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  • Com o projeto pedagógico, os alunos da escola rural da periferia de Goiânia melhoraram a média das notas em leitura e escrita e passaram a gostar de ler (foto: looking4heroes.org) Inconformado com as notas dos alunos em leitura e produção de texto, o professor transformou-se em um desses heróis comuns, que não usam capas e nem disfarces, mas têm como superpoder a obstinação de que podem fazer algo para melhorar a qualidade da educação. Com esforço e otimismo, Cléssio Pereira Bastos, 31 anos, professor de português e língua inglesa, imprimiu criatividade em projeto pedagógico, que chamou de Alimente Heróis com Livros, e tem conseguido estimular os alunos do sétimo ao nono ano da Escola Municipal José Carlos Pimenta, na periferia de Goiânia, a ler livros e a escrever melhor, bem como a exercer a cidadania enquanto críticos de situações de injustiça social. 

    Interdisciplinar, o projeto, que resultou no sucesso da escola da comunidade rural de Vila Rica, a 25 quilômetros de Goiânia, foi iniciado em 2015. No início do ano letivo, 3,5 era a nota média em leitura e escrita das turmas dos anos finais do ensino fundamental. No fim do ano, a menor nota foi 8,5. “Eles vivem numa comunidade carente, não recebem muitos incentivos nos estudos, e era urgente uma ação no sentido de inspirá-los com exemplos de superação a partir do conhecimento”, diz o professor, que tem mestrado em crítica literária. “Eles estão inseridos em uma cultura de não leitores e só veem livros na escola; por isso, o trabalho tem de ser muito bem focado para que aprendam a gostar de ler.”

    O livro escolhido para iniciar o projeto foi Eu sou Malala, biografia da jovem paquistanesa Malala Yousafzai, prêmio Nobel da Paz de 2014, baleada pelo Talibã (movimento nacionalista que atua no Afeganistão e no Paquistão) por defender seu direito à educação. A obra foi escrita em parceria com a jornalista inglesa Christina Lamb.

    Como a escola funciona em tempo integral, a leitura dividiu-se em dois turnos, cada um com uma hora de duração. Os alunos sensibilizaram-se com a história e despertaram para a leitura. “O livro da Malala foi escolhido porque os alunos não gostavam muito de estudar por se acharem obrigados a ir à escola”, afirma o professor. “Então, fui atrás do exemplo de uma menina, da idade deles, que quase morreu por querer estudar.”

    Doações — Como não havia um exemplar para cada aluno, uma versão impressa do livro ficava à disposição dos estudantes, enquanto o trecho lido era projetado na parede da sala de aula. Alunos e professores de outras disciplinas revezavam-se na leitura e acabaram por trabalhar informações sobre a geografia, a história e a cultura do Paquistão, país islâmico do sul da Ásia. Ao final da leitura do livro, os alunos decidiram colaborar com doações para a Fundação Malala, que investe para garantir o mínimo de 12 anos de educação para jovens de países periféricos. “Na vila onde moram, cercada por mato e onde existem apenas quatro ruas, meus alunos conseguiram arrecadar o equivalente a US$ 100, que foram depositados no Fundo Malala”, conta o professor.

    Diante do sucesso do projeto no ano passado — foi um dos finalistas do Prêmio Viva Leitura de 2016 —, o professor Cléssio decidiu aprimorá-lo este ano para que tenha a participação de toda a escola, da comunidade e das famílias. Para 2016, além da biografia de Malala, os alunos terão dois títulos para ler: o Diário de Anne Frank, obra sobre Annelies Marie Frank, adolescente alemã de origem judaica, vítima do Holocausto, e a biografia de Ben Carson, neurocirurgião, psicólogo e escritor norte-americano. “Fizemos uma rifa para a aquisição desses títulos”, explica o professor.

    Daniele Rodrigues de Morais, 13 anos, aluna do sétimo ano, ajudou a vender as rifas para arrecadar o dinheiro. Com o professor e 60 colegas, ela foi a Goiânia e, pela primeira vez, entrou numa livraria. No total, conseguiram comprar 200 livros. “Já sei a história da Malala, mas agora quero ler a história da Anne Frank”, diz a estudante.

    Marcelo Rosa da Silva Jesus, 14 anos, até se esqueceu da timidez para falar dos livros que começou a ler. “Eu não dava muita importância para a leitura, mas depois que comecei a participar do projeto estou lendo mais porque melhora o texto e tenho mais ideias para escrever”, afirma.

    Comunidade — Após a leitura dos títulos, os alunos terão de produzir uma ação na comunidade com base nas histórias. “Meus alunos são heróis com livros”, diz o professor Cléssio, que mantém uma página na internet, a Looking 4 Heroes, para dividir as experiências em sala de aula e atrair parcerias para projetos de promoção da leitura e cidadania. O professor espera que, no fim deste ano, os livros lidos pelos alunos sigam para outras escolas e estimulem a formação de novos leitores.

    Otimista com os resultados — os alunos vêm apresentando melhoras no rendimento escolar após o projeto —, Cléssio planeja ampliar a ação na escola e em outras unidades de ensino da região, com intercâmbio de leitura presencial ou por videoconferências. “Sem leitura não há aprendizado. Não adianta ensino de gramática sem vivência com a língua em sua forma escrita e não adiantam trabalhos voltados para o social sem a humanização que a leitura promove”, afirma. “E também não adianta entregar livros nas mãos dos alunos sem que haja um trabalho de motivação para uma leitura de qualidade. Eu digo sempre que todo projeto é simplesmente uma desculpa para levar meu aluno a ler.”

    Rovênia Amorim

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  • Na escola de Joinville, as atividades pedagógicas são executadas de maneira a favorecer o desenvolvimento integral das crianças (foto: arquivo do CEI Zé Carioca)O Centro de Educação Infantil Zé Carioca, no município catarinense de Joinville, a 180 quilômetros de Florianópolis, atende 147 alunos na faixa etária de dois anos e meio a cinco anos. Interessada em promover condições que favoreçam o desenvolvimento integral das crianças, a instituição aposta em projetos pedagógicos, em colaboração com as famílias dos alunos.

    Este ano, segundo a diretora da escola, pedagoga Maria José da Silva, os projetos visam à criação de espaços que propiciem experiências com a natureza, como o Cantinho Verde e a Minitrilha. O Cantinho Verde terá uma horta vertical e espaços para experiências e manipulação de elementos naturais, como terra e água. A Minitrilha será construída em uma área verde disponível em trecho acidentado do terreno da escola.

     

    A diretora explica que a instituição busca aproximação com os pais. Este ano, a participação dos familiares é incentivada por meio de redes sociais, com a publicação de fotos de atividades das crianças. “A família pode ver e comentar”, justifica Maria José. Há 23 anos no magistério, cinco deles na direção, ela é pós-graduada em educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental.

     

    A professora Cleitimar dos Santos, que atua em turma com crianças de cinco anos, explica que os alunos vão aprender sobre temas como água e biodiversidade. Entre as atividades previstas está a apresentação de peça de teatro. Ela registra o trabalho pedagógico em fotos, publicadas no blogue da escola e no facebook.

     

    Pedagoga com habilitação em educação infantil e pós-graduação em educação infantil e séries iniciais, há 12 anos no magistério, Cleitimar trabalha frequentemente com projetos. “Percebo que a prática, bem elaborada, resulta em atividades prazerosas e criativas, norteadas pela ludicidade e pelas relações entre as crianças, com experiências significativas em linguagens”, avalia.

     

    Entre os projetos com melhores resultados, ela ressalta o trabalho realizado com crianças de seis anos sobre o sistema monetário. Os estudantes simularam, na sala de aula, as atividades de um mercado. Com uso de calculadoras, observavam os preços, somavam as compras e passavam no caixa. “Foi gratificante ver o quanto aprenderam e observar o interesse na aprendizagem”, relata a professora.

     

    Prêmio — A pedagoga Eliana Maria Gastaldi, hoje auxiliar de direção, diz que o trabalho mais bem-sucedido em seus 22 anos de magistério foi o projeto Cineastas Mirins. Com ele, Eliana conquistou um lugar entre os vencedores da terceira edição do Prêmio Professores do Brasil, em 2008. “O envolvimento com a tecnologia fascinou as crianças, e o entusiasmo contagiou a todos durante a execução do projeto”, revela.

     

    A turma participou de diversas etapas, desde a escolha da história, construção de cenários, definição de figurino e da trilha sonora, ensaios e gravações, até o processo de edição, com auxílio dos pais e de pessoas da comunidade escolar. “Todos interagiram e contribuíram para que a produção fosse concretizada”, salienta Eliana.

     

    Na função atual, como coordenadora dos projetos da instituição, a professora coordenou trabalhos com uso de tecnologias. Entre eles, a produção de um dvd, o Curta Zé Carioca, com quatro curtas-metragens, e de outro com clipes musicais, o Zé Carioca Cantando e Dançando a África. “Agora, gravar cenas de histórias, documentários sobre estudos realizados e produzir vídeos faz parte do cotidiano das crianças”, enfatiza Eliana, que tem especialização em psicopedagogia e em educação infantil.

     

    Fátima Schenini

    Saiba mais no Jornal do Professor e no blogue da CEI Zé Carioca

     

     

  • Na escola gaúcha há a preocupação em tornar a metodologia de ensino atraente para manter os alunos motivados a ir para escola e desenvolver a aprendizagem (foto: arquivo da EEF Rui Poester Peixoto)Com 1.001 alunos matriculados, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Rui Poester Peixoto, em Rio Grande, a 300 quilômetros de Porto Alegre, valoriza a relação família e escola e incentiva a participação dos pais na educação dos filhos. “Cuidar e educar envolvem estudo, dedicação, cooperação, cumplicidade e, principalmente, amor de todos os responsáveis pelo processo”, diz a diretora, Elizabete Guimarães.

     

    Para que ocorra a aproximação, a família é chamada a participar de diferentes atividades. “Essa presença constante fortalece as relações e estimula os alunos”, avalia Elizabete. Pós-graduada em gestão escolar, com ênfase em orientação, supervisão e administração, ela está há 25 anos no magistério, dois deles na direção.

     

    Ao desenvolver atividades educacionais, a instituição conta sempre com a participação dos familiares dos alunos. Um exemplo é o projeto pedagógico Procurando Nemo, criado pela professora Carla Dias Coutinho para alunos da educação infantil, na faixa etária de cinco anos. Inspirado no filme de animação de mesmo nome, sobre as aventuras de um peixe-palhaço, Marlin, e seu filho, Nemo, o projeto ganhou proporção pelo fato de a maior parte das crianças ter pais pescadores. “Houve grande colaboração entre família e escola”, diz Carla. “As crianças tiveram noções sobre pesca predatória, poluição dos rios e mares e seres que habitam esses locais.”

     

    Atualmente, Carla desenvolve o projeto Nossos Bichinhos de Estimação, sobre a “posse responsável” de animais. A proposta é diminuir o abandono de animais domésticos. “Começamos com a escolha dos bichos prediletos e procuramos figuras em revistas. Os pais ajudam com desenhos e nomes dos animais que têm em casa”, explica a professora.

     

    Para iniciar o projeto, os estudantes pesquisaram as características do gato e participaram de inúmeras outras atividades, que incluíram o relato de uma professora sobre a vida com seus bichos. Os estudantes tiveram também a oportunidade de refletir sobre os maus-tratos sofridos pelos animais.

     

    Carla pretende organizar outras atividades, como um dia para as crianças mostrarem os bichos de estimação aos colegas e visitas a um veterinário e a uma organização não governamental (ONG) que acolha animais abandonados. Campanha contra os maus-tratos também está nos planos.

     

    A professora criou o blog Deixa que Eu te Conto, que permite aos alunos mostrar aos familiares os trabalhos desenvolvidos nas aulas. “Por meio do laboratório de informática da escola ou do meu notebook, em sala de aula, as crianças relembram as atividades desenvolvidas e me auxiliam na escolha das imagens que serão postadas”, explica.

     

    Graduada em psicologia e em pedagogia, com habilitação em educação infantil e pós-graduação em psicopedagogia institucional, Carla acredita que os projetos têm grande retorno. “É preciso tornar a metodologia atraente, mágica, para que as crianças tenham vontade de acordar cedinho e ir para escola e ali desenvolver e construir a própria aprendizagem”, enfatiza.


    Independência — Também professora de educação infantil na mesma escola, Rosana Miranda Cabral é defensora da metodologia de projetos. “Com essa pedagogia, a criança vai despertando a autonomia, a independência e descobrindo formas de aprendizagem em que ela mesma seja protagonista desse processo”, afirma.

     

    Pedagoga, com mestrado em educação ambiental, Rosana envolve as famílias dos alunos nos projetos por entender que são parceiras fundamentais. “Considero extremamente importante que o trabalho do professor esteja articulado e receba auxílio e estímulo da família”, diz. No projeto Higiene e Saúde, desenvolvido este ano pela professora, a família participa de todas as etapas e assume protagonismo em ações como a fiscalização da adoção de hábitos saudáveis no cotidiano das crianças.

     

    Em 2012, Rosana desenvolveu o projeto As Diferentes Infâncias e a Sustentabilidade: Cuidando da Vida, da Escola e do Planeta. A ideia surgiu do comentário de um aluno sobre a quantidade de lixo nas ruas próximas à escola. A partir da pergunta norteadora da proposta — que planeta temos, que planeta queremos? —, foi criado um personagem, o Planetinha, que a cada dia visitava a casa de um aluno. Os pais eram encarregados de registrar o que o Planetinha fazia no período em que estava na casa e quais atitudes poderiam ser tomadas em família para contribuir com o meio ambiente.

     

    As atividades foram intensas e variadas. Em um livro coletivo, as crianças registraram momentos significativos do projeto. Rosana resolveu criar também um jornal, O Ruizinho, para divulgar o trabalho.

     

    Fátima Schenini

     

    Saiba mais no Jornal do Professor, no blogue da escola Rui Poester Peixoto e no blogue Deixa que Eu Conto

  • Acompanhado do secretário municipal de educação de São Paulo, Gabriel Chalita (abaixado), o ministro Janine Ribeiro (C) conversou com estudantes do complexo educacional paulista (foto: divulgação)Escola para além das paredes. Essa é a definição para o Centro Unificado de Educação e Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles, localizado em uma favela de Heliópolis, bairro da zona sudeste da cidade de São Paulo. O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, visitou o complexo educacional na manhã desta sexta-feira, 19.

    Composto por dez edifícios, o complexo reúne três creches (que atendem crianças até 3 anos), uma escola municipal de educação infantil (4 e 5 anos), uma escola de ensino fundamental (todos os anos) e uma escola de educação profissional e tecnológica. É considerado como instituição de ensino diferenciada, sem horários rígidos e grade curricular. Os estudantes têm à disposição aulas de dança, culinária, música, informática, biblioteca, centro cultural e área esportiva. Eles ainda podem andar pelo espaço de três praças, ao ar livre, com wi-fi livre.

    A escola oferece aulas em todas as etapas. A partir do segundo semestre deste ano, serão ministradas também aulas de pedagogia por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB). O espaço, projetado pelo arquiteto Ruy Ohtaki, contou com a participação da sociedade em sua elaboração.

    O ministro visitou salas de aulas e conversou com os estudantes. Ao final da visita, se disse emocionado. “Decidi vir a essa escola depois de assistir ao filme Diretor de Harmonia. Mas, pessoalmente, é ainda melhor”, afirmou. O documentário Diretor de Harmonia faz parte da série Educação.doc, dos cineastas Luiz Bolognesi e Laís Bodanzky. Disponível on-line e gratuitamente no You Tube, a série conta com cinco episódios.

    A Escola Campos Salles passou por muitas transformações ao longo dos anos. Era mais conhecida pelos índices elevados de violência. Em 1994, foi demolido o muro que a separava da comunidade. A partir de então, foram instituídas caminhadas anuais da paz para conscientizar a população sobre um projeto pedagógico inovador. Hoje, é um local de convivência para a comunidade e tem como princípios a autonomia, a responsabilidade e a solidariedade.

    Expansão — Na capital paulista, Janine Ribeiro reuniu-se com secretários de educação de municípios da região metropolitana. Ele ressaltou a importância de expandir a construção de creches. “A meta do Plano Nacional de Educação é chegar a 50% de atendimento de crianças até 3 anos de idade”, destacou. “O ideal seria irmos além da meta e garantir o acesso a todas as crianças.”

    Segundo o ministro, nesta etapa da educação infantil, um desafio adicional é a formação de professores, pois deve ser uma fase mais criativa e lúdica.

    Ao lado do secretário municipal de educação de São Paulo, Gabriel Chalita, e do secretário de educação básica do MEC, Manuel Palacios, o ministro ouviu reinvindicações dos demais secretários paulistas.

    Assessoria de Comunicação Social

  • Projeto sobre respeito mútuo entre os alunos da escola potiguar ajudou também a reduzir o déficit de aprendizagem (foto: arquivo da professora Danielle Queiroz)Ao ingressar na Escola Municipal Henrique Castriciano, em Natal, Rio Grande do Norte, no início de 2012, a professora Danielle de Andrade Queiroz começou a lecionar a duas turmas de quarto ano do ensino fundamental marcadas pela indisciplina e pelo desrespeito com professores e colegas. As dificuldades geradas pelo mau comportamento e brigas constantes motivaram a professora a criar o projeto Queremos Respeito; Portanto, Respeitamos o Outro, um dos ganhadores da sexta edição do Prêmio Professores do Brasil.

    Cada atitude desrespeitosa levava Danielle a estimular a reflexão entre os estudantes para fazê-los perceber como se sentiriam se as posições se invertessem e alguém fizesse a eles aquilo que estavam fazendo. Como os alunos não se tratavam pelos nomes próprios, somente por apelidos, geralmente pejorativos, a professora começou a trabalhar com essa questão, com dinâmicas na sala de aula.


    A partir dessas reflexões iniciais, o projeto pedagógico foi crescendo e tomando dimensão mais ampla. Como os estudantes tinham grande déficit de aprendizagem, Danielle resolveu unir o projeto sobre o respeito a um outro, de literatura, o Era uma Vez Dois e Três. Assim, criou um espaço literário na sala de aula. “Uma malinha literária era levada para o intervalo e podia ser usada também por estudantes de outras turmas”, afirma a professora. “Isso acabou criando laços afetivos entre eles.”

     

    Antes da leitura e da escrita, foi desenvolvida a questão da afetividade. “Quando eles alegavam não conseguir fazer alguma coisa, eu dizia: ‘Conseguem! Vocês são inteligentes e têm capacidade’, e ia elevando a autoestima deles.” Assim, Danielle conseguiu o que sempre procurou. Ou seja, estabelecer laços afetivos e inseri-los no dia a dia dos estudantes. “Eles começaram a ter amizade e união entre si”, destaca.

     

    Livros — Com o sucesso do trabalho, os alunos de Danielle passaram a ser convidados para organizar eventos na escola, ministrar seminários em outras turmas ou simplesmente conversar com os demais estudantes. “Eles começaram a se achar importantes”, assinala a professora. Segundo ela, a maior vitória foi a publicação de dois livros, elaborados totalmente pelos alunos — Paz na Escola, por um Mundo Melhor e Victor, o Menino que Queria Ser Respeitado. “Foi um trabalho coletivo, realizado durante o ano todo.”

     

    Além disso, alguns alunos passaram a realizar trabalhos independentes, como livros de histórias e de poesias. “Com o projeto, criamos escritores e conseguimos coisas que nem imaginávamos”, ressalta a professora, que admite surpresa com o trabalho desenvolvido pelos estudantes a partir do tema drogas. “Apresentei um desafio, e eles conseguiram superá-lo”, destaca. “Criaram histórias e depois as dramatizaram.”

     

    Em 2013, Danielle assume novas funções. Há 15 anos no magistério, com formação em pedagogia e especialização em educação infantil e em psicopedagogia, ela será gestora do Centro Municipal de Educação Infantil Fernanda Jales.


    Fátima Schenini

     

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  • Pesquisa, documentação, inclusão e desenvolvimento de habilidades fizeram parte do projeto pedagógico da escola gaúcha (foto: arquivo da EM Catulo da Paixão Cearense) Qual a diferença entre aurora boreal e aurora austral? Por que os felinos roncam? Por que os dinossauros foram extintos? Inquietos com questões como essas, os alunos do quinto ano da Escola Municipal Catulo da Paixão Cearense, em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, reviraram livros, revistas e a internet para descobrir. Não só aprenderam, como vestiram jalecos de cientistas para dar aulas aos colegas.

    O projeto pedagógico Pesquisadores Malucos – Trabalhando com o Método Científico, criado pelo professor Willian Daniel Hahh Schneider, 23 anos, surgiu com perguntas dos próprios alunos, que têm de 10 a 12 anos de idade. A primeira etapa constou da escolha das perguntas. Os estudantes foram posteriormente divididos em seis grupos de quatro. “Eles foram estimulados a achar hipóteses para as perguntas, de acordo com o conhecimento prévio”, explica Willian.

    A terceira etapa do método científico foi a pesquisa em livros, revistas e na internet. Em seguida, os alunos foram orientados a documentar todas as etapas das pesquisas no laboratório de informática. Ele usaram o software conhecido como wiki, que pode ser baixado gratuitamente. A quinta etapa constou da preparação de material didático, como cartazes e maquetes. A sexta e última foi a apresentação do trabalho aos demais colegas de sala de aula. “Todos os alunos receberam jalecos brancos para se transformar em cientistas malucos”, conta o professor. “Quem trabalha com conhecimento é um pouco maluco, não é? E quem não é um pouco maluco não é normal hoje em dia.”

    Com formação em biologia e acostumado a pesquisar em laboratório, o professor revela que o projeto surgiu para desenvolver pesquisas com os alunos do quinto ano e, assim, responder às perguntas, passando por todas as etapas de um método científico. “No final, muitos não encontraram uma resposta concreta”, afirma. “Para explicar a origem das estrelas, por exemplo, há a teoria criacionista, de Deus, e a teoria científica, do bigue-bangue, que teria dado origem ao universo.”  Inclusão — O projeto de pesquisa teve o mérito de incluir todos os estudantes. Na sala do professor Willian, em 2012, havia três alunos com deficiência: uma cega, um com baixa visão e altas habilidades e um com síndrome de Asperger e dificuldade em conhecimento matemático, mas com domínio na área de ciência. “A síndrome é um tipo de autismo, mas ele responde a qualquer pergunta da disciplina”, ressalta o professor. “Ele se interessa por ciência.”

    Esse estudante foi incentivado a apresentar como ocorre o aquecimento global e o efeito estufa. E o aluno com altas habilidades usou vinagre e bicarbonato de sódio para demonstrar como um vulcão entra em ebulição. “Era tudo o que ele queria”, diz o professor.

    A aluna cega cantou a música Lindo Balão Azul, de Guilherme Arantes. De acordo com o professor, a estudante emocionou alunos, professores e pais. Ela participou do grupo que pesquisou sobre o surgimento das estrelas. “Por que fazer tanto? Quando a gente vê a turma pró-ativa e disposta a colaborar para atingir os objetivos, a solução vem em forma de outra pergunta: então, por que não fazer tanto?”, destaca Willian.

    O surgimento de mais perguntas deve motivar a continuidade dos cientistas malucos na escola. “Eles querem bis, e isso é muito bom”, afirma Willian. Ele está entre os 40 professores de escola pública que tiveram os projetos pedagógicos premiados em 2012 pelo Ministério da Educação. “Vou continuar com o projeto, com outras perguntas”, garante. “O mundo não é movido pelas respostas, mas pelas perguntas.”

    O professor acredita que os estudantes captaram a ideia. “A resposta vem e desencadeia outra pergunta, e a ciência, como o método científico, sempre evoluiu dessa forma.”

    Rovênia Amorim

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  • Estudantes observam lagartas e casulos no pátio da escola: projeto sobre metamorfose atraiu alunos e colaborou no ensino de disciplinas diversas (foto: arquivo do CEM Antônio Burda)Uma borboleta que entra voando na sala de aula pode ser a ideia inicial de uma boa prática pedagógica. Mais de duas décadas depois, a professora Ana Maria Camillo, do Centro Educacional Municipal Antônio Porto Burda, em Fraiburgo, Santa Catarina, lembrou a lição que recebeu no magistério. No ano passado, as borboletas amarelas que pousavam numa árvore próxima alteraram a rotina escolar de uma turma de terceiro ano.


    Após visita ao mundo da leitura na biblioteca da escola, a professora e seus alunos, de 8 e 9 anos, voltavam para a sala de aula quando encontraram uma pequena lagarta. Curiosas, as crianças a levaram para a sala de aula. “Eles observaram o invertebrado e o desenharam, mas quando foram devolvê-la para a árvore, descobriram um verdadeiro laboratório”, conta Ana Maria.

     

    A árvore no pátio da escola, florida de amarelo, abrigava outras lagartas e casulos. A professora teve então a ideia de elaborar projeto pedagógico e abordar com os alunos o tema da metamorfose. Dez lagartas foram levadas à sala de aula e passaram a viver, inicialmente, em potes de sorvete, com galhos da árvore para se alimentar e gravetos de churrasco para fixar os casulos. Os potes foram fechados com plástico comum de cozinha, com pequenos furos.

     

    “Começamos então a integrar a metamorfose com outras atividades pedagógicas”, diz a professora, de 41 anos. As crianças leram Romeu e Julieta, de Ruth Rocha, sobre a amizade de duas borboletas, e resolveram questões matemáticas com o tema. “Fomos pesquisar na internet sobre as etapas da transformação da lagarta em borboleta, o que resultou num livro com textos curtos”, explica Ana Maria.

     

    “Eu não conseguia encerrar o projeto porque os alunos estavam muito animados, até o dia em que conseguiram ver a metamorfose de uma lagarta em borboleta amarela, como as flores da árvore da escola”, conta a professora. Ela lembrou, emocionada, a lição na época em que era estudante do magistério. “Dou aulas há 22 anos, e esse foi um projeto muito emocionante”, revela. “Nessa prática, estão todos os meus 22 anos de professora. A lição da borboleta que entra na sala de aula e se transforma em situação didática ficou gravada em mim.”

     

    Iniciado no começo do ano, o projeto foi encerrado com representação teatral baseada na história do livro infantil de Ruth Rocha. A metamorfose foi filmada e virou matéria de jornal na cidade, de 37 mil habitantes. “O projeto não ficou restrito à sala de aula: alunos menores e maiores de outras turmas também ficaram curiosos”, salientou a professora. “Ver as crianças se espantarem com o novo, com a pequena coisa, foi gratificante.”

     

    Encantamento — Em seu blogue, a professora destaca frases do educador e escritor Rubem Alves. “A alma é uma borboleta... há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose...” , diz Alves.

     

    O autor afirma ser fácil educar a criança porque ela tem um olhar de encantamento, uma qualidade de olhar que os gregos consideravam o início do pensamento. “E isso é verdade; não precisamos de grandes projetos. Quando os alunos se encantam, você consegue ensinar a eles o que quiser”, afirma Ana Maria. “Por isso, gosto de trabalhar com projetos que unem música e teatro. Sinto que alunos ficam inteiros e dão ao professor aquela emoção de estarem interessados em aprender”, ensina. “Não é igual a uma aula puramente teórica.”

     

    O projeto da professora foi premiado em 2012 pelo Ministério da Educação na sexta edição do Prêmio Professores do Brasil, que reconhece boas práticas de ensino. O trabalho pode ser conferido no blogue que Ana Maria mantém na internet. O vídeo De Lagarta a Borboleta, postado no You Tube pela professora, mostra o borboletário criado na sala de aula.


    Rovênia Amorim

     

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  • Estudantes simulam comício eleitoral: projeto de escola do interior paraense teve como propósito preparar os alunos para a vida em sociedade, formar eleitores e, possivelmente, candidatos (foto: arquivo do professor Adonias Oliveira)Ao ouvir de seus alunos que “todo político é ladrão” e que venderiam seus votos ao se tornarem adultos, por não acreditar nos políticos, o professor Adonias Sousa de Oliveira ficou preocupado. Esse sentimento o levou a criar o projeto Meu Voto, meu Futuro, distinguido na sexta edição do Prêmio Professores do Brasil. As atividades foram realizadas nas aulas de sociologia e religião dos últimos anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Oliveira Santana, em Breu Branco, Pará.

    “A escola pensou em desenvolver projeto com o objetivo de preparar os alunos para a vida em sociedade, a fim de formar eleitores ou, quem sabe, os candidatos do amanhã”, explica Adonias. ”Trabalhamos a concepção do que é ética, não só no meio político, mas também no sentido pessoal, na vida particular, bem como valores como honestidade, dignidade, respeito e compromisso.”

     

    Após avaliação diagnóstica para avaliar os conhecimentos que os estudantes traziam de casa, o professor passou a criar situações capazes de motivar a busca desse conhecimento. A escola foi transformada em um município fictício. As salas de aula, em bairros, com candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores.

     

    Cada turma ficou responsável por um serviço público. Assim, os estudantes da quinta série A (sexto ano), por exemplo, fizeram pesquisas sobre o tema saúde, em escalas nacional, estadual e municipal. A partir daí, visitaram postos de saúde para verificar a situação real vivida pela população. “Eles vivenciaram o que o município tinha a oferecer com relação aos serviços públicos”, avalia Adonias.

     

    Panfletagem — Os alunos aproveitavam a hora do intervalo para divulgar propostas. Teve início uma concorrida campanha eleitoral, com panfletagem, bandeirolas e até telefone celular. No encerramento do projeto, foi realizado um grande comício no pátio da escola, com a participação dos pais. Em estúdios, foram gravadas paródias musicais e, durante o comício, era possível escutar, ao fundo, a música de cada candidato. “As famílias investiram na realização do projeto. Nunca elas tinham participado tão efetivamente de uma atividade na escola”, salienta Adonias. “Foi emocionante.”

     

    As propostas dos “candidatos” foram encaminhadas à presidência da Câmara Municipal, representada na banca avaliadora do projeto. Os vereadores devem avaliar a possibilidade de liberar recursos e investimentos para a escola.

     

    Mudança — A premiação repercutiu positivamente na carreira de Adonias, que tem graduação em pedagogia e especialização em gestão escolar e está há 18 anos no magistério. Professor concursado em dois municípios, a partir deste ano ele assume como coordenador pedagógico das disciplinas de sociologia e filosofia de Breu Branco. Em Tucuruí, também no Pará, será o coordenador do Projeto EJA, de educação de jovens e adultos, na modalidade semipresencial (modular). Nesse município, ele exerceu o cargo de vice-diretor da Escola Municipal de Educação Fundamental Governador Fernando José de Leão Guilhon.


    Fátima Schenini

     

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  • Recife – Uma experiência de caminhada em diversos ecossistemas foi desenvolvida pelo professor de educação física Guilherme Tell Cavalcante de Santana, em escolas de Pernambuco. Criado na década de 1990, o projeto pedagógico Ecotrilhas integra as atividades desenvolvidas na disciplina de educação física.


    “As ecotrilhas são uma boa possibilidade da educação física escolar trabalhar com temas transversais, de forma inclusiva, não competitiva e prazerosa”, justifica o professor. A atividade também permite a aplicação de ferramentas tecnológicas digitais que hoje são de uso comum na escola, tais como o telefone celular (registro fotográfico e comunicação), o computador (acesso e tratamento das informações sobre os conteúdos a serem abordados; obtenção das imagens de satélites e mapas locais, etc.), o DVD (na veiculação de slides e vídeos da atividade), entre outras.


    Nos últimos dois anos, Guilherme Tell vem reunindo essas práticas em projetos interdisciplinares, envolvendo a educação ambiental, educação física e as novas tecnologias educacionais. No que se refere à educação ambiental, seu propósito é sensibilizar o aluno para uma contemplação, in loco, das paisagens naturais e humanizadas, com um olhar estético, reflexivo e crítico sobre as intervenções do homem no ambiente.


    Na educação física, prossegue ele, o foco do aluno se volta para o conhecimento do próprio corpo a partir da percepção das alterações fisiológicas e comportamentais decorrentes das exigências orgânicas da atividade física, associando os conteúdos teóricos às vivências em campo. O terceiro passo é explorar as potencialidades das tecnologias digitais disponíveis na escola para melhorar o processo de ensino e aprendizagem.


    O professor lembra que quando começou a fazer as trilhas contava com o auxílio de apenas um colega e dois ou três ex-alunos. Entretanto, a repercussão positiva do trabalho junto aos estudantes, bem como o reconhecimento da dinâmica e da eficácia das ecotrilhas pelos demais professores da escola, levou a uma maior adesão. “O mais importante é que isso passou a ocorrer em todas as fases da atividade: planejamento, preparação, execução, avaliação e divulgação”, destaca.


    Em 2008, foram realizadas ecotrilhas em duas instituições. No Colégio Municipal Visconde de Suassuna, em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Recife, foram realizadas quatro: três com alunos do ensino médio e uma com alunos do fundamental. Na Escola Jornalista Costa Porto, em Recife, ocorreram duas ecotrilhas com alunos do ensino médio. Em 2009, Guilherme Tell pretende fazer quatro trilhas reunindo estudantes do ensino médio das duas escolas.

    Fátima Schenini

  • Desbravar novas culturas e expandir o conhecimento dos estudantes é a proposta do projeto Borboletando pelo Mundo, iniciado há três anos por alunos de uma escola pública do Distrito Federal. A história desta iniciativa é o destaque do Trilhas da Educação, programa produzido e transmitido pela Rádio MEC, que, nesta semana, homenageia o Dia Mundial da Alfabetização, comemorado em 8 de setembro.

    Vera Lúcia Ribeiro, diretora da Escola Classe 413 Sul, em Brasília, buscava mecanismos diferenciados que auxiliassem no processo de alfabetização das crianças. Foi quando nasceu o projeto, que mobilizou professores e alunos de seis a 11 anos de idade, além da própria comunidade. “O Borboleteando é hoje conhecido em diferentes lugares e escolas. O pessoal cita porque é a identidade daqui. Ele sai do convencional e traz novos elementos que acabam agregando um conhecimento maior para as crianças”, explica.

    A cada ano, o projeto leva os alunos a trabalhar com uma temática nova. Os elementos são divididos entre as turmas e permitem que as crianças “borboleteiem” por aí. “Esse ano é o Borboleteando do Brasil para o Mundo. É um trabalho de muita pesquisa de materiais, na verdade, para a execução em sala de aula. Textos que falam da cultura dos países, mas tudo é voltado para o que influenciou a cultura do Brasil”, conta.

    Para a diretora, a aposta pedagógica permite uma maior integração entre alunos e professores dentro da escola, além de potencializar o trabalho em equipe e o talento individual. Todos os envolvidos têm o trabalho reconhecido, o que gera exposições e peças de teatro, por exemplo. O resultado, no entanto, pode ser diverso, uma vez que o diálogo e a cooperação são encorajados para se descobrir como cada um vai expor o que aprendeu.

    “Há poucos anos, a nossa escola seria fechada por falta de alunos. E hoje não conseguimos atender a procura. Esse é o principal reconhecimento que a gente tem. Vem da própria comunidade”, conclui Vera Lúcia.

    Assessoria de Comunicação Social

  • A ideia é usar a criatividade para inovar. Por isso, o Ministério da Educação lançou, no início deste mês, uma página específica na internet sobre inovação e criatividade na educação básica. Um exemplo clássico de como as unidades de ensino podem produzir trabalhos interessantes é o da Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles, no bairro de Heliópolis, em São Paulo.

    Implantado em 2007, o projeto aboliu métodos convencionais de ensino e transformou a parte física da instituição. A estrutura tradicional do currículo foi rompida. Em substituição à aula expositiva de 45 minutos, ministrada por um único professor, os alunos recebem roteiros de estudo, por meio dos quais desenvolvem aprendizagem individual e em grupo sobre os mais diferentes campos do conhecimento. Hoje, os alunos da escola apresentam evolução no desempenho em exames nacionais.

    Há ainda atividades em disciplinas específicas, como matemática, português, ciências e história, mas os roteiros, interdisciplinares, estimulam o pensamento e a investigação contextualizada do estudante. A inspiração veio da Escola da Ponte, de Portugal. “Fizemos diversas reuniões e ouvimos as pessoas”, diz o diretor na época, Braz Nogueira. “Não adianta nada se a escola não participar da comunidade; só assim conseguiríamos ter uma nova metodologia de ensino.”

    Esse processo de transformação das relações entre ensino e aprendizagem realizou-se de maneira abrangente em todo o conjunto escolar e também fisicamente. Paredes foram derrubadas e, a cada três salas, formou-se um salão. As mesas passaram a ser coletivas, com grupos de seis alunos. Em vez de um docente por matéria, os professores compartilham a gestão das salas, cada uma delas acompanhada por três profissionais. “Além disso, distribuímos chaves para que as entidades pudessem, aos sábados, domingos e feriados, se apropriar do local”, afirma Nogueira. “Isso provocou uma forte aproximação com os moradores.”

    Dentro dos salões, os alunos têm autonomia para escolher temas e atividades nos roteiros, desenvolvidos por professores responsáveis pela área de conhecimento específica, mas com oferta de acesso a todo o corpo docente, que assim conhece as competências exigidas e trabalhadas em cada material.Ministro visitou a escola de Heliópolis neste ano e assistiu a apresentação dos alunos (foto: Gil Félix)

    Projeto — A plataforma Inovação e Criatividade na Educação Básica busca estimular medidas, como a da escola de Heliópolis. “As pessoas não têm notícia de que é possível organizar uma escola sem as carteiras enfileiradas de frente para uma lousa, sem as salas de aula, sem os corredores, sem as aulas de 50 minutos”, diz a coordenadora do projeto, Helena Singer. “Elas estudaram assim; seus filhos, também. Então, é fundamental divulgar novas referências, organizações que garantam os processos de aprendizado em estruturas que dialogam mais diretamente com os desafios do século 21.”

    O envolvimento dos estudantes com a realidade local é cada vez maior. Assim, Heliópolis passou a ser conhecido como bairro educador. A EMEF Presidente Campos Salles, que já foi chamada de “escola dos favelados”, transformou-se na escola da comunidade.

    Uma experiência em aplicação na escola, a República de Alunos — a organização política é representada pelos estudantes —, foi apontada pelo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, que visitou a instituição de ensino em junho último, como exemplo de inovação em educação. Desde 2011, é registrada evolução no desempenho dos estudantes da instituição paulista, tanto em matemática quanto em português, na Prova Brasil, aplicada em escolas públicas urbanas e rurais que tenham no mínimo 20 estudantes matriculados no quinto e no nono anos (quarta e oitava séries) do ensino fundamental.

    Ana Cláudia Salomão

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