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  • A professora Flaviana, que participa do curso de formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, dá autonomia aos alunos: “Na sala, eles sugerem, perguntam, questionam e mostram muito interesse” (foto: João Neto/MEC)“O que vamos fazer hoje?” Assim a professora Flaviana Lopes Moreira começa a aula com as crianças de 6 e 7 anos de idade que fazem o primeiro ano do ensino fundamental na Escola Municipal Madalena Mendes Nessralla, em Formosa, Goiás. A resposta das crianças é buscar os jogos com figuras, letras e números que estão no armário da sala. Mas a correria maior é na hora de sentar no Cantinho da Leitura, na parte da frente da sala de aula, junto à mesa da professora.

     

    Com essa forma de ouvir os estudantes, Flaviana criou e construiu com eles um ambiente de comunicação na sala e de cuidado com o material escolar. O cantinho é um lugar colorido, no qual as 29 crianças sentam com os livros e os objetos de brincadeiras e estudos. Para traduzir o que essa motivação representa, a professora mostra um fantoche e desenhos criados por eles para contar histórias que leram. “Na sala, eles têm autonomia, sugerem, perguntam, questionam. Eles têm muito interesse”, diz.

     

    Na avaliação da educadora, que é pedagoga e trabalha há três anos com alfabetização no primeiro ano do ensino fundamental, a turma tem bom desempenho. No grupo, três crianças leem para si e para os colegas. Outras 15 usam os jogos para identificar sons, cores e letras. Uma criança tem pouca interação com a turma e as demais estão em diversos estágios de aprendizado.


    Formação — Flaviana Moreira diz que o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa chegou para dar o norte aos educadores, para evitar exageros no desenvolvimento de algumas habilidades e falhas em outras. Ela destaca que o curso de formação mostra aos professores o que deve ser ensinado em cada fase da alfabetização e como preparar os alunos para a etapa seguinte. “Sabemos que a alfabetização é um começo”, salienta.

     

    No convívio com os colegas de curso, Flaviana observa e troca experiências, testa e aprende como aplicar jogos em sala de aula, como conduzir atividades de leitura e interpretação de texto. “A orientadora nos faz refletir sobre a prática pedagógica, e isso é muito rico na alfabetização”. Em Formosa, a formação para os professores das turmas do primeiro ano ocorre a cada 15 dias, no turno da noite, sob a supervisão de professores da Universidade Federal de Goiás (UFG), parceira do Ministério da Educação no pacto.


    Desafios — Com pouco apoio de alguns pais, a professora Alyne George de Souza, que leciona em turma do terceiro ano do ensino fundamental da mesma escola, relata os desafios na alfabetização de 34 crianças. Ela explica que um grupo de oito estudantes não faz as tarefas em casa por falta de apoio da família e não consegue acompanhar as atividades na aula. “Pais muito ausentes dificultam o desempenho escolar dos filhos”, avalia. Com experiência de cinco anos na alfabetização de crianças, Alyne sugere que a única possibilidade de conseguir melhorar a leitura dessas oito crianças, ainda neste semestre, é com reforço escolar, acompanhamento diário, apoio individual. Ela lembra que em 2012 fez um trabalho de reforço com estudantes de outra turma e obteve bons resultados.

     

    Os 34 estudantes têm na sala de aula todo o material enviado para as turmas da alfabetização na idade certa — livros didáticos e paradidáticos, dicionários e jogos — e o Cantinho da Leitura, com títulos para o terceiro ano. As obras foram enviadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

     

    Sobre o curso de formação, Alyne diz que a troca de experiências com colegas é rica e que ajuda na prática em sala de aula. A turma de professores do terceiro ano faz a formação no turno da noite, das 19 às 23 horas, a cada 15 dias. Alyne fez licenciatura curta em ciência e, depois, o curso normal superior e o de pedagogia.


    O Cantinho da Leitura é um dos pontos favoritos das crianças de 6 e 7 anos que cursam o primeiro ano na escola de Formosa (foto: João Neto/MEC) Ideb— A Escola Municipal Madalena Mendes Nessralla aparece com índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) acima da média nacional. Em 2009, alcançou 4,7 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental (média nacional de 4,4). Em 2011, chegou a 5,3 pontos (média nacional de 4,7).


    Ionice Lorenzoni

     

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  • Alfabetizar crianças na idade certa: pacto prevê a formação continuada de 360 mil professores alfabetizadores, com investimento inicial de R$ 2,7 bilhões (foto: João Neto/MEC)O Pacto pela Alfabetização na Idade Certa levou para as salas de aula 318.507 professores alfabetizadores, que lecionam a turmas do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental nas redes públicas do país. Esses educadores iniciaram a formação continuada em 2013 e vão estudar até o fim do próximo ano.

    O pacto, lançado pela presidenta da República, Dilma Rousseff, em novembro de 2012, é um compromisso para alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade. A adesão de estados, Distrito Federal e municípios é a forma de alcançar o objetivo. O compromisso envolve e mobiliza educadores, universidades e secretarias de educação em todo o território nacional. O investimento inicial é de R$ 2,7 bilhões.

     

    O principal eixo do pacto é a formação continuada de 360 mil professores alfabetizadores. De acordo com o Censo Escolar de 2012, esses educadores estão distribuídos em 108 mil escolas públicas e em 400 mil turmas de alfabetização. Quanto ao número de crianças dos três primeiros anos do ensino fundamental, o Censo informa que são 9,4 milhões.

     

    Dados da Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação, computados na última terça-feira, 15, mostram que os cursos já começaram em 5.420 municípios dos 26 estados e no Distrito Federal. São cursos presenciais, com duração de dois anos. No primeiro ano de formação, a ênfase é a linguagem; no segundo, matemática.

     

    Tarefas— Os signatários do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa dividem responsabilidades e tarefas. Cabem ao Ministério da Educação os encargos das bolsas de estudos de R$ 200 mensais para os alfabetizadores e das demais bolsas — para os educadores das universidades envolvidos na formação, coordenadores do pacto nas unidades federativas e municípios e professores orientadores de cursos nos municípios. Também é atribuição do MEC providenciar, produzir e distribuir o caderno de formação dos professores e enviar material didático, paradidático, dicionários e obras literárias às escolas que tenham turmas de alfabetização. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) promoverá avaliações anuais e universais do desempenho das crianças do terceiro ano do ensino fundamental.

     

    É responsabilidade das instituições públicas de educação superior que aderiram ao pacto — 31 universidades federais e sete estaduais — coordenar, supervisionar e qualificar os professores formadores. Para a execução dessas tarefas, o MEC assegura bolsas mensais de R$ 2 mil para o coordenador-geral da instituição; R$ 1,4 mil para o coordenador-adjunto; R$ 1,2 mil para o supervisor e R$ 1,1 mil para o professor formador.

     

    As tarefas dos estados, Distrito Federal e municípios que firmaram o compromisso são as de criar condições para que os alfabetizadores tenham formação continuada, designar coordenadores das ações do pacto em âmbito estadual e municipal e selecionar alfabetizadores experientes em cada rede para orientar os cursos. O MEC garante bolsa de estudos de R$ 765 para o coordenador das ações do pacto nos estados, no Distrito Federal e nos municípios e do mesmo valor ao professor orientador do curso — esse professor é o alfabetizador mais experiente da rede. Dados da SEB relativos a outubro deste ano mostram que 15.962 professores orientadores estão em atividade no país.

     

    As escolas também têm responsabilidades no Pacto pela Alfabetização na Idade Certa. Elas devem liberar os professores para a formação, presencial, e fazer a avaliação diagnóstica anual das turmas de alfabetização.

     

    Material — Este ano, alfabetizadores e escolas receberam coleções de material didático, paradidático e literário. Para apoiar a formação continuada dos professores, o MEC distribuiu 4,6 milhões de cadernos, elaborados sob a coordenação da Universidade Federal de Pernambuco. As escolas receberam 26,5 milhões de livros didáticos, 4,6 milhões de dicionários e 17,3 milhões de obras paradidáticas. Para o cantinho da leitura, obrigatório em cada sala de alfabetização, foram enviadas 10,7 milhões de obras literárias. A primeira remessa contou com 75 títulos, divididos em três acervos, um para cada ano da alfabetização. Em 2014, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) vai reforçar os cantinhos de leitura com seis novas coleções, cada uma com 35 livros, num total de 210 títulos.

     

    Prêmio — Para incentivar os professores a fazer a formação e a melhorar os índices de alfabetização das crianças, o governo federal prometeu a distribuição de prêmios em dinheiro aos educadores e escolas que mostrarem avanços. Em 2014, serão distribuídos R$ 500 milhões em premiações.

     

    Ionice Lorenzoni

     

     

     

     

     

  • Estilizada, a professora Ana Luiza narra histórias e contos a crianças do primeiro ano e as ajuda a entender e interpretar textos para fortalecer o gosto pela literatura (foto: João Neto/MEC)“Adivinha quem eu sou? Posso contar uma história? Quem quer ouvir?”

     

    Falando assim e vestida de Dona Baratinha, chega a professora Ana Luiza de Sousa Santos para a aula do conto, dada todas as sextas-feiras à turma do primeiro ano do ensino fundamental da Escola Municipal Pastor Otaídes Alves dos Santos, em Formosa, Goiás. O conto da sexta-feira, 11 de outubro, foi Lilás, uma Menina Diferente, de Mary E. Whitcomb. A obra faz parte da biblioteca da sala de alfabetização do primeiro ano.

     

    A professora se apresenta, e as 23 crianças pulam e correm para o fundo da sala, tiram os chinelinhos, sandálias e tênis e sentam-se em um estrado emborrachado, vermelho. Elas dão respostas às perguntas de Dona Baratinha, mas ficam quietas quando ela afirma: “Todos somos diferentes e também iguais”.

     

    A personagem continua: “Diferentes na altura, na cor da pele, no tipo de cabelo, na forma dos dentes, do dedão do pé, do nariz. Mas no que somos iguais eles não sabem”.

     

    É o livro da menina Lilás, que responde: “Todos temos um coração”.

     

    “Não tinha lembrado”, responde uma criança. E o aplauso é geral.

     

    O conto encanta a turma, e o diálogo sobre as diferenças segue com listas de frutas, biscoitos, cenouras, bolos, salgados, doces. É com essa energia que a jovem professora segue com a turma. Além do conto, todos os dias há leitura de histórias.

     

    Ainda este ano, Ana Luiza vai estrear outra forma de fortalecer o gosto pela literatura. Ela está costurando uma sacolinha de tecido para cada criança. Na sacolinha, uma vez por semana, irá um livro para que a mãe ou o pai leia para o filho. De volta à sala de aula, Ana Luiza sorteará uma criança para contar a história lida em casa.

     

    A professora explica que o projeto vai ajudar a envolver os pais com a leitura e fará a criança prestar atenção na história, além de incentivar o cuidado com o livro, que deve ir e voltar na sacolinha. “Entendo que isso também é educar”, diz Ana Luiza, que tem uma agenda cheia. Ela dá aulas também a uma turma de terceiro ano na mesma escola, faz o curso de formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e ainda cursa a faculdade de pedagogia. O planejamento e a importância do plano de aula são os temas que a professora destaca como importantes na formação continuada. Embora trabalhe com alfabetização há cinco anos, Ana Luiza diz que está começando e que ninguém sabe tudo. Na faculdade, a educadora faz o sexto semestre de pedagogia.


    Escola — A Escola Pastor Otaídes Alves dos Santos fica no bairro Setor Sul de Formosa. Nela estão matriculados 300 estudantes, da educação infantil ao quinto ano do ensino fundamental, dos quais 250 são beneficiários do programa Bolsa-Família. Nas três séries da alfabetização estão matriculadas 155 crianças. A ocupação dos pais se concentra em atividades como pedreiro, diarista, doméstica, agricultor e boia-fria.

     

    O índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) da escola, nos anos iniciais do ensino fundamental, foi de 3,7 pontos na avaliação de 2009 e alcançou 4,9 em 2011, numa escala até seis pontos.


    Professora de duas turmas de alfabetização em escola pública da cidade goiana de Formosa, Ana Luíza encontra tempo para fazer o curso de formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e ainda cursa faculdade de pedagogia (foto: João Neto/MEC)Rede — A rede municipal de Formosa reúne 45 escolas com turmas dos anos iniciais do ensino fundamental. Nos três anos da alfabetização (primeiro ao terceiro) trabalham 144 professores — 133 efetivos e 11 contratados. Os efetivos, que fazem formação pelo pacto, recebem bolsa de R$ 200 por mês. Os contratados assistem às aulas como ouvintes.

     

    De acordo com a coordenadora das atividades do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa na rede pública de Formosa, Janildes Marques de Farias, a secretaria de Educação designou oito professores experientes em alfabetização para orientar os estudos dos cursistas. A Universidade Federal de Goiás (UFG) prepara os formadores, coordena e supervisiona as atividades. Janildes relata que faltam professores nos anos iniciais porque muitos profissionais da rede municipal fazem concursos em outras cidades, especialmente em Brasília, onde os salários são mais altos. Para suprir essa carência, ela diz que município promoverá novo concurso em 2014.

     

    Formosa está a 282 quilômetros de Goiânia e a 75 quilômetros de Brasília. Muitos moradores da cidade goiana trabalham na capital federal e lá buscam, principalmente, serviços de saúde.


    Ionice Lorenzoni

     

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  • A importância do Pnaic no Pará levou à transformação de antiga escola municipal de Cametá em centro de formação continuada para os professores da rede pública (foto: divulgação)Belém, 7/4/2015 — O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) garantiu benefícios que vão além da alfabetização e do letramento dos alunos até os oito anos de idade. Esta é a conclusão de secretários municipais de educação que estiveram reunidos na segunda-feira, 6, e nesta terça, 7, na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, para participar do 2º Seminário de Integração de Saberes em Linguagem e Matemática. Durante dois dias, os 750 participantes do encontro discutiram as ações do programa em 2014 e os desafios para 2015.

    “O pacto mudou tanto a nossa mentalidade que chegamos a transformar uma antiga escola municipal em um centro de formação continuada para todos os professores da rede pública”, conta Gilmar Pereira da Silva, secretário de educação de Cametá, município do nordeste paraense, a 200 quilômetros de Belém. Com população estimada em 129 mil habitantes e economia baseada na pesca e na agricultura familiar, Cametá tem 37 mil alunos no ensino fundamental, dez mil deles em turmas do primeiro ao terceiro ano.

    Com uma rede pulverizada, já que 80% das 240 escolas ficam em ilhas ou ao longo das estradas, o município tem 500 barcos no transporte escolar para garantir o acesso à educação. “Apesar dessas distâncias, todos os professores têm uma mesma preocupação: o acesso a uma formação continuada, a fim de melhorar o próprio desempenho para que os estudantes saiam da escola sabendo ler e escrever corretamente”, diz Silva. “O sucesso da formação dos professores alfabetizadores é tal que os docentes dos outros anos nos pressionaram para também receber formação continuada; daí termos criado a escola de formação de professores, que vai atender a todos.”

    Compromisso — Também em Senador José Porfírio, a 1,5 mil quilômetros de Belém — exige viagem de 12 quilômetros por rio e outros 48 em estrada para chegar a Altamira, no oeste paraense —, o Pnaic alterou o comportamento dos professores. Assim como Cametá, as bases da economia são a pesca e a agricultura familiar. O município tem cerca de 14 mil habitantes e 4.522 alunos no ensino fundamental, dos quais 1.235 em turmas do primeiro ao terceiro ano.

    Segundo a secretária municipal de educação, Márcia Cabral de Vasconcelos, antes da formação oferecida pelo pacto, os professores não se preocupavam em fazer avaliação mensal ou elaborar fichas de acompanhamento dos alunos. “Agora, eles estão realmente comprometidos com a missão de ensinar a criança a ser alfabetizada em português e em matemática”, afirma. “E estão com o foco na aprendizagem, ou seja, que ela passe de ano tendo adquirido as habilidades próprias à idade, e não mais que ela passe de ano por passar.”

    Já em Ipixuna do Pará, distante 230 quilômetros de Belém, o Pnaic provocou “uma verdadeira revolução, visível, principalmente, nas escolas do campo”, segundo o professor de matemática Marcos Antonio Reis Oliveira, secretário municipal de educação. O município tem aproximadamente 56 mil habitantes, que vivem da agricultura familiar em domínios e assentamentos ao largo da bacia do Rio Capim, no nordeste do estado. Dos 13,5 mil estudantes matriculados na rede municipal de educação, 1.253 estão nos três primeiros anos.

    Com um índice de 49% de analfabetos no município, Ipixuna do Pará tem no pacto não apenas um programa, mas a solução para o sistema educacional, já que sua metodologia foi adaptada a todo o ensino fundamental e à educação de jovens e adultos. A estratégia foi tão bem-sucedida que, em 2014, numa turma de 25 alunos de primeiro ano, 18 já estavam alfabetizados no fim do ano letivo.

    “O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa mexeu na realidade dos alunos e dos professores”, afirma o secretário. “Ele ensinou os docentes a trabalhar com atividades diferenciadas, a ter uma nova maneira de ensinar, e os alunos passaram a ter aulas agradáveis e estimulantes, o que diminuiu os índices de evasão.”

    Segundo Oliveira, uma professora orgulha-se em dizer que se transformou em uma profissional completamente diferente depois da formação do programa. “Ela chegou a sair da escola com os alunos para fazer compras no supermercado e, de volta, continuou a aula de matemática na cozinha, fazendo a receita de um bolo com eles, ao mesmo tempo em que ensinava fração e outras operações.”

    Assessoria de Comunicação Social

  • Márcia Neves é uma das professoras efetivas da rede pública de Formosa participantes do curso de formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (foto: João Neto/MEC)A história de dois meninos que viajam pelos planetas, visitam estrelas, o sol e a lua, contada no livro Estrelas e Planetas, é motivo de encantamento para 31 alunos do segundo ano do ensino fundamental que estudam na turma da professora Márcia Martins Neves, em Formosa, Goiás. Para aumentar a sedução pela leitura, a professora entra na viagem das crianças de oito anos de idade e pede a elas que modifiquem a história. Márcia abre espaço, e a aula não tem hora para terminar.

    Essa experiência com leitura ocorre na Escola Municipal Madalena Mendes Nessralla, no bairro Jardim América, em Formosa, município com 108,5 mil habitantes, a 75 quilômetros de Brasília. Márcia é uma das 133 professoras efetivas da rede municipal participantes do curso de formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, iniciado este ano no país. O pacto é um compromisso formal assumido pelo governo federal, do Distrito Federal, estados e municípios para assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade ao fim do terceiro ano do ensino fundamental. Assim, leitura e matemática são o tema central de dois anos de estudos para os professores das classes de alfabetização.

     

    Márcia tem 16 anos de experiência com alfabetização de crianças e há três anos está na rede municipal daquela cidade goiana. Formada em pedagogia há 13 anos, ela salienta que o curso tem módulos ricos, fala a linguagem do professor, mostra experiências desenvolvidas em cidades grandes e pequenas, sugere e faz refletir sobre a prática pedagógica. Além do conteúdo, a professora destaca a troca de experiências entre os educadores do grupo de estudos e a atualização de nomenclaturas e leis da educação. Em Formosa, os professores que lecionam no segundo ano fazem o curso de formação aos sábados. Este ano, estudam a parte de linguagem; em 2014, será a vez da matemática.

     

    Acompanhamento — Quando fala nos alunos da sua turma, Márcia elogia. “É uma turma ótima”. E mostra os resultados: das 31 crianças, 20 leem e interpretam qualquer texto do módulo do segundo ano; oito delas leem, mas têm dificuldade na interpretação; duas leem apenas sílabas; uma, com a ajuda da professora, consegue ler na sala, mas no outro dia esquece tudo. Além de dar atenção especial à criança que tem dificuldade, a professora pediu acompanhamento psicológico à secretaria de Educação e informou o conselho tutelar de Formosa sobre problemas observados com a família da estudante. “Eu não desisto dela”, garante.

     

    A professora Márcia criou um espaço com 50 obras literárias, ilustradas e coloridas. Cada criança deve ler o livro escolhido com atenção e imaginação porque depois contará o que leu aos colegas de turma (foto: João Neto/MEC)O bom desempenho escolar apontado por Márcia vem de sua trajetória pessoal, do apoio do curso de formação que ela frequenta, do material didático de que dispõe na sala de aula e dos desafios que ela faz à turma. No fundo da sala há um armário cheio de cadernos dos alunos e da professora e, na lateral do armário, a biblioteca, frequentada pela turma todos os dias da semana. São 50 obras literárias para estudantes do segundo ano, ilustradas e coloridas. Às 11 horas, cada criança vai à biblioteca, escolhe um livro e o lê. Isso deve ser feito com atenção e imaginação, de acordo com Márcia, porque um dos alunos vai contar aos colegas o que leu.

     

    O livro preferido é Estrelas e Planetas, do escritor Pierre Winters, da coleção Descobrindo o Mundo. A literatura da sala de aula é acompanhada de obras didáticas, jogos coloridos e dicionários para consulta. Todo o material foi enviado pelo Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE).

     

    Ideb — A Escola Municipal Madalena Mendes Nessralla aparece com índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) acima da média nacional. Em 2009, alcançou 4,7 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental (média nacional de 4,4). Em 2011, obteve 5,3 (média nacional de 4,7).


    Ionice Lorenzoni

     

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