Portal do Governo Brasileiro
Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Todas as notícias > É bola na rede na programação da TV Escola desta sexta-feira
Início do conteúdo da página
Conferência indígena

Participantes sugerem um tipo de educação para cada etnia

  • Quarta-feira, 18 de novembro de 2009, 15h59
  • Última atualização em Quarta-feira, 18 de novembro de 2009, 15h59
Foto: Fabiana Carvalho/MECLuziânia (GO) – Uma educação que não mude tradições, costumes e jeito de ser. Este é o principal pleito dos 600 representantes indígenas presentes à 1ª Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, que ocorre em Luziânia (GO) até a próxima sexta-feira, 20.

“Há 247 povos e 247 desafios a serem superados no que se refere à educação escolar indígena”, afirma o professor Joaquim Maná, do povo huni cuin, também chamado de caxinauá, no Acre. “Essa conferência não acontece por acaso. Ela vai ajudar a definir quem somos nós, o que queremos ensinar e aprender”, acrescenta.

Na visão do professor, todos os projetos político-pedagógicos das escolas indígenas precisam ser revisados após a conferência. “Entre os vários aspectos, devemos rever o modo de avaliação dos alunos e incentivar a participação dos sábios das aldeias no ensino”. Maná é um dos que defendem um sistema escolar próprio para os indígenas.

A estruturação da rede física das escolas e a valorização do magistério indígena são outros desafios colocados por Ricardo Weibe, representante do povo tapeba, do Ceará. “O professor indígena precisa de um pessoal de apoio, porque, muitas vezes, ele é polivalente: dá aula e faz a merenda”, exemplifica. Outra proposta relatada por Weibe, que também é professor, é a regularização de escolas indígenas, para que possam emitir certificados, diplomas e facilitar a transferência de alunos quando necessário.

Para fortalecer o controle social, os representantes dos povos propuseram a criação de um conselho nacional da educação escolar indígena e a participação de indígenas no Conselho Nacional de Educação, nos conselhos estaduais e municipais do Fundeb, bem como na área de alimentação escolar e nos conselhos tutelares.

A criação de um sistema nacional da educação escolar indígena também está entre as proposições dos participantes da conferência. A proposta é que o sistema contemple toda a diversidade cultural, a participação das comunidades nos processos decisórios, possua regras próprias de financiamento e tenha ligação com os conselhos estaduais e municipais.

Rosa Helena Dias, professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), concorda que uma nova estrutura escolar e um financiamento adequado podem garantir uma educação escolar indígena de qualidade. “As práticas educativas de cada povo existem, têm muita força e precisam ser acolhidas pela pedagogia escolar”, ressalta. “Os indígenas têm direito a uma educação diferente, que não significa desigual, mas própria.”

Entre os temas a serem debatidos na conferência até a sexta-feira estão as políticas, a gestão e o financiamento da educação escolar indígena. A partir de cada tema apresentado nas palestras, os participantes se reúnem em grupos menores para discutir o assunto e propor medidas a favor da melhoria do ensino.

Letícia Tancredi
X
Fim do conteúdo da página