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  • Paraíso do Tocantins (TO), 18/11/2016 — O estudante Phelipe Mesquita Mota, do primeiro ano do curso de ensino médio integrado em informática do campus de Paraíso do Tocantins do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Tocantins (IFTO), nunca havia participado efetivamente de uma aula de educação física. Deficiente visual, ele mal conhecia os esportes alternativos para deficientes. Seus colegas, no entanto, pensaram diferente e se mobilizaram para aprender a jogar com ele.

    A atividade é coordenada pelo professor de educação física Avelino Pereira Neto. Ele explicou que a ideia surgiu porque a turma tem um aluno com baixa visão que não conseguia participar das atividades da disciplina com os colegas. “O objetivo é fazer com que eles trabalharem em equipe e percebam seus limites”, explicou.

    A primeira aula prática de golbol ocorreu no ginásio de esportes do campus, no último dia 11, mas antes disso os alunos fizeram uma pesquisa interdisciplinar sobre o tema. “Eles já fizeram apresentações sobre a parte histórica da modalidade, discutiram em sala a importância social desse esporte, também pesquisaram e aprenderam as regras”, diz Neto. Além disso, o professor contou que os próprios alunos providenciaram o material usado na prática do golbol — traves, redes e bolas adaptadas, com guizos, para permitir aos atletas identificar a direção.

    Com a aula, os estudantes puderam se colocar no lugar de pessoas que vivem com a deficiência. Isso porque, durante a partida, todos os jogadores foram vendados e passaram a depender da orientação dos colegas e do barulho feito pelos guizos. “No início, eu achei bem estranho, mas depois que a gente aprende, vê que é legal também”, garantiu o estudante Paulo Horing. A aluna Sarah Oliveira gostou de aprender mais sobre o esporte. “Todo mundo tem que ter a oportunidade de participar das aulas de educação física e essa ideia ajudou a integrar mais a turma”, elogiou.

    Mas, com certeza, o mais empolgado com a aula foi Phelipe. O jovem, que tem deficiência visual, está matriculado no campus desde o início de 2016 e também não conhecia a modalidade. “Eu nem sabia que era possível participar tão ativamente de uma aula de educação física” disse. “Geralmente eu vinha, mas só ficava sentado, esperando acabar. Hoje, eu me senti alguém comum mesmo.”

    O golbol foi desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência visual. A quadra tem as mesmas dimensões da de vôlei (9m de largura por 18m de comprimento). As partidas são realizadas em dois tempos de 12 minutos cada um, com três minutos de intervalo. Cada equipe conta com três jogadores titulares e três reservas. De cada lado da quadra há um gol com 9 metros de largura e 1,30m de altura. O objetivo é balançar a rede adversária.

    Assessoria de Comunicação Social, com informações do IFTO 

  • O golbol foi desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência visual (arte: ACS/MEC)Comemorar bons resultados no fim do semestre é a expectativa de professores e estudantes que se preparam para mais um período de férias. Em Tocantins, o sucesso de uma atividade que resultou em ensinamentos sobre acessibilidade e trabalho em equipe tem sido comemorado com festa. E com gols.

    Tudo começou quando o professor Avelino Pereira Neto resolveu mobilizar a turma do ensino médio integrado em informática do campus de Paraíso do Tocantins do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Tocantins (IFTO) para o desafio de conhecer e, a partir daí, criar uma equipe de golbol. De acordo com Avelino, que é professor de educação física, a ideia nasceu da intenção de acolher o aluno Phelipe Mesquita Mota, 17 anos, que tem baixa visão e enfrentava dificuldades na hora de participar das aulas.

    Em dez anos de atividades, o professor nunca acompanhara estudantes com deficiência visual. “Descobri, como professor, que eu estava errado, que não estava possibilitando ao aluno a participação em minhas aulas”, diz Avelino. “O aluno estava esperando uma motivação. Eu via que ele ficava totalmente excluído. Por ocasião das Olimpíadas, surgiu a questão do golbol e resolvi adaptar para ele, aqui na escola.”

    De acordo com o professor, a reação de todos foi surpreendente. “A turma estava rachada, havia grupinhos, mas todos toparam”, revela. “Teve a adesão total dos alunos. Aí, veio o projeto.”

    Matriculado no campus desde o início do ano, Phelipe desconhecia a modalidade esportiva. “Eu nem sabia que era possível participar tão ativamente de uma aula de educação física” diz. “Geralmente eu vinha, mas só ficava sentado, esperando acabar. Hoje, eu me sinto como alguém comum.”

    O golbol foi desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência visual. A quadra tem as mesmas dimensões da de vôlei (9m de largura por 18m de comprimento). As partidas são realizadas em dois tempos de 12 minutos cada um, com três minutos de intervalo. Cada equipe conta com três jogadores titulares e três reservas. De cada lado da quadra há uma baliza com 9 metros de largura e 1,30m de altura.

    Segurança — “Conviver com os colegas está sendo legal. Eu achava que nunca conseguiria praticar um esporte desse estilo, assim, adaptado para pessoas com deficiência visual”, afirma Phelipe. “É uma coisa boa de jogar, de praticar. Dá mais segurança. O desafio é tentar fazer o gol.”

    Ao colocar o projeto em prática, o professor teve de encarar os obstáculos com muita disposição, mas acabou por ganhar a sala de aula. “Os alunos, trabalharam com temas de matemática e física porque muitas coisas tiveram de ser adaptadas”, diz. “As traves, por exemplo, não são as oficiais, mas feitas de canos de PVC. A bola também não é a oficial — os próprios alunos a abriram e colocaram guizos para permitir aos atletas identificar a direção.”

    Os estudantes também pesquisaram a história do esporte e ganharam um ponto da professora de sociologia e outro do professor de matemática. “Vejam o tanto que a educação física está envolvida nisso”, destaca Avelino. “O colegiado inteiro, depois dessa experiência, constatou que o desempenho escolar do Phelipe melhorou muito. Ele, que ficava muito retraído, no canto dele, agora é uma estrela na escola.”

    O professor constata que o estudante, por onde passa, é reconhecido, graças ao projeto. “Então, pretendemos levar isso a outras escolas, para mostrar que há como fazer a inclusão social de qualquer tipo de aluno.”

    Empolgado, Phelipe faz planos. “Quero fazer a faculdade de ciências da computação”, afirma. “Gosto de esporte, mas também de mexer com a área de computação, que oferece muitos recursos.”

    A repercussão desse trabalho, coordenado pelo professor Avelino, motivou outros estudantes com deficiência, que mostram interesse em ingressar na instituição.

    Mais informações sobre o projeto na página do campus de Paraíso do Tocantins do IFTO na internet.

    Assessoria de Comunicação Social

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