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  • As pesquisas do médico César Victora fizeram com que o governo brasileiro mudasse sua política para a nutrição infantil (Foto: Daniela Xu)Ao receber em Toronto o Prêmio Gairdner, mais importante premiação científica do Canadá, o médico epidemiologista César Victora, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), tornou-se um potencial candidato à indicação ao Nobel. Primeiro brasileiro a receber o prêmio canadense, Victora está sendo reconhecido pelas suas pesquisas sobre nutrição materno-infantil, iniciadas nos anos 80, que comprovaram que o aleitamento exclusivo, sem água ou chás, reduz em 14 vezes o risco de morte infantil por diarreia e em 3,6 vezes por doenças respiratórias.

    Em 1991, o resultado de suas pesquisas deu origem a uma política de governo no Brasil. O aleitamento exclusivo passou a ser recomendado por organismos internacionais de saúde e voltados para a infância, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e começou a ser adotado por outros países, especialmente em regiões mais pobres da África e Ásia.

    César Victora, 65 anos, é doutor em epidemiologia pela Faculdade de Higiene e Medicina Tropical de Londres, Inglaterra. Esta semana, depois de chegar de Bogotá, Colômbia, onde proferiu palestras, ele participa como principal conferencista do Congresso Mundial de Saúde Global, em Washington, Estados Unidos. “Os grandes prêmios científicos, em geral, refletem descobertas feitas 20, 30 até 40 anos antes. É necessário um tempo (uma janela) para que se observe se a descoberta realmente levou benefício para a população”, observou ele, ao explicar por que só agora recebeu a premiação. 

    “Nosso país é atualmente a maior referência na valorização do leite materno”, disse Victora. Após adotar a recomendação, o país conseguiu reduzir o índice de mortalidade infantil em pelo menos 45%. Segundo o epidemiologista, a prática tem prevenido a morte de 800 mil crianças anualmente em todo o planeta.

    “Temos muito ainda o que avançar aqui, mas é muito satisfatório ver essa proposta em manuais emitidos por órgãos de saúde e nas cadernetas de acompanhamento do bebê, além do apoio imprescindível da Sociedade Brasileira de Pediatria, uma forte aliada”, diz.

    Do que falta avançar, o professor destacou o tempo concedido à mãe, antes que ela necessite voltar ao trabalho. “Nossa licença maternidade, apesar de ser uma das melhores do mundo, ainda é curta, de apenas quatro meses”, informa. “Ainda por cima, muitas mulheres não contam com carteira assinada, não têm condições de prolongar o aleitamento, já que precisam retornar às suas ocupações informais, como as diaristas e camelôs. É quando entram os chazinhos e sucos, que dependendo das condições de higiene da casa em que a família mora, podem ser focos de bactérias perigosas.”

    Entre as ações do Brasil a favor da inciativa, César Victora ressaltou a regulamentação de propagandas de suplementos alimentares, algo ainda muito presente em algumas culturas. No ano passado, o professor participou de um trabalho de revisão da amamentação em todos os continentes. Constataram em nações como a Etiópia e a Nigéria hábitos de dar líquido à criança, ainda que a mãe continue amamentando por muito tempo. Na China, uma peculiaridade chamou a atenção e mereceu um estudo mais aprofundado. Não existem restrições à publicidade de leite em pó. No próprio hospital onde ocorre o parto os pais chegam a receber amostras grátis do produto.

    Assessoria de Comunicação Social 

  • Recém-formada no curso técnico em serviço público pelo Instituto Federal de Roraima (IFRR) e estagiária na mesma instituição, Cassia de Araújo Conceição, 32 anos, é mãe do pequeno Gustavo, de sete meses. Ela conta que nunca sofreu preconceito ou se sentiu intimidada ao amamentar seu bebê, especialmente, durante as aulas.

    Entre os dias 1º e 7 de agosto se comemora a Semana Mundial de Aleitamento Materno. No Brasil, um mês inteiro é dedicado à causa, o chamado Agosto Dourado. O Ministério da Educação, em portaria publicada em maio, garante a todas as mães lactantes o direito de amamentar em todas as instituições federais de educação.

    “Eu acho importante a amamentação. Nunca passei por nenhuma situação de constrangimento, até agora; amamento tranquila em qualquer lugar”, afirma Cassia. Ela conta que, quando o bebê mamava exclusivamente no peito, tinha que levá-lo para o IFRR em dia de prova e que sempre se sentiu à vontade para amamentar a criança na instituição. Além de Gustavo, Cássia tem mais dois filhos, de 19 e 10 anos.

    Portaria – A portaria assinada pelo ministro Mendonça Filho em maio determina que mães lactantes têm o direito à amamentação em todas as instituições do sistema federal de ensino, independentemente da existência de locais, equipamentos ou instalações reservadas para esse fim. “Uma criança bem alimentada com o aleitamento materno terá outra perspectiva, tanto de saúde como do ponto de vista do desenvolvimento emocional e cognitivo”, afirmou o ministro à época da assinatura da portaria.

    Segundo a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, Ivana de Siqueira, a portaria atende uma demanda antiga por parte de alunos, professores e outros profissionais de educação, de escolas de educação básica, universidades e autarquias federais vinculadas ao MEC.

    “É o reconhecimento de algo já assegurado tanto no Estatuto da Criança e do Adolescente quanto em orientações da Organização Mundial de Saúde”, aponta Ivana. “Estamos sinalizando para esse direito da mulher de amamentar livremente. O uso de uma sala deve ser uma decisão unicamente dela [a mãe], voluntária, e não uma questão compulsória.”

    Assessoria de Comunicação Social

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