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  • Ministro participou do Fórum Empresarial Lide, em Campos do Jordão (SP). Foto: Diego DubardCampos do Jordão, 5/4/2019 – O ministro da Educação, professor Ricardo Vélez Rodríguez, reafirmou que o governo busca recuperar o ensino básico e reduzir os índices de analfabetismo. A declaração foi dada nesta sexta-feira, 5, durante o Fórum Empresarial Lide, em Campos do Jordão, em São Paulo.

    O ministro chamou atenção para os números que revelam o cenário ainda preocupante. Atualmente, há pouco mais de 10 milhões de jovens entre 15 e 17 anos. Deste total, 15% não se matriculam na escola no início do ano letivo: “Ou seja, antes mesmo do início das aulas, 1,5 milhão de jovens já está fora da escola. Mas nem todos os 8,8 milhões, dessa faixa etária, que se matriculam, permanecem na escola até o final. Cerca de 7% do total desses jovens abandonam a escola durante o ano letivo. ”, informou Vélez.

    Evasão - Ao final do ano, mais de 30% desses jovens já se encontram fora da escola. Apenas 6,9 milhões de jovens brasileiros de 15 a 17 anos frequentam a escola até o fim do ano letivo. O ministro acrescentou outros motivos para o abandono escolar. “Se considerarmos ainda a reprovação, resultado do não engajamento nas atividades escolares, concluímos que há 2,8 milhões de jovens que não concluem a série por falta de engajamento. Algo já deveria ter sido feito e não foi, mas a população, empresários e profissionais da área precisam trabalhar conosco na construção de políticas que revertam um quadro que vem de anos de descaso.”

    Outro dado lembrado pelo ministro indica que, conforme o Plano Nacional de Educação, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos deveria estar universalizado até 2016. Em 2017, já havia um atraso de 22 pontos percentuais no indicador de atendimento escolar. “Considerando a velocidade com que o Brasil melhorou esse indicador na última década, essa meta seria atingida em mais de duzentos anos! É um prazo inadmissível para alcançar metas básicas e prioritárias. E isso não decorre dos três meses de governo Bolsonaro, isso decorre de um problema que se instaurou ano após ano.”

    De acordo com o ministro, políticas que têm conquistado avanços nos estados como Pará, Pernambuco, Rondônia e Maranhão têm servido de modelo para o trabalho que vem sendo feito no MEC, na tentativa de reverter esse quadro. O Conselho Nacional de Educação também está articulando com a Secretaria de Educação Básica um diálogo sobre a Base Nacional de Professores, a fim de garantir celeridade e progresso nas metas previstas para a educação básica. 

    Assessoria de Comunicação Social

  • Em Salvador, o trabalho com os estudantes enfatiza a relação entre o conteúdo desenvolvido em sala de aula e formas geométricas planas e espaciais (foto: arquivo do professor Vanildo Silva)Professor de matemática em duas escolas de Salvador, no subúrbio ferroviário, Vanildo dos Santos Silva desenvolve, desde 2004, o projeto Uso de Materiais Manipuláveis nas Aulas de Geometria com Estudantes em Situação de Defasagem Escolar. O trabalho, que teve início na Escola Municipal da Fazenda Coutos, em um dos bairros mais pobres e violentos da região, surgiu de uma necessidade real, o desafio de ensinar matemática a estudantes com histórico de abandono, evasão e repetência.

    “Desde meu primeiro contato com os alunos, percebi que, antes de iniciar qualquer intervenção pedagógica, minha prática docente precisaria ir além da lousa e do giz”, revela Vanildo. “As dificuldades apresentadas estavam evidentes e se constituíam em um desafio pessoal.”

    O professor passou a pensar, então, em uma estratégia que apresentasse a linguagem matemática com aspectos concretos do cotidiano dos estudantes, sem perder de vista a parte formal e suas conexões. Sua intenção era propor “um modelo diferenciado” para trabalhar com matemática e assim induzir os estudantes a participar das aulas.

    “Qualquer trabalho por meio da valorização de fórmulas, conceitos e propriedades, sem demonstrações, não representaria um modelo eficaz para a melhoria da qualidade de aprendizagem dos estudantes em situação de defasagem escolar”, diz o professor. Assim, em sua proposta de ensino de geometria, ele buscou o que é sugerido pelos parâmetros curriculares nacionais: “Um trabalho que enfatiza a relação entre os conteúdos estudados em sala de aula com as formas geométricas presentes no mundo físico, possibilitando a exploração de formas geométricas planas e espaciais”.

    O projeto tenta estabelecer um diálogo entre os quatro blocos de conteúdos da matemática: números e operações; espaço e forma; grandezas e medidas e tratamento da informação. Os estudantes podem assim comparar e discernir aspectos como largura, comprimento, volume, número de faces e vértices, entre outros. “Quando os estudantes foram levados a explorar situações por meio de materiais manipuláveis, sentiram-se mais motivados e, por conseguinte, engajaram-se de maneira mais efetiva nas aulas e alcançaram melhores resultados na aprendizagem”, avalia.

    Permanência — A finalidade do projeto está centrada em dois pontos cruciais: a permanência do estudante em sala de aula e a ruptura do autoconceito de “aluno fracassado”. Assim, de acordo com Vanildo, por mais que existam conteúdos que precedam outros, a hierarquização entre eles não deve ser tão rígida como tradicionalmente é apresentada. Os conteúdos devem ser organizados em função de uma conexão, na qual não precisam ser esgotados necessariamente de uma única vez. “Para que o projeto tenha êxito, principalmente na questão da permanência do aluno, é preciso estar atento à ênfase maior ou menor que deve ser dada a cada item, que pontos merecem mais atenção e quais não são tão essenciais”, ressalta o professor.

    Segundo Vanildo, o projeto é desenvolvido também com alunos do Colégio Estadual Monteiro Lobato, no mesmo bairro. Ao longo dos anos, o trabalho tem passado por várias adequações.

    Com o projeto, Vanildo foi premiado em duas edições do Prêmio Professores do Brasil (2004 e 2013). “Isso representa a confirmação de que esforços como esse podem ser úteis na busca por respostas de como lidar com a situação de defasagem escolar e questões relacionadas às dificuldades de aprendizagem”, ressalta o professor. Há 19 anos no magistério, Vanildo tem licenciatura em matemática e em ciências contábeis e especialização em planejamento e prática de ensino superior.

    Fátima Schenini

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  • O Ministério da Educação vai reforçar e aperfeiçoar a política de acompanhamento das crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, aqueles cujas famílias integram o programa Bolsa Família, para que, cada vez mais, concluam as etapas da educação básica na faixa etária adequada. O objetivo é lançar, no ano letivo de 2017, uma plataforma que reúna dados sobre a trajetória escolar dos estudantes com maior número de faltas, o que permitirá aos gestores dos municípios brasileiros direcionar e reforçar, de forma mais pontual, as ações de interferência junto às famílias a fim de reduzir o número de casos de evasão e de repetência.

    Atualmente, o Sistema Presença do MEC permite acompanhar, a cada dois meses, apenas os dados de frequência escolar de 16,2 milhões de crianças e adolescentes, de 6 a 17 anos, que integram o programa. “Podemos melhorar esse acompanhamento e fornecer uma devolutiva aos municípios, com informações sobre a trajetória escolar dos seus alunos, quais os que mais faltam e têm histórico de maior repetência”, explica Daniel Ximenes, diretor de políticas de educação em direitos humanos e cidadania da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC.

    Diferentemente do Sistema Presença, a nova plataforma não precisará ser alimentada pelos coordenadores estaduais e municipais responsáveis por acompanhar os alunos atendidos pelo Bolsa Família. Será uma plataforma para consulta de indicadores construídos a partir do cruzamento de bases de dados do Censo Escolar e do Cadastro Único de Programas Sociais, além do próprio Sistema Presença. De acordo com Ximenes, o objetivo é que essas novas informações sirvam para orientar as gestões locais de educação em ações de inclusão escolar no Brasil dentro de um público estudantil estratégico.

    Estratégia - Os 16,2 milhões de estudantes de 6 a 17 anos que integram o Bolsa Família representam 40% das matrículas na educação básica nessa mesma faixa etária. Por isso, a política de aprimoramento do acompanhamento escolar desses estudantes é estratégica para o MEC. “O principal objetivo desse trabalho é fazer com que essas crianças e adolescentes não só entrem, mas permaneçam na escola, consigam progredir ano a ano até terminar o ciclo da educação básica”, afirma Ximenes.

    Resultados — Dados do Censo Escolar 2012 mostram que as ações de acompanhamento desses estudantes e de suas famílias têm apresentado resultados positivos. No Nordeste, por exemplo, onde os índices de vulnerabilidade são mais acentuados, 82,6% dos alunos assistidos pelo programa conseguiram ser aprovados. Essa taxa foi menor entre os alunos de escolas públicas sem o programa: 72%. A mesma relação é observada para a repetência no Nordeste: 7,7% dos alunos do Bolsa Família abandonaram a escola no ensino médio. Entre os estudantes da rede pública sem o programa, o percentual foi significativamente maior, de 17,5%%.

    Coordenadores estaduais responsáveis por acompanhar as condicionalidades que explicam a baixa frequência escolar dos estudantes do Bolsa Família reuniram-se no MEC, nos dias 8 e 9 últimos, para um diagnóstico das ações desenvolvidas em conjunto pelo MEC e pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. Além de um momento para troca de experiências, eles discutiram estratégias a serem trabalhadas em 2017. “O foco será localizar alunos do Bolsa Família que não estão matriculados e atuar também junto àqueles de baixa frequência, duas situações que vão levar à perda do benefício e à evasão escolar”, comenta a coordenadora do programa Bolsa Família no Maranhão, Maria José Nazareno.

    Dos 16,2 milhões de estudantes do Bolsa Família, 7,4 milhões estão no Nordeste, região considerada de maior vulnerabilidade social do país. A Bahia é o estado que concentra o maior número desses alunos (1,8 milhão). Embora o Maranhão seja o quinto estado do Brasil em número de beneficiários, é o segundo em número de alunos não localizados — 77,7 mil estudantes de 6 a 17 anos sobre os quais não se tem informações de matrícula.

    Dos 217 municípios do estado, 159 apresentam baixo índice de desenvolvimento humano (IDH). “Há muitos filhos de famílias de pescadores, analfabetas, que se movimentam bastante de município para município”, explica Maria José.

    Na Bahia, há 122 mil estudantes também na situação de não localizados. No geral, são 922,4 mil.

    Segundo Daniel Ximenes, a parceria com as redes estaduais e municipais de educação para o registro dos dados vem sendo reforçada na atual gestão e atingiu o melhor resultado de 2016 no biênio agosto–setembro. Quarenta mil profissionais de educação estão envolvidos em todo o país na coleta e registro da frequência escolar dos estudantes que integram o Bolsa Família.

    Assessoria de Comunicação Social

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