Projeto Conexão de Saberes começa a ser implantado em março
O Projeto do Ministério da Educação (MEC), Conexões de Saberes (PCS), desenvolvido pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), começará a ser implementado e operacionalizado a partir do mês de março, em cinco universidades federais onde o programa foi implantado como piloto em dezembro passado. Participam do projeto 125 estudantes bolsistas, de baixa renda, oriundos de favelas e outras comunidades periféricas. Eles vão compor uma rede de pesquisadores e gestores capaz de intervir de forma qualificada em seus territórios de origem. Os universitários deverão ser dedicados e compreenderem o espaço urbano sob o ponto de vista consonante com os interesses dos moradores de áreas populares.
O programa PCS, em seu primeiro momento, foi implantado em cinco universidades federais: do Pará (UFPA), de Minas Gerais (UFMG), do Rio de Janeiro (UFRJ), de Pernambuco (UFPE) e Fluminense (UFFO). Cada instituição selecionou 25 bolsistas, que receberão uma bolsa unitária de R$ 241,00, um valor equivalente ao da bolsa de iniciação científica. Os estudantes deverão desenvolver projetos em grupo ou individual nas áreas social, cultural e tecnológica. As atividades serão implantadas sob a orientação de professores e alunos de pós-graduação, mestrado e doutorado.
O diretor de Desenvolvimento e Articulação Institucional da Secad/MEC, André Lázaro, destaca que um dos objetivos do programa é fazer de modo sistematizado e organizado o diálogo entre os saberes acadêmico e popular. "Isso, ao contrário do populismo, que não tem nenhuma postura crítica. O projeto estimula um diálogo crítico, por meio do qual nós acreditamos que a universidade poderá conhecer e reconhecer melhor os espaços populares. Ao mesmo tempo que as comunidades populares terão maior acesso aos saberes acadêmicos.
Também, para o geógrafo Jailson de Souza e Silva, da Universidade Federal Fluminense, coordenador nacional do Conexões de Saberes, o objetivo principal desse programa é o estímulo à troca de experiências entre a academia e as comunidades onde os estudantes residem. "Esperamos promover a produção de trabalhos científicos relacionados às favelas e periferias e auxiliar na adaptação dos alunos dentro do novo ambiente de estudo. Há um grande autoritarismo da universidade em relação aos espaços populares. É necessário promover uma troca, pois a interação entre os dois universos é fundamental para a elaboração de políticas públicas. Precisamos saber quais são, na verdade, as demandas e a lógica de cada comunidade", disse Jailson.
Segundo Lázaro, o programa Conexões de Saberes conta com investimentos da ordem de R$ 3 milhões, em 2005, e acrescentou que o deverá também ser ampliado ainda este ano, para outras universidades federais.
Conexões de Saberes - O programa visa oferecer a jovens universitários, de origem popular, a possibilidade de desenvolver a capacidade de produzir conhecimentos científicos e, a partir disso, possam intervir em seu território de origem. Visa, também, possibilitar o monitoramento e a avaliação, pelos próprios estudantes, do impacto das políticas públicas desenvolvidas em espaços populares. Os participantes do programa recebem apoio financeiro e metodológico.
Uma das primeiras tarefas dos integrantes do Conexões de Saberes é a elaboração de um diagnóstico social dos territórios selecionados, que reúna os indicadores locais; mapeamento das instituições existentes e suas práticas; as principais demandas no que concerne às políticas públicas e a identificação das famílias em situação de maior vulnerabilidade social.
Repórter: Sonia Jacinto