Escola que Protege forma professores para combater violência contra crianças e adolescentes
Na cerimônia que marcou a passagem do Dia Nacional de Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, realizada nesta quinta-feira, 18, no Ministério da Justiça, o ministro da Educação, Fernando Haddad, falou sobre a importância do projeto Escola que Protege. O programa, lançado na última segunda-feira, vai formar professores e profissionais da rede de proteção infanto-juvenil para prevenir e atuar em casos de violência contra crianças e adolescentes.
"Vamos ensinar o professor a identificar casos de exploração e também como agir para resolver o problema", explicou Haddad. Segundo ele, se os 2,2 milhões de professores da educação básica estiverem capacitados, eles podem ser responsáveis pela redução dos índices de violência contra crianças e adolescentes. As aulas do curso começam no dia 5 de junho e terão duração de dois meses, com carga horária de 60 horas a distância e 20 horas presenciais.
Além do Escola que Protege, Fernando Haddad lembrou que o acompanhamento da freqüência escolar dos alunos do Bolsa-Família é outra ação relacionada com a prevenção da exploração infantil. "Incluímos no acompanhamento da freqüência as razões para as faltas à escola e descobrimos que a violência doméstica, o abuso sexual e a negligência dos pais são as principais causas da falta de freqüência", enumerou.
Para a senadora Patrícia Saboya (PSB-CE), que presidiu a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes do Congresso Nacional, atualmente é possível comemorar alguns avanços, apesar do problema ainda atingir milhares de crianças em todo o país. "Hoje as crianças são seduzidas cada vez mais cedo para o mundo das drogas e do tráfico de menores", disse.
O Ministério da Saúde aproveitou a solenidade para lançar o Marco Teórico Referencial da Saúde Sexual e Reprodutiva do Jovem e do Adolescente. Será publicado um caderno temático, com uma coletânea de artigos de especialistas em direitos humanos, que será encaminhado a educadores e profissionais que trabalham com a temática.
Experiência - Uma jovem de 20 anos de Brasília, que não quis ser identificada, foi vítima de abuso sexual do pai. "Ele começou a me violentar aos nove anos, mas só aos 14 tive coragem de denunciá-lo na escola", conta. Ela disse que só a partir da denúncia o pai foi preso e a mãe ficou sabendo da situação. Este ano, após seis anos na cadeia, o pai será solto.
A jovem participou junto com outras 1.500 crianças e adolescentes de uma manifestação no Congresso Nacional contra a violência e a exploração sexual infanto-juvenil.
Repórter: Flavia Nery