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Mato Grosso: escola com poucos recursos vence barreiras

  • Terça-feira, 27 de novembro de 2007, 11h34
  • Última atualização em Quarta-feira, 28 de novembro de 2007, 17h59

Na chegada à escola, as crianças vão se acomodando em filas indianas e cantam os dois trechos do Hino Nacional sob a regência do coordenador pedagógico (Foto: João Bittar)Distrito Nossa Senhora da Guia (MT) ― Meninos e meninas moradores da zona rural viajam pelo menos uma hora para chegar à escola estadual Filogônio Corrêa, que fica no Distrito de Nossa Senhora da Guia, a 26 quilômetros de Cuiabá (MT). Na chegada, eles são recebidos de braços abertos por professores e pela direção. É o momento da acolhida. As crianças vão se acomodando em filas indianas e cantam os dois trechos do Hino Nacional sob a regência empolgada do coordenador pedagógico. A cena, que se renova a cada manhã e todo início de tarde, inaugura o dia letivo.

O momento da acolhida também é hora de refletir sobre os objetivos de vida de cada um. Os professores incentivam os alunos a ser comportados, estudiosos e perseverantes. A conversa diária serve para integrar alunos, professores e direção e principalmente convencer as crianças de baixa renda de que é possível vencer dificuldades. “Não adianta só pedir aos céus, é preciso fazer sua parte. Fazer acontecer e vocês podem”, incentiva um dos professores. A escola atende cerca de 600 alunos, matriculados nos ensinos fundamental e médio.

A maioria deles vem de famílias pobres da zona rural: filhos de trabalhadores rurais e chacareiros. “Quase 80% dos alunos estão na escola porque os pais recebem recursos do Peti”, relata a diretora Ana Cláudia dos Santos, referindo-se ao Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A família inserida no Peti recebe uma bolsa mensal por cada filho, com idade entre sete e 14 anos, para que a criança troque o trabalho pela escola. Segundo Ana, os recursos são fundamentais para manter as crianças na escola e o trabalho de estímulo aos alunos ajuda a elevar a auto-estima de meninos e meninas.

Durante a acolhida, os professores aproveitam para discutir as atividades da escola, em que todos precisam tomar parte. No início de setembro, os professores concederam medalhas aos alunos mais aplicados e aos campeões dos jogos da Semana da Pátria. Além dos vencedores, todos ganharam reconhecimento porque ajudaram a escola a conseguir dinheiro para comprar as medalhas e as bebidas saboreadas durante os jogos. Foram R$ 164,00 arrecadados no trabalho conjunto. Os professores comemoraram a disciplina durante a semana de disputas: só houve três cartões amarelos.

Alunos chegam à escola estadual Filogônio Corrêa, que fica no Distrito de Nossa Senhora da Guia, a 26 quilômetros de Cuiabá (MT) (Foto: João Bittar)O colégio é um exemplo da filosofia de superação que tenta passar aos estudantes. Com pouca estrutura física, os alunos apresentam desempenho superior à média nacional, mesmo sem biblioteca ou computadores. A pintura está gasta, as paredes apresentam sinais de mofo e a mobília escolar ― carteiras, quadros ― está velha. Os recursos para a alimentação das crianças chegam apenas da esfera federal, segundo informa o coordenador pedagógico, e a merenda magra não passa de suco de groselha e bolacha.

Mesmo com recursos escassos, os alunos da escola superaram a média brasileira. Enquanto a nota nacional no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é 3,8, a escola alcançou desempenho pouco acima, com média 4,0. Direção e professores atribuem os bons resultados ao trabalho empenhado de professores e à força de vontade dos alunos, que buscam um futuro mais promissor longe das plantações. O trabalho de estímulo dos alunos foi apontado como essencial pelos professores para ajudar as crianças carentes a mudar sua realidade por meio do estudo.

A menina Cleidelene da Cruz, de 11 anos, é um exemplo de que o esforço conjunto rende bom desempenho. Ela mora em Três Pedras, vilarejo distante uma hora da escola. O pai é chacareiro. As condições desfavoráveis são um estímulo para a menina que deixou as plantações e hoje é a melhor aluna de sua turma da 5ª série. “Quero ser advogada para ajudar pessoas pobres como eu”, planeja.

Maria Clara Machado

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