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  • A prática e o aprendizado de diferentes jogos, com o futsal, fazem parte das atividades do projeto Escola Aberta na escola paraense (foto: arquivo da escola)  Atividades educativas, culturais, artísticas e esportivas são constantes nos fins de semana da Escola Municipal de Ensino Fundamental Cândida Santos de Souza, no Pará. Por meio de iniciativas extraclasse, a instituição de ensino, no município de Ananindeua, região metropolitana de Belém, contribui para melhorar a qualidade de vida da comunidade e, ao mesmo, funciona como um espaço de cidadania e convivência social.

    Com cerca de 1,5 mil alunos matriculados no ensino fundamental e na educação de jovens e adultos, a instituição está localizada no Distrito Industrial, bairro classificado pela polícia como zona vermelha, em razão dos índices de violência. O projeto Escola Aberta Educação e Cidadania, iniciado em 2009, oferece diversas ações educativas e de recreação. Estudantes, pais e servidores, além de moradores do bairro e do entorno, podem participar das atividades, oferecidas aos sábados de manhã e à tarde.

    “O projeto veio ajudar a comunidade, oferecendo um espaço socializador, capaz de promover mudanças e permitir ações acolhedoras”, salienta o diretor da escola, Belmiro Campelo Neto. O projeto, segundo ele, favorece a extensão do processo educacional em seus variados aspectos e dá aos participantes das oficinas a oportunidade de aumento da renda familiar, com a criação de objetos artesanais.    

    Aulas de crochê, pintura em tecido, confecção de bombons e criação de bijuterias são algumas das atividades ensinadas nas oficinas. O projeto também oferece a prática e o aprendizado de diferentes jogos, tanto de tabuleiro, como xadrez, dominó, trilha e futebol de botão, quanto de quadra, como vôlei e futsal.

    Os instrutores, mais conhecidos como oficineiros, são recrutados na própria comunidade, geralmente a partir de indicações de professores, alunos ou servidores da escola. Algumas vezes, os próprios interessados procuram a escola para oferecer seus serviços. Os instrutores podem ser voluntários ou receber pagamento pelas aulas, com recursos específicos do projeto. Como as atividades nos fins de semana não afetam as aulas normais, os professores podem atuar como instrutores e também receber o devido pagamento.

    “Sábado é um dia de amizade, ‘o dia da brincadeira’, e a família vem se divertir na escola”, diz Jesus dos Santos Cruz, professor de educação física da escola paraense. Ele também desenvolve atividades esportivas no projeto Escola Aberta. Os alunos são informados, no decorrer da semana, sobre os jogos que serão realizados no sábado. Dessa forma, podem convidar os amigos. “A procura é grande”, diz o professor. “Em algumas oficinas, é preciso fazer inscrição; o futebol é o esporte mais procurado.”

    Comportamento — De acordo com o diretor da escola, o projeto ajudou a reduzir as brigas e atritos entre os estudantes. Como exemplo, cita a melhora no comportamento de alunos que tinham passagens pelo Conselho Tutelar e pela Divisão de Atendimento ao Adolescente da Polícia Civil. “Eles não dizem mais tantos palavrões, sabem resolver as diferenças e não criam confusão”, explica Neto.

    Pedagogo com especialização em gestão escolar, há 27 anos no magistério, Neto salienta que o projeto oferece muito mais do que diminuir a violência: “Ele orienta a comunidade na busca por melhoria de vida e promove a cidadania”.

    A coordenadora do projeto na Escola Cândida é a pedagoga Alcilene Costa Magalhães. Com 15 anos de magistério, ela também exerce a função de coordenadora pedagógica na escola e desenvolve ações de cidadania por meio de projetos, cursos, oficinas e ciclos de palestras. Um de seus projetos é o Cultura de Paz na Escola, vencedor, em 2010, do Prêmio Construindo a Nação, do Instituto Cidadania Brasil. “Acreditamos que desenvolvendo uma cultura de paz na escola é possível diminuir a violência na comunidade”, destaca.


    Fátima Schenini



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