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Educação infantil

Pais e professores transformam escola de periferia em exemplo na educação

  • Terça-feira, 22 de maio de 2007, 13h01
  • Última atualização em Quarta-feira, 25 de julho de 2007, 08h19

Próxima a palafitas, barracos e ruas com calçamento precário, a Escola Municipal Primeiro de Maio é o único colégio público de Massaranduba, bairro pobre na periferia de Salvador (BA). A escola atende 314 crianças, entre 4 e 12 anos. “A maioria vem de famílias carentes. Quando têm trabalho, os pais são carpinteiros, pedreiros, pintores, e a maior parte não completou o ensino médio”, informa a diretora da escola, Simone de Jesus.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2004, só 17% das mães da região têm ensino médio completo. O analfabetismo funcional — pessoas que estudaram pouco tempo e não conseguem interpretar o que lêem — chega a 15% na zona urbana. E o Índice de Educação Básica (Ideb), que combina critérios de desempenho e freqüência dos alunos, na 4ª série do ensino fundamental da rede pública baiana é 2,5. A média brasileira é 4.

O entorno social poderia levar a crer que é baixo o desempenho das crianças da escola Primeiro de Maio. Mas não é. Mesmo sem biblioteca, sem computador, sem laboratório ou até sem pátio coberto, o estudante dessa escola está acima da média nacional em leitura e matemática.

O estudo Aprova Brasil, feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o MEC, cruzou dados socieconômicos da Pnad com o desempenho dos alunos avaliados pela Prova Brasil de 2005. O exame avalia o desempenho de leitura e matemática de crianças e adolescentes da 4ª e 8ª série do ensino fundamental da rede pública. O cruzamento dos dados descobriu 33 escolas em que os alunos se destacaram em condições tipicamente desfavoráveis.

Cada uma das 33 escolas encontrou formas próprias de superar as dificuldades. Em todas, o trabalho em equipe, que une direção, professores, pais e alunos, foi destacado como fator fundamental para o sucesso do aprendizado. A escola Primeiro de Maio, que oferece turmas do pré à 4ª série, é uma dessas 33 escolas.

Depois de reconhecida pelo estudo, a escola virou orgulho da comunidade e até ganhou da prefeitura uma reforma. “A gente ficou tão feliz quando a escola ganhou uma reforma, estava feia, não tinha nada. Ainda falta muita coisa, mas a reforma deu brilho. Ela estava muito esquecida. É uma escola simples e humilde, mas tem informações de gente grande”, define Joel Souza Santos, músico e pai de quatro filhos, dos quais três estão na Primeiro de Maio. Segundo a professora Creusa de Oliveira, da 3ª série, a reforma permitiu individualizar as salas, antes separadas com divisórias de madeira fina e de baixa estatura. Além disso, a escola ganhou pintura nova, um aparelho de DVD, uma televisão e um freezer.

Mas a divisão das salas também trouxe inconvenientes. “Antes a gente tirava as divisórias e usava o espaço para fazer encontro de pais e comemorações”, reclama a diretora. “Onde vai ser a formatura dos meninos?”, pergunta a mãe Clotilde de Santana. O pátio da escola não tem cobertura e, por isso, a festa da páscoa precisou ser feita na pequena área externa, sem sombra, “debaixo de um sol de 35 graus”, contam as professoras.

Falta espaço também dentro das salas de aulas. O ambiente de cada uma das cinco salas fica apertado para acomodar, em média, 30 crianças. Diretora e professoras trabalham como podem. Como não há sala de leitura, a idéia de Simone é montar um “corredor da leitura”. Agora só falta conseguir os livros. “O que temos são livros didáticos e paradidáticos para os professores pesquisarem”, explica Simone.

Sem palco para teatro, o jeito foi mudar o estilo dos espetáculos. Os alunos passaram a apresentar teatro de fantoches, num palco ambulante que ocupa pouco espaço e pode visitar todas as salas. Sem tela para pintura, o professor voluntário de artes pediu aos alunos que improvisassem com fundos de guarda-roupa. E um mimeógrafo a álcool, aparelho desconhecido dos jovens, foi a solução encontrada para fazer cópias de provas e textos, já que a impressora não cabia no orçamento.

É com boas práticas como essas que a Escola Municipal Primeiro de Maio consegue promover a qualidade da educação e mostrar que é possível haver bom desempenho, mesmo em regiões pobres e desfavorecidas.

Maria Clara Machado

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