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Educação superior

UFRJ faz radiografia da origem dos seus estudantes

  • Segunda-feira, 03 de julho de 2006, 06h46
  • Última atualização em Sexta-feira, 18 de maio de 2007, 10h45

Os estudantes universitários de origem popular estão presentes nas instituições federais de ensino superior (Ifes)? Quantos são? Em quais cursos estão? Em quais turnos? Para responder a estas perguntas, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizou pesquisa com 25.266 alunos de 155 cursos de seis centros da universidade. A pesquisa constatou que dos 25.266 entrevistados, 2.004 têm origem popular e, destes, 636 estudam à noite. Mais de 90% dos alunos da universidade são das classes média ou alta.

A pesquisa indica também que há um aumento do ingresso dos estudantes de classes populares na UFRJ, no período 1997 a 2005, mesmo que não tenha dados longitudinais, ano a ano. “Embora, a cada ano, o número de universitários dos espaços populares tenda a aumentar, a universidade brasileira é, ainda hoje, um espaço ocupado, em sua maior parte, pelas classes sociais média e alta, de cor branca. Só recentemente tem se aberto – não sem polêmica – à presença das classes populares e de populações de diferentes pertencimentos culturais, tanto no seu quadro docente, mas, principalmente, no seu quadro discente”, diz texto de análise da pesquisa.

A pesquisa Perfil Social Básico dos Estudantes da UFRJ é uma ação do Projeto Conexões de Saberes: Diálogos entre a Universidade e as Comunidades Populares, executado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC). “Fizemos esse levantamento para saber quem são os estudantes de origem popular, porque entendemos que é importante não só propiciar o acesso desses estudantes no ensino superior, mas a sua permanência”, explica a professora Carmen Teresa Gabriel, coordenadora da pesquisa.

Carmen destaca que o mapeamento foi feito utilizando-se variáveis como renda, moradia, trajetória escolar, escolaridade dos pais e etnia/cor para saber quem são os estudantes de origem popular. Na sua opinião, o debate sobre o assunto está cada vez mais visível na UFRJ e que há uma tendência crescente de maior acesso dos jovens de baixa renda ao ensino superior. “Esse aumento faz repensar a cultura universitária, a participação desses estudantes na universidade como protagonistas, as dificuldades que têm para se manter e a necessidade de não abrir mão da qualidade do conhecimento”, diz a professora.

O questionário da pesquisa foi apresentado a todos os 34.182 universitários ativos (em sala de aula) durante o período de escolha de suas disciplinas para estudo do semestre de 2005, entre 4 de julho e 29 de agosto do ano passado. Foi respondido por 25.702 alunos, dos quais 25.266 questionários foram aproveitados na pesquisa, com delimitação da faixa etária de 15 a 69 anos.

Resultados – A maioria dos 25.266 estudantes, 53,4%, disse morar em bairro de classe média e 30,6% em bairro de periferia ou subúrbio. O número de universitários residentes no morro ou favela, 3,6%, é maior do que os que habitam bairro de classe alta, 3,4%. Entretanto, a maior parte dos universitários, 55,3%, cursou o ensino médio em escola particular. Dos 25.266 alunos, 69,2% são de cor branca; 5.638, ou 22,3%, são pardos; 6,2% pretos; e 1,1% de cor amarela.

Os Estudantes Universitários de Origem Popular (EUOP) têm maior representatividade em cursos de humanas, como História, 15,9%, ou 141 dos 886 estudantes; e menor em cursos como Medicina, apenas 1%, ou seis de um total de 577 entrevistados desse curso; 42, ou 3,7%, de um total de 131 alunos do curso de Arquitetura; e 5,1%, ou 108, de um total de 2.136 estudantes de Direito.

Dos 25.266 entrevistados, 49,5% têm pai com ensino superior completo ou pós-graduação; 32,9% com escolaridade de até o ensino médio, completo ou incompleto; e 15,7% com escolaridade de até o ensino fundamental completo. As mães dos universitários em geral apresentam escolaridade menor. Contudo, quase metade de todas elas, 11.173, ou 44,2% de todo o universo pesquisado, possuem nível superior completo e destas, 1.293, ou 5,1%, são mestras ou doutoras.

Conexão de Saberes –Dos 41 bolsistas que trabalharam na pesquisa, 25 foram pagos pelo MEC por meio do programa Conexão de Saberes, que oferece apoio financeiro e metodológico aos jovens universitários de origem popular para que produzam conhecimentos científicos e ampliem sua capacidade de intervenção em seu território de origem e nas universidades. Os bolsistas foram divididos em equipes de aplicação e equipes de digitação. “Estamos oferecendo aos bolsistas uma formação acadêmica. Não foram só tarefeiros. Estão sendo sujeitos da pesquisa, trabalham nas análises”, explicou a professora Carmen Teresa Gabriel. Na sua opinião, o Conexão de Saberes é um projeto extremamente inovador, que tem uma proposta de repensar a cultura universitária, de propiciar o diálogo entre os espaços populares e as universidades.

A próxima etapa do trabalho será analisar com maior detalhamento os dados e realizar uma pesquisa qualitativa. O projeto é ponto de partida para novas pesquisas na UFRJ sobre os EUOP, como base para futuras comparações de dados e análises. Informações sobre o Conexões de Saberes estão no sítio da Secad e sobre a pesquisa da UFRJ podem ser obtidas pelo telefone 21-2598-9602 ou 9261.

Repórter: Susan Faria

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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