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  • A mestre e doutora em Física Marcelle Soares-Santos, professora assistente na Universidade Brandeis, nos Estados Unidos, formou-se no Instituto Federal do Espírito Santo para tornar-se a única brasileira entre as lideranças de um projeto internacional de pesquisadores sobre o desenvolvimento do universo. Observando as galáxias, a equipe comandada por Marcelle chegou a uma descoberta que atualiza a teoria do Big Bang. Essa história é contada no programa Trilhas da Educação, produzido e transmitido pela rádio do MEC, nesta sexta-feira.

    Marcelle Soares-Santos, de 37 anos, é natural de Vitória, no Espírito Santo. Ela conta que o interesse em ciência apareceu ainda na escola, num ambiente que despertava para a descoberta de muitas coisas, inclusive para a pesquisa.

    “No meu caso, o interesse pela ciência começou muito cedo porque eu sempre fui aquela pessoa que queria conhecer, aprender as coisas, o mundo à minha volta. E aos poucos foi ficando claro que a física era uma área de pesquisa ou uma área do conhecimento, que me permitiria um leque grande de possibilidades de linhas de pesquisa.”

    Marcelle estava certa. E foi o que a fez chegar ao Projeto Pesquisa em Energia Escura: um consórcio internacional com mais de 400 cientistas de 25 instituições em sete países. Sua equipe, que integra o projeto, conseguiu captar, pela primeira vez, um tipo de onda gravitacional gerada a partir das colisões entre estrelas de nêutrons. O que isso significa: a descoberta de um novo tipo de energia que pode estar causando a aceleração da expansão do universo, atualizando a teoria do Big Bang – segundo a qual uma explosão, ocorrida há milhões de anos, teria dado origem ao universo e mantido sua expansão lenta e gradativa até os dias de hoje.

    Investigação - Utilizando tecnologia de ponta no estudo da astronomia, Marcelle investiga se essa energia tem sido o combustível para a aceleração da expansão do universo. "É maravilhoso! Não tem outra palavra mesmo. Às vezes você trabalha a vida inteira e não chega a ter uma descoberta desse nível. E o fato de que o meu grupo de pesquisa está participando dessa descoberta é maravilhosa, é muito bom”, afirmou.

    A captação de ondas gravitacionais e a descoberta dessa possível nova fonte de energia é a maior inovação no estudo da cosmologia. “Então a pergunta é – qual é a fonte de energia que serve de combustível para essa aceleração? Não tem nenhuma explicação na física tradicional, então o que precisamos fazer para entender isso e descobrir essa nova forma de energia, que por enquanto chamamos de energia escura, essa é a área em que eu estou trabalhando, e agora que conseguimos combinar as observações, com astronomia tradicional, com as observações feitas com ondas gravitacionais, essa combinação vai ser chave desvendar esse mistério”, disse Marcelle.

    Além de pesquisadora, Marcelle é professora assistente e sabe o valor e a importância do incentivo para a pesquisa. Ela defende investimentos para a área e – mesmo longe do Brasil há alguns anos – refere o potencial que há em território nacional para futuros talentos. “Eu acho que temos um talento muito grande no Brasil inteiro e que eu espero que no futuro consigamos dar mais apoio, na educação, em todos os níveis, desde o ensino básico até o ensino superior, vale a pena a tentar tirar o máximo possível das oportunidades que temos.”

    Por sua dedicação à pesquisa em energia escura, Marcelle vai receber uma bolsa da Fundação Alfred P. Sloan, uma organização sem fins lucrativos, que há mais de 60 anos premia jovens cientistas considerados promissores e apoia projetos relacionados a ciências, tecnologia e economia.

    Assessoria de Comunicação Social

     

  • Pequenos experimentos em sala de aula, com elementos comuns encontrados no dia a dia, facilitam o aprendizado de física (foto: odquimicafafiuv.blogspot.com)Ao longo da carreira, o professor Nicolau Gilberto Ferraro tem percebido que muitos estudantes ingressam no ensino médio com a ideia preconcebida de que física é disciplina de difícil assimilação. Para despertar o interesse do aluno, segundo ele, é importante mostrar que a física está presente no dia a dia e nas aplicações tecnológicas familiares de cada um. Sugere, ainda, a realização, na própria sala de aula, de pequenos experimentos com materiais do cotidiano, de forma a sedimentar a teoria apresentada.

    O professor também julga importante falar sobre a história da física, mostrar aos estudantes que ela não é obra de uma só pessoa, mas uma construção humana. Por último, recomenda introduzir o tratamento matemático referente aos fenômenos estudados. “É da maior importância ressaltar que a matemática, como linguagem da física, sintetiza a compreensão dos fenômenos”, diz.

    Professor durante 40 anos, co-autor de livros sobre física, Ferraro criou um blogue, em 2010, para ajudar os alunos a estudar a disciplina. “Procuro passar minha experiência de muitos anos em sala de aula”, ressalta. Para o trabalho no blogue Os Fundamentos da Física, que recebe cerca de 2,5 mil visitas diárias, Ferraro conta com a colaboração de Sidney Borges, professor de física e arquiteto.

    As postagens seguem uma programação preestabelecida. Às segundas, terças e quartas-feiras, é abordado o conteúdo dos três anos do ensino médio. Às quintas-feiras, o tema é o vestibular. Às sextas, são colocadas pequenas animações para a revisão dos principais conteúdos, de forma lúdica. “Aos sábados, apresentamos os principais efeitos estudados em física, os ganhadores do Prêmio Nobel e exercícios especiais, com o título Preparando-se para o Enem”, diz o professor. Atualmente, é desenvolvido o tema Um Pouco da História da Física.

    “Procuramos descrever o empenho e a dedicação de pensadores e cientistas na formulação de teorias e leis e destacar fatos que apresentem dados interessantes da vida dessas pessoas notáveis”, afirma. Aos domingos, o tema é A Arte do Blogue, com a apresentação de obras e biografias de pintores, fotógrafos e arquitetos. Os inúmeros depoimentos de alunos têm animado os dois professores a prosseguir com o trabalho e a desenvolver novas seções.

    Licenciado em física e engenheiro metalurgista, Ferraro iniciou as atividades de magistério na Escola Estadual Professor Alberto Conte, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. Lecionou na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no Departamento de Engenharia Mecânica e em escolas e cursos particulares preparatórios para vestibulares. Atualmente, exerce a função de diretor pedagógico do Colégio Objetivo NHN.

    Saiba mais no Jornal do Professor e no blogue Os Fundamentos da Física

     

    Fátima Schenini

  • Seis instituições federais de ensino superior de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe oferecem 65 vagas para o Mestrado Profissional em Ensino de Física. Podem concorrer às vagas professores graduados em física que estejam no exercício da atividade docente na disciplina e estudantes do último semestre do curso. As inscrições devem ser feitas até a próxima quinta-feira, 12, na internet.

    A pós-graduação em física é um curso em rede nacional, organizado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF), desenvolvido em polos de universidades e institutos federais vinculados à Universidade Aberta do Brasil (UAB). A formação é semipresencial, gratuita, com duração de dois anos, dirigida a professores que lecionam na educação básica, superior ou na disciplina de ciências no ensino fundamental.

    A capacitação abrange o domínio de conteúdos de física e técnicas atuais de ensino para aplicação na sala de aula. Entre as técnicas, estão recursos de mídia eletrônica e meios tecnológicos para motivação, informação, experimentação e demonstração de fenômenos físicos.

    Curso – Neste edital são oferecidas dez vagas em cada polo das seguintes universidades federais: Rural de Pernambuco (UFRPE), em Garanhuns; Vale do São Francisco (Unvasf), em Juazeiro (BA); Rural do Semiárido, em Mossoró (RN); de Sergipe (UFSE), em São Cristóvão. O Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) abre dez vagas em Natal, e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), 15 vagas, em Caruaru.
    A seleção dos educadores será realizada em duas etapas, ambas de caráter eliminatório e classificatório, com pontuação de zero a dez. A primeira fase é uma prova escrita sobre tópicos de física geral, aplicada em 1º de março, às 13h, horário de Brasília, no polo onde o professor fez a inscrição.

    A segunda fase da seleção é oral. O candidato ao mestrado profissional vai discorrer sobre sua trajetória profissional e o plano de trabalho a ser desenvolvido durante o mestrado. A defesa será nos dias 12, 13 e 14 de março, no polo. Os aprovados devem fazer a matrícula no período de 23 a 27 de março.

    Trajetória – A primeira turma do Mestrado Profissional em Ensino de Física selecionou 360 professores em novembro de 2013; a segunda, em setembro de 2014, abriu 483 vagas em 38 polos de 34 instituições federais de ensino superior. A pós-graduação em física integra a série de mestrados profissionais criados pelo Ministério da Educação para qualificar professores da educação básica, com prioridade para trabalhadores do ensino público. O primeiro mestrado profissional foi de matemática, o Profmat, aberto em 2011; o segundo, letras, o Profletras, lançado em 2013. Em 2014, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) aprovou mestrados profissionais em história, artes e administração pública.

    Ionice Lorenzoni

    Confira no portal da Sociedade Brasileira de Física o Edital MNPEF/SBF nº 1/2015

  • Para incentivar seus alunos do ensino médio a aprender física, o professor Geraldo Marcello Horta busca conquistar a amizade e a confiança da turma e ensinar a matéria de forma clara e objetiva. “Quando é ensinada por meio de uma linguagem simples e com a utilização de exemplos do dia a dia, a física é mais bem aceita pelos estudantes”, destaca.

    Há 15 anos no magistério, Horta leciona na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, no município mineiro de Dom Silvério, a 180 quilômetros de Belo Horizonte. Sem contar com laboratório de física e química na escola, o professor desenvolve experiências na própria sala de aula e promove exibições de vídeos.

    Horta acredita que um bom professor de física precisa ter boa relação com os alunos, repassar os conhecimentos de maneira criativa e, principalmente, fazer tudo isso com amor e dedicação. Ele também defende a necessidade de atualização frequente dos professores. Nesse sentido, participa regularmente dos cursos promovidos pela Secretaria de Educação de Minas Gerais.

    Há alguns anos, Horta criou um blogue para divulgar o ensino da física de forma simples e descomplicada. Com a ferramenta, o professor procura promover uma aproximação virtual entre alunos, ex-alunos e pessoas que se interessam pelo assunto em qualquer lugar do mundo.

    Horta tem licenciatura plena em matemática e física, graduação em ciências contábeis e pós-graduação em administração financeira de empresas. Além de lecionar física, dá aulas de empreendedorismo e gestão no programa Reinventando o Ensino Médio, da Secretaria de Educação mineira. O programa foi criado para reformular o ensino médio por meio da ordenação curricular e do uso de estratégias didático-pedagógicas inovadoras.

    Fátima Schenini

    Saiba mais no Jornal do Professor e no blogue do professor Geraldo Marcelo

  • O Grande Colisor de Hádrons é um túnel de 27 quilômetros de circunferência onde prótons são acelerados à velocidade da luz e colidem para dar origem a formas de matéria jamais vistas (foto: tecnoclasta.com)Os professores Vinícius Jacques e Diogo Chitolina, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC), participaram de experiência única, em agosto último, na Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern), o maior e mais importante laboratório de física do mundo, em Genebra, na fronteira franco-suíça. Lá, os brasileiros conheceram o acelerador de partículas GrandeColisor de Hádrons [Large Hadron Collider (LHC)].

    A experiência será transformada em projetos de divulgação científica, dentro e fora de sala de aula. Diogo, professor de física no campus de São José, pretende lançar um blogue sobre física moderna. Vinícius, também professor de física, no campus de São Miguel do Oeste, está produzindo documentário sobre a origem da matéria e a experiência no Cern.

    A proposta de divulgação científica foi um dos critérios de seleção de participantes do projeto Escola de Física do Cern. Antes, os professores brasileiros passaram por Portugal para conhecer o Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP) e participar da preparação para a visita à Escola de Física do Cern, destinada a professores de países europeus.

    Como resultado de negociações por parte de pesquisadores brasileiros e da diretoria da Sociedade Brasileira de Física (SBF), foi aberta, como uma ampliação da cooperação do Cern com Portugal, a possibilidade de participação de professores brasileiros e africanos. Este ano, foram selecionados 22 professores brasileiros, que compuseram o grupo de 50 docentes de países de língua portuguesa — Brasil, Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola, Timor Leste e Guiné Bissau.

    Partícula — Durante a visita, os professores estiveram na caverna do Compact Muon Solenoid (CMS), um dos detectores do Bóson de Higgs [também conhecido como partícula de Deus, uma das teorias mais aceitas para explicar a organização do universo]. O CMS é um dos detectores do maior acelerador de partículas construído pelo homem, o Grande Colisor de Hádrons, um túnel de 27 quilômetros de circunferência onde prótons são acelerados praticamente à velocidade da luz e colidem para dar origem a formas de matéria jamais vistas.

    “O curso, de 60 horas, nos possibilitou entender os mecanismos e tecnologias empregados nas experiências e ampliar nossos conhecimentos em física de partículas, aceleradores para a física médica, fábrica de antimatéria e assimetria matéria–antimatéria”, explica Vinícius. O grupo também visitou outros laboratórios e experimentos do Cern, como as salas de controle dos experimentos Atlas (A Toroidal LHC ApparatuS), a Fábrica de Antimatéria e os aceleradores Synchrocyclotron (SC), Proton Synchrotron (PS) e Low Energy Ion Ring (Leir).

    Prática — Os professores também tiveram atividades práticas, como a construção de uma câmara de nuvens — uma forma de detectar a radiação vinda do espaço. Além disso, segundo Vinícius, as atividades na instituição europeia abriram a oportunidade de trocar experiências com docentes de outros países e profissionais do próprio Cern.

    Durante a visita, outros conhecimentos foram abordados, como a cosmologia, a física médica, a antimatéria, a energia escura, as técnicas de computação e processamento de dados. “Participar da escola de física no Cern, sem dúvida, foi uma das experiências mais fantásticas que já pude vivenciar”, disse o professor. “Entrar em contato com tantas pessoas voltadas para um objetivo comum, aprender sobre o funcionamento de aparatos tecnológicos extremamente sofisticados e ver de perto um dos maiores experimentos já construído por mãos humanas são experiências que jamais sairão da minha memória.”

    Para Diogo, o desafio, agora, é levar essa experiência para a sala de aula do ensino médio e estimular os estudantes a compreender os conceitos da física moderna e que o conhecimento é resultado de um trabalho realizado de forma contínua e colaborativa. Importante também, para ele, é aguçar a curiosidade dos estudantes pela física e pelas belezas que a ciência pode revelar.

    Assessoria de Comunicação Social, com informações do Instituto Federal de Santa Catarina

  • O mestrado profissional abre aos professores novas perspectivas para o ensino de física, hoje centrado no docente, baseado em aulas expositivas e em resolução de problemas (foto: info.abril.com.br)Professora de física no Distrito Federal, Samara Brito está entusiasmada com as aulas do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física, que cursa desde o segundo semestre do ano passado. “Minhas aulas foram completamente afetadas pelo caminho que tenho trilhado no mestrado”, destaca. Há 14 anos no magistério, ela leciona no Centro de Ensino Fundamental nº 8, instituição da rede pública de ensino do DF, na região administrativa do Guará, e no Colégio Marista de Brasília, da rede particular. As turmas da professora incluem alunos dos três anos do ensino médio e da educação de jovens e adultos.

    Segundo Samara, a participação no curso, criado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF) para qualificar professores da educação básica, resultou em mudanças em sua forma de ministrar aulas. “As ferramentas pedagógicas estudadas e agora mais bem compreendidas me levaram a ressignificar as estratégias de ensino”, analisa.

    De acordo com o professor Marco Antonio Moreira, do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), coordenador do mestrado, o curso tem ênfase em conteúdos, tecnologias e desenvolvimento de estratégias didáticas para melhorar o ensino da física. “Com isso, espera-se que os egressos estejam mais preparados para um ensino coerente com o século 21”, ressalta. Ele diz que o mestrado é uma iniciativa importante, pois a física está quase desaparecendo nos currículos escolares e há baixa procura pela licenciatura.

    Segundo o professor, além de reduzido número de aulas, o conteúdo de física do ensino médio está desatualizado. O ensino é o tradicional, de sempre. “Centrado no docente, baseado em aulas expositivas e resolução de problemas; treina o aluno para provas e não faz uso de tecnologias de comunicação e informação.”

    As atividades do mestrado em ensino de física tiveram início em agosto de 2013, em 21 polos. Cerca de 300 candidatos foram selecionados para a primeira edição. Em agosto próximo, eles apresentarão dissertações e produtos educacionais desenvolvidos.

    Atualmente, 46 polos estão em funcionamento em todo o país, com a participação de 750 professores mestrandos, aproximadamente. A expectativa é que nova seleção seja feita no segundo semestre deste ano, com início das atividades em março de 2016. “Provavelmente, teremos de dez a 20 novos polos e cerca de 200 novos professores mestrandos”, prevê Moreira.

    Valorização — Na opinião do professor, o mestrado representa a valorização do professor de física, uma oportunidade que os docentes não imaginavam ter. “Fazer um mestrado profissional em universidades renomadas e ter bolsa para isso é algo completamente novo para os professores de física”, argumenta. Moreira lembra que a característica principal do perfil dos mestrandos é que sejam professores de física em serviço e continuem em serviço durante o mestrado. “Enquanto política pública, o Mestrado Profissional Nacional em Ensino de Física e em outras áreas é um grande avanço para a educação brasileira.”

    Ligada ao polo que funciona na Universidade de Brasília (UnB), Samara assiste às aulas às segundas e terças-feiras, nos turnos vespertino e noturno. Apesar do grande desafio que tem sido fazer o mestrado e lecionar em duas escolas, ela diz que o esforço vale a pena. “Ao me debruçar novamente sobre toda a estrutura conceitual e ao revisitar todo o desenvolvimento filosófico e científico associado à física e a seu ensino, percebo o quanto é importante que um educador permaneça sempre estudando”, enfatiza. “O educador deveria ser um eterno aluno-pesquisador.”

    Tecnologias — A professora, que escolheu como tema de sua dissertação O Uso do Instagram como Ferramenta de Ensino dos Fenômenos Ópticos, entende que é necessário compreender o uso de tecnologias na sala de aula. “Uma proposta recente da tecnologia educacional consiste, em vez de tentar impedir o uso de aparelhos como tablets e smartphones, em incorporar seu uso às aulas”, revela. Isso, na visão de Samara, não só vai promover o acesso livre às informações como melhorar a relação entre alunos, via e-mail e redes sociais, e favorecer a interatividade.

    “Podemos observar que há uma carência na formação dos licenciados no que se refere ao uso de tecnologias na educação. A ideia, portanto, é criar possibilidades pedagógicas para professores da educação básica no uso de tecnologias para aprendizagem”, diz. “Nesse caso, por meio de dispositivos móveis, como o celular, e uma rede social, como o instagram.”

    Fátima Schenini

    Saiba mais no Jornal do Professor e na página do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física na internet

  • O mestrado profissional ajuda o professor da educação básica a abandonar as aulas tradicionais de física, baseadas em fórmulas que desagradam os estudantes, e a adotar métodos inovadores (foto: produto.mercadolivre.com.br)Os 360 professores de física selecionados para o primeiro programa de Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (Mnpef) terão a oportunidade de conhecer, aprender e praticar novas formas de ensinar e de motivar os estudantes a gostar da disciplina. É isso que diz a professora Eliane Veit, do Departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ela integra a equipe que coordena o programa.

     

    Para Eliane, os professores que trabalham na educação básica precisam abandonar as aulas tradicionais de física, assentadas em fórmulas detestadas pelos estudantes. Ela diz ser necessário inovar e mostrar aos estudantes o que fazer com os conhecimentos, como essas informações podem ajudá-los a refletir, a selecionar, a pesquisar.

     

    A capacitação dos professores abrange o domínio de conteúdos de física e de técnicas atuais de ensino para aplicação em sala de aula. Entre essas técnicas estão recursos de mídia eletrônica e meios tecnológicos para motivação, informação, experimentação e demonstração de diferentes fenômenos físicos. É a isso que se propõe o mestrado, sob a coordenação da Sociedade Brasileira de Física (SBF). As aulas começaram na segunda metade de agosto, em 21 polos de instituições federais e estaduais públicas de educação superior vinculadas à Universidade Aberta do Brasil (UAB). Participaram da seleção 933 educadores.

     

    Entre as instituições que receberam maior número de inscrições estão o câmpus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília (UnB), com 89 candidatos para 30 vagas; o câmpus de Mossoró da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), no Rio Grande do Norte, com 77 inscritos para 15 vagas, e o câmpus de Ji-Paraná da Universidade Federal de Rondônia (Unir), com 76 inscritos para 15 vagas.

     

    De acordo com Eliane, além do interesse dos professores de física pelo mestrado, 74 instituições públicas de educação superior apresentaram candidatura para a oferta do curso. A Sociedade Brasileira de Física selecionou 21 polos universitários com reconhecidos programas de pós-graduação na área. Das 360 professores selecionados, 280 estão distribuídos em cidades do interior e 80 em quatro capitais — Brasília, Manaus, Natal e Vitória. As cinco regiões do país foram contempladas. O Sudeste ficou com 125 vagas; Nordeste, 105; Centro-Oeste, 55; Sul, 40, e Norte, 35.

     

    O mestrado profissional em física é um curso semipresencial, gratuito, com duração de dois anos. Os educadores em efetivo exercício profissional em rede pública da educação básica podem pedir bolsa de estudos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação. O valor da bolsa é de R$ 1,5 mil mensais.


    Letras — Os 854 educadores selecionados para a primeira edição do Programa de Mestrado Profissional em Letras (Profletras) começaram as aulas em 19 de agosto. Eles estudam em 39 polos de 34 instituições públicas de educação superior. De acordo com a coordenadora do programa, professora Maria das Graças Soares Rodrigues, os estados da região Nordeste concentram 20 dos 39 polos. Os demais estão no Sudeste, com oito polos; Sul (quatro), Centro-Oeste (quatro) e Norte (três).

     

    Na avaliação de Maria das Graças, os cursos estão democratizados nas regiões Sul e Sudeste. No Nordeste, porém, a pós-graduação ainda não é uma realidade. Para a professora, a situação começa mudar com a criação de cursos de mestrado profissional, como é o caso do Profletras. A Capes já assegurou bolsas de estudos para os cursistas.

     

    Em 2014, no primeiro semestre, serão lançados editais para seleção de professores para a segunda edição, com início das aulas em agosto. No semestre seguinte, para as aulas a serem iniciadas em fevereiro de 2015. O programa pretende que os cursos passem a ter início sempre no primeiro semestre letivo, o que facilitaria as redes de ensino a programar a liberação dos professores para os períodos presenciais.

     

    Para incentivar os professores de letras a fazer o mestrado e ter bom aproveitamento, a Capes, segundo Maria das Graças, vai premiar os 26 cursistas que obtiverem melhor classificação no fim do curso. O prêmio é uma viagem de 30 dias a Coimbra, Portugal.

     

    O curso de física integra a série de mestrados profissionais criados pelo Ministério da Educação para qualificar os professores das redes públicas de ensino. O primeiro foi de matemática, o Profmat, em 2011. Para 2014, na quarta edição, o Profmat selecionou 1,5 mil professores, que começarão as aulas em 22 de fevereiro. Este ano, foi lançado o Profletras. O terceiro mestrado profissional criado pelo MEC é o Mnpef.


    Ionice Lorenzoni

  • Na escola cearense, noções de astronomia são usadas para tornar mais atraente para os estudantes o aprendizado de física (foto: conhecendo museus.com.br)Professor de física no município cearense de Pires Ferreira, a 300 quilômetros de Fortaleza, Alex Farias reconhece que a disciplina assusta os estudantes do ensino médio. Por isso, durante as aulas na Escola Estadual Francisco Soares de Oliveira, ele procura despertar a curiosidade dos alunos. “A maioria não se identifica com a forma de os professores trabalharem com a física”, afirma. “Faz-se necessário, portanto, encontrar formas de atraí-los para que não se afastem ainda mais da ciência.”

    Alex procura interligar a física com outras ciências, especialmente a astronomia. “Incentivo a participação em competições como as olimpíadas brasileiras de Astronomia (OBA), de Física (OBF) e de Física das Escolas Públicas (Obfep)”, revela. Os estudantes participam também da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), há quatro anos.

    Com outros colegas professores, Alex promove aulas para os alunos participantes dessas olimpíadas no período do contraturno. “Assim, além de conquistarmos algumas medalhas na OBA, conseguimos despertar em alguns jovens o gosto pela ciência”, analisa. De acordo com o professor, isso pode ser comprovado pelo ingresso de estudantes da escola Francisco Soares em cursos de física no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará e na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em Sobral, Ceará.

    Como o laboratório de ciências da escola ainda está em construção, o professor realiza experimentos simples na própria sala de aula. Outra medida adotada é a de levar os estudantes ao laboratório de informática para que tenham acesso a laboratórios virtuais na internet, como o Física Animada.

    Pesquisa — Em 2011, ao perceber o interesse dos alunos pelas redes sociais, como Orkut e Facebook, Alex criou o blogue Física Fascinante. Ele usa o blogue como ferramenta pedagógica capaz de despertar nos estudantes o gosto pela ciência. “Assim, posso colocá-los em contato com a física, mesmo longe da sala de aula”, justifica. Além disso, o blogue é considerado pelo professor mais uma fonte de pesquisa e de informação, com acesso a qualquer momento e em qualquer lugar, por meio da internet.

    Licenciado em física, com especialização em ciências físicas, químicas e biológicas, Alex deu aulas até dezembro de 2013. Hoje, exerce a função de diretor da escola.

    Fátima Schenini

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  • Programa do MEC oferece curso de formação na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), em Genebra, Suíça, para professores brasileiros da rede pública de educação básica (foto: luzcameradiversao.com)A oportunidade de participar de curso na Europa será sempre lembrada pelo professor Francisco Eduardo da Silva do Carmo. Ele participou, em agosto e setembro de 2012, do Programa de Desenvolvimento Profissional de Professores de Física na Suíça (PDPF).

    O programa, realizado em parceria pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação e pela Sociedade Brasileira de Física (SBF), oferece curso de formação na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), em Genebra, para professores brasileiros da rede pública de educação básica. Em 2012, o programa incluiu visita a Portugal. Os participantes puderam conhecer o Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, em Lisboa.

    Francisco Eduardo revela que a experiência resultou em valorização, novos conhecimentos, metodologias e habilidades. “Todos os professores deveriam participar de cursos semelhantes para ter ainda mais propriedade no que vão falar ou expor”, enfatiza. Ele leciona física e matemática em Quixadá e ciências em Choró, municípios cearenses.

    Para o professor, estar em locais como os que visitou e vivenciar experiências descritas em livros garante novas referências e possibilita o crescimento profissional. “Bons professores podem mudar o país, pois trabalhamos diretamente com o futuro do Brasil”, ressalta.

    A experiência, inédita na região, tornou conhecidas as atividades desenvolvidas pelo professor, que está há 14 anos no magistério. Graduado em ciências, com habilitação em física e em matemática e especialização em metodologia do ensino de ciências e matemática, Francisco Eduardo explica que, além de receber convites para ministrar palestras sobre o programa do qual participou, assumiu nova função no Centro Educacional Dom Bosco, em Choró. De professor com atuação em sala de aula, passou a professor-coordenador de olimpíadas de física e ciências. “Hoje, nas reuniões pedagógicas, faço exposições de experimentos teóricos on-line, mostro a página do Cern na internet e o que estão pesquisando, tanto para professores da área quanto para os alunos”, salienta.

    O PDPF é realizado desde 2010. Uma nova edição do programa está prevista para o segundo semestre deste ano.

    Fátima Schenini

    Saiba mais no Jornal do Professor

  • Entre as atividades do projeto Magia da Física e do Universo, do Departamento de Ciências da Ufla, está a exibição de vídeos e documentários sobre o cosmos (foto: ufla.br)Projeto de divulgação científica do Departamento de Ciências Exatas da Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais, A Magia da Física e do Universo desenvolve diversas atividades destinadas a despertar a curiosidade e o interesse das pessoas pelo funcionamento do universo. Criado em janeiro de 2009, o projeto integra ensino e pesquisa científica e inclui atividades dirigidas a escolas da região e à população em geral.

    A apresentação de experimentos que demonstram diferentes conceitos científicos, elaborados com materiais de fácil acesso e baixo custo, é uma das atividades oferecidas. Durante as exibições, o público pode interagir com os experimentos, sob a orientação de monitores, estudantes da Ufla. Atualmente, 20 alunos participam do projeto. “Os experimentos são escolhidos de forma que contrariem o que as pessoas entendem como normal”, destaca o professor José Alberto Casto Nogales Vera, que coordena o projeto com a professora Karen Luz Burgoa Rosso.

    Segundo Nogales Vera, que tem graduação, mestrado e doutorado em física, durante as apresentações não há explicações, somente orientações para que cada um construa a própria ideia sobre o que ocorre nos experimentos. O propósito é incentivar a pessoa a buscar e construir o próprio conhecimento. “Espera-se que o indivíduo desenvolva independência para descobrir o mundo”, ressalta.

    Outra atividade é a Festa das Estrelas, realizada aos sábados. Ela se caracteriza como oficina, com ciclos de documentários e palestras. Convidados especiais tratam de temas como constelações, galáxias, estrelas, planetas, universo e cosmologia. Já foram realizadas 64 edições. “Após o documentário ou palestra, apresentamos as oficinas sobre observação do céu a olho nu ou com lunetas e telescópios”, esclarece o professor. No fim de cada oficina são feitas observações astronômicas. Para isso, quatro telescópios estão disponíveis.

    Apoio— Por meio de oficinas teóricas e práticas, o projeto também oferece apoio a participantes das olimpíadas de robótica, física, astronomia e astronáutica e da Mostra Brasileira de Foguetes. As oficinas ocorrem duas vezes por semana, durante dois meses, de forma contínua. “A programação é enviada às escolas, e os interessados — professores, estudantes e familiares — entram em contato conosco para fazer as inscrições”, explica Nogales.

    Uma vez por semana, há exibição de documentários e filmes no Museu de História Natural da Ufla. Desde o início do projeto, já foram realizados sete ciclos de filmes e três de documentários, com um total de 90 filmes ou documentários científicos. “No fim da exibição de cada ciclo, os filmes são comentados sob uma perspectiva científica e social”, esclarece o professor.

    O projeto é procurado também por escolas de municípios vizinhos, interessadas em exibições itinerantes. Os integrantes do projeto vão até as escolas, e os estudantes, ao museu, onde ocorre a exposição dos experimentos. As visitas devem ser marcadas pelo telefone (35) 3829-1206 ou no endereço eletrônico Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

    Fátima Schenini


    Saiba mais no Jornal do Professor e no blogue do projeto A Magia da Física e do Universo

  • Complexidade das fórmulas pode ser amenizada, nas aulas de física, com apresentação aos alunos de situações do dia a dia aplicáveis ao tema abordado (foto: leiaja.com)Professor na Escola Estadual de Ensino Médio Isabel Amazonas, em Ulianópolis, no sudeste paraense, e no Centro Educacional Terezinha de Jesus Coelho Rocha, no município maranhense de Itinga do Maranhão, Francisco Lealci Sabino de Paiva admite que os alunos ainda encontrem dificuldades com as aulas de física, principalmente aqueles que chegam ao ensino médio com deficiência em interpretação e em cálculo.

    “Para desmistificar a física, sempre procuro selecionar conteúdos-chave, para que o aluno procure estudar pelo menos o básico”, diz o professor. Ele busca trabalhar com situações do dia a dia dos estudantes que envolvam o assunto abordado. Procura também desenvolver experiências, na própria sala de aula, com materiais fáceis de encontrar.

    Com licenciatura plena em matemática e pós-graduação em metodologia do ensino de matemática, Lealci está há 14 anos no magistério. “Apesar de não ter formação específica na área, procuro me virar com o pouco que tenho, fazendo malabarismos para tentar aproximar cada vez mais a física dos meus alunos”, explica. Ele se empenha em apresentar a disciplina de uma forma diferente da física formal.

    Como a carga horária da física é de apenas três horas de aula por semana, o professor deixa de promover saídas pedagógicas. “Devido ao tempo escasso, só trabalhamos na escola, visto que não temos local adequado para visitação e tempo hábil para fazê-la”, esclarece.

    Professor também de matemática e de química, ele procura incentivar os alunos a realizar estudos mais sólidos dessas disciplinas, combinadas com outras áreas do conhecimento. Para isso, sempre comenta questões de vestibulares de todo o país e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

    Em 2009, após participar de curso de capacitação no Núcleo Tecnológico Educacional de Bragança (NTE Bragança), no Pará, com os demais professores da escola Isabel Amazonas, Lealci resolveu criar um blogue para dinamizar as aulas. “O blogue é uma ferramenta de inclusão digital divertida tanto para nós quanto para os alunos”, afirma. O blogue de Lealci conquistou o segundo lugar no Concurso Educablog 2009, promovido pelo NTE Bragança.

    Fátima Schenini

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