Cefets fazem parceria com empresas
Diante da necessidade de encontrar profissionais bem qualificados, empresas de grande porte, como a Vale do Rio Doce, a Petrobrás e a Sadia estão estabelecendo parcerias com os centros de educação profissional e tecnológica (Cefets). A intenção é aproveitar a estrutura dos Cefets — capazes de oferecer ensino de qualidade — e formar mão-de-obra para atender à crescente demanda das indústrias, carentes de trabalhadores com sólida formação técnica e profissional.
Para o estudante do curso de ferrovias do Cefet do Espírito Santo, Felipe Ludovico de Jesus, a recente valorização do curso técnico é reflexo do crescimento econômico. “A minha opção pelo curso técnico em ferrovias é um sonho que passa a se tornar mais real à medida que encontro em sala de aula conteúdos e informações vitais para a minha inserção no mercado de trabalho”, diz. “Com a formação em ferrovias, poderei trabalhar em qualquer lugar do país neste setor”, acredita Felipe, que iniciará o estágio na Vale neste semestre.
O curso técnico em ferrovias resulta de parceria — fechada em 2006 — entre o Cefet do Espírito Santo e a Vale. A empresa investiu R$ 6 milhões na construção e aparelhamento das instalações e capacitação de docentes na unidade de ensino de Cariacica. “O curso foi elaborado com o auxílio de especialistas que trabalham na área de ferrovias da Vale”, explica o diretor da escola de Cariacica, Lodovico Ortlieb Faria.
De acordo com Faria, a estrutura do curso foi concebida a partir das necessidades e experiências operacionais do setor produtivo da Vale e dos arranjos produtivos locais da região de Cariacica. O município é um pólo logístico que abriga empresas prestadoras de serviços, áreas para consolidação e desconsolidação de cargas, alojamentos, refeitórios e estacionamento de caminhões com cargas destinadas ao porto de Vitória.
Campos — Outra parceria de sucesso ocorre entre o Cefet Campos (RJ) e a Petrobrás, que oferece reforço à formação dos alunos por meio de seu programa de estágio, em que o aluno é capacitado para trabalhar nas áreas de química, segurança do trabalho, eletromecânica, automação industrial, instrumentação, manutenção, soldagem e mecânica. De acordo com o analista de recursos humanos da Petrobrás, Edimar Chagas, muitos desses alunos são contratados por empresas que prestam serviços à Petrobrás ou são aprovados em concurso público. “No caso dos alunos do Cefet Campos que fizeram estágio na Petrobrás, 95% estão atuando no mercado de trabalho e na área de formação.”
É o que ocorreu com o ex-aluno do curso técnico em manutenção industrial, Cleumir Ferreira Júnior. Para ele, o Cefet permitiu que, mesmo numa cidade pequena, tenha tido acesso ao mercado de trabalho. “Hoje, posso dizer que sou um profissional reconhecido e qualificado, em virtude do meu esforço e da oportunidade que o Cefet me ofereceu”, afirma. Após o estágio na empresa, Cleumir conseguiu o cargo de técnico de manutenção industrial em uma das bases da Petrobrás-Macaé.
Concórdia — A qualidade do ensino da Escola Agrotécnica de Concórdia (SC) chamou a atenção da Sadia. Desde sua criação, a escola ministra cursos técnicos voltados para agricultura, zootecnia, agroindústria e áreas afins, e a Sadia resolveu investir na preparação de mão-de-obra qualificada com apoio da instituição. “A Sadia aparelhou há dois anos um aviário-escola que é utilizado para que os alunos implementem na prática o conhecimento adquirido em sala de aula”, relata a coordenadora de integração escola-comunidade da agrotécnica, Alessandra Portolan.
Além da Sadia, que requisita profissionais do curso técnico em agropecuária para trabalhar nas áreas de extensão, fomento e assistência técnica; e tecnólogo em alimentos para atuar no controle de qualidade e laboratórios, outras empresas e cooperativas também absorvem alunos da instituição. Para a coordenadora, ao ingressar no mercado de trabalho com a formação de cursos voltados para as necessidades das agroindústrias, como por exemplo o tecnólogo de alimentos e o técnico em agropecuária, a escola dá um grande passo rumo ao desenvolvimento de profissionais capacitados. “Nossa região compreende um pólo agroindustrial e, sendo esse o objetivo do aluno, ele pode ter estágio e até emprego assegurado após formado”, diz.
Marco Aurélio Alves Fraga