Começa especialização em saúde indígena
Médicos, enfermeiros e dentistas de seis municípios do Amazonas, Mato Grosso e Tocantins iniciam na próxima segunda-feira, 13, um curso a distância de especialização em saúde indígena, o primeiro nesta modalidade aberto no país. A especialização vai atender 240 profissionais que já trabalham com saúde indígena nessas localidades, selecionados entre 900 inscritos.
Ministrado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com a Universidade Aberta do Brasil (UAB) e com os municípios de Manacapuru, Maués e Lábrea (AM), São Félix do Araguaia e Juara (MT), e Palmas (TO), o curso vai qualificar profissionais da saúde que prestam serviço a cerca de 50 povos que vivem nos seis municípios e no entorno. Para o médico Douglas Rodrigues, coordenador do curso, é importante que os profissionais que trabalham na área compreendam que estão lidando com outras culturas, outras visões de mundo e com concepções diferentes das nossas sobre o processo saúde-doença.
A antropologia, que não está presente na graduação dos profissionais de saúde brasileiros, será um dos cinco capítulos do curso. Essa disciplina, explica Douglas Rodrigues, ajudará os profissionais a entender a visão indígena do processo saúde-doença e a estabelecer um diálogo intercultural e uma troca de conhecimentos e procedimentos.
O projeto pedagógico compreende cinco disciplinas, desenvolvidas em módulos, que somam 420 horas de estudo. O curso será na plataforma Moodle, com apoio de tutores, de materiais de estudo virtuais e impressos, e de seis pólos vinculados à Universidade Aberta do Brasil, equipados com laboratórios de informática, computadores, internet e biblioteca. O curso vai de 13 de outubro deste ano a 13 de novembro de 2009.
Em 13 meses, os participantes da especialização vão estudar as políticas e a organização dos serviços de saúde indígena; antropologia e saúde; intervenções clínicas – principais doenças que acometem a população indígena, programas de saúde da criança, da mulher, do adulto e do idoso, e a saúde da boca; epidemiologia aplicada; processos educativos em saúde indígena. A última etapa do curso será uma monografia. Para obter o certificado de especialização em saúde indígena, o aluno precisa alcançar, no mínimo, 70 pontos em todas as disciplinas, entregar o trabalho de conclusão do curso e participar da avaliação presencial.
Experiência – A Universidade Federal de São Paulo tem 43 anos de experiência no campo da saúde indígena. Desenvolve no Parque do Xingu, em Mato Grosso, desde 1965, programas de formação profissional, assistência e promoção da saúde e faz pesquisas. Atua também no Ambulatório do Índio, em São Paulo; produz pesquisas sobre intervenção, monitoramento, avaliação e promoção da saúde com cerca de 20 povos do Alto Rio Negro (AM) e os povos guarani e pancararu, em São Paulo, e com os xavantes, no interior de Mato Grosso. A Unifesp participou das duas chamadas públicas da UAB e teve aprovados cinco cursos a distância, sendo três especializações na área de saúde, uma de informática em saúde e um curso de aperfeiçoamento em oftalmologia.
Ionice Lorenzoni