Unesp investe verba do MEC em ações da Uniafro
O Núcleo Negro para a Pesquisa e Extensão da Universidade Estadual Paulista (Unesp) recebeu R$ 200 mil do Ministério da Educação para 11 projetos que pretendem levar melhorias a alunos negros da instituição. As ações afirmativas também chegarão aos alunos negros do ensino básico de cidades paulistas nas quais a Unesp tenha base. “Vamos fortalecer o núcleo dentro e fora da instituição”, afirmou o professor Dagoberto José Fonseca, coordenador dos projetos.
O MEC está investindo R$ 2,5 milhões no Programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior (Uniafro). Nove universidades federais e nove estaduais foram selecionadas, entre 42 inscritas. Elas vão receber de R$ 50 mil a R$ 200 mil para desenvolver projetos, em dez meses. As propostas atendem três eixos pedidos no edital: formação de professores, publicação de material didático e acesso e permanência na universidade.
Com os R$ 200 mil recebidos, o núcleo pretende se fortalecer, trabalhar para a inserção e permanência dos negros na universidade e relacionar-se com os movimentos negros e organizações não-governamentais (ONGs) ligadas à causa. O núcleo tem cem negros, entre pesquisadores, professores e alunos da Unesp, e vai doar bolsas, de R$ 330,00 mensais, para alunos negros da Unesp desenvolverem projetos, como o fortalecimento da Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que institui a história africana e afro-brasileira no currículo do ensino básico.
O trabalho será feito com professores das redes municipais de Araraquara, Franca, Marília e Assis. Os bolsistas serão tutores de jovens negros do ensino médio para elevar a auto-estima deles e apoiá-los na entrada e permanência na universidade. Segundo o professor Dagoberto Fonseca, alunos de odontologia da Unesp farão o mapeamento da saúde bucal das comunidades de quilombos no Vale do Ribeira e em Araraquara.
Eventos — O núcleo reservou R$ 6 mil para a participação em eventos, como o encontro anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC) e o Encontro da Associação Brasileira dos Pesquisadores Negros, em setembro próximo, em Salvador. Parte dos recursos será usada na compra de móveis e computadores. Outro trabalho será a formação do banco de dados, que condensará teses de mestrado sobre a questão racial na Unesp.
“O Uniafro é uma ação que precisa ter continuidade. A participação do MEC é fundamental. A reivindicação era antiga, mas só foi atendida neste governo”, disse o professor Dagoberto. Segundo ele, o que está sendo feito é importante, mas falta muito diante da necessidade de pagamento da dívida social com os negros brasileiros.
Histórico — O Uniafro, resultado de acordo entre o MEC e os núcleos de estudos afro-brasileiros (Neabs), é coordenado pelas secretarias de Educação Superior (SESu/MEC) e de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC). A idéia surgiu em 2003, em encontro dos Neabs, e se fortaleceu no 4º Encontro Brasileiro de Pesquisadores Negros, em setembro de 2004, em São Luís.
Mais informações pelos telefones (61) 2104-9309 e (11) 5816-2578.
Repórter: Susan Faria