado um marco que impulsionou diversos países a buscar evidências científicas para embasar suas decisões sobre políticas, programas e ações educacionais.

    Nesse sentido, países como EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália, França, Finlândia e Portugal promoveram modificações em suas recomendações para a alfabetização, fundamentando-se nas bases da Ciência Cognitiva da Leitura, que consiste no conjunto de evidências produzidas em áreas como a Psicologia Cognitiva, a Neurociência Cognitiva e a Linguística Cognitiva, que, desde os anos 1970, estudam cientificamente como as pessoas aprendem a ler e a escrever e como podemos ensiná-las de modo mais eficiente. O Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, e o Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, em consonância com as experiências exitosas na área de alfabetização desses países, também optaram por formular uma nova Política Nacional de Alfabetização com base em evidências da Ciência Cognitiva da Leitura.

    O “grande debate” pode ser resumido entre defensores de abordagens centradas no código versus defensores de abordagens centradas no contexto e nos significados. A proposta dos primeiros, que defendem o método ou a abordagem fônica, é a de que se deve ensinar explicitamente as relações entre letras e seus sons, ou seja, entre grafemas e fonemas, no começo da alfabetização. Para eles, os textos utilizados pelas crianças devem ser apropriados à sua capacidade de leitura e à sua idade, ao passo que textos mais longos e complexos devem ser usados apenas pelos professores para a ampliação do seu vocabulário, desenvolvendo-se a oralidade delas. Os segundos, por sua vez, recomendam que as crianças devem interagir, desde o começo, com textos ricos que lhes permitam aprender sobre regras do sistema de escrita de modo mais natural e implícito.

    O coordenador-geral de Neurociência Cognitiva e Linguística do MEC, professor Renan Sargiani, explicou um pouco das metodologias e das abordagens fônicas, além de outras formas de alfabetização, em uma entrevista ao portal do MEC.

    1. Por que o método fônico ou fonético pode ser considerado uma das melhores formas de ensinar uma criança a ler?

    Renan Sargiani - É muito importante, em primeiro lugar, esclarecer os termos que foram utilizados nessa pergunta que normalmente geram muitas dúvidas e equívocos. Não existe apenas um único método fônico, mas sim vários métodos de ensino de leitura e de escrita que se fundamentam em uma abordagem fônica, isto é, na recomendação de que o ensino de leitura e de escrita deve começar por instruções explícitas em uma ordem sequencial lógica das relações entre os grafemas e os fonemas, ou seja, das letras e seus sons.

    Quando se fala de método, fala-se de algo mais delimitado, uma espécie de pacote, criado com um objetivo específico de ensinar um determinado conteúdo, de uma determinada forma, prevista por quem elaborou esse método. Por isso, os métodos normalmente estão ligados a um criador ou a um autor. Por exemplo, o Método Montessori tem esse nome em alusão às pesquisas e às teorias da médica e educadora italiana Maria Montessori. No caso do método fônico, há uma confusão entre método, abordagem e componente.

    Abordagens são proposições teóricas mais abrangentes que permitem a formulação de diferentes métodos. A abordagem fônica trata-se do conjunto de recomendações para a alfabetização que priorizam o ensino sistemático das relações entre fonemas e grafemas como sendo o primeiro passo para que se aprenda a ler e a escrever com sucesso em sistemas alfabéticos. A abordagem fônica baseia-se na premissa de que, como o sistema alfabético representa a fala no nível dos fonemas, para que um aprendiz possa ler e escrever, deve-se primeiro conhecer o princípio alfabético, ou seja, o modo pelo qual se organiza esse sistema, em que cada letra ou conjunto de letras das palavras escritas representa sistematicamente os fonemas da linguagem falada.

    2. Em que se baseia essa concepção?

    RS - As pesquisas mostram que os métodos que se fundamentam na abordagem fônica são os mais eficientes para ensinar-se a ler e a escrever em sistemas alfabéticos, como é o caso do português, porque fornecem a chave do funcionamento do código alfabético. Portanto, existem diversos métodos que se baseiam na abordagem fônica, e não apenas um único método fônico. Da mesma forma, também existem diferentes estratégias de ensino fônico previstas na abordagem fônica: a Fônica Sintética, a Fônica Analítica, a Fônica Embutida, a Fônica por Analogia etc. Cada forma de ensinar a fônica tem suas características próprias e impactos, sendo a fônica sintética reconhecida como a mais eficiente. Trata-se de ensinar às crianças primeiro as relações entre os grafemas (as letras ou grupos de letras) e os fonemas (sons) que elas representam para depois ensiná-las como sintetizar ou juntar essas letras e sons para formar palavras.

    As pesquisas, nas últimas décadas, têm mostrado que adotar a instrução fônica é condição sine qua non para aprender a ler a e a escrever em um sistema alfabético, por ser esse um sistema que representa a fala no nível dos fonemas. Com isso, queremos dizer que a relação entre grafemas e fonemas é o que nós chamamos de fônica, conhecimento grafofonêmico, mapeamento ortográfico, princípio alfabético ou conhecimento fônico.

    A palavra “fônica” também precisa ser esclarecida e não deve ser confundida com a Fonética ou com a Fonologia. Fônica é uma tradução do termo phonics em língua inglesa. Esse termo é um neologismo também em inglês e foi criado para referir-se ao conhecimento simplificado de fonética que deve ser usado para ensinar a ler e a escrever. A Fonética e a Fonologia são áreas de estudo da Linguística muito mais complexas do que a Fônica. A instrução fônica sistemática é importante porque justamente vai ensinar aquilo que há de mais elementar na aprendizagem da leitura e da escrita de um alfabeto: as relações entre as letras das palavras escritas e os sons das palavras faladas.

    Os métodos que se fundamentam na abordagem fônica garantem, portanto, a base essencial da alfabetização, que é a compreensão do funcionamento do código alfabético. Uma criança que aprende quais são as letras e quais são os sons que elas representam ganha um poderoso recurso psicolinguístico que a capacita a ler e a escrever palavras com autonomia.

    Nas últimas décadas, vimos o surgimento de uma verdadeira Ciência Cognitiva da Leitura, que, em resumo, mostra que a instrução fônica sistemática — e é essa a terminologia mais apropriada — é um componente crucial para o ensino eficiente de leitura e de escrita em um sistema alfabético. Esse componente é o que oferece melhores condições de sucesso na alfabetização para a maioria das crianças, especialmente aquelas que estão em situação de vulnerabilidade social e que precisam do ensino explícito das relações entre letras e sons para avançarem mais rapidamente no processo de alfabetização.

    3. Então o que podemos estabelecer como fônica?

    RS - É preciso esclarecer que a instrução fônica é apenas uma etapa do processo de alfabetização. Como uma etapa, ela tem duração, com começo, meio e fim. Podemos dizer então que a fônica não é um método, mas sim um componente de métodos, programas ou abordagens de alfabetização que são eficientes. Todo bom programa de alfabetização inclui diferentes componentes e práticas.

    A instrução fônica sistemática é um dos componentes essenciais, bem como a consciência fonêmica, a fluência de leitura oral, o ensino de vocabulário e a compreensão de textos. Entre as práticas, estão a leitura compartilhada, a leitura em voz alta, a leitura guiada, a escrita independente e a escrita compartilhada.

    As pesquisas mostram que, desde a educação infantil, devem ser desenvolvidas habilidades fundamentais para a alfabetização. Essas habilidades facilitam todo o processo de alfabetização. Entre elas se destacam duas habilidades: a consciência fonêmica e o conhecimento alfabético.

    A consciência fonêmica é uma sub-habilidade da consciência fonológica. Ela é a habilidade de prestar atenção, de identificar e manipular, individualmente, os menores sons da fala, isto é, os fonemas, sendo um dos melhores preditores do sucesso na alfabetização. As professoras podem fazer vários jogos divertidos, lúdicos, que estimulem o desenvolvimento dessa consciência dos fonemas, que não se desenvolve naturalmente. Além disso, ainda na educação infantil, é importante que as crianças aprendam o conhecimento alfabético, que é conhecimento sobre os nomes, as formas e os sons das letras.

    O conhecimento alfabético e a consciência fonêmica, juntos, formam a base para que as crianças possam aprender a ler e a escrever em um sistema alfabético.

    É preciso esclarecer também que ler não é compreender, mas que o objetivo da leitura é a compreensão. É um erro achar que apresentar textos longos e complexos, desde o começo da alfabetização, é a base para que a criança desenvolva a compreensão de textos. Na verdade, a compreensão de textos depende tanto de uma boa habilidade de reconhecimento de palavras quanto de uma boa compreensão da linguagem oral. O reconhecimento automatizado de palavras acontece quando a decodificação é proficiente, permitindo que os leitores reconheçam imediatamente as palavras que já leram antes. Isso libera espaço na memória de trabalho permitindo processos cognitivos e linguísticos complexos envolvidos na compreensão de textos, entre eles a compreensão da linguagem oral.

    A compreensão da linguagem oral é mais ampla e desenvolve-se desde o nascimento. Depois de aproximadamente 150 milésimos de segundos que uma palavra escrita é reconhecida visualmente, ela é tratada no cérebro como se fosse uma palavra ouvida. Portanto, a compreensão de textos, depois do reconhecimento da palavra, envolve o mesmo processamento de compreensão da linguagem oral.

    Por essa razão, na educação infantil, e mesmo na alfabetização no primeiro ano do ensino fundamental, os textos longos e complexos devem ser lidos pelas professoras, estimulando a motivação pela leitura, o desenvolvimento de vocabulário e a compreensão da linguagem oral. As crianças, por sua vez, devem receber livros e textos apropriados para a sua idade e o seu nível de leitura para que possam praticar a decodificação, levando-as ao reconhecimento automatizado de palavras e, por fim, possibilitando a compreensão de textos.

    4. Há outro ou outros métodos ou abordagens consideradas tão eficazes quanto o método fônico na alfabetização de crianças?

    RS — A questão da eficácia ou da eficiência dos métodos ou das abordagens de alfabetização envolve diferentes fatores. Fatores como quem ensina, como se ensina e para quem se ensina podem influenciar muito independentemente do método ou da abordagem que se escolha; de modo geral, podemos identificar características que são consideradas fundamentais para facilitar a aprendizagem da maioria das crianças.

    Existem diversos relatórios nacionais e estrangeiros, bem como estudos de revisão da literatura científica, que atestam que a abordagem fônica, a qual privilegia o ensino explícito e sistemático do código alfabético no começo da alfabetização, é mais eficiente do que a abordagem global, também chamada de construtivista ou de psicogênese da língua escrita aqui no Brasil.  A abordagem global privilegia os contextos significativos, usando, desde o começo, textos longos que são úteis para o desenvolvimento da oralidade, mas que não explicitam as relações entre letras e sons, sendo eficientes apenas para aquelas crianças que já possuem ampla experiência com materiais de leitura, que conhecem as letras e os sons porque aprenderam em casa ou em outros ambientes.

    5. Como acontece o processo de aprendizagem de leitura? O que seria mais apropriado?

    RS - Quando uma criança que está aprendendo a ler e que ainda não é capaz de reconhecer a maioria das palavras de um texto depara-se com textos longos, na verdade, isso aumenta a sensação de incapacidade dela. Esse contato, portanto, torna-se um problema em vez de uma solução. O correto é fornecer à criança um texto apropriado para o seu nível de leitura, que permita que ela possa exercitar aquilo que está aprendendo e se sinta, cada vez mais, confiante e com vontade de ler textos mais extensos. Os textos longos não devem estar ausentes no processo de alfabetização, mas, pelo contrário, devem ser usados pelas professoras e pelos pais para estimular a linguagem oral, enriquecer o vocabulário, estimular a compreensão oral e o gosto pela leitura nas crianças.

    Nesse sentido, a abordagem global ou construtivista, na verdade, deixa a maioria das crianças à mercê da sorte de que encontrem, em casa ou em outros ambientes, que não a sala de aula, alguém que as ensine o que a abordagem fônica ensina desde o começo, que é a base para aprender a ler e a escrever.

    Chamamos de corpo docente oculto esse fenômeno de crianças que suspostamente aprendem na escola por meio da abordagem global, mas que, na verdade, são ensinadas pelos pais ou por irmãos mais velhos em casa. Perceba que, dessa forma, não significa que a abordagem global ou construtivista não funciona, mas sim que ela não é a recomendada para a maioria das crianças que possuem poucos conhecimentos e habilidades necessárias para aprender a ler e a escrever quando ingressam na escola, e que, muito provavelmente, também não terão a sorte de encontrar um corpo docente oculto, ou seja, alguém que as ensine fora da sala de aula.

    As evidências de pesquisas mostram que quanto menos uma criança sabe sobre habilidades fundamentais de alfabetização mais ela depende do ensino explícito ofertado pela professora, havendo a necessidade, portanto, de que as professoras utilizem sim abordagens mais eficientes, e não quaisquer abordagens, o que nesse caso seriam as abordagens fônicas.

    As habilidades fundamentais para a alfabetização, também chamadas de precursores, são aquelas que as crianças desenvolvem antes do ensino formal de leitura e de escrita. Entre elas, podemos citar habilidades como a consciência fonológica, a consciência fonêmica, o conhecimento alfabético, a aquisição de vocabulário e a familiaridade com livros. Essas habilidades devem ser estimuladas, tanto em casa quanto na educação infantil, e formam a base para o sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita no primeiro ano do ensino fundamental.

    Bons programas ou métodos de alfabetização devem incluir esses componentes e normalmente são chamados de programas balanceados, completos ou abrangentes, porque incluem as diversas habilidades necessárias para aprender-se a ler e a escrever — entre eles se inclui a instrução fônica sistemática.

    É importante ressaltar que, embora a abordagem fônica comece pelo ensino sistemático das relações entre letras e sons, ela não se resume a isso porque ela também inclui vários outros componentes importantes que permitem a formulação de programas balanceados.

    6. De uma forma sintética, qual seria a diferença entre as abordagens fônica e construtivista?

    RS - O principal diferencial entre a abordagem fônica e a abordagem construtivista é que a primeira foca no ensino explícito das relações entre letras e sons, ao passo que a segunda foca mais nos significados, no texto, no contexto, deixando o ensino das relações entre letras e sons de modo mais implícito e acidental, o que não é tão eficaz para a maioria das crianças.

    Na abordagem fônica, primeiro você ensina o código alfabético — letras representam sons — e aí você vai enriquecendo esse conteúdo com outros textos mais complexos. Quando se comparam essas duas abordagens, há evidências de que a fônica supera a construtivista. Aquela supera esta para crianças com desenvolvimento típico e atípico, para aquelas que possuem um ambiente que desfavorece a aprendizagem e também para aquelas que possuem o ambiente mais favorável.

    Entre as diferentes formas de ensinar-se a fônica, também observamos vantagens de um modo para outro. A Fônica Sintética (dos fonemas para as palavras), por exemplo, é melhor do que a Fônica Analítica (das palavras para os fonemas) e a Fônica Analítica é melhor do que a Fônica Embutida (instrução não explícita embutida em textos).

    O que as pesquisas mostram é que não há questionamentos de que, para aprender a ler e a escrever, em um sistema alfabético, é necessário aprender fônica. O debate está no modo como se deve ensinar isso, de forma explícita ou implícita, sistemática ou não sistemática. As evidências mais vigorosas apontam que isso deve ser feito de modo explícito e sistemático, o que não significa que deva ser chato e enfadonho: pode ser lúdico e muito divertido, como vários métodos e programas que existem em diferentes países.

    O que temos de deixar claro é que não há um único método fônico e que o conhecimento de fônica é um componente de métodos eficientes de alfabetização que nós costumamos chamar de abordagens balanceadas ou compreensivas, no sentido de que elas incluem diferentes componentes necessários para o sucesso na alfabetização, ou seja, a instrução fônica sistemática, a consciência fonêmica, o vocabulário, a fluência e a compreensão.

    7. Como considerar as vantagens de aprendizado do método ou das abordagens fônicas sobre outros métodos?

    RS -  Primeiramente, nós temos de considerar que a ciência está em contínua evolução. A cada dia que passa, nós descobrimos coisas novas que nos impelem a modificar crenças passadas. Atualmente, as pesquisas desenvolvidas, nos campos da Psicologia Cognitiva e da Neurociência Cognitiva, que são dois dos maiores aportes da Ciência Cognitiva da Leitura, revelam coisas que não sabíamos 20, 30, 50, 100 anos atrás. As pessoas ensinam as outras a ler e a escrever há pelo menos 7 mil anos, mas hoje temos condições de investigar o impacto de diferentes modos de ensino com recursos muito sofisticados. As pesquisas em Neurociências mostram, inclusive, o que acontece, em tempo real, no cérebro enquanto estamos lendo ou aprendendo a ler.

    Essas evidências nos mostram que herdamos da evolução da espécie um cérebro capaz de aprender coisas novas, por meio da plasticidade neuronal, ou seja, por meio da reorganização das conexões entre neurônios. Nosso cérebro não nasce programado para ler e escrever, coisas que são invenções culturais mais recentes, mas sim predisposto a aprender coisas básicas que os homens das cavernas já faziam, como falar, ver e ouvir. A plasticidade neuronal que nos permite reorganizar esses sistemas a fim de que possamos aprender a ler e a escrever.

    Os sistemas de escrita têm cerca de sete mil anos, dez mil anos no máximo, a fala não: ela é mais antiga. A linguagem oral foi desenvolvida na espécie humana há muito tempo, tanto que você não pode impedir uma criança de aprender a falar. Em condições típicas, mesmo com pouco estímulo, uma criança aprende a falar. Se ela tiver todo o aparato biológico para aprender a falar, ela vai aprender a falar.

    8 - O que dizem os especialistas sobre o assunto?

    RS - O Steven Pinker, que é um professor da Universidade de Harvard (EUA), diz que esse é o “instinto da linguagem”, instinto porque é algo tão forte na espécie humana que você não pode evitar de aprender a falar. Isso faz o nosso cérebro aprender muito rapidamente a linguagem oral, mas o mesmo não ocorre com a linguagem escrita, tanto é que você pode ser um analfabeto na idade adulta mesmo convivendo com o “mundo letrado” a vida toda, e isso não significa que você tenha qualquer tipo de problema de aprendizagem. Também não significa que os adultos que não aprenderam a ler e a escrever na infância não podem aprender na idade adulta: nós temos evidências de que o que importa de fato para que uma criança possa aprender a ler e a escrever é o ensino que ela recebe. Prova disso é que crianças com os mais diferentes tipos de necessidades podem aprender a ler e a escrever. Todos podem aprender essas habilidades desde que lhes sejam dadas condições apropriadas de ensino. As pesquisas mostram que o modo como você ensina tem um papel muito importante no processo e que ele pode ser até mesmo determinante para o sucesso ou não da alfabetização. A Ciência Cognitiva da Leitura tem nos mostrado então quais são as condições necessárias ou os elementos que favorecem mais o sucesso na alfabetização.

    A linguagem escrita é uma invenção e precisa ser ensinada, não descoberta. Não dá para uma criança descobrir a escrita sozinha na sala de aula: ela precisa aprender, e aprender a mesma linguagem escrita que é convencionada com os demais ao seu redor.

    Os estudos de Neurociências, principalmente do pesquisador francês Stanislas Dehaene, mostram que o cérebro da criança é muito bem estruturado porque herdamos da nossa evolução redes cerebrais especializadas para processar a visão, os rostos, a linguagem falada, os números, mas não a leitura e a escrita. É a reciclagem neuronal, a capacidade dos neurônios de aprender, que nos permite aprender.

    Em um estudo do professor Dehaene, com a participação do professor José Morais, um pesquisador português muito importante e conhecido no Brasil, que trabalha na Bélgica atualmente, descobriu-se que existe uma área no cérebro chamada Área da Forma Visual das Palavras. Eles testaram uma série de estímulos visuais para verificar se existia uma área do cérebro que respondia ao reconhecimento das letras e perceberam que, nos adultos que eram alfabetizados, seja na infância ou na idade adulta, essa área era mais ativada em resposta a estímulos como letras, mas não era tão ativada para pessoas que eram analfabetas. Essa área se especializa então para o reconhecimento de palavras escritas, sendo que, em analfabetos, ela responde mais pelo reconhecimento de faces, de rostos.

    Quando a criança está aprendendo, ela está mudando essa área do cérebro para reconhecer as letras sempre da mesma forma. Isso é uma das coisas que a gente observa também como resultado direto dos métodos usados para alfabetizar.

    Em um estudo mais recente, de 2015, um grupo de pesquisadores da Universidade de Stanford (EUA), liderado pelo professor Bruce McCandliss, descobriu que leitores iniciantes que focam nas relações entre letras e sons, ou seja, no escopo da fônica, aumentam a atividade na área do cérebro que é melhor preparada para ler, a saber, o hemisfério esquerdo, enquanto aqueles que focam nas palavras como um todo, abordagem global, ativam mais o lado direito que processa as palavras como imagens.

    Eles perceberam que aqueles que aprenderam pela abordagem fônica conseguem ler palavras novas mais facilmente porque eles aprenderam o mecanismo de funcionamento do sistema alfabético, enquanto o grupo que aprendeu globalmente não consegue progredir para palavras novas porque eles identificam a palavra como uma figura, e isso não permite o reconhecimento de palavras novas.

    Isso nós já sabíamos, por meio dos estudos de comportamento, mas o que nós não sabíamos era o efeito disso no cérebro, o que foi pioneiro nesse estudo. Isso nos dá mais uma evidência da vantagem da abordagem fônica sobre a abordagem global ou construtivista. Além de a abordagem fônica permitir que a maioria das crianças aprenda mais rapidamente e melhor, ela também as permite desenvolver a autonomia de leitura e de escrita por meio da ativação do hemisfério esquerdo do cérebro, responsável pelo processamento da linguagem, sendo, por isso, aquela mais ideal a ser usada.

    Se você aprende pela fônica, você consegue aprender o mecanismo básico da decodificação de palavras; portanto, você lê palavras novas que não lhe foram ensinadas. A criança passa a ler palavras em outros contextos porque aprendeu como funciona a leitura. O global não permite essa autonomia: como há muito mais palavras para memorizar do que letras, e como a criança é ensinada a tratar palavras como figuras, o seu desenvolvimento da leitura e da escrita é limitado e dificultado.

    9. Onde estão as recomendações para o aprendizado do método ou das abordagens fônicas nas escolas do país?

    RS - A instrução fônica é um componente eficiente de bons métodos de leitura e de escrita e já é recomendada em diversos relatórios de pesquisas nacionais e estrangeiros. Aliás, ela já está prevista até mesmo na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em que foi estabelecido, nos primeiros anos do ensino fundamental referentes à alfabetização, que se deve trabalhar com consciência fonológica, com o ensino de letras e com o ensino da natureza do sistema alfabético e das relações entre fonemas e grafemas com o objetivo de decodificá-los, que é justamente aquilo que se recomenda em uma abordagem fônica.

    O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e o Programa Mais Alfabetização também já contêm esse tipo de perspectiva embutida de certo modo, principalmente com os jogos de consciência fonológica. Muitas escolas da rede particular utilizam esses princípios e iniciativas de alguns Municípios e Estados também fazem esse tipo de recomendação.

    Esses documentos, como a BNCC, precisam somente ser esclarecidos para que possamos ter objetivos educacionais mais claros e estratégias de ensino apropriadas. Nesse sentido, precisamos agora esclarecer melhor os conhecimentos que já são recomendados e que inclusive já fazem parte das ações de professoras por todo o Brasil. Não estamos falando de algo que as professoras nunca viram: elas conhecem isso e já fazem uso disso há muito tempo e com sucesso. Eu conheço muitas professoras pelo Brasil que já utilizam esses conhecimentos em suas práticas e com muito sucesso. Se você perguntar para professoras alfabetizadoras o que elas fazem para ajudar as crianças a ler e a escrever, muitas vão relatar práticas fônicas, ainda que não usem esse nome.

    10. O que pode ser feito agora? Qual a postura que se deve adotar?

    RS - Precisamos valorizar aquilo que as professoras fazem em sala de aula e o que elas sabem que funciona, mas que, algumas vezes, devido ao caráter nebuloso de algumas recomendações, parece que não é feito ou que não pode ser feito. Precisamos adotar uma postura de cientistas e definir mais claramente os conceitos e termos utilizados nas orientações curriculares, nos programas e nas ações do governo, além de, é claro, fundamentarmo-nos no conhecimento científico mais atual.

    É justamente nesse sentido que, na Secretaria de Alfabetização do MEC, temos uma diretoria de alfabetização baseada em evidências. O que acontece é que, fundamentando as orientações curriculares em evidências científicas, sabemos exatamente do que estamos falando, o que significa cada conceito, cada objetivo e como definir uma estratégia clara para atingi-lo. Países que tiveram sucesso fizeram exatamente isso. A dificuldade maior agora está mais em esclarecer o que é a fônica, porque, até agora, no Brasil, tem-se a ideia errada de que o chamado “método fônico” é voltar ao passado, é o ensino tradicional, antiquado, quando isso não é verdade.

    Nós nunca adotamos uma perspectiva fônica oficialmente no Brasil: os métodos antigos eram a abordagem alfabética e a abordagem silábica. Ambas eram diferentes da abordagem fônica. A abordagem fônica, pautada pelo conhecimento científico, tem se desenvolvido mais desde a década de 1980, mesmo período da chegada da abordagem construtivista da Emília Ferreiro no país; no entanto, a partir do que sabemos atualmente, podemos abarcar conhecimentos da abordagem construtivista, ir além dela e superá-la por meio de uma base mais sólida por meio da qual a maioria das crianças se beneficiem. Temos um grande conjunto de evidências produzido no Brasil. Não precisamos ir muito longe. Existem várias experiências exitosas no Brasil que atestam a importância do ensino fônico e que mostram que não é nada chato, antiquado: pelo contrário, as crianças gostam e muito dele.

    11. Em quais países se destaca a alfabetização por meio do método fônico? Por quê?

    RS - Os países que de fato melhoraram a alfabetização de suas crianças, nos últimos anos, são aqueles que se fundamentaram nas evidências mais atuais da Ciência Cognitiva da Leitura porque essa área apresenta o conjunto de evidências mais vigorosas sobre como as pessoas aprendem a ler e a escrever e como podemos ensiná-las de um modo mais eficiente.

    A maioria desses países começou a adotar as recomendações dessa área na Ciência a partir do final da década de 1990, quando esse campo estava começando a amadurecer, uma vez que se iniciou por volta da década de 1970. A França, por exemplo, criou um grupo de cientistas chamado Observatório Nacional da Leitura, em 1997, e reformularam as práticas de alfabetização no país com sucesso, com recomendações de instrução fônica.

    Nos Estados Unidos, a recomendação da instrução fônica, com base em evidências de pesquisas, teve como maior defensora a professora Jeanne Chall, da Universidade de Harvard, que publicou no país, em 1967, o livro Learning to Read: The Great Debate, no qual fez uma intensa pesquisa sobre o assunto e revelou quais abordagens eram mais eficientes para o ensino da leitura e da escrita — ela realizou inúmeras pesquisas e recomendou a fônica até o fim de sua vida.

    Outros relatórios importantes também tiveram considerações semelhantes nos EUA, como o Preventing Reading Difficulties in Young Children, de 1998, que é um relatório que foi coordenado pela Catherine Snow, que é uma grande especialista em linguagem e alfabetização e minha supervisora de pós-doutorado na Universidade de Harvard. Nesse relatório, foram identificados quais são os elementos essenciais para ensinar-se com qualidade alunos a ler e a escrever e o que os professores devem saber para fazer isso com sucesso.

    Esse painel foi seguido pelo National Reading Panel, em 2000, que mostrou que nós temos cinco pilares de alfabetização de qualidade: a consciência fonêmica, a instrução fônica sistemática, a fluência de leitura, o vocabulário e a compreensão de textos. São pilares que todos os programas bons de alfabetização devem incluir. A minha co-orientadora de doutorado, a Dra. Linnea Ehri, da City University of New York, liderou os trabalhos sobre consciência fonêmica e instrução fônica do National Reading Panel, publicando sínteses muito importantes e influentes na área.

    Seguiu-se outro relatório, publicado em 2009, chamado National Early Literacy Panel (NELP), que focou mais nas crianças pequenas e na importância da literacia familiar, ou seja, naquilo que os pais fazem em casa e que ajuda as crianças mais tarde a aprender a ler e a escrever, por exemplo, ler para seu filho e estimular o seu desenvolvimento da linguagem oral, fazendo-lhe perguntas que estimulem uma resposta mais completa do que apenas um "sim" ou um "não". O relatório focou também na literacia emergente, que reúne as habilidades fundamentais para a alfabetização que devem ser desenvolvidas na pré-escola, como saber os nomes, os sons e as formas das letras e desenvolver a consciência fonológica e a consciência fonêmica.

    12. Em que sentido esses relatórios orientam os governos?

    RS - Nos EUA, esses relatórios impulsionaram várias ações e programas dos governos Federal e Estaduais, com recomendações para a inclusão de instrução fônica. A Inglaterra tinha resultados muitos ruins na alfabetização na década de 1990, e, depois de alguns relatórios, como o Relatório de Jim Rose, de 2006, passou a recomendar, desde 2012, a instrução fônica nas escolas de todo o país, com melhorias muito significativas.

    Existem muitas diferenças entre cada país e é preciso que nós consideremos isso, incluindo diferenças com relação à língua, mas é preciso reconhecer que esses países que mencionei compartilham um elemento importante, pois todos usam um sistema alfabético, que, portanto, tem um mesmo princípio de que letras representam sons.

    Ainda assim, temos o exemplo de Portugal, que tem a mesma língua que o Brasil e que implementou mudanças significativas na alfabetização, baseadas nas evidências de pesquisas, inclusive tendo a participação do professor José Morais — que também ajudou nas reformas promovidas na França. O Prof. Morais participou também de um esforço no mesmo sentido no Brasil, pois trabalhou em um grupo, em 2003, liderado por João Batista de Oliveira, que, a convite da Câmara dos Deputados, estudou a questão da alfabetização.

    Naquela época, todos estavam se preocupando com essa questão de incorporar as evidências de pesquisa para melhorar a alfabetização, como já mencionei. Vários países preparavam relatórios científicos para embasar suas políticas públicas de alfabetização e o Brasil não ficou para trás. Participaram desse relatório Jean-Émile Gombert, da França; Marilyn Jager Adams, dos EUA; Roger Beard, da Inglaterra; o Prof. Fernando Capovilla, da USP; e a Prof.ª Cláudia Cardoso-Martins, da UFMG, que é uma das maiores pesquisadoras brasileiras na área da alfabetização, respeitada na comunidade científica internacional.

    Infelizmente, esses relatórios foram ignorados, por muitos anos, embora apresentassem uma excelente revisão da literatura com recomendações claras e fundamentadas em evidências sobre as mudanças necessárias à alfabetização no Brasil. No entanto, felizmente, após ter sido apresentado a esses dados pelo Secretário Nadalim, o Ministro Ricardo Vélez acolheu-os e anunciou, no Senado, que estamos resgatando essas importantes contribuições na formulação da nova Política Nacional de Alfabetização.

    Nesse mesmo sentido, o Secretário de Alfabetização Carlos Nadalim sempre enfatiza a importância de considerarmos as evidências científicas na formulação de Políticas Públicas, como se pode observar na estrutura da nova Secretaria de Alfabetização. Ele convidou para compor a Diretoria de Alfabetização Baseada em Evidências três cientistas que estudam alfabetização, entres os quais eu me incluo.

    Eu comungo do pensamento do Secretário Nadalim e do Ministro Vélez de que a educação brasileira se fundamente em evidências científicas. Isso implica pelo menos três coisas: 1) o que sabemos hoje pode ser invalidado ou questionado amanhã por uma nova pesquisa ou evidência; 2) os resultados de pesquisas devem ser sempre contextualizados: precisamos entender os limites das pesquisas e da generalização dos resultados; 3) não podemos personalizar as evidências e adotar ídolos somente porque produziram trabalhos relevantes em algum momento.

    A ciência não para e é preciso ir mais além, considerar o tempo atual e o que se sabe, com base no método científico, naquilo que há de mais vigoroso atualmente, sem personalismos, mas sim com base nas evidências. É assim que os países que tiveram sucesso mudaram seu modo de ensinar a ler e a escrever e é assim que o Brasil pode também ir mais longe.

    Perfil – Renan de Almeida Sargiani é pós-doutorando em Educação (Linguagem e Alfabetização) na Harvard Graduate School of Education e pós-doutorando em Psicologia no Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade, no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano no Instituto de Psicologia da USP, com período sanduíche no Ph.D. Program in Educational Psychology na City University of New York. É Membro da European Literacy Network (Rede Europeia de Alfabetização); do Grupo de Trabalho Desenvolvimento Sociocognitivo e da Linguagem da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP); da Psychology Coalition (Coalizão de Psicologia) na ONU; e membro da mesa diretora da International Association of Applied Psychology (IAAP). Ele trabalhou para a Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP) e a para a International Union of Psychological Sciences (IUPsyS).

    Assessoria de Comunicação Social

     

  • Ao iniciar o projeto, o professor da escola mineira usa uma imagem da escultura O Pensador, de Rodin, para mostrar às crianças a importância da reflexão crítica (arte: ACS/MEC)O projeto As Olimpíadas de Ontem e de Hoje: Aprendendo com Elas faz parte do trabalho dos eixos temáticos que o professor de filosofia Rones Aureliano de Sousa desenvolve, uma vez por semana, com alunos do primeiro ano do ensino fundamental do Colégio de Educação Básica (Eseba) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais. As aulas de filosofia, assim como as de arte, educação física e informática, são incluídas no currículo do ensino fundamental como disciplinas complementares, ministradas por professores especialistas.

    Como as crianças têm 6 anos e estão na fase da alfabetização, o projeto de filosofia elaborado pelo professor Rones é baseado na ludicidade para trabalhar questões de ética nos jogos esportivos, a história e a cultura dos gregos. “Durante todo o ano, tratamos dos costumes e conhecimentos dos gregos e como a cultura brasileira foi influenciada por eles”, explica o professor, que tem mestrado em filosofia pela UFU.

    Na abordagem da ética, os alunos aprendem sobre o respeito às regras, ao local de competição e aos adversários. Uma das atividades desenvolvidas com eles nesse sentido enfatiza a importância do jogo limpo (fair play) no esporte e na vida. “O objetivo é conscientizá-los de que existem adversários, não inimigos”, explica o professor. Por meio de projeção de imagens, as crianças percebem o jogo sujo nas competições, como a violência e o doping. Em seguida, são estimuladas a refletir sobre o fair play. “Para concluir, fazem cartazes para incentivar os alunos da escola a praticar o jogo limpo em todas as circunstâncias”, destaca Rones.

    Na parte referente à cultura, as crianças aprendem sobre a mitologia grega. “Uso a edição da revista Recreio que trata desse tema e desenhos animados da TV, como Hércules”, diz Rones, que ainda explora com os alunos o significado dos símbolos olímpicos. Os anéis representam a amizade e o respeito entre os atletas de diferentes países; a coroa de louros explica a valorização da vitória e a compreensão da derrota.

    Interesse — No percurso lúdico do projeto, o professor usa a animação do personagem Pateta, da Disney, O Campeão Olímpico, disponível na internet, para apresentar as principais modalidades olímpicas às crianças. “O projeto já existia, mas quando se aproxima um período olímpico, o foco em atividades mais atrativas é maior”, comenta Rones, que costuma trabalhar em parceria com professores de educação física. Segundo ele, o projeto sobre as Olimpíadas contribui para a alfabetização por compreender atividades lúdicas, que despertam o interesse dos alunos em aprender. “Nessa faixa etária, a curiosidade é evidente e o não saber não se configura como um problema, mas como combustível para se obter novos saberes”, explica. Por isso, na primeira aula para iniciar o projeto, o professor usa uma imagem da escultura O Pensador, de Rodin, para mostrar às crianças a importância da reflexão crítica.

    Na primeira atividade lúdica, os alunos em fase de alfabetização são convidados à reflexão, na mesma posição da estátua. “A filosofia sensibiliza as crianças para o exercício do pensar crítico por meio de textos filosóficos. Isso desenvolve sua capacidade de abstração e favorece o aprendizado na leitura, interpretação e reflexão”, afirma o professor. “Gosto dessa faixa etária por oferecer a possibilidade de contribuir com a formação cidadã dos alunos por meio não só da história da filosofia, mas também por se privilegiar o ato do filosofar, ou seja, exercitar o talento da razão, como dizia o filósofo alemão Immanuel Kant.”

    Rovênia Amorim

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  • O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso dos poderes públicos para alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade ao fim do terceiro ano do ensino fundamental (foto: João Neto/MEC – 14/10/13)Professores de escolas públicas que lecionam em classes de alfabetização do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental participarão, este ano, de um novo curso de formação continuada, promovido pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. A ênfase da formação será a matemática, mas os professores continuarão os estudos de língua portuguesa, tema principal dos cursos em 2013. Cerca de 300 mil educadores, que trabalham em 5.420 municípios, aderiram ao programa em 2012.

    Lançado pela presidenta da República, Dilma Rousseff, em novembro de 2012, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso dos poderes públicos para alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade, no máximo, até o fim do terceiro ano. A adesão de estados, Distrito Federal e municípios é a forma de alcançar o objetivo. A ação envolve 38 instituições públicas de educação superior e secretarias de Educação. O investimento do governo federal está estimado em R$ 2,7 bilhões.

    Dados da Coordenação de Formação Continuada da Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC indicam que 314.761 professores participaram dos cursos presenciais em 2013. Eles ministram aulas a 7,9 milhões de estudantes, distribuídos em 108.733 escolas e 400.069 turmas de alfabetização.

    As 38 universidades que integram o pacto participaram com 642 professores formadores, 172 supervisores, 38 coordenadores-gerais e 40 coordenadores-adjuntos. As secretarias estaduais e municipais de Educação designaram 15.903 orientadores de estudos e 5.480 coordenadores locais. No pacto, os educadores recebem R$ 200 por mês para fazer a formação.

    Na avaliação da coordenadora de formação continuada da SEB, Mirna França da Silva de Araújo, o pacto foi muito bem recebido pelos educadores. “Eles se sentem apoiados para criar e desenvolver ideias e cenários que fortaleçam a alfabetização”, diz. O pacto, segundo Mirna, tem um aspecto diferente. Além da mobilização nacional, articula a formação continuada com material didático específico para a alfabetização e a avaliação.

    Prova — A primeira Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), instrumento criado pelo pacto, foi realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) entre 11 e 21 de novembro de 2013. No período, foram avaliados itens como infraestrutura das escolas, formação dos professores, gestão, organização do trabalho pedagógico e desempenho dos alunos do terceiro ano. A divulgação dos resultados está prevista para março próximo.

    Para os cursos de alfabetização matemática, os professores de turmas do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental vão contar com 13 cadernos de formação. O material aborda conteúdo a ser ensinados aos estudantes. Desse conjunto de cadernos, dois orientam sobre o trabalho com jogos na alfabetização.

    Ionice Lorenzoni

  •  As regras estabelecidas pelo MEC asseguram que a educação especial tenha sempre a perspectiva inclusiva (arte: ACS/MEC)Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) é a universalização da educação inclusiva e especial até 2024. Nos últimos anos, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Continuada e Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) avançou muito nesses temas. A intenção, agora, é promover a qualidade desse atendimento.

    De acordo com Ivana de Siqueira, titular da Secadi, foram oferecidos aos estudantes apoio pedagógico, salas multifuncionais, salas de recursos e toda a parte de formação de docente e professores para atuarem nesse segmento. Tudo de acordo com a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que determina que as escolas e os espaços educacionais estejam preparados tanto do ponto de vista de formação de docentes quanto da acessibilidade. “Sabemos que se eliminarmos as barreiras existentes na sociedade a inclusão é um passo muito mais simples”, disse a secretária. “A acessibilidade está muito mais no contexto em que as pessoas convivem do que nas condições delas.”

    Durante entrevista ao programa Educação no Ar, da TV MEC, também transmitido pela NBR, Ivana afirmou que o Ministério mapeou todas as escolas que estão ofertando a educação inclusiva e que agora pretendem estabelecer indicadores e desenvolver metodologias de acompanhamento desse processo nos municípios e estados.

    Para ela, a alfabetização é o primeiro passo. Depois o aluno deve seguir para o ensino fundamental e médio e se preparar para a educação profissional. “É fundamental que os jovens e adultos tenha a educação relacionada com uma perspectiva profissional. Quando ele tem essa visão de profissionalização, ele tem um horizonte de futuro mas delineado, o que o anima a seguir com os estudos”, complementou.

    Graduada em psicologia com especialização em educação e desenvolvimento e mestrado em educação, Ivana de Siqueira esteve nos últimos 13 anos atuando na área de direitos humanos. De volta ao MEC, onde trabalhou com educação especial entre 1994 e 2003, Ivana defende que é preciso dar visibilidade e incluir, além das pessoas com deficiência, os indígenas, os quilombolas e os que não tiveram oportunidade de escolarização na idade correta.

    “É um desafio importante, e eu me senti muito animada principalmente com essa gestão do Ministério que abraçou e abraça essa causa de uma forma muito especial”, concluiu.

    Confira a lei nº 13.146/2015

    Assessoria de Comunicação Social 

    Ouça:



  • A alfabetização não é apenas o processo de aprendizagem de ler e escrever; está diretamente relacionada ao desenvolvimento de um país. Para fomentar esse conceito ao redor do mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), criou o Dia Mundial da Alfabetização, comemorado, desde 1967, em 8 de setembro.

    Cientes disso, vários países têm assumido, nas últimas décadas, o compromisso de combater o analfabetismo. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12,8 milhões de brasileiros acima dos 15 anos – 8% da população nessa faixa etária – não são alfabetizados.

    O MEC trabalha para mudar essa realidade. Uma das ações é o programa Brasil Alfabetizado, que, voltado à alfabetização de jovens, adultos e idosos, atende às pessoas que se encontram excluídas do processo de educação em razão das desigualdades sociais. Trata-se de uma iniciativa do governo federal para incentivar estados e municípios a abrir os seus próprios ciclos de alfabetização.

    “A alfabetização é uma porta de acesso à cidadania e permite que jovens e adultos participem de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida e possam, também, despertar o interesse pela elevação da escolaridade”, explica a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, Ivana de Siqueira.

    No ciclo 2016 do Brasil Alfabetizado, desenvolvido ao longo de 2017, 250 mil novas vagas – cerca de 50% a mais que em 2015 – foram ofertadas para alfabetização de jovens e adultos acima de 15 anos. O MEC destinará R$ 132 milhões para custear despesas com material didático e pedagógico, formação dos alfabetizadores, alimentação e transporte dos alfabetizandos.

    Crianças devem ser alfabetizadas até, no máximo, oito anos de idade, conforme orientação da Secretaria de Educação Básica do MEC

    Pnaic – Outro programa que busca diminuir os índices de analfabetismo no país é o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic). A ação é um compromisso formal assumido pelos governos federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal para assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao fim do terceiro ano do ensino fundamental. Isso implica uma articulação entre todos os secretários estaduais e municipais de educação, com o objetivo de ofertar cursos de formação continuada a professores alfabetizadores, com tutoria permanente e auxílio de orientadores de estudo.

    A coordenadora-geral de ensino fundamental da Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC, Aricélia Ribeiro do Nascimento, ressalta, no entanto, que o processo de alfabetização deve ser iniciado ainda no primeiro ano. “É importante demarcar que oito anos de idade é o limite para que a criança esteja alfabetizada”, diz. “Os sistemas, as escolas, as redes e os professores não devem esperar essa idade para assegurar o direito à alfabetização. Com a ampliação do ensino fundamental para nove anos de duração, houve a possibilidade de se organizar um ciclo de alfabetização, que já começa no primeiro ano, aos seis anos de idade. ”

    Segundo a coordenadora, a expectativa é que esse trabalho ganhe reforço desde o primeiro ano e que esteja totalmente consolidado à apropriação do sistema de leitura e escrita ao final do terceiro ano. “A criança só vai consolidar esses conhecimentos do sistema de alfabetização de leitura e de escrita até os oito anos de idade se, efetivamente, ela tiver um bom trabalho desenvolvido no primeiro e no segundo ano”, explica. “Se esse trabalho não for efetivo, a criança chegará ao terceiro ano com uma larga defasagem de conhecimentos. ”

    Desde que foi instituído, em 2013, o Pnaic já formou mais de 58 mil orientadores de estudos e mais de um milhão de professores alfabetizadores, distribuídos pelos 5.570 municípios do país.

    BNCC – A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é outro fator determinante para aumentar os números de alfabetizados no Brasil. Define que a alfabetização das crianças deverá ocorrer até o segundo ano do ensino fundamental, quando o aluno tem oito anos de idade, com o objetivo de garantir o direito de aprender a ler e escrever. Atualmente, as crianças devem ser alfabetizadas até o terceiro ano.

    O documento que vai nortear a educação básica em todo o país foi entregue, em abril, pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, ao Conselho Nacional de Educação (CNE). Por apresentar de maneira objetiva as habilidades que devem ser desenvolvidas no primeiro e no segundo ano, a Base dá condições para que os professores avaliem o nível de desenvolvimento dos alunos e definam estratégias adequadas de ensino.

    A BNCC estabelece conteúdos essenciais e competências que as crianças e adolescentes deverão desenvolver na educação básica. O documento atual trata exclusivamente da educação infantil e do ensino fundamental. As mudanças nas matrizes de referência do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) passam a valer a partir de 2019. Com a entrega da versão final, o CNE deve debater e elaborar parecer e projeto de resolução sobre a Base, que só entrará em vigor depois que a manifestação do conselho for homologada pelo MEC.

    Assessoria de Comunicação Social

  • O ministro da Educação, professor Ricardo Vélez Rodríguez, compareceu à audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, nesta terça-feira, 26, para falar sobre as diretrizes e os programas prioritários de sua pasta. Acompanhado de secretários e assessores, o ministro especificou para senadores e deputados, brevemente, os sete pontos que o governo considera centrais para melhorar a educação brasileira.

    Para o ministro Ricardo Vélez, o primeiro ponto-chave para a educação é a política nacional de alfabetização. “Seguindo o discurso do presidente (Jair Bolsonaro), precisamos inverter o triângulo da educação. Hoje o ensino superior tem precedência orçamentária sobre a educação básica. Isso precisa mudar. Não é rápido, não é fácil, mas precisamos dar os primeiros passos. Por isso, escolhemos a elaboração de uma política nacional de alfabetização como nossa meta prioritária nestes 100 primeiros dias de governo”, afirmou.

    Segundo o ministro, a má qualidade da alfabetização compromete todo o sistema de ensino em suas diferentes etapas e níveis. “Por que alfabetização? Porque ela é a cesta básica da educação. O Brasil, sistematicamente, tem apresentado índices muito ruins de alfabetização. Precisamos rever isso. O mais grave é que a falta de acesso à escola não é o principal motivo de as crianças não serem alfabetizadas”, continuou ele.

    Enfrentamento – De acordo com o ministro, as crianças vão à escola e, mesmo assim, não são alfabetizadas por vários motivos. Por isso foi criada, segundo ele, a Secretaria de Alfabetização (Sealf). “É um problema complexo, que exige enfrentamentos em diferentes frentes. Tanto é que criei uma secretaria específica para a questão da alfabetização.”

    Ricardo Vélez disse ainda que, em 2003, a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados divulgou o relatório Alfabetização infantil: os novos caminhos, elaborado por um grupo de trabalho composto por eminentes cientistas e pesquisadores e em 2007 foi publicada uma segunda edição desse documento. “Esse relatório apresentou conclusões importantes. A principal delas era de que, no Brasil, as políticas e práticas de alfabetização, bem como a formação dos professores alfabetizadores, não acompanhavam o processo científico e metodológico que nas últimas décadas do século 20 ocorreu no campo do ensino e aprendizagem da leitura e da escrita.”

    Segundo ele, poucos anos depois, em 2011, a Academia Brasileira de Ciências publicou um documento chamado Aprendizagem Infantil: uma abordagem da neurociência, economia e psicologia cognitiva. “Na parte três, que se intitula Métodos de alfabetização, faz-se referência a alguns países que modificaram suas políticas públicas para a alfabetização com base nas evidencias científicas mais recentes, como Finlândia, França, Inglaterra, Estados Unidos, Austrália e Israel. Em todos eles, verificou-se um progresso significativo na aprendizagem da leitura e da escrita. Não queremos reinventar a roda. Vamos ter humildade e fazer o que o mundo está fazendo com sucesso”, afirmou.

    O ministro afirmou também que o Brasil é signatário da Organização dos Estados Americanos (OEA), que publicou, em 2018, o Guia Interamericano de Estratégias de Redução de Desigualdade Educativa, que elenca, com base em várias evidências científicas, recomendações que estão sendo incorporadas à política nacional de alfabetização. “Por exemplo: é um fato científico bem estabelecido que aprender a ler bem requer cinco coisas destacadas pelo National Reading Panel. Primeiro: compreender o princípio alfabético. Segundo: aprender as correspondências entre grafemas e fonemas. Terceiro: segmentar sequências ortográficas de palavras escritas em grafemas. Quarto: segmentar sequências fonológicas de palavras faladas em fonemas. Quinto: usar regras de correspondência grafema-fonema para decodificar a informação. Assim, a Política Nacional de Alfabetização terá em alta consideração as evidências e os critérios da ciência cognitiva da leitura, conforme a vontade expressa do senhor presidente da República na sua mensagem ao Congresso Nacional", concluiu.

    Ao lado do presidente da Comissão de Educação, senador Dário Berger, o ministro defendeu a alfabetização como meta prioritária do governo (Foto: Luís Fortes/MEC)

    BNCC – De acordo com Ricardo Vélez, o segundo ponto é a Base Nacional Comum Curricular. “Voltemos nossa atenção agora para a educação básica como um todo. A Base Nacional Comum Curricular é um documento com mais de 500 páginas, extenso, fruto de muita discussão e anos de trabalho. Mas palavras impressas no papel não bastam para que o ensino tenha real qualidade e como diz Fernando Pessoa: “livros são papéis pintados com tinta”. Mas na realidade, na sala de aula, a base precisa ser compreendida e complementada pelas contribuições das redes estaduais e municipais”, disse ele.

    O ministro aproveitou para convidar todos os gestores e professores a tornarem a Base Nacional Comum Curricular um documento vivo. “O que significa criticá-lo, adaptá-lo e entendê-lo no contexto das localidades. O MEC não é um leviatã centralizador. Não é essa a proposta da Base. Para este ano de 2019 está prevista a formação de professores e a revisão dos projetos pedagógicos das escolas, conforme os novos currículos da educação infantil e do ensino fundamental. Para o ensino médio está prevista a elaboração dos novos currículos alinhados à própria Base Nacional Comum Curricular e aos referenciais para os itinerários formativos.”

    Segundo o ministro, o terceiro ponto trata da educação básica. "É importante lembrar que em breve o formato do Fundo de Manutenção da Educação Básica (Fundeb) será rediscutido. Os principais atores da educação brasileira, como o FNDE, a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) precisam ser ouvidos. É um tema central para fortalecermos os municípios e, assim, fazer valer a orientação do presidente: 'mais Brasil, menos Brasília'. Sabemos que há inúmeras desigualdades regionais no Brasil. O Fundeb cumpre um papel fundamental no financiamento da educação dos locais mais vulneráveis. A distribuição de recursos deve ser justa e inteligente para beneficiar aqueles que mais precisam”, afirmou.

    Ensino médio – Segundo ele, o quarto ponto é o novo ensino médio. "Quanto ao ensino médio, é necessário torná-lo atrativo aos jovens, aproximando-os das realidades práticas do trabalho. Mas um trabalho que supere lógicas fordistas. Hoje é para o empreendedorismo, para a criatividade que temos que formar os jovens. O fortalecimento do quinto eixo formativo do novo ensino médio é estratégico para isso. Uma educação profissional e tecnológica robusta é o que marca as economias mais avançadas atualmente. Precisamos de um ensino médio moderno, em diálogo com novas tecnologias.  A rede federal, com seus mais de 600 campi pelo Brasil, pode ser indutora de um ensino médio vocacionado para a produção de tecnologia, atendendo as reais demandas do setor produtivo e da sociedade.”

    Já o quinto ponto é a escola cívico-militar. "Avançando para outro ponto importante no âmbito da educação básica, destaco a criação, na Secretaria de Educação Básica (SEB), da subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-Militares. Durante a campanha, o presidente Bolsonaro destacou o desejo de ver difundido o modelo de escola de alto nível com base nos padrões de ensino e gestão empregados nos colégios militares. Experiências já em andamento em diversos estados brasileiros têm mostrado que a presença de militares no espaço escolar é algo bem-visto pelas famílias. Os indicadores de aprendizagem melhoram e ocorre redução da criminalidade. A adesão ao programa de escolas cívico-militares no MEC será voluntária. Ou seja, o governo federal respeitará a autonomia dos entes federados”, afirmou Ricardo Vélez.

    O sexto ponto trata da educação especial. “Já para fortalecer a educação especial, criamos uma nova secretaria, a Semesp, Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, que possui duas diretorias voltadas para a educação especial. A Diretoria de Acessibilidade, Mobilidade, Inclusão e Apoio a Pessoas com Deficiência e a Diretoria de Política de Educação Bilíngue Surdos. Daremos continuidade e apoio à política nacional de educação especial. Priorizaremos a formação de tradutores de intérpretes de libras. Nosso mote é: 'nenhum brasileiro para trás'", disse o ministro.

    E por último, o sétimo ponto, que é a formação de professores. "É indispensável falar de um tema pelo qual tanto tenho apreço: a formação de professores. Como professor, sei dos desafios e dos aspectos inglórios da nossa profissão. Nem sempre o professor recebe o reconhecimento merecido. Tornou-se frequente no Brasil saber de casos de professores agredidos verbalmente e até fisicamente por alunos. Isso é muito triste. Tornaram-se urgentes medidas que assegurem a disciplina dentro das escolas e a promoção de uma cultura de respeito e valorização da dignidade do professor.”

    De acordo com o ministro, a valorização do professor vai além do salário. “O que os professores querem hoje? Trabalhar em um ambiente salubre e ver seus alunos aprenderem. Também querem ter oportunidades de aprimoramento profissional. Vamos investir na formação inicial e continuada de professores, cabendo à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) o papel central nesse processo. É assim, valorizando alunos, professores e demais atores da educação brasileira, que construiremos bases sólidas e duradouras para o desenvolvimento humano e econômico do país”, concluiu.

    Assessoria de Comunicação Social

  • É a terceira publicação de série de vídeos do programa Conta pra Mim, da Secretaria de Alfabetização do MEC

    Você já leu para o seu filho hoje? Para incentivar a literacia familiar, o programa Conta pra Mim do Ministério da Educação (MEC) lançou uma série de vídeos com dicas de livros para serem lidos para meninos e meninas de acordo com a faixa etária. No terceiro episódio da série, o público-alvo são as crianças de 5 a 7 anos.

    O vídeo indica que as obras devem conter:

    • poucas frases, muitas ilustrações;
    • enredo simples (como os começados em “era uma vez”);
    • padrões repetitivos (exemplo: “Três pratos de trigo para três tigres tristes”);
    • textos rimados;
    • temas como: animais, super-heróis e esportes.

    Série – Os vídeos, que irão ajudar pais e responsáveis a escolherem livros para os filhos, são mais uma ação do programa Conta pra Mim, da Secretaria de Alfabetização do MEC. O programa foi lançado em dezembro de 2019 para incentivar uma cultura de leitura no ambiente familiar.

    As sugestões apresentadas na série também estão no Guia de Literacia Familiar do programa, que possui orientações e dicas simples e diretas para que as famílias comecem o quanto antes a colocar em prática estratégias de leitura em casa antes de os pequenos iniciarem a alfabetização na escola.

    A série abrange as seguintes faixas etárias:

    • 0 a 3 anos;
    • 3 a 5 anos;
    • 5 a 7 anos;
    • 7 a 9 anos;
    • 9 anos ou mais.
  • A presidenta da República, Dilma Rousseff, convidou o professor norte-americano Salman Khan para desenvolver pesquisas educacionais e materiais pedagógicos específicos para serem usados no processo do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.


    O programa, lançado em novembro do ano passado, é um compromisso formal assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios para assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade ao final do terceiro ano do ensino fundamental.

     

    Em passagem pelo Brasil, o professor norte-americano esteve nesta quarta-feira, 16, no Palácio do Planalto com a presidenta e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Mais cedo, Khan participou de seminário sobre educação digital no MEC.

     

    Segundo o ministro, Dilma mostrou interesse na plataforma desenvolvida por Khan. Ela acredita que o processo de educação no país precisa dar um salto de qualidade e que, para isso, é preciso explorar novas tecnologias.

     

    Com mais de 6 milhões de acessos mensais pela internet, a Khan Academy oferece videoaulas de ciências como matemática, física, química e biologia, além de tópicos de humanidades, como história e história da arte, ciências da computação e economia. Os vídeos, traduzidos em dez idiomas, entre eles o português, estão disponíveis gratuitamente no Portal do Professor do Ministério da Educação.

     

    O ministro afirmou ainda que o MEC pretende difundir cada vez mais o material da Khan Academy para auxiliar os alunos e professores no ensino médio. “Vamos procurar desenvolver essa experiência dentro do nosso processo de educação integral”, disse. “Atualmente, mais de 30 mil escolas oferecem ensino integral. Vamos pôr esse material à disposição para que os professores que se interessarem possam usar na educação de tempo integral.”

     

    As regras do pacto foram estabelecidas pela Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012, publicada no Diário Oficial da União de 5 de julho, seção 1, páginas 22 e 23.


    Paula Filizola

     

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    Professor americano defende a revisão do sistema de ensino

     

  • Estudantes do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental público passarão a receber no próximo ano livros de literatura como reforço ao processo de aprender a ler e escrever. A aquisição das obras pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) está integrada às iniciativas do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic).

    As editoras interessadas em participar do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) com obras sobre alfabetização na idade certa têm prazo até 19 de setembro próximo para fazer a pré-inscrição dos títulos. A entrega para avaliação vai de 1º a 4 de outubro. Podem ser inscritos livros para as três séries, em verso ou prosa, ilustrados ou de histórias em quadrinhos. Serão formadas seis coleções diferentes, cada uma com 35 livros, num total de 210 títulos literários.

    “Cada sala do primeiro ao terceiro ano da rede pública de ensino vai receber uma caixa de livros para apoiar a alfabetização dos estudantes”, afirma José Carlos Freitas, presidente do FNDE. “A previsão é adquirir mais de 15 milhões de exemplares, com investimento superior a R$ 60 milhões, já incluindo a mixagem e a distribuição dos acervos.”

    O Edital nº 2/2013 do FNDE, sobre o processo de seleção de obras de literatura para o PNLD, Alfabetização na Idade Certa, foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira, 5, seção 3, página 49.

    Assessoria de Comunicação Social, com informações do FNDE
  • O Brasil comemora nesta segunda-feira, 14, o Dia Nacional da Alfabetização. A data foi instituída em 1966. Para o ministro da Educação, Mendonça Filho, a alfabetização não se baseia unicamente no ato de aprender a ler e a escrever. “Ela também considera a importância do desenvolvimento da capacidade de compreensão, interpretação e produção de conhecimento”, disse.

    Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de analfabetismo no país vem caindo consideravelmente nos últimos 15 anos. No entanto, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mais recente, realizada em 2014 e divulgada em 2015, mostrou que 13 milhões de brasileiros com mais de 15 anos ainda não sabem ler ou escrever.

    O Ministério da Educação trabalha fortemente para mudar esse cenário. Por meio do programa Brasil Alfabetizado, o governo desenvolve, desde 2003, ações para a alfabetização de jovens, adultos e idosos. O ciclo atual do programa, iniciado em 2015, aponta que 167.971 brasileiros estão sendo alfabetizados.

    Hoje, 17,5 mil turmas estão ativadas, com 17.088 alfabetizadores, 2.902 coordenadores e 105 tradutores intérpretes da língua brasileira de sinais (libras). “A meta para o próximo ano é ampliar para 250 mil alfabetizandos atendidos. Esse número representa 50% a mais de vagas no ciclo 2017”, acrescentou o ministro.

    A política pública deve fortalecer sistemas educacionais inclusivos em todas as etapas para viabilizar o acesso pleno à educação básica obrigatória e gratuita. Pensando nisso, o Plano Nacional de Educação (PNE), criado em 2014, prevê, entre outras medidas, a erradicação do analfabetismo absoluto de jovens e adultos e a redução em 50% da taxa de analfabetismo funcional até 2024.

    “É todo um esforço que o MEC faz junto a estados e municípios, dentro da responsabilidade de cada ente federado”, afirmou a titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, Ivana de Siqueira.

    Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, de modo a alcançar pelo menos 12 anos de estudo e oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional, também são medidas previstas no plano.

    Os estados e os municípios devem estar engajados nesse esforço, destaca a secretária. Ela entende esses desafios como compromissos com a equidade. “Os prefeitos que acabaram de ser eleitos têm que entender que o público analfabeto tem direito à educação e que, portanto, ele deve ser considerado nas ofertas educativas que o município organiza”, destacou.

    Funcional – A incapacidade de compreender textos de diversos gêneros textuais, até mesmo os mais simples e mais comuns no cotidiano, como bulas de remédios, manuais de instruções e placas de rua ou ônibus, é chamada de analfabetismo funcional. Sem a compreensão na leitura, não há desenvolvimento intelectual satisfatório, já que esse é um fator que limita a apreensão e assimilação de informações de maneira adequada.

    Embora a importância social da leitura seja reconhecida, quase metade da população brasileira não lê com assiduidade por apresentar dificuldades de compreensão. Foi o que mostrou a quarta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) por encomenda do Instituto Pró-Livro.

    Pelos dados, colhidos em 2015, 56% das 5.012 pessoas ouvidas, alfabetizadas ou não, leem com frequência. A pesquisa considera como leitor aquele indivíduo que leu, inteiro ou em partes, pelo menos um livro nos últimos três meses. Já o não leitor é aquele que declarou não ter lido nenhum livro nesse período, mesmo que tenha lido nos últimos 12 meses.

    Programa – Realizado pelo Ministério da Educação desde 2013, o programa Brasil Alfabetizado tem como objetivo alfabetizar jovens, adultos e idosos, estimulando-os a continuar sua formação em cursos de educação de jovens e adultos (EJA). Desenvolvido em todo o território nacional, o atendimento é prioritário nos 1.928 municípios que apresentam taxa de analfabetismo igual ou superior a 25%. Desse total, 90% está situado na região Nordeste.

    “Esses municípios recebem apoio técnico para implementação das ações do programa, visando a garantir a continuidade dos estudos aos alfabetizandos”, disse o ministro. “Podem aderir ao programa, por meio das resoluções específicas publicadas no Diário Oficial da União, estados, municípios e o Distrito Federal.”

    Assessoria de Comunicação Social 

  • Roselita Nunes da Conceição Silva entrou na faculdade depois dos 50 anos, formou-se e hoje faz pós-graduação em gestão escolar (Arte: ACS/MEC)
    Durante o dia, vassoura e rodo nas mãos. À noite, lápis e caderno. Foi com muita dedicação e esforço que Roselita Nunes da Conceição Silva foi aprovada no concurso de faxineira da Secretaria da Educação do Distrito Federal em 1990. Com apenas o ensino fundamental incompleto até então, Roselita prometeu a si mesma que iria concluir os estudos e melhorar sua condição educacional e financeira.

    Mesmo com dificuldade, conseguiu terminar o ensino fundamental e, depois de alguns anos, se matriculou na Escola Centro Educacional 06 de Taguatinga (DF), onde concluiu o ensino médio por meio do programa de educação de jovens e adultos (EJA). “Quanto mais estudava, mais tinha sede em aprender”, conta Roselita.

    Aos 55 anos, conseguiu entrar na faculdade para cursar pedagogia. Três anos depois, graduou-se e começou uma pós-graduação em gestão escolar. Hoje, é readaptada como agente de portaria da Escola Centro de Ensino Especial nº 1 em Taguatinga, onde trabalha há mais de 25 anos.

    Roselita fala com orgulho de ter se graduado aos 58 anos de idade e de não se arrepender por ter passado dias e noites estudando. “Eu vim de uma família humilde e nunca tive o incentivo dos estudos. Essa vontade de melhorar e aprender sempre esteve dentro de mim e, mesmo com a idade já avançada para os estudos, eu nunca vi isso como empecilho. Por isso, venci. Eu acreditei no meu potencial”, enfatiza.

    A educação de jovens e adultos é uma das prioridades do governo federal. E, ao celebrar o Dia Nacional da Alfabetização, nesta terça-feira, 14, o ministro da Educação, Mendonça Filho, ressalta que a alfabetização não se baseia unicamente no ato de aprender a ler e a escrever. “Também se considera a importância do desenvolvimento da capacidade de compreensão, interpretação e produção de conhecimento”, lembra.

    Programa – Em funcionamento desde 2003, o Programa Brasil Alfabetizado, gerido pelo Ministério da Educação, tem o objetivo de alfabetizar jovens com 15 anos ou mais, adultos e idosos. O programa também busca contribuir para a progressiva continuidade dos estudos em níveis mais elevados, promovendo o acesso à educação em qualquer momento da vida, por meio da responsabilidade solidária entre as três esferas de governo. Em 2017, foram apoiadas 200 mil vagas de alfabetização de jovens e adultos em 22 estados e no Distrito Federal, o que totaliza, aproximadamente, 20 mil turmas.

    Para a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC, Ivana de Siqueira, a alfabetização de jovens, adultos e idosos configura-se como uma ação estratégica da política educacional brasileira e se integra a outras políticas públicas voltadas à inclusão de grupos sociais historicamente excluídos. “O Dia Nacional da Alfabetização é uma boa oportunidade de nos juntarmos todos, gestores públicos e sociedade civil, pelo enfrentamento do analfabetismo e pela criação de mais e melhores oportunidades para prosseguimento dos estudos, assegurando a todos o direito à educação”, destaca.

    Assessoria de Comunicação Social 

  • O ministro da Educação, Mendonça Filho, reuniu-se nesta quinta-feira, 19, com representantes do comitê gestor da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para acompanhar os ajustes finais na redação da última versão do documento que vai balizar o ensino fundamental em todo o país. A definição da Base, segundo ele, é um dos maiores desafios para a melhoria da qualidade da educação brasileira.

    “O trabalho está muito bom”, definiu o ministro, que cumpriu agenda na secretaria de Educação do estado de São Paulo. “Fico muito feliz em constatar a seriedade e a qualidade do que está sendo feito pela Base”. Mendonça Filho exaltou o trabalho dos membros do comitê, criado em julho do ano passado para acompanhar o processo de discussão da segunda versão preliminar do documento.

    A secretária executiva do MEC e presidente do comitê, Maria Helena Guimarães de Castro, explicou que a BNCC é uma referência nacional e obrigatória para todos. “Ela se desdobra na adaptação dos currículos estaduais e municipais e nas escolas, que deverão considerar 100% da Base”.

    Ministro Mendonça Filho reúne-se em São Paulo com membros do comitê responsável por acompanhar a discussão e redação da Base Nacional Comum Curricular; documento recebe ajustes finais (foto: Rafael Carvalho/MEC)

    O papel do governo federal, segundo a secretária, é promover a melhoria da qualidade, garantindo a unidade e preservando a autonomia dos entes federados. Para os sistemas de ensino estaduais e municipais e as escolas, ela afirma que “o primeiro e grande desafio é adaptar seus currículos conforme as orientações da BNCC e implementá-la por meio da elaboração de um plano de ação e gestão curricular”.

     

    Alfabetização – Também nesta quinta-feira, 19, o ministro Mendonça Filho se reuniu com organizações sociais para discutir a melhoria da alfabetização no país. O encontro reuniu especialistas em educação infantil, educação básica e correção de fluxo na trajetória escolar.

    Mendonça Filho lamentou a situação atual da educação brasileira, citando os resultados mais recentes do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgado no fim do ano passado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Do ponto de vista de desempenho e qualidade, os indicadores colocam o Brasil em uma posição vergonhosa”, disse o ministro.

    O levantamento constatou que o Brasil está estacionado há dez anos entre os países com pior desempenho. “Isso mostra um alarme que já tocou faz tempo e que a gente precisa desativar”, afirmou Mendonça Filho. O ministro reafirmou, ainda, a necessidade de que sejam adotadas providências efetivas de mudanças estruturantes na educação brasileira.

    Assessoria de Comunicação Social 

  • Em Foz do Iguaçu (PR), Mendonça Filho destaca principais pontos de mudança na educação (Foto Rafael Carvalho/MEC)O ministro da Educação, Mendonça Filho, participou em Foz do Iguaçu (PR) do 16º Fórum do LIDE – evento anual que reúne líderes empresariais nacionais e estrangeiros, economistas e autoridades. Na manhã desta sexta-feira, 21, ele compôs a mesa de expositores do Seminário LIDE 2017, que abordou as ações necessárias para retomada do crescimento brasileiro.

    Mendonça Filho destacou os pontos principais da agenda do MEC para as mudanças na área educacional: alfabetização de qualidade, em parceria com os municípios; formação e valorização de professores; implantação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC); e reformulação do Ensino Médio. O ministro lembrou que com essas transformações será possível investir melhor no ensino de qualidade, uma vez que o problema não está na falta de recursos, já que, nos últimos anos, o Brasil triplicou o orçamento para o setor.

    O ministro aproveitou para fazer um apelo à classe empresarial, para que contribua com o governo em uma campanha de comunicação em massa para o esclarecimento da população sobre a importância das reformas econômicas e sociais necessárias, entre elas o equilíbrio fiscal e o saneamento das contas da Previdência Social. Segundo ele, existe hoje um duelo injusto, que coloca os que defendem as mudanças no papel de algozes dos trabalhadores.

    “Estamos em um ambiente difícil, que exige mobilização das pessoas de consciência. A gente precisa do apoio da sociedade”, declarou Mendonça Filho. “O cidadão se decide com base em dois sentimentos básicos: esperança e medo. E temos que construir os argumentos a partir deles. O Brasil precisa crescer e gerar prosperidade”, concluiu.

    Durante o seminário, os empresários fizeram doações ao Instituto Ayrton Senna, organização sem fins lucrativos (ONG) voltada para a redução da desigualdade social e à criação de oportunidades, especialmente por meio de investimentos na educação de crianças e jovens. A presidente do instituto, Viviane Senna, também ressaltou a importância do ensino de qualidade como forma de ampliar um futuro de oportunidades no País, com mais chances de produtividade.

    Assessoria de Comunicação Social

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