Após maratona de 48 horas de atividades, a iniciativa Dados Abertos API foi a vencedora da segunda edição do Hackathon Dados Educacionais, evento realizado em Brasília, de sexta-feira, 16, a domingo, 18. Promovido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), com o apoio da Fundação Lemann, o Hackathon reúne hackers, programadores e inventores para o desenvolvimento de projetos de tecnologias digitais, com destaque para a transparência das informações públicas.
Os projetos inscritos foram avaliados em relação ao interesse público da iniciativa, à criatividade, à qualidade técnica e à aplicabilidade no trabalho desenvolvido pelo Inep. Os três primeiros colocados receberão bolsas da Fundação Lemman de R$ 5 mil, R$ 3 mil e R$ 2 mil, respectivamente. Ao todo, participaram do evento 38 pessoas, entre programadores, desenvolvedores de sistemas, estudantes, professores e outros profissionais.
O projeto vencedor está baseado em uma API [application programming interface], que pode ser traduzida como interface de aplicação de programas. Interface, em informática, é o meio pelo qual o usuário interage com um programa ou sistema operacional. Basicamente, o funcionamento de uma API é a criação de link (vínculo) que libera um canal aberto e direto para uma base de dados e facilita o acesso remoto a ela de forma atualizada. É o que acontece quando se entra em um site e logo são encontradas informações sobre a conta do usuário em uma rede social (facebook e twitter, por exemplo).
“Tentamos criar um parâmetro para que todos possam ter acesso aos dados de forma fácil”, diz o técnico em processamento de dados Luís Leão, 32 anos, ao explicar como surgiu a ideia da equipe
Segundo Leão, que já participou de eventos semelhantes, com os hackathons é possível avaliar o que vai ser oferecido pelas instituições. “As pessoas que participam saem do evento com um conhecimento novo, que nunca pensariam em usar”, afirma.
Educação infantil — Designers de mídias digitais, cariocas e xarás, Rafael Crespo e Rafael Rocha, ambos de 25 anos, criaram uma startup — empresa de inovação tecnológica —, em janeiro deste ano, voltada para a educação infantil. A partir de bases do IBGE e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o projeto GeoEdu, que ficou em segundo lugar, desenvolveu proposta de sistema para mapear localidades em que há demanda por essa etapa do ensino. “Queríamos validar uma ideia que tem um público-alvo definido” diz Crespo. “O foco era apresentar algo que seja aproveitado pelo setor público.”
O terceiro colocado na maratona foi o projeto Cultiveduca, voltado para o mapeamento do perfil e formação dos professores municipais. A iniciativa usa bases do Inep, como o Censo Escolar e a Prova Brasil. Um dos objetivos do trabalho foi criar um sistema capaz de auxiliar os gestores no planejamento e na implementação de políticas de formação de professores. “Nossa plataforma surgiu a partir da demanda por dados e perfil de formação de professores na rede municipal”, explica Rafaela Melo, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS).
Coordenador de mídias sociais da Secretaria-Geral da Presidência da República e integrante da comissão julgadora, Ricardo Popi, salienta que eventos como o Hackathon são momento para debates, entre sociedade civil e governo, em torno de bases públicas. “A construção dessa rede é importante, e todos aprendem como a tecnologia pode transformar a gestão pública.”
Danilo Almeida
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