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Educação superior

Projeto da UFRN pode impedir a desertificação da caatinga

  • Segunda-feira, 26 de junho de 2017, 18h20
  • Última atualização em Segunda-feira, 26 de junho de 2017, 18h30

A técnica desenvolvida pelo Centro de Biociências da UFRN multiplicou o índice de sobrevivência das plantas (Foto: Marcos Neruber) Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveu um projeto que pode frear o processo de desertificação na região da caatinga, que hoje atinge pelo menos 16% desse rico bioma, presente em vários estados nordestinos e norte de Minas Gerais. O trabalho, sob coordenação da professora de ecologia Gislene Ganade, do Centro de Biociências, começou há quatro anos, em uma área de 3,5 hectares da Floresta Nacional de Açu, no interior do estado.

A equipe coordenada pela professora Gislene pesquisou vários métodos de reflorestamento e o que trouxe melhor resultado consiste na utilização de um cano de PVC para plantio de sementes e mudas. O cano, que tem no final um pequeno reservatório de água, fica por um tempo numa estufa. A técnica permite à planta crescer e, quando a raiz atinge um metro de extensão, a planta é levada para o local definitivo, quando o cano é retirado.

“O alongamento da raiz traz a possibilidade de a planta puxar a água do fundo, onde está mais acumulada, e, assim, ela sobrevive”, explica a professora. Ao se desenvolver, ela retém muito mais nutrientes e costuma crescer além do habitual. Para chegar a essa metodologia, foi preciso realizar 35 combinações possíveis de métodos de reflorestamento, envolvendo os mais diferentes tipos de raízes.

A professora conta que isso só possível graças ao estoque líquido formado no pé da raiz. “A gente vai jogando água e no decorrer dos dias são oito litros acumulados. Não precisa mais irrigar. A planta vai utilizando lentamente o que precisa e que é só dela – nenhuma outra tem acesso”, afirma. Segundo ela, 16 espécies vêm sendo reassentadas, como a jurema branca e a preta, a umburama, o mororó e o juazeiro, sendo este último uma ótima fonte de pólen para as abelhas produzirem mel da melhor qualidade.

O experimento faz parte de uma rede internacional envolvendo 16 países, que também procuram impedir a desertificação em seus principais biomas. “O modelo que adotamos, da raiz longa, é o que traz maior custo-benefício a todo o processo”, explica Gislene Ganade. “Geralmente, nos programas tradicionais de restauração, apenas 30% das árvores e arbustos sobreviviam. Pelo nosso modelo, sobe para 75%. E não é só isso. Plantamos na estação da seca. Antes, era preciso esperar chover.”

Com o retorno da cobertura vegetal e a não exposição do solo (considerado fértil) à salinização da terra, animais há muito tempo afastados da área trabalhada pela equipe da UFRN voltaram a procurar tocas e galhos para viver – devido às novas copas das árvores, à sombra que produzem e as folhas para alimento de cabras e gado, por exemplo. “Temos nos deparado com muitos ninhos de passarinhos, insetos e até tatus”, complementa Gislene.

Os planos para o futuro são vários, que incluem, obviamente, ampliar a técnica em outras localidades brasileiras e transformar o canteiro de 3,5 hectares de Açu em uma floresta escola. Mas para isso, é preciso apoio financeiro. “Conseguimos que parte do nosso projeto fosse financiada pelo CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], mas ainda assim tive que terminar o levantamento com dinheiro do meu próprio bolso”, conclui Gislene, que tem como principais colaboradores acadêmicos em campo: alunos de mestrado, doutorado, de iniciação científica e estagiários voluntários.

Assessoria de Comunicação Social 

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