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  • Professor há 36 anos, o capixaba Pedro Antonio Galli diz que o magistério é uma das atividades mais apaixonantes e gratificantes que existem. “Árdua, sem dúvida, mas indiscutivelmente bela”, ressalta Galli, que dá aulas de artes, matemática e estatística a estudantes do ensino médio na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eurico Salles, em Itaguaçu (ES).

    “Ser professor é um papel insubstituível no processo da transformação social. Além de ensinar, é saber viver, conviver, respeitar o próximo e aprender com ele”, analisa Galli. Ele explica que sua relação com o magistério começou cedo, pois suas irmãs eram professoras. “Para minha família, ser professor, mais do que uma tradição, é uma vocação.”

    Contemplado quatro vezes com o Prêmio Sedu: Boas Práticas na Educação, iniciativa da Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo para valorizar os profissionais da educação pública estadual, Galli diz que procura desenvolver metodologias que despertem o interesse dos estudantes. “Busco sempre adequá-las para tornar a aprendizagem significante e satisfatória, melhorando minha prática, oferecendo o que há de melhor aos meus alunos para formar cidadãos mais conscientes na comunidade na qual estão inseridos.”

    Em seu trabalho, o professor desenvolve projetos que agreguem várias disciplinas. “Amplio minha visão de conteúdo para além dos conceitos, inserindo procedimentos, atitudes, valores e recursos didáticos que visem a desenvolver a ligação dos conceitos teóricos com a realidade vivenciada no dia a dia, constituindo fator de motivação e de facilidade de assimilação”, ressalta.

    Com licenciatura em matemática e ciências e vários cursos de especialização, Galli leciona na mesma instituição desde 1982. “Fui professor de 75% dos professores que trabalham atualmente na escola Eurico Salles”, revela. “Procuro interagir com os colegas de profissão, com uma atitude mais atenta e receptiva, de forma a trocar informações e experiências para enriquecer as aulas.”

    Para os novos professores, Galli tem um recado: “A tarefa de ensinar é difícil, porém gratificante, e exige muitas leituras”. Além disso, enfatiza, é preciso quebrar uma série de paradigmas, pois a docência vai além de somente dar aulas. “Ela oferece oportunidades aos alunos para construir e reconstruir conhecimentos.”

    Fátima Schenini

    Conheça o Prêmio Sedu: Boas Práticas na Educação

     

  • Na Escola Municipal Pedro Moacyr, em Padre Miguel, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, sete professoras já ultrapassaram o tempo de serviço necessário para a aposentadoria, mas continuam em atividade. Em uma idade na qual a maioria das pessoas está descansando, elas continuam à frente de turmas de alunos curiosos e irrequietos do ensino fundamental.

    A decana é Sueli Figueiredo Cotta, 68 anos. Regente de duas turmas de primeiro ano, ela diz que o trabalho de professor representa encantamento. “Quando vejo a criança despertar para o aprender, é mágico”, destaca Sueli. Para ela, que se considera graduada, pós-graduada e com doutorado em saber lidar pedagogicamente com crianças, adolescentes e adultos, ser uma boa professora é como fazer um bolo sem receita. “Vou colocando meus ingredientes a gosto, na medida desejada.”

    “Este ano, ouvi muitas vezes que estou velha, que já sou uma senhora, dando ao ‘senhora’ um peso que ainda não sinto”, ressalta Sueli. “Gente ‘caçula’, que vive lembrando a idade dessa ‘velha senhora’: calma! Estou dentro da lei”, destaca a professora. Ela está certa. O limite de idade para a aposentadoria compulsória dos servidores públicos é de 70 anos.

    Vocação — Maria de Fátima Barbosa Ferreira, 64 anos, no magistério há 38, ama seu trabalho. “Ser professora significa ajudar a transformar o aluno em um cidadão consciente de seus direitos e deveres”, salienta. De acordo com ela, não há segredo para ser uma boa professora, mas é preciso ter vocação, estudar sempre e aceitar mudanças. “É fundamental acompanhar as transformações que surgem na área do ensino-aprendizagem”, avalia. Outro ponto importante, segundo ela, é usar o diálogo e o bom-senso. “É muito importante ouvir o aluno.”

    Com graduação em letras (língua portuguesa) e pós-graduação em literatura e em docência do ensino superior, Fátima leciona a uma turma de primeiro ano. Ela ainda não sabe o que vai fazer quando se aposentar. “Talvez passear mais, fazer alguma atividade prazerosa”, diz.

    O encanto despertado pela alfabetização dos alunos e o acréscimo ao salário de professor gerado pelo Programa de Abono de Permanência (PAP) são os elementos que contribuem para a permanência de Branca Azaléia Lima no magistério. Com 62 anos, 37 de carreira, ela atende este ano a uma turma de terceiro ano.

    “O segredo para ser uma boa professora é gostar do que faz e estar sempre estudando”, diz Branca. Quando se aposentar, ela pretende trabalhar com adultos que não tiveram oportunidade de aprender a ler e escrever. “Estou me preparando para isso; descansar, só quando morrer.” Graduada em letras (língua portuguesa e literatura), ela tem pós-graduação em coerência e coesão dos textos escolares.

    Fátima Schenini

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  • Para a professora Jailde, o magistério, além de vocação, é missão: “Ensinar aos filhos dessa terra é um compromisso com meu povo”Moradora do Quilombo Jiboia, no município baiano de Antonio Gonçalves (11 mil habitantes), a professora Jailde Lima da Silva tem a oportunidade de lecionar na Escola Municipal Araguacy Gonçalves, na própria comunidade. “Sou filha desse quilombo”, diz. “Sinto estar realizada como professora de uma comunidade que retrata minha identidade.”

    Para Jailde, ser professora, além de vocação, é missão. “Ensinar aos filhos dessa terra é um compromisso com meu povo, que teve seus direitos negados ao longo de sua vida”, diz. “Sinto na pele o que é ser filha de pais analfabetos, que não tiveram a oportunidade de frequentar uma escola, não por escolha, mas por ter esse direito negado durante muitos anos.”

    Além da escola Araguacy Gonçalves, que tem 85 alunos matriculados no ensino fundamental e na educação de jovens e adultos, além de outros 32 no Projovem Campo – Saberes da Terra, o quilombo conta com uma escolinha de educação infantil e uma extensão do Centro Territorial Piemonte Norte do Itapicuru (Cetep), que oferece cursos profissionalizantes. O Projovem Campo é um programa nacional de fortalecimento e ampliação do acesso e da permanência de estudantes no sistema formal de ensino. São atendidos, basicamente, jovens agricultores familiares na faixa etária de 18 a 29 anos.

    De acordo com a professora, a escola quilombola inclui em sua proposta político-pedagógica a valorização da cultura local, o que a torna diferente. “Ela trabalha de fato com a identidade do povo quilombola, respeita a cultura, a religiosidade, os saberes e fazeres da comunidade, e trata as relações étnicas e raciais como folclore apenas nas datas comemorativas”, analisa.

    Oportunidades — Segundo Jailde, é possível perceber um avanço significativo na comunidade. “A educação abriu vários caminhos e oportunidades; eu sou prova real dessa mudança”, afirma a professora, que tem graduação em pedagogia e especialização em gestão escolar. “Quatro filhos da comunidade conseguiram cursar uma faculdade, passar em um concurso público e ser efetivados”, diz. “Ainda é muito pouco, mas são conquistas que minha mãe não teve.”

    As oportunidades de acesso à escola, abertas atualmente a crianças e jovens, são destacadas pela professora baiana. Ela cita itens como o transporte escolar e o livro didático, oferecidos gratuitamente pelo Ministério da Educação. “Na minha infância, não havia escola; eu frequentava uma casa de família, onde eram reunidas crianças com idade acima de oito anos para serem alfabetizadas.”

    Como a professora era a madrinha de Jailde, ela pôde participar desses encontros a partir dos dois anos, acompanhando os irmãos. “Meus pais trabalhavam na roça, e não tinha quem cuidasse de mim”, revela. O resultado é que Jailde conseguiu se alfabetizar aos cinco anos. Há 15 anos no magistério, ela leciona as disciplinas de história, geografia, sociologia e filosofia para estudantes do Projovem Campo.

    Fátima Schenini

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