Fórum Brasil de Educação debate exclusão social
O 10º Encontro Nacional do Fórum Brasil da Educação realizado nesta terça-feira, 5, em Brasília, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), apontou que a integração das políticas públicas é um dos principais caminhos para reduzir a exclusão social no país. O evento reuniu representantes do ministério da Educação, das universidades, integrantes do CNE, educadores e alunos.
Para a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Tânia Bacelar, que falou sobre a Dimensão Regional da Exclusão Social, a história do desenvolvimento do Brasil se caracteriza por duas heranças: uma enorme diversidade regional, que é positiva, e uma concentração urbana e industrial, que é negativa. Quando fala em diversidade regional, Tânia Bacelar destaca os matizes da natureza e dos ecossistemas, as bases de desenvolvimento representadas pelos ciclos do açúcar, café, pecuária, borracha, minérios, as correntes migratórias européias que se instalaram nas regiões Sul e Sudeste e os africanos que predominaram na região Nordeste. Desta presença, que embora pouco se comunicou até o século 20, explica, resultou a diversidade étnica, cultural, social e ambiental que caracteriza o nosso país.
Por outro lado, a professora da UFPE lembra que a concentração urbana e industrial na região Sudeste colocou num pequeno espaço brasileiro grande parte da infra-estrutura econômica, universitária, os centros de pesquisa, o desenvolvimento, promovendo a desigualdade de oportunidades. “O pico da desigualdade foi nos anos 70 do século passado, mas hoje ainda é muito significativa”, diz. Para enfrentar esses problemas, Tânia Bacelar explica que uma das tarefas do governo federal é construir políticas públicas que valorizem a diversidade regional, os potenciais de cada cultura e que coloque a educação em primeiro lugar. “Combater a exclusão e as desigualdades passa pela qualificação das pessoas.”
Ações – O secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, Ricardo Henriques, disse que é preciso unir esforços e os programas nas três esferas de governo – federal, estadual e municipal – e do terceiro setor para constituir um sistema de combate às desigualdades. Ele citou o Programa Bolsa-Família como exemplo da reunião de recursos, antes dispersos no bolsa-escola, vale-gás e bolsa-saúde. Hoje, o programa transfere renda, mas exige presença na escola e cuidados com a saúde, explica.
O secretário também lembrou do novo Censo Escolar que será implantado este ano. O censo não vai apenas contar o número de alunos, professores e escolas como faz há muitos anos, mas traçar um perfil socioeconômico de 55 milhões de alunos, dos professores para imediatamente acompanhar a freqüência escolar e a evolução do aprendizado. Essa também será uma forma de unir informações para melhor aplicar os recursos públicos, disse.
Repórter: Ionice Lorenzoni