Prêmio estimula reflexão sobre desigualdades entre homens e mulheres
05/12/2006 20h33
A segunda edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero mostra que a desigualdade entre homens e mulheres é uma preocupação também da juventude. Durante a entrega dos prêmios, os destaques foram os textos desenvolvidos por estudantes do ensino médio, que buscam soluções para conflitos cotidianos, como o preconceito sexual e a prostituição. De acordo com Sônia Malheiros, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o resultado é gratificante, já que reflete os objetivos do concurso. “Com o prêmio, tentamos estimular a reflexão sobre a desigualdade de gênero dentro das escolas e universidades. A participação do ensino médio é importante, pois sensibiliza a juventude desde cedo”, afirma.
A estudante baiana Rebecca Carvalho, de apenas 15 anos, foi uma das vencedoras da categoria ensino médio. Sua redação relacionou o estilo musical 'emo' com os preconceitos de gênero. Segundo Rebecca, o 'emo' é um estilo sentimental: “Ouvimos músicas pesadas, mas que falam de sentimentos. Os meninos usam maquiagem e é normal vê-los se abraçando, se beijando. A maioria das pessoas desse estilo são até bissexuais ou homossexuais e existe muito preconceito, principalmente em relação aos meninos, já que a sociedade nos vê como um gênero totalmente feminino”.
Para a aluna, ganhar o prêmio é uma satisfação e um estímulo para continuar lutando pela igualdade. Por isso, quer continuar escrevendo sobre o assunto. “Eu pretendo continuar escrevendo e fazendo o que for necessário para que as pessoas entendam que nós somos todos iguais. Nós já sofremos até agressões físicas por parte de pessoas que não concordavam com o nosso estilo, e um prêmio como esse, que cultive a igualdade, é importante para que as pessoas mudem de idéia”, afirma.
Outra ganhadora da categoria ensino médio é Juliana Melcop, de Pernambuco. A aluna, que escreveu um conto sobre a prostituição em seu estado, acredita que a oportunidade de escrever é importante, pois mostra ao mundo uma realidade cruel e que precisa ser mudada. “Na minha cidade, que é a capital de Pernambuco, a gente convive com a prostituição, já que lá é uma das rotas do turismo sexual. Isso acaba difundindo muita doença e muito preconceito. Através do concurso, pude falar para muitas pessoas, gerando reflexão sobre o assunto. A partir do momento que você reflete e começa a pensar que tem alguma coisa errada, você busca formas de mudar o que está acontecendo”, explica.
Cíntia Caldas