Hospital-escola é tema de seminário
Grande parte dos recursos dos hospitais universitários brasileiros é de responsabilidade do Ministério da Educação, a quem cabe o pagamento da folha de pessoal. O Ministério da Saúde é responsável pelo repasse relativo a atendimentos e internações. Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, o modelo de gestão e financiamento desses hospitais está esgotado e deve contar com uma participação maior de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
“O MEC não tem uma posição firmada, mas precisamos oferecer melhores condições de assistência hospitalar, aliadas ao ensino, pesquisa e extensão das universidades”, explicou Haddad, na abertura do seminário nacional Hospitais Universitários: Concepção, Papel e Missão, no auditório da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI), em Brasília.
O encontro tem a participação de várias entidades ligadas aos hospitais-escola. Nesta segunda-feira, 29, e na terça-feira, 30, eles discutem sobre modelos de gestão capazes de substituir o atual. De acordo com o representante da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), João Paulo Ribeiro, os hospitais de ensino têm a missão de educar e não podem receber a sobrecarga de atendimento do sistema de saúde. “É um desvio de função. Os hospitais universitários até podem atender a população, mas sua principal preocupação deve ser o ensino”, defendeu.
Há mais de dois anos, especialistas ligados aos dois ministérios procuram uma solução que equacione responsabilidades e deveres dos hospitais de ensino. O Ministério da Saúde repassa por ano R$ 860 milhões a esses hospitais. O MEC destina R$ 1,6 bilhão para o pagamento de pessoal. Em 2007, já repassou outros R$ 50 milhões para a compra de equipamentos e material hospitalar. Outros R$ 15 milhões devem ser usados até o fim do ano também na compra de material.
De acordo com o ministro, essa questão deve ser revista. “Já surgiu a sugestão de transformá-los em empresas públicas ou em estatais, mas não há nenhuma possibilidade de privatização”, esclareceu Haddad.
O seminário conta com a participação de representantes do MEC, dos hospitais, das instituições federais de ensino superior, da Fasubra e da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), entre outros.
Ana Guimarães