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  • O cemitério do povo indígena cadiuéu é pequeno. Ali, os corpos são enterrados bem próximos uns dos outros. O motivo é não atrair a morte. Esse mito, o professor Carlos Alberto Panek Júnior conheceu quando foi a uma aldeia daquele povo, em Mato Grosso do Sul. Um dos 39 ganhadores do Prêmio Professores do Brasil deste ano, ele esteve na região para acompanhar pesquisas e aulas práticas de seus alunos.

    Carlos Alberto desenvolveu o projeto Entre o Passado e o Presente: as Experiências do Ensino de História no Curso Normal Médio Indígena Povos do Pantanal, com 80 professores das etnias terena, guató, aticum, ofaié, quiniquinau e cadiuéu. Durante a formação dos professores, feita em serviço, Carlos Alberto propôs uma nova forma para se conhecer a história. Primeiro, foi estudada a dos povos indígenas do Brasil; depois a dos oito povos que habitam Mato Grosso do Sul e, por último, a do estado e a do Brasil.

    Enquanto liam e debatiam, os professores fizeram pesquisas com os mestres tradicionais, que são os sábios das tribos, sobre a história de cada povo, tradições, costumes, mitos e o papel de homens, mulheres e crianças na comunidade. “Posso dizer que aprendi muito com esse projeto”, diz o educador, graduado em história e mestre em arqueologia dos povos indígenas. O mito cadiuéu de assustar a morte, reservando um lugar pequeno no cemitério, é um dos diversos ensinamentos que a cultura indígena transmitiu ao educador.

    Assim como Carlos Alberto, que leciona no Centro Estadual de Formação de Professores Indígenas de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, 38 educadores de 18 estados estiveram em Brasília, nesta quarta-feira, 14, para receber o prêmio individual de R$ 5 mil e troféu. Todos os trabalhos premiados serão divulgados no Portal do Professor do Ministério da Educação.

    Para o ministro Fernando Haddad, a proposta básica do prêmio é não só valorizar o magistério. É, sobretudo, promover o intercâmbio de ideias e a criatividade, além de enriquecer o trabalho em sala de aula. “O papel do MEC é jogar luz sobre essas experiências e procurar disseminá-las por todas as escolas”, disse.

    Prêmio— Nesta quinta edição do Prêmio Professores do Brasil, concorreram 1.616 mil trabalhos. Foram vencedores 39 projetos, desenvolvidos em escolas públicas do Amazonas, Rondônia, Pará, Tocantins, Acre, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

    Ionice Lorenzoni

    Confira a relação dos premiados, escolas e projetos

    Ouça o discurso do ministro Fernando Haddad
  • Professores indígenas participam de reunião de trabalho no Ministério da Educação (Foto: Wanderley Pessoa)Os 23 povos indígenas que vivem nos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas, estão organizados no Território Etnoeducacional do Rio Negro, que é o primeiro arranjo neste tipo de configuração criado no Brasil. A organização dos povos indígenas em territórios etnoeducacionais está prevista no Decreto nº 6.861/2009, de 27 de maio.


    De acordo com Armênio Schmidt, diretor de educação para a diversidade da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), o Decreto nº 6.861/2009 formaliza o território como ferramenta de gestão. De agora em diante, diz, a política de educação escolar indígena atenderá às populações segundo a territorialidade e não mais por unidade da Federação.


    Os territórios etnoeducacionais também estão em debate nas 18 conferências regionais preparatórias da 1ª Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, a realizar-se em setembro, em Brasília. O desenho atual, segundo Armênio Schmidt, aponta para a criação de 18 territórios. Tanto etnias podem se unir e criar um território (caso do Rio Negro), como um único povo. Os guaranis, por exemplo, estão presentes do Rio Grande do Sul a São Paulo e agora podem se organizar em território etnoeducacional. Os indígenas que vivem em Minas Gerais e no Espírito Santo discutem se formarão um ou dois territórios.


    Entre as vantagens do modelo, segundo Schmidt, está a definição de políticas públicas específicas. No caso da educação, os territórios favorecem a organização de uma série de ações, entre elas, a formação de professores, definição de salários e dos tipos da merenda escolar, criação de materiais didáticos. “Os arranjos respeitam as especificidades das etnias, tais como o tronco linguístico e as questões culturais”, diz o diretor.


    A construção do Território Etnoeducacional do Rio Negro envolveu um conjunto de instituições governamentais e representações indígenas: Ministério da Educação, Fundação Nacional do Índio (Funai), Secretaria de Educação do Amazonas e as secretarias municipais de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn).


    Tarefas – Na última reunião das instituições e da representação indígena, que ocorreu na quarta-feira, 1º, em Brasília, o grupo elaborou um plano de trabalho, definiu três ações prioritárias para o território e indicou a quem caberá executá-las: construção de nove escolas indígenas; formação de 1.250 professores, sendo 800 em licenciaturas interculturais e 450 no magistério de nível médio; e a produção de materiais didáticos específicos para as escolas dos 23 povos.


    A formação de professores em licenciatura intercultural ficou a cargo da Ufam, do instituto federal do Amazonas e Universidade Estadual do Amazonas (UEA), com recursos do MEC; e a formação em magistério será responsabilidade da secretaria estadual do Amazonas. A produção de materiais didáticos será feita também pela secretaria de educação com recursos do Plano de Ações Articuladas (PAR).


    A próxima reunião ocorrerá no dia 30 de julho, em Manaus. Na pauta estão a definição do cronograma da oferta dos cursos de formação de professores, elaboração de uma proposta de transporte escolar para os estudantes indígenas e formas de adquirir e distribuir a merenda escolar.

    Ionice Lorenzoni

  • Giulliano Fernandes e Luciano Marques, do Portal MEC

    Representantes de grupos indígenas e quilombolas de Pernambuco e da Bahia foram recebidos nesta quinta-feira, 6 de junho, pela Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp), na sede do Ministério da Educação, em Brasília. Os investimentos voltados à área de educação para esse público foram a pauta do encontro.

    As lideranças apresentaram demandas sobre educação especializada, como construção e reformas de escolas, formação de professores, material didático com conteúdo cultural próprio e transporte escolar para crianças.

    O secretário da Semesp, Bernardo Goytacazes, informou que já foram repassados cerca de R$ 1,5 bilhão para a Bahia nos primeiros cinco meses de governo, apenas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Segundo ele, é preciso "destravar" esses recursos, que englobam a educação de indígenas e quilombolas do estado.

    “Eles acreditavam que havia cortes, mas quando descobriram que havia a integralidade de recursos e a cifra repassada para a educação no estado era bilionária, se assustaram. Além do repasse do Fundeb, ainda houve repasses do Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e da QSE (Quota Salário Educação). Mas, tenho certeza que a gente vai conseguir readequar as demandas que eles (indígenas e quilombolas) têm e conseguir um resultado muito positivo para essas comunidades", afirmou o secretário.

    Como compromisso, o secretário agendou reuniões nos estados. A primeira reunião será com a Secretaria de Educação da Bahia, em julho. O MEC não é um órgão fiscalizador e respeita o pacto de autonomia federativa dos estados, mas vai tentar ajudar os representantes indígenas e quilombolas a acompanhar como estão sendo feitos os repasses.

    “Nós vamos até a Bahia para ver, junto com a Secretaria de Educação e algumas secretarias municipais, como esse recurso está chegando a essas comunidades. Conversar para ver o que pode melhorar. Se for uma questão de gestão, por exemplo, o MEC pode ajudar”, destaca o secretário.

    Durante o encontro, o MEC tratou sobre a audiência pública que vai  discutir o Plano Nacional de Educação Escolar Indígena.

    De acordo com diretor de Políticas para Modalidades Especializadas de Educação e Tradições Culturais Brasileiras, Fabrício Storani, o MEC tem trabalhado no levantamento de recursos que foram distribuídos para estados e municípios e até para universidades, a fim de verificar onde o dinheiro está parado.

    Para os quilombolas, o secretário informou que mantém conversas com a Fundação Zumbi dos Palmares e outras entidades para organizar audiências públicas em 2020 e ouvir as reivindicações. A ideia é formular um plano nacional de educação para o grupo, inspirado no Plano Nacional de Educação Escolar Indígena (PNEEI).

    Também em julho, no dia 11, a Semesp realiza em João Pessoa (PB) audiência pública sobre o Plano Nacional de Educação Escolar Indígena (PNEEI). Além disso, no segundo semestre, a secretaria organizará agenda em Pernambuco para tratar questões relativas à educação escolar indígena, quilombola e do campo.

    Uma das primeiras ações da Semesp será buscar diálogo com a bancada de parlamentares da Bahia para possível alocação de emendas visando a construção e reformas de escolas indígenas, uma vez que é possível a liberação de verba por meio de emendas parlamentares no Plano de Ações Articuladas (PAR). Este é um plano plurianual e multidimensional que possibilita a conversão dos esforços e das ações do Ministério da Educação, das Secretarias estaduais e municipais, num Sistema Nacional de Educação.

    Por fim, a Semesp fará levantamento de todos os saldos de recursos disponíveis nos programas e ações de educação escolar indígena e quilombola.

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