Fórum avalia projeto da Universidade Camponesa
Trabalhadores rurais, jovens camponeses, agricultores assentados pelo programa de reforma agrária do governo federal, professores e estudantes da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, reúnem-se nos dias 30 e 31 deste mês, na instituição, para avaliar o Projeto Universidade Camponesa (UniCampo). O projeto é uma atividade de extensão da UFCG que atinge 20 municípios do semi-árido na área do Cariri.
A Universidade Camponesa começou suas atividades em setembro de 2003, em Sumé, um dos 20 municípios do Cariri. O projeto-piloto, que será encerrado e avaliado nos dias 30 e 31, vai certificar 30 alunos destas comunidades e apresentar um curso modelo com 450 horas de aulas teóricas e práticas para ser desenvolvido em territórios rurais da região Nordeste.
Segundo o coordenador da UniCampo, Márcio Caniello, a extensão foi construída pela UFCG em parceria com o Projeto Dom Hélder Câmara, com o Ministério da Reforma Agrária e com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), uma agência de cooperação da França.
Diálogo – Para atender ao objetivo da experiência, de promover o diálogo entre os saberes locais e os conhecimentos técnicos e científicos produzidos na universidade, o projeto pedagógico da UniCampo foi organizado com participação dos produtores rurais e jovens agricultores da região atendida. Foram as comunidades e os assentamentos que selecionaram os jovens para o projeto.
As exigências da universidade, diz Márcio Caniello, é que os alunos fossem camponeses e alfabetizados. Da universidade estão envolvidos professores e alunos do departamento de ciências sociais, da pós-graduação em sociologia, da secretaria de projetos estratégicos da reitoria e da pró-reitoria de extensão. As aulas teóricas e de campo são dadas em tempo integral, às sextas-feiras e aos sábados, na Escola Agrotécnica de Ensino Fundamental de Sumé e nas propriedades das comunidades do projeto.
O projeto-piloto aconteceu em três ciclos: de setembro a dezembro de 2003, eles se dedicaram ao estudo da identidade camponesa; em 2004, desenvolveram quatro projetos de pesquisa sobre os recursos naturais da região; e, em 2005, construíram projetos produtivos, entre os quais se destacam o turismo rural, a plantação da palma forrageira, criação de galinha caipira e a suinocultura rústica. Todas estas áreas, disse Caniello, são de domínio dos agricultores, mas a elas a universidade agregou novos conhecimentos. O processo visa resgatar o modo de vida e de produção da região, bem como fomentar o desenvolvimento econômico e o respeito à cultura. Hoje, diz o coordenador, os alunos que estão terminando o curso assumem posições deliberativas e consultivas nos conselhos e fóruns que tratam das suas atividades. São líderes nas comunidades e participam da definição das políticas públicas dos municípios. Veja o programa do fórum da UniCampo.
Cariri – O Cariri paraibano é localizado no sul do estado e é formado por 29 municípios, dos quais destacam-se Sumé, Monteiro, Taperoá, Serra Branca e Cabeceiras. Tem uma população de mais de 160 mil pessoas e seu clima é típico do semi-árido. O município de Sumé está a 250 quilômetros de João Pessoa e a 130 quilômetros de Campina Grande.
Repórter: Ionice Lorenzoni