Crise no Timor deixa bolsistas em alerta
A crise provocada no Timor-Leste pelo atentado contra o presidente José Ramos-Horta não impediu que os 34 bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC), que trabalham na formação de professores naquele país, realizassem suas atividades normalmente nesta segunda-feira, 11. À noite, eles foram orientados pela embaixada brasileira a permanecer em suas casas.
Ramos-Horta foi ferido a tiros por um grupo rebelde, por volta das 7h, horário local (20h de domingo no Brasil). O líder do grupo, o ex-militar Alfredo Reinado, morreu no local. De acordo com agências de notícias internacionais, o presidente foi operado e está internado em estado grave em um hospital na cidade de Darwin, Austrália. O primeiro-ministro do Timor, Xanana Gusmão, também atacado, escapou ileso. Ele decretou toque de recolher e estado de emergência de 48 horas em todo o país.
O representante da Capes no Timor e coordenador do grupo de bolsistas, Fernando Spagnolo, contou que estava na sede do Ministério da Educação local, às 9h (22h no Brasil), quando foi confirmada a notícia. O Ministério foi fechado. Na noite da segunda-feira, por volta de 22h (11h no Brasil) ele informou que a situação estava tranqüila.
Segundo Spagnolo, a cobertura do Jornal Nacional do Timor sobre os dois atentados durou menos de dez minutos. “O fato político foi muito grave. Mas esperamos que isso marque o início do fim da crise que se arrasta desde 2006”, afirmou.
Missão - O ministro dos Negócios Estrangeiros do Timor Leste, Zacarias da Costa, esteve no Brasil e visitou o ministro da Educação, Fernando Haddad, no dia 28 de janeiro, para reforçar os laços da cooperação educacional entre os governos brasileiro e timorense.
Assim que foi declarada a independência de Timor-Leste, em maio de 2002, o Brasil assinou dois acordos com o país: de cooperação educacional e técnica. O apoio brasileiro foi solicitado para retomar a língua portuguesa como idioma mais falado no Timor, cuja população fala o tétum (idioma local) e o indonésio, conseqüência da ocupação do país pela Indonésia, entre 1975 e 1999.
Os bolsistas brasileiros participam de programas de formação de professores em exercício, de capacitação de professores de educação pré-secundária e secundária, de ensino da língua portuguesa instrumental, de promoção da qualidade no ensino de ciências e de implantação da pós-graduação na Universidade Nacional Timor Lorosae.
Adriane Cunha