Alimentação escolar terá parâmetros nutricionais brasileiros
O Brasil terá, a partir de dezembro, parâmetros próprios para avaliar o estado alimentar e nutricional da população escolar. Atualmente, são usados parâmetros norte-americanos, incompatíveis com a cultura alimentar brasileira. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), gestor do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), constituiu grupo de trabalho com o objetivo de analisar e avaliar os valores de referência de ingestão dietética, propondo sua adequação por faixa etária das séries escolares.
Os valores de referência de ingestão dietética são utilizados no planejamento e avaliação de dietas para pessoas saudáveis. Eles incluem os valores de ingestão mínima necessária para atingir necessidades nutricionais do indivíduo e os limites superiores que, aparentemente, não oferecem riscos à saúde. “A adequação dos valores à alimentação escolar permitirá que os nutricionistas elaborem cardápios que atinjam 15% das necessidades nutricionais diárias das crianças em idade escolar, como determina o Pnae”, afirma a nutricionista Albaneide Peixinho, coordenadora-geral do programa.
Segundo a nutricionista Lorena Chaves, técnica do Pnae, “ao fazer o planejamento dietético da alimentação escolar baseado em metas para o consumo médio da população escolar, será possível diminuir a carência ou o excesso de energia e nutrientes, atuando-se na prevenção de doenças de caráter nutricional, como obesidade e desnutrição e anemia por falta de ferro”. O grupo é formado por técnicos do FNDE, do Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Associação Brasileira de Nutrição e universidades Católica de Brasília, Federal de Viçosa e UnB.
Pesquisa — O FNDE está envolvido, ainda, na elaboração da Pesquisa Nacional de Consumo Alimentar e Perfil Nutricional, que vai estudar o impacto do Pnae sobre o estado nutricional dos estudantes do ensino fundamental. Serão avaliados os cardápios elaborados pelas escolas, sua aceitabilidade e a adequação do consumo às necessidades nutricionais dos alunos. Também se buscará identificar a eficiência e a efetividade do programa.
A pesquisa foi idealizada pelo FNDE e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e será executada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Participam do trabalho, ainda, o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
Repórter: Lucy Cardoso