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  • Os alunos da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) estão sem aulas por causa de problemas financeiros e de gestão. Cerca de 80% dos funcionários da instituição estão em greve. Um dos motivos é a inadimplência salarial. Os quatro hospitais da universidade também estão funcionando com dificuldades. “É impossível uma solução sem a substituição dos atuais dirigentes”, afirmou o ministro Fernando Haddad.


    Há 150 mil alunos e 10 mil trabalhadores nos campi da instituição em seis estados: Rio Grande do Sul, Goiás, Tocantins, Pará, Amazonas e Rondônia. Para tentar restabelecer a normalidade da vida acadêmica e garantir o direito de alunos e professores, a comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, a bancada gaúcha da Casa e deputados estaduais do Rio Grande do Sul reuniram-se na tarde desta quinta-feira, 16, com o ministro Haddad.


    O ministro informou aos parlamentares que desde dezembro o Ministério da Educação tenta, em vão, entrar em contato com o reitor da Ulbra, Ruben Eugen Becker. “Tivemos uma única audiência com o reitor, que se recusou a receber qualquer proposta”, afirmou Haddad.


    O ministro explicou que, como a universidade é privada, o ministério está impedido constitucionalmente de destinar recursos públicos para sanar as dívidas financeiras e fiscais da Ulbra. “Só para a União, de imposto de renda retido na fonte dos trabalhadores, a Ulbra deixou de pagar cerca de R$ 600 milhões.” Haddad descartou a federalização da universidade.


    No encontro, os parlamentares e o ministro decidiram se reunir, na próxima semana, com o procurador do Ministério Público Federal de Canoas (RS) e o juiz que cuidam do caso para discutir uma solução para o assunto. O ministério e os parlamentares esperam que a justiça tome uma decisão rápida no sentido de destituir a atual direção.


    O ministro informou que também apresentará ao Ministério da Fazenda uma minuta de projeto de lei ou de medida provisória para extensão dos benefícios da lei de falências, que é a recuperação judicial, a instituições sem finalidades lucrativas. “Hoje a lei de falências não abriga a pretensão ao beneficio de instituições não comercias, que é o caso da Ulbra”, explicou. 


    De acordo com Haddad, de nada valerá a nomeação de um interventor com o consentimento da justiça sem essa medida, porque ele não teria instrumentos para sanar o problema. “Todas as contas da Ulbra se encontram bloqueadas pela ação dos credores na justiça, o que torna o pagamento de mensalidades uma equação que não fecha”, afirmou.


    Com a recuperação das instituições sem fins lucrativos pela extensão da lei de falências, os recursos das mensalidades, nesse caso, poderiam ser destinados ao custeio e manutenção da instituição, como para o pagamento de professores e técnicos.


    “Com base nas conversas (com a justiça) e na minuta, tentaremos encontrar caminho que possa recuperar a instituição”, previu o ministro. Na visão dele, a confiança da comunidade acadêmica e o saneamento financeiro da Ulbra dependem inicialmente da troca da direção.


    De acordo com deputados estaduais e federais presentes ao encontro, 75% dos alunos matriculados na Ulbra deixaram de pagar as mensalidades e 10 mil já se transferiram para outras instituições.

    Maria Clara Machado

    Ouça a entrevista do ministro Fernando Haddad

  • O novo reitor da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Marcos Fernando Ziemer, encontrou-se nesta quarta-feira, 22, com o ministro da Educação, Fernando Haddad, em Brasília. Eleito na sexta-feira, 17, pela mantenedora da Ulbra, a Comunidade Evangélica Luterana São Paulo (Celsp), para solucionar a crise na universidade, o novo reitor restabeleceu o diálogo entre a instituição e o Ministério da Educação.


    A primeira medida para restaurar a normalidade na Ulbra será retomar as atividades acadêmicas a partir desta quinta-feira, 23. “Já estamos com novo calendário ajustado e pronto para repor as aulas perdidas e esperamos que nos próximos 15 dias a situação nos hospitais esteja resolvida”, afirmou o novo reitor. A Ulbra está com as contas bloqueadas pela Justiça em função de dívidas financeiras, comerciais e fiscais; enfrenta greve de professores e funcionamento deficiente nos quatro hospitais.


    “O que me parece o melhor caminho nesse momento é a normalização do fluxo financeiro de mensalidades pelos alunos e das aulas por parte dos professores”, avaliou Haddad. Além das medidas para retomar as atividades acadêmicas, o reitor procura recuperar a receita. “Buscamos encontrar alternativas legais de receita para retomar o fluxo de caixa e pagar salários atrasados para, aos poucos, voltarmos à normalidade”.


    “O reitor toma as providencias de buscar orientação, sobretudo no Ministério da Fazenda, para equacionar esta dívida e poder retomar os trabalhos no plano acadêmico”, salientou Haddad.


    Desde dezembro, o MEC vinha procurando a antiga direção para discutir a crise na universidade. A diretoria passada se recusou a receber qualquer tipo de ajuda. “O reitor me assegura que toda a equipe está sendo renovada”, ressaltou o ministro.


    Na reunião ficou decidida uma divisão de tarefas. “Ao MEC compete, em contato com a universidade, tentar equacionar questões acadêmicas. E do ponto de vista de sustentabilidade econômica, a procuradoria geral da fazenda nacional é que está incumbida desta tarefa”, disse Haddad.


    O ministério apresentou na última sexta feira, 17, uma minuta de projeto de lei ao Ministério da Fazenda para estender os benefícios da lei de recuperação judicial a instituições sem fins lucrativos. A intenção é ajudar a encontrar uma solução para casos como o da Ulbra, que está com a receita comprometida pelos bloqueios judiciais.

    Maria Clara Machado

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