Projeto Escolas de Fronteira amplia carga horária
A partir de agosto, os alunos da 1ª série do ensino fundamental do Brasil e da Argentina, que participam do projeto-piloto de escolas bilíngües em áreas de fronteira no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, terão oito horas-aula de espanhol ou de português por semana. Desde março, quando o projeto começou, as turmas têm três horas de aula por semana na fronteira de Uruguaiana (RS) e Paso de Los Libres (Argentina) e seis horas de aula em Dionísio Cerqueira (SC) e Bernardo Irigoyen (Argentina).
A experiência tem, entre outros objetivos, o de criar currículo comum para o ensino bilíngüe em zonas de fronteira. Segundo a secretária municipal de Educação de Uruguaiana, Denise Bibiano – cuja Escola de Ensino Fundamental Centro de Atendimento Integral à Criança participa do projeto –, professores e alunos fazem atividades com entusiasmo.
Os estudantes do Brasil têm maior dificuldade de aprender o espanhol do que os argentinos de aprender o português. Os motivos, explica ela, são três: os argentinos recebem maior influência do Brasil por causa dos programas de TV e rádio vistos e ouvidos na fronteira, o que favorece o contato com a língua; os argentinos, no projeto, têm dois anos de escolarização e a maioria lê e escreve – na Argentina, o ensino obrigatório começa aos cinco anos, enquanto no Brasil é aos sete anos; e os alunos de Paso de Los Libres moram no centro da cidade, têm maior poder aquisitivo, enquanto que os brasileiros moram em bairros da periferia de Uruguaiana.
Trocas – O processo de revezamento de professores brasileiros e argentinos nas escolas da experiência-piloto ocorre uma vez por semana em turmas da 1ª série do ensino fundamental. Nas escolas de Uruguaiana e Paso de Los Libres participam três professores brasileiros e três argentinos que trabalham com 150 alunos. Os estudantes trocam informações e fazem pesquisas sobre datas cívicas, comemorativas, cultura e festas tradicionais dos dois países. Este mês, os alunos vão pesquisar sobre a origem e como são as festas juninas no Brasil, algo que não ocorre na Argentina.
Por motivos burocráticos, diz a coordenadora do projeto no Ministério da Educação da Província de Corrientes, Letícia Ortiz, os alunos dos dois países ainda não puderam atravessar a fronteira para participar das atividades e festas. “Só os professores do projeto têm mobilidade”, explica.
Em 2006, o projeto nas quatro escolas vai ser estendido a estudantes da 1ª, 2ª e 3ª série do ensino fundamental. Para preparar a ampliação, de 2 a 5 de agosto, no Caic, em Uruguaiana, os ministérios da Educação dos dois países, coordenadores e professores participarão de seminário de formação e avaliação. Em pauta, debates sobre o modelo de escola bilíngüe em execução, vivência dos professores e a pedagogia do projeto.
O projeto, com origem na declaração dos ministros da Educação, Ciência e Tecnologia da Argentina, Daniel Filmus, e da Educação do Brasil, Tarso Genro, firmada em Buenos Aires, em junho de 2004, prevê o estudo das duas línguas e a troca de experiências entre alunos e professores das escolas brasileiras e argentinas. Os objetivos são reforçar o aprendizado, uma vez que a maioria dos alunos das escolas de fronteira tem contato com a língua falada pelos países e fortalecer os laços de amizade no Mercosul.
Escolas – Para facilitar o intercâmbio na experiência-modelo, Brasil e Argentina optaram por desenvolver o trabalho em escolas de municípios limítrofes. Assim, o Caic no município de Uruguaiana e a Escola Vicente Eladio Verón, de Paso de Los Libres, província de Corrientes, estão trocando informações. O mesmo modelo se desenvolve entre Santa Catarina e a província de Misiones, na Argentina. Lá participam a Escola Estadual Básica Theodureto de Faria Souto, em Dionísio Cerqueira (SC), e a Escola Mayor Juan Carlos Leonetti, município de Bernardo Irigoyen.
Repórter: Ionice Lorenzoni