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Diversidade

Especialistas defendem ações afirmativas além das cotas

  • Quinta-feira, 22 de setembro de 2005, 14h36
  • Última atualização em Segunda-feira, 14 de maio de 2007, 13h20

Especialistas de universidades e organizações não-governamentais defenderam a implantação de ações afirmativas que não se restrinjam ao acesso ao ensino superior durante o terceiro e último dia do Seminário Internacional de Ações Afirmativas nas Políticas Educacionais: o Contexto Pós-Durban. O evento terminou nesta quinta-feira, 22, no Senado Federal.

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, da Universidade Federal de São Carlos e da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE), reconhece a importância das cotas, mas acha que não são suficientes para que a educação superior seja democratizada, e que não basta criar condições materiais. “É necessário propiciar políticas curriculares para de fato haver ações afirmativas”, explica.

Petronilha defende que haja na graduação uma preocupação com a valorização da identidade racial e cita os cursos de medicina e direito, que podem ter cadeiras que tratem de especificidades pertinentes aos afrodescendentes e indígenas. Contundente em seu depoimento, ela afirmou que o discurso contrário ao sistema de cotas nas universidades é uma “visão elitista de um mundo que se restringe a um único grupo étnico-racial”.

O professor de antropologia, da Universidade Federal da Bahia, Jocélio Santos, mostrou os números para justificar a necessidade de implantação de cotas para alunos egressos do ensino público. A UFBA reserva 43% das vagas para estes estudantes. “Em 1998 a universidade abrigava 70% de alunos provenientes do setor educacional privado e apenas 30% de alunos que concluíram o ensino médio público. Hoje, atingimos 50% de cada setor”, esclarece.

Santos apresentou um gráfico que aponta crescimento da porcentagem de estudantes que se declaram negros no curso de medicina: de 14,29% em 2003 para 45% em 2005. “É importante destacar que o aumento do ingresso de alunos de escolas públicas não comprometeu a qualidade e excelência da instituição, pois mantivemos o ponto de corte”, esclarece.

A mesa-redonda que teve este debate foi realizada pela manhã e se chamava “Ações afirmativas para além das cotas”. À tarde, ocorreu a segunda do dia e última do evento, chamada “Os desafios para a construção de uma política nacional de ação afirmativa”.

Participaram do seminário especialistas de universidades, estudantes, lideranças do movimento negro brasileiro e representantes de organizações não-governamentais do Brasil e da Venezuela.

Repórter: Sandro Santos

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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