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  • No meio da selva amazônica, uma comunidade indígena aprende teoria e prática sobre agricultura e ecologia em língua nativa.  São estudantes do curso de agroecologia de nível médio na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam). Este é o tema do programa da série Trilhas da Educação, produzido pela Rádio MEC e irradiado nesta sexta, 16.

    É a primeira vez que uma instituição federal de ensino do Amazonas sai do campus e vai para o território oferecer um curso em contato direto com os indígenas. A experiência, segundo a coordenadora do projeto, Darlane Saraiva, tem mostrado que o conhecimento da tribo é parte fundamental no processo de formação dos alunos.

    “Os sateré-maués não trabalham longe da família”, explica Darlane. “Todo aquele conhecimento que eles têm da história do seu povo, de demarcação de território, o que eles cultivam e o que eles cultivaram dentro do território, toda essa história está enraizada também dentro dos estudos de agroecologia com o Ifam. ”

    Semanalmente, os professores partem do campus do Ifam, em Maués, distante 268 km de Manaus, e seguem de lancha pelo rio Maraú até a ilha de Machiles, que serve de polo para os indígenas das sete comunidades.  “Nessa região onde estamos trabalhando tem ocorrido carência em alguns tipos de alimentos”, conta Darlane. “Algumas culturas têm sumido, a caça já não se encontra próxima às comunidades, o peixe nos rios já não tem na mesma quantidade de 20 anos atrás”.

    Um dos idealizadores do curso junto à comissão do Ifam, Josebias Tuxaua, líder sateré-mawé na comunidade da ilha de Machiles, fala sobre o trabalho desenvolvido com a comunidade: “O método de plantio sempre foi de forma tradicional, conforme o conhecimento passado pelos antigos para as novas gerações. Por isso o curso é importante para voltar a valorizar, fortalecer e manter esses alimentos que são saudáveis”.

    Interação – O conteúdo do curso também é ministrado na língua nativa, graças aos professores indígenas que integram a equipe. Quando necessário, eles auxiliam os demais, traduzindo e colaborando para a melhor compreensão das tarefas.

     “A todo o momento tem um professor que não é apenas um intérprete”, destaca Darlane. “Ele é um professor da língua sataré-maué, e os professores do Ifam têm se comprometido a aprender pelo menos alguns traços desse idioma para ajudar os seus alunos, porque as aulas são bilíngues. Tem alunos que falam os dois idiomas e tem alunos que entendem melhor a língua maué. ”

    Para o líder indígena, esse método, além de ser um facilitador em sala de aula, colabora para o fortalecimento da língua dentro da própria comunidade. “O curso vai trabalhar de acordo com a necessidade dos alunos. Então, nada melhor do que a gente poder trabalhar a língua sateré-maué no curso. Tem sido um esforço muito significativo da parte dos professores poderem trabalhar a língua, sendo que isso também é fundamental para o fortalecimento do idioma sateré-maué. ”

    São três anos de curso. A primeira turma, iniciada em março, tem 38 alunos com idade entre 17 e 54 anos. Para a coordenadora, a experiência tem alcançado de forma positiva os moradores de cada uma das aldeias. Eles demonstram interesse pelo tema e já colocam em prática o que tem sido ensinado ao longo das aulas. “Eles levam o plano de estudo para casa, estudam junto aos seus comunitários e principalmente com a sua própria família, na unidade de produção, no quintal do aluno mesmo”, conta.

    “O que mais nós precisamos é de aprender a conciliar nosso trabalho com a natureza, com o meio ambiente, porque dela nós tiramos o nosso sustento”, frisa Josebias. “É saber usufruir, mas também cuidar do ambiente em que nós vivemos”.

    Ainda como projeto piloto, esta edição do curso não apenas formará alunos das sete comunidades ribeirinhas atualmente envolvidas no trabalho. Essa experiência poderá ser estendida a outras etnias, já que diversas outras comunidades indígenas procuram o Ifam com interesse em cursos de formação em nível médio.

    Assessoria de Comunicação Social

     

  • O Ministério da Educação dará início, em breve, a visitas a comunidades quilombolas em diversas regiões do Brasil para discutir a Política Nacional de Educação Quilombola, que já está em fase de estudos. A informação é do secretário de Modalidades Especializadas de Educação, Bernardo Goytacazes.

    De acordo com ele, embora a Política Nacional de Educação Especial já esteja em fase final de aprovação no Conselho Nacional de Educação (CNE), surgiram questões relacionadas a quilombolas, indígenas e estudantes do campo que precisam de melhor formulação.

    “Tivemos de pensar em políticas e planos que deem sustentação para amparar melhor o ensino e o processo” explicou ele. “Já temos um primeiro rascunho da proposta, com base nos documentos anteriormente formulados. Estamos estudando, compilando, reestruturando tudo isso para, aí sim, poder montar a Política Nacional de Educação Quilombola, assim como também a Política Nacional de Educação Indígena. Ambos estão caminhando de mãos dadas nesse início, com o levantamento de legislações, portarias e normativas. Então será possível estruturar um documento e colocá-lo para crítica da sociedade.”

    O tema deve ser amplamente debatido em vários estados. Ainda no primeiro semestre de 2019, representantes da Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp) devem realizar rodadas de visitas nas regiões Nordeste, Centro-Sul e Norte (região amazônica) para debater as questões com as comunidades. “Vamos ouvir o que as comunidades têm a propor e mostrar o que nós já temos com base na Lei, com base em perspectivas, portarias e normas. Isso tudo vai ser compilado e transformado na nova política direcionada à educação quilombola”, ressaltou Bernardo.

    Política – O objetivo desse plano é nortear a educação quilombola em todo o Brasil, guardando as devidas proporções de regionalidade e conhecimentos específicos, fornecendo diretrizes gerais para a educação nessas comunidades. Tudo para que essas comunidades remanescentes, que hoje têm a sua vida pautada nessa modalidade de ensino, tenham uma política nacional a ser adotada. A política será traduzida, por exemplo, em livros didáticos, materiais e tipos de escola, explica o secretário.

    “Assim como estamos fazendo com o Escola da Terra (programa que promove a melhoria das condições de acesso, permanência e aprendizagem dos estudantes do campo e quilombolas), estamos propondo reformas nessas escolas, muitas delas em situações dificultosas, e isso também acontece com as quilombolas”, aponta o secretário.

    A Semesp vai propor um estudo ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) sobre reformas as escolas, além de aquisição de mobília e material. Além disso, o MEC já vem investindo na formação de professores, não só do Escola da Terra, mas também de formação indígena, para que esses professores, que formam essas comunidades e dão aula para essas crianças, estejam qualificados.

    Especial – Bernardo Goytacazes explica que indígenas e quilombolas precisam de políticas nacionais especiais devido às particularidades específicas dessas comunidades, como culturas e costumes que não são comuns à maioria dos brasileiros. “É preciso tratar das especificidades que essas modalidades de ensino exigem, como a temporalidade dos períodos de aula, a forma como as aulas são ministradas, os conteúdos ministrados aos alunos, os currículos a serem trabalhados, os livros didáticos envolvidos”, destaca o secretário.

    Goytacazes conta que, dentro da Política Nacional de Educação Especial, os livros para as crianças cegas não apenas terão textos em braile, mas também em português, de forma que os pais, caso não sejam cegos, possam acompanhar os filhos nas lições de casa. “Dessa forma, Os pais, em questão e os professores poderão lidar mais facilmente com a inclusão destes alunos no processo de ensino e de aprendizagem”, observa o secretário.

    Os indígenas também têm uma educação diferenciada, lembra ele. “O aluno indígena não tem aquela obrigatoriedade do período escolar como o ensino básico tem. A modalidade é diferente por causa do tempo, do clima, das questões da colheita, enfim, uma sazonalidade diferente de ensino. Por isso é uma modalidade especial. Ao criar uma política nacional de educação, como a quilombola, tratamos dessas particularidades específicas, normatizamos e fundamentamos para que estados e municípios possam replicar isso nas escolas”, conclui Bernardo.

    Assessoria de Comunicação Social 

  • Novo reitor da UFRR tomou posse nesta quarta-feira, 10 (Foto: Isabelle Araújo / MEC)Criada em 1989, a Universidade Federal de Roraima (UFRR) tem o primeiro reitor roraimense e descende de indígena do país. Doutor em Agronomia, Jefferson Fernandes do Nascimento, 51 anos, estará à frente da instituição nos próximos quatro anos (2016-2020) com o apoio do vice-reitor Américo Alves de Lyra Júnior, professor doutor do curso de Relações Internacionais da UFRR.

    Segundo o novo reitor, empossado nesta quarta-feira, 10, pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, os desafios são enormes, mas a motivação é maior. “Conhecer a região e ter vivido todo o processo de ocupação e desenvolvimento regional nos dá condições para contribuir de forma mais efetiva”, afirma o reitor.

    “Queremos, com muito diálogo e com uma gestão compartilhada, trabalhar para ampliar o ensino para os povos indígenas. Como Instituição, temos a função social de inclui-los no processo de educação superior, inclusive em pós-graduação”, acrescentou.

    Nesse sentido, Aloisio Mercadante defendeu a criação de um mestrado para gestores em terras indígenas. De acordo com o Ministro, as universidades precisam ajudar na economia regional, criando parques tecnológicos, polos de inovação e parcerias com empresas para gerar valor agregado, principalmente na Amazônia.

    “Precisamos formar esses jovens indígenas que vão sair das universidades e que precisam dar um passo em direção ao mestrado. Voltar para suas regiões e ajudar no desenvolvimento da agricultura orgânica ou na recuperação dos valores tradicionais é fundamental para gerar mais valor, mais emprego, mais renda e mais qualidade de vida”, concluiu Mercadante.

    Atualmente, a universidade oferece 29 cursos de bacharelado, 20 licenciaturas e um curso tecnológico em três diferentes campi em Boa Vista, capital do Estado.

    Assessoria de Comunicação Social

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