Programa brasileiro de iniciação científica é indicado a Moçambique
A cooperação técnico-científica entre o Brasil e Moçambique teve mais um avanço nesta quarta-feira, 15. O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), Jorge Guimarães, o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), Erney Camargo, e o coordenador do Programa de Cooperação Temática em Matéria de Ciência e Tecnologia (ProÁfrica), Lindolpho de Carvalho Dias, receberam o ministro da Ciência e Tecnologia de Moçambique, Venâncio Massingue, e sua comitiva para dar continuidade às discussões sobre programas conjuntos dos dois países.
O presidente da Capes sugeriu que o país africano realize uma ação nos moldes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), criado e coordenado há 50 anos pelo CNPq. O Pibic desperta a vocação científica e busca novos talentos entre estudantes de graduação. Guimarães propôs que Moçambique organize grupos de estudantes de graduação para passarem o período de férias aprendendo o processo inicial de pesquisa em universidades brasileiras. “Iniciando a pesquisa já na graduação, Moçambique tem a chance de aumentar o número de mestres e doutores e ainda reduzir o tempo médio de formação”, disse Guimarães. Atualmente, o país africano possui cerca de 300 doutores e 400 mestres, número considerado muito baixo pelo ministro Massingue.
Na área da pós-graduação, o ministro pediu ao presidente da Capes que a instituição ajude a identificar universidades que possam receber os estudantes em setores indicados pelo governo de Moçambique. A Capes já possibilitou a formação de 94 estudantes de 13 países africanos no âmbito do Programa de Estudante-Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG). Professores universitários e pesquisadores desenvolveram estudos em diversas áreas do conhecimento em mestrado e doutorado. "O Brasil compartilha aspectos culturais e históricos com Moçambique, especialmente, a língua portuguesa. Há potencial para se realizar parcerias futuras importantes, em diversas áreas, como a de mineral e de petróleo. Além de ser um continente com potencialidades, temos uma dívida histórica com o povo africano", ressaltou Guimarães.
O ministro agradeceu o apoio do Brasil à ciência e tecnologia de Moçambique. Segundo Massingue, o seu país precisa formar recursos humanos, montar laboratórios e a ajuda do governo brasileiro tem sido fundamental. “Uma nação como a nossa precisa do apoio de países como o Brasil e saberemos valorizar isso”, disse.
A comitiva de Moçambique fica no país até sábado, 18, e visita diversos institutos de pesquisa como a Embrapa e o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe).
Histórico – O ProÁfrica, coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, foi criado em julho do ano passado com o objetivo de fortalecer a cooperação científico-tecnológica entre o Brasil e os países africanos. É uma das orientações da política externa do governo Lula. O trabalho será concretizado por meio de financiamento da mobilidade de cientistas e pesquisadores com atuação em projetos nas áreas de excelência e de importância estratégica para a cooperação em ensino, ciência e tecnologia.
Repórter: Adriane Cunha