Ministério inaugura turma de curso bilíngüe do Ines
Na sexta-feira passada, 30, foi realizada a aula inaugural do primeiro curso de magistério superior bilíngüe português/Língua Brasileira de Sinais (Libras) do país. O curso será ministrado pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), órgão do Ministério da Educação, para alunos surdos e ouvintes. Foram abertas 60 vagas, das quais 43 foram preenchidas por pessoas sem problemas auditivos, o que reflete a pequena proporção de surdos da sociedade brasileira.
O evento teve a presença de Claudia Dutra, secretária de Educação Especial (Seesp/MEC), e de Nelson Maculan, secretário de Educação Superior (SESu/MEC). Também estiveram presentes integrantes da comunidade surda brasileira e o professor William Michael Kemp, da Universidade Gaulladet, Estados Unidos.
A instituição norte-americana foi, por muitos anos, a única daquele país a oferecer cursos para surdos, mas isso mudou após a obrigação de contratar intérpretes de linguagens de sinais em todas as universidades, instituída durante o governo de George Bush, pai do atual presidente. As outras instituições passaram a oferecer vagas para os candidatos surdos. O Ines pretende seguir a mesma linha e ampliar o acesso dos surdos aos demais cursos ofertados.
Aprendizado – “O curso bilíngüe é muito importante porque o português é a língua oficial do país e o uso de Libras favorece o aprendizado e a compreensão dos conteúdos curriculares. Os surdos passam a ter o seu potencial reconhecido e podem trabalhar diretamente com crianças, ensinando a língua de sinais”, diz Marlene Gotti, assessora técnica da Coordenação de Educação Especial da Seesp.
Segundo ela, há 20 anos era bem mais restrito o acesso de surdos ao nível superior, mas hoje há um grande número deles fazendo cursos de graduação e pós-graduação em várias disciplinas. O curso bilíngüe contará com intérpretes de Libras/língua portuguesa e em cada semestre será trabalhado um bloco temático, que discutirá noções de escola, cultura e sociedade e concepções sobre criança, entre outros temas. O objetivo é formar professores para atuar na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental capazes de se posicionarem de forma social, histórica e cultural.
Raquel Maranhão Sá