Escola se preocupa com o bem-estar dos alunos
Macapá ― Tudo às claras na gestão dos recursos da escola estadual Santa Maria, em Macapá (AP). As contas e notas fiscais são afixadas no mural no pátio da escola. “Deixo tudinho aí para que todos possam opinar”, conta a diretora Lia Maria Santos Ramos.
O gasto mais significativo da escola é com transporte escolar. Como a maior parte dos alunos é carente, a escola busca as crianças no bairro com uma Kombi. “É que muitos moram longe e não têm como chegar aqui sem caminhar muito sob o sol”, explica Lia.
Como o transporte escolar consome grande parte dos recursos disponíveis, a solução encontrada por pais e professores foi o estabelecimento de parcerias. As salas climatizadas foram possíveis graças aos recursos conseguidos com festas e quermesses. Os professores organizaram as festas e os pais trouxeram o que dispunham em casa para fazer a comida. “Cada um trouxe alguma coisa. Um quilo de charque, um tanto de feijão. Foi assim”, conta Lia.
Outra saída encontrada para aumentar as verbas foi o custeio de projetos pedagógicos. A escola já conseguiu R$ 3.000,00 para construir uma sala de leitura. “Fizemos um projeto, mandamos para o Ministério da Educação e os recursos vieram”, conta a coordenadora pedagógica Ana Maria Soares. A sala de leitura construída com os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) é orgulho de alunos e professores.
O compromisso dos professores com a infra-estrutura da escola não é à- toa. A maior parte deles, 97%, possui nível superior e sabe que o ambiente bem cuidado é fonte de motivação para os alunos e para a comunidade. “No bairro, eles têm muitas coisas atrativas. Precisamos fazer com que a escola também seja atrativa”, resume a diretora.
Para garantir merenda escolar reforçada, a direção da escola também não poupa. “A maior parte dos alunos é carente e alguns se alimentam somente na escola”, conta Ana Maria Soares, coordenadora pedagógica. No cardápio da semana tem mingau de farinha de tapioca, feijão com charque, suco de taperebá com biscoito doce, sopa de carne e suco de acerola com pão. Se os alunos estiverem precisando de roupas, a diocese corre atrás de doações. “Gostamos de ver nossos alunos limpos e bem-vestidos”, conta Ana Maria.
Quando perceberam que os alunos não tinham aulas de educação física, os professores tiveram uma idéia. Eles ofereceram o espaço da escola para servir como estágio aos estudantes de educação física da Faculdade Amapaense (Fama). O trato é simples: eles oferecem o ambiente aos universitários desde que eles atendam a todas as turmas no período do contraturno escolar. “Todos ganham”, garante a diretora Lia. Alimentação, transporte, esporte e até roupas são oferecidas sem que a escola extrapole o orçamento.
Ana Guimarães