ProUni
Amigos da Vila. É esse o nome de um projeto social vitorioso, iniciado por Pierre Julian Rodrigues e mais dois colegas bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni) do curso de medicina da Faculdade Novafapi, em Teresina, Piauí. O projeto começou na Vila Ladeira do Uruguai, onde Pierre e outros cinco bolsistas alugaram uma casa por R$ 180,00, em 2005. “Trinta reais era o máximo que cada um podia pagar”, diz Pierre, que conclui a medicina este ano.
A intervenção social na comunidade onde foram morar foi imediata. Violência, desemprego, prostituição, saúde precária, a lista de problemas dos vizinhos dos universitários fez com que eles corressem atrás de soluções. Foram ao Sesc e ao Senac, à igreja e ao prefeito, em busca de parcerias.
Com os parceiros, montaram ambulatório, escola de dança, banda de hip hop, abriram cursos para qualificação profissional dos moradores da vila. Com o prefeito conseguiram asfaltar ruas e transferir 40 famílias que viviam em condições sub-humanas. “A gente está tão dentro da comunidade”, diz Pierre, “que até os presidiários pediram nossa ajuda”. Estudantes de direito dão assistência jurídica no presídio local.
Na vida dos universitários cabem aulas, laboratório de práticas, pesquisas, provas e participação no cotidiano da comunidade. Mas não fica nisso. A parceria com a igreja levou os bolsistas, em 2009, a ampliar o projeto para o Pará e o Maranhão. Fora de Teresina, o Amigos da Vila se chama Novos Horizontes e o grupo inicial de três bolsistas do ProUni tem hoje 60 universitários de várias áreas do conhecimento.
O projeto Novos Horizontes chegou a Santarém, no Pará, e Parnarama e Bacabal, no Maranhão, onde os universitários trabalham com comunidades ribeirinhas. Participam bolsistas de medicina, odontologia, engenharia, enfermagem, artes, entre outros.
Médico do povo – Estudante do 6º ano de medicina, 29 anos, Pierre Julian Rodrigues é de São Bento do Una (PE), mas estuda em Teresina, a 1.100 quilômetros da casa dos pais, a quem visita uma vez por ano. Tem bolsa integral do ProUni e bolsa permanência de R$ 300,00 por mês. Ele conseguiu a bolsa com a nota 84,55 nas provas do Enem de 2004. Como em 2005 o ProUni era pouco conhecido em São Bento do Una, foi a irmã gêmea de Pierre, Cíntia Kelly, que o cadastrou no programa. Ela fez cadastros para cursos de medicina em Teresina, Curitiba e Juazeiro. Pierre foi chamado para a Faculdade Novafapi, em Teresina.
O estudante explica que tipo de médico será: “Médico do povo. Vou fazer o máximo para retribuir com trabalho aos que pagaram meus estudos”. Na residência médica pretende fazer oncologia ou geriatria.
Boas notas – Wilson Vilela fez 31 vestibulares para o curso de medicina em instituições públicas de ensino, antes de conseguir a bolsa do ProUni, em 2005. Tentou vaga nas universidades federais de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, em todas as federais de Minas Gerais, na Universidade de Brasília, entre outras.
A família de Wilson reside em Bom Jardim de Goiás, cidade goiana na divisa com Mato Grosso, mas ele estuda na Faculdade de Ciências do Planalto, no Gama, Distrito Federal. O estudante fez o ensino fundamental em escola pública e todo o ensino médio em escola particular com bolsa integral. Como tinha boas notas, conseguiu bolsas para o curso completo de inglês e para um ano e meio de cursinho preparatório do vestibular.
Com nota de 92 pontos no Enem de 2004, Wilson entrou no curso de medicina em agosto de 2005. Ele é bolsista integral do ProUni e recebe também a bolsa permanência. No final do curso, Wilson diz que deseja trabalhar no Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Rondonópolis (MT). Se passar na residência médica, fará especialização em cirurgia vascular ou gástrica.
Filho de um produtor de leite, Wilson explica que seu pai é “deslumbrado” com o ProUni, programa que permitiu a ele, Wilson, e a seu irmão, Lucas, estudarem medicina gratuitamente. Lucas faz medicina em Paracatu (MG) desde 2007.
Alan de Sousa Lira aprendeu a ler sozinho aos quatro anos de idade, aos 15 anos concluiu o ensino médio e aos 21 termina o curso de medicina. Nasceu em Floriano (PI), o pai é pedreiro, está aposentado há dez anos depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) e ficar com sequela de um lado do corpo. A mãe trabalha em casa.
Calor – Alan entrou na escola pública aos cinco anos, e dos seis aos oito anos estudou com bolsa em escola particular, mas como é negro e não se vestia no padrão dos colegas, sofria preconceito. A mãe achou melhor voltar para a escola pública. Fez o ensino médio em uma unidade descentralizada do Cefet Piauí, no município de Floriano.
Em 2004, aos 15 anos, fez o Enem e obteve 93 pontos, numa escala até cem. Menor de idade, sem CPF e sem conhecer a cidade de Teresina, Alan diz que conseguiu organizar os papéis no último dia de inscrição do ProUni por insistência da mãe. “Sem dinheiro para pagar a passagem de ônibus, nesse dia andei a pé duas horas no calor de Teresina, mas valeu a pena”, diz.
Em agosto de 2005, antes de completar 16 anos, Alan ingressou no curso de medicina da Novafapi. No final de 2010, quando completar 21 anos, Alan de Sousa Lira será médico. “Vou converter essa trajetória em trabalho para as comunidades de Floriano”, explica. “Não busco status e condição financeira, mas o valor do ser humano. Serei um médico que ouve as pessoas.”
Seminário – Os estudantes de medicina Pierre, Wilson e Alan participam em Brasília, nesta quarta-feira, 30 e amanhã, 1º de julho, do seminário Perspectivas Profissionais na Área de Saúde, promovido pelos ministérios da Educação e da Saúde. O evento reúne os 230 primeiros bolsistas do Programa Universidade para Todos que concluem cursos de medicina em 2010. Em todo o país, 4.482 estudantes cursam medicina com bolsas integrais do ProUni, conforme tabela.
Ionice Lorenzoni
Projeto de assistência social une estudantes de medicina

A intervenção social na comunidade onde foram morar foi imediata. Violência, desemprego, prostituição, saúde precária, a lista de problemas dos vizinhos dos universitários fez com que eles corressem atrás de soluções. Foram ao Sesc e ao Senac, à igreja e ao prefeito, em busca de parcerias.
Com os parceiros, montaram ambulatório, escola de dança, banda de hip hop, abriram cursos para qualificação profissional dos moradores da vila. Com o prefeito conseguiram asfaltar ruas e transferir 40 famílias que viviam em condições sub-humanas. “A gente está tão dentro da comunidade”, diz Pierre, “que até os presidiários pediram nossa ajuda”. Estudantes de direito dão assistência jurídica no presídio local.
Na vida dos universitários cabem aulas, laboratório de práticas, pesquisas, provas e participação no cotidiano da comunidade. Mas não fica nisso. A parceria com a igreja levou os bolsistas, em 2009, a ampliar o projeto para o Pará e o Maranhão. Fora de Teresina, o Amigos da Vila se chama Novos Horizontes e o grupo inicial de três bolsistas do ProUni tem hoje 60 universitários de várias áreas do conhecimento.
O projeto Novos Horizontes chegou a Santarém, no Pará, e Parnarama e Bacabal, no Maranhão, onde os universitários trabalham com comunidades ribeirinhas. Participam bolsistas de medicina, odontologia, engenharia, enfermagem, artes, entre outros.
Médico do povo – Estudante do 6º ano de medicina, 29 anos, Pierre Julian Rodrigues é de São Bento do Una (PE), mas estuda em Teresina, a 1.100 quilômetros da casa dos pais, a quem visita uma vez por ano. Tem bolsa integral do ProUni e bolsa permanência de R$ 300,00 por mês. Ele conseguiu a bolsa com a nota 84,55 nas provas do Enem de 2004. Como em 2005 o ProUni era pouco conhecido em São Bento do Una, foi a irmã gêmea de Pierre, Cíntia Kelly, que o cadastrou no programa. Ela fez cadastros para cursos de medicina em Teresina, Curitiba e Juazeiro. Pierre foi chamado para a Faculdade Novafapi, em Teresina.
O estudante explica que tipo de médico será: “Médico do povo. Vou fazer o máximo para retribuir com trabalho aos que pagaram meus estudos”. Na residência médica pretende fazer oncologia ou geriatria.
Boas notas – Wilson Vilela fez 31 vestibulares para o curso de medicina em instituições públicas de ensino, antes de conseguir a bolsa do ProUni, em 2005. Tentou vaga nas universidades federais de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, em todas as federais de Minas Gerais, na Universidade de Brasília, entre outras.
A família de Wilson reside em Bom Jardim de Goiás, cidade goiana na divisa com Mato Grosso, mas ele estuda na Faculdade de Ciências do Planalto, no Gama, Distrito Federal. O estudante fez o ensino fundamental em escola pública e todo o ensino médio em escola particular com bolsa integral. Como tinha boas notas, conseguiu bolsas para o curso completo de inglês e para um ano e meio de cursinho preparatório do vestibular.
Com nota de 92 pontos no Enem de 2004, Wilson entrou no curso de medicina em agosto de 2005. Ele é bolsista integral do ProUni e recebe também a bolsa permanência. No final do curso, Wilson diz que deseja trabalhar no Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Rondonópolis (MT). Se passar na residência médica, fará especialização em cirurgia vascular ou gástrica.
Filho de um produtor de leite, Wilson explica que seu pai é “deslumbrado” com o ProUni, programa que permitiu a ele, Wilson, e a seu irmão, Lucas, estudarem medicina gratuitamente. Lucas faz medicina em Paracatu (MG) desde 2007.
Alan de Sousa Lira aprendeu a ler sozinho aos quatro anos de idade, aos 15 anos concluiu o ensino médio e aos 21 termina o curso de medicina. Nasceu em Floriano (PI), o pai é pedreiro, está aposentado há dez anos depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) e ficar com sequela de um lado do corpo. A mãe trabalha em casa.
Calor – Alan entrou na escola pública aos cinco anos, e dos seis aos oito anos estudou com bolsa em escola particular, mas como é negro e não se vestia no padrão dos colegas, sofria preconceito. A mãe achou melhor voltar para a escola pública. Fez o ensino médio em uma unidade descentralizada do Cefet Piauí, no município de Floriano.
Em 2004, aos 15 anos, fez o Enem e obteve 93 pontos, numa escala até cem. Menor de idade, sem CPF e sem conhecer a cidade de Teresina, Alan diz que conseguiu organizar os papéis no último dia de inscrição do ProUni por insistência da mãe. “Sem dinheiro para pagar a passagem de ônibus, nesse dia andei a pé duas horas no calor de Teresina, mas valeu a pena”, diz.
Em agosto de 2005, antes de completar 16 anos, Alan ingressou no curso de medicina da Novafapi. No final de 2010, quando completar 21 anos, Alan de Sousa Lira será médico. “Vou converter essa trajetória em trabalho para as comunidades de Floriano”, explica. “Não busco status e condição financeira, mas o valor do ser humano. Serei um médico que ouve as pessoas.”
Seminário – Os estudantes de medicina Pierre, Wilson e Alan participam em Brasília, nesta quarta-feira, 30 e amanhã, 1º de julho, do seminário Perspectivas Profissionais na Área de Saúde, promovido pelos ministérios da Educação e da Saúde. O evento reúne os 230 primeiros bolsistas do Programa Universidade para Todos que concluem cursos de medicina em 2010. Em todo o país, 4.482 estudantes cursam medicina com bolsas integrais do ProUni, conforme tabela.
Ionice Lorenzoni
Assunto(s):
Educação superior
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ProUni