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  • Giulliano Fernandes, do Portal MEC

    Comunidades indígenas vão poder debater educação em Belém (PA) nesta quarta-feira, 18 de setembro. É que o Ministério da Educação (MEC) vai levar para a capital paraense a quinta edição da audiência sobre o Plano Nacional de Educação Escolar Indígena (PNEEI). Cerca de 300 pessoas são esperadas na edição de Belém.

    A proposta pretende garantir uma educação igualitária e de qualidade a todas as comunidades indígenas do país. De acordo com a secretária de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp), Ilda Peliz, a aproximação com as comunidades indígenas vai ao encontro do determinado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Nós estamos seguindo a diretriz que prevê que os povos indígenas sejam consultados”, afirma Peliz.

    O MEC convoca as organizações indígenas por meio de um ofício convite, que também é encaminhado para as secretarias de Educação. O objetivo é que comunidades, Estados e municípios se mobilizem para participar dos encontros.

    As audiências têm como eixos de debate:

    • regulamentação e gestão da oferta da educação indígena;
    • práticas pedagógicas e material didático;
    • valorização e formação de professores indígenas;
    • infraestrutura escolar;
    • sistema de avaliação;
    • oferta de ensino superior.

    Peliz ressalta o caráter consultivo das audiências. “As propostas já foram formuladas de acordo com a necessidade e as demandas apresentadas pelas comunidades na II Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena (CONEEI), realizada em 2018”. Cerca de 30 mil participantes definiram, na Conferência, 25 propostas prioritárias para a educação escolar indígena.

    Neste ano, Manaus (AM), Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB) e Salvador (BA) já tiveram audiências para tratar do tema. Campo Grande (MS) e Chapecó (SC) são as duas últimas cidades a receberem o evento.

    Na capital paraense, a audiência será realizada no Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT), da Universidade do Estado do Pará (UEPA), na Travessa Dr. Enéas Pinheiro, 2626 - Marco - Belém, das 9h às 16h. O credenciamento tem início às 8h.

  • Mediada pela princesa Laurentien, da Holanda, a oficina reuniu em Belém representantes de todos os continentes para debater o incentivo à leitura para jovens e adultos (Foto: Divulgação/Confintea)Belém — Despertar o hábito de ler em pessoas que só conheceram as primeiras palavras escritas na juventude ou na vida adulta foi assunto de debate na quarta-feira, 2, na 6ª Conferência Internacional de Educação de Jovens e Adultos (Confintea), em Belém. Reunidos na oficina Cultura da Leitura e Ambiente de Leitura para Jovens e Adultos, mediada pela princesa Laurentien, da Holanda, expositores e participantes dos cinco continentes expuseram problemas e experiências bem-sucedidas em seus países.


    Da organização indiana Planet Read, cujo lema é Leitura para um Bilhão, Brij Khothari relatou que muitos indianos estão reforçando as habilidades de leitura por meio da televisão. “Constatamos que 700 milhões de pessoas tinham acesso à tevê e assistiam às produções nacionais de cinema”, afirmou. Muito populares no país, os filmes indianos frequentemente trazem música e dança em dialetos locais — são 22 no país. Para atrelar a leitura a um hábito de vida de muitos indianos, a organização resolveu colocar legendas nos filmes. “Assim, a pessoa pode fazer o que gosta e, ao mesmo tempo, ler o que o ator está falando ou cantando.”


    A maioria dos participantes concordou que o hábito de leitura precisa estar ligado a áreas de interesse do leitor. A canadense Ellen Szita, da organização não governamental Lifelong Learning for Women, revelou que o neto só aprendeu a ler depois de o professor apresentar a ele textos sobre hóquei, o esporte preferido do garoto.


    De acordo com Brij, em países como a Índia, com grande população e crescente interesse por mídias como a tevê e a internet, não se pode desprezar o alcance dos meios digitais e o apelo que têm com o público jovem e adulto. “É nisso que as pessoas estão interessadas”, destacou. Na Índia, atestou Brij, as legendas na televisão ajudaram cerca de 200 milhões de pessoas a ler melhor.


    Continuidade — Na Nicarágua, a continuidade nos estudos em escolas públicas reforçou a capacidade de ler de jovens e adultos. Segundo Odilí Rios, especialista da Organização dos Estados Americanos (OEA), de 500 mil pessoas recém-alfabetizadas, 38% demonstraram saber ler apenas informações muito básicas, como letreiros de lojas e ônibus. “Descobrimos que aquelas que liam com fluidez continuaram a estudar depois da alfabetização”, disse. Na opinião de Odilí, está claro que o processo de leitura é gradual. “A pessoa vai reforçando o conhecimento ao longo da vida, se estiver exposta a ambientes estimulantes.”


    A fim de estimular a leitura pelo tradicional uso dos livros didáticos e de literatura, a princesa Laurentien destacou que os livros destinados a leitores em formação nessa faixa etária não podem ser os mesmos das crianças. “Devemos levar em consideração o modo de pensar do adulto”, avaliou.


    Nesse caso, o Brasil está avançando, de acordo com a coordenadora-geral de formação e leitura da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do Ministério da Educação, Carmem Gato. “Já estamos na terceira edição do Prêmio Literatura para Todos, que premia autores de livros específicos para esse público”, afirmou.

    Maria Clara Machado

  • Belém — Kadijatou Baldeh viajou 14 horas de avião, de Gâmbia, para chegar ao Brasil. Das Filipinas, Ramom Bacani demorou 30 horas para alcançar Belém. Em comum, além das longas horas de avião, os dois guardam o desejo de discutir um desafio mundial: a educação de jovens e adultos. São cerca de 1,5 mil participantes, entre representantes de governos, de organizações não governamentais e da sociedade civil de todo o mundo, reunidos em Belém para a 6ª Conferência Internacional de Educação de Jovens e Adultos (Confintea), aberta nesta terça-feira, 1º, na capital paraense.


    "Há 770 milhões de pessoas analfabetas no mundo", lembrou o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o sul-coreano Ban Ki-moon, em mensagem enviada à abertura da conferência. "Na África, 50% da população é analfabeta", informou o malinês Alpha Konaré, fundador do Movimento pelos Estados Unidos da África, na solenidade de abertura.


    De acordo com Ban Ki-moon, a educação é fundamental para que as pessoas conheçam seus direitos, saibam reivindicá-los e contribuam para um mundo mais justo e economicamente mais forte. A búlgara Irina Bokova, diretora-geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), concorda. “A educação é transformadora em todos os estágios. Transforma pessoas em cidadãos ativos e tem impacto no crescimento da economia”, afirmou. “Ainda preciso lembrar que a educação é um direito de todos?”, indagou, em alusão à Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.


    Desafio — Na opinião do ministro da Educação, Fernando Haddad, o desafio é aliar o desenvolvimento humano ao desenvolvimento econômico. “Porque não é possível ter desenvolvimento sustentável sem pessoas que façam isso”, disse.


    De acordo com Haddad, para alcançar metas internacionais de educação de jovens e adultos, todos os países devem trabalhar juntos. “Este é um desafio incontornável. Se cada país buscar isoladamente o cumprimento da meta global, talvez ela não seja cumprida”, afirmou. “Defendemos que sejam perseguidas (as metas) cooperativamente. Por isso, organismos internacionais como a Unesco têm uma função muito importante a cumprir.”


    Metas — De acordo com a meta estabelecida pela Conferência Mundial de Educação de Dacar, em 2000, os países comprometidos devem melhorar a taxa de alfabetização em 50% até 2015. O Brasil deve alcançar 6,7% de taxa de analfabetismo — atualmente, é de 10%. Para Alpha Konaré, além de cooperação, é preciso aumentar o financiamento de políticas educacionais. “Sem isso, estaremos discutindo os mesmos problemas daqui a 50 anos”, provocou.


    Kadijahtou, da organização não governamental Actionaid, espera que os compromissos assumidos em Belém sejam efetivamente cumpridos. “Não queremos só discursos”, enfatizou. O filipino Ramom, membro do Ministério da Educação daquele país, sugeriu que as ações a serem discutidas na Confintea sejam assumidas também pela sociedade. “A estratégia para educar um grupo tão grande de pessoas precisa envolver todos. Só o governo não tem recursos nem gente para isso”, propôs. Também para a secretária-geral da Unesco, é fundamental que o desafio seja assumido por todos. “É uma questão de liberdade humana.”


    A 6ª Confintea é resultado de parceria entre a Unesco, o Ministério da Educação e o governo do Pará. Serão quatro dias de discussões até sexta-feira, 4, para balizar as ações dos países participantes quanto à educação de jovens e adultos.

    Maria Clara Machado

  • Belém — Desde o início da 6ª Conferência Internacional de Educação de Jovens e Adultos (Confintea) na terça-feira, dia 1º, as discussões em painéis, mesas-redondas e oficinas reforçam a necessidade de se passar do debate a ações práticas. A preocupação foi enfatizada nas intervenções finais da conferência, nesta sexta-feira, 4.


    “Os resultados da 5ª Confintea são decepcionantes porque não passamos efetivamente à ação”, disse o presidente do Conselho Internacional de Educação de Adultos, o canadense Paul Bélanger. Ele foi o secretário-geral da conferência anterior, realizada em 1997, em Hamburgo, Alemanha. Para Bélanger, a situação mudou. “Porque neste momento vemos a educação como um instrumento de superação de crises”, disse.


    Segundo Bélanger, a educação de jovens e adultos é fundamental para que as pessoas tenham capacidade de exprimir demandas e de agir criticamente. “A educação, além de formar, precisa oferecer aos adultos o desenvolvimento de competências”, afirmou. Ele entende que adultos bem formados podem contribuir, por exemplo, para diminuir a incidência de doenças no mundo, cuidar do meio ambiente e superar crises, como a alimentar e a econômica. “Como mudar a maneira de produzir alimentos sem a participação das pessoas? Controlar a Aids sem gente informada? Ou superar a crise financeira sem investir na formação de pessoas capazes de lidar com novas situações de trabalho?”


    Para passar da retórica à ação, Bélanger defendeu a integração da educação a outras áreas, como a saúde e a economia, e a mobilização de governos, setores privados e sociedade civil. Ele sugeriu ainda a destinação de percentuais do produto interno bruto de cada país a políticas educacionais e a programas, com medidas práticas e prazos a serem cumpridos.


    Entre as nações que mais avançaram na educação de jovens e adultos desde a conferência de Hamburgo, Bélanger destacou o Brasil. O país, segundo ele, realizou diversos debates com a sociedade civil sobre o tema e construiu políticas baseadas em demandas comuns de governos e população.

    Maria Clara Machado

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