Paris– Os ministérios da Educação do Brasil e da África do Sul assinaram nesta segunda-feira, 6, um acordo de cooperação internacional na área da educação superior. Além de apoiar o ensino universitário e prever a promoção conjunta de eventos científicos e técnicos, o acordo contempla o intercâmbio de materiais educacionais e de pesquisa, além de incentivar a mobilidade acadêmica e estudantil entre instituições de ensino superior, institutos de pesquisa e escolas técnicas.
Outro foco do acordo é o acesso ao ensino superior. Por isso, prevê a organização de missões de trabalho, de estudo e visitas técnicas também para instituições vinculadas ao ensino médio e fundamental dos dois países. Ainda no ensino superior, deve haver cooperação em estudos sobre raça, identidade e cidadania, desenvolvimento econômico, energias renováveis, sociedade civil e democracia, ciências agrárias e engenharias.
Para promover a mobilidade, além de projetos conjuntos de pesquisa, os dois países devem promover a implantação de programas de intercâmbio acadêmico, com a concessão de bolsas, tanto a brasileiros na África do Sul quanto a sul-africanos no Brasil para professores e alunos de doutorado e pós-doutorado. Ainda nessa área, a cooperação assinada nesta segunda-feira também prevê a criação de um programa de fomento a publicações científicas associadas entre representantes dos dois países.
Na área educacional pré-universitária serão desenvolvidas ações com a troca de experiências de inclusão social com alfabetização educação de jovens e adultos, e inclusão de alunos com deficiência. Quanto às tecnologias educacionais, Brasil e África do Sul têm aberto um canal para parcerias no ensino a distância, e em tecnologias de informação e comunicação aplicadas à educação, além de cooperações interinstitucionais na área de avaliação, sistemas de estatísticas e indicadores educacionais.
Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, as equipes dos ministérios da Educação dos dois países trabalham há tempos na construção de um acordo para incrementar a cooperação entre os dois países. “Brasil e África do Sul têm uma grande similaridade de pensamento, oportunidades e desafios. Esperávamos há tempos a formatação de um acordo sólido.”
Unilab – Ainda na tarde desta segunda, uma outra iniciativa do governo federal brasileiro voltada para a África foi apresentada aos participantes da Conferência Mundial da Educação Superior, que teve início no domingo, 5, em Paris. Paulo Speller, presidente da comissão de implantação da Universidade Federal de Integração Luso-Afro-Brasileira, apresentou o projeto da Unilab aos participantes da mesa-redonda “Promovendo a excelência para acelerar o desenvolvimento da África: no caminho de uma educação superior e da pesquisa africanas.”
Segundo Speller, os participantes da mesa – dentre eles o diretor-geral da Unesco, Koïchiro Matsuura, o primeiro-ministro da Namíbia, Nahas Angula, e Zeinab El Bakri, vice-presidente do Áfrican Development Bank – ficaram bastante animados e interessados em saber mais detalhes da iniciativa do governo brasileiro. Para o ministro Fernando Haddad, o grande destaque da Unilab é que a unidade da instituição não será ideológica, será a língua portuguesa. Paulo Speller afirmou que o primeiro relatório da implantação da Unilab será entregue ao Ministério da Educação – já com o projeto político-pedagógico da instituição – no final deste mês. O projeto de lei que cria a Unilab aguarda ainda aprovação do Congresso Nacional. A sede da universidade será em Redenção, no Ceará.
Luciana Yonekawa