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  • Projeto sobre respeito mútuo entre os alunos da escola potiguar ajudou também a reduzir o déficit de aprendizagem (foto: arquivo da professora Danielle Queiroz)Ao ingressar na Escola Municipal Henrique Castriciano, em Natal, Rio Grande do Norte, no início de 2012, a professora Danielle de Andrade Queiroz começou a lecionar a duas turmas de quarto ano do ensino fundamental marcadas pela indisciplina e pelo desrespeito com professores e colegas. As dificuldades geradas pelo mau comportamento e brigas constantes motivaram a professora a criar o projeto Queremos Respeito; Portanto, Respeitamos o Outro, um dos ganhadores da sexta edição do Prêmio Professores do Brasil.

    Cada atitude desrespeitosa levava Danielle a estimular a reflexão entre os estudantes para fazê-los perceber como se sentiriam se as posições se invertessem e alguém fizesse a eles aquilo que estavam fazendo. Como os alunos não se tratavam pelos nomes próprios, somente por apelidos, geralmente pejorativos, a professora começou a trabalhar com essa questão, com dinâmicas na sala de aula.


    A partir dessas reflexões iniciais, o projeto pedagógico foi crescendo e tomando dimensão mais ampla. Como os estudantes tinham grande déficit de aprendizagem, Danielle resolveu unir o projeto sobre o respeito a um outro, de literatura, o Era uma Vez Dois e Três. Assim, criou um espaço literário na sala de aula. “Uma malinha literária era levada para o intervalo e podia ser usada também por estudantes de outras turmas”, afirma a professora. “Isso acabou criando laços afetivos entre eles.”

     

    Antes da leitura e da escrita, foi desenvolvida a questão da afetividade. “Quando eles alegavam não conseguir fazer alguma coisa, eu dizia: ‘Conseguem! Vocês são inteligentes e têm capacidade’, e ia elevando a autoestima deles.” Assim, Danielle conseguiu o que sempre procurou. Ou seja, estabelecer laços afetivos e inseri-los no dia a dia dos estudantes. “Eles começaram a ter amizade e união entre si”, destaca.

     

    Livros — Com o sucesso do trabalho, os alunos de Danielle passaram a ser convidados para organizar eventos na escola, ministrar seminários em outras turmas ou simplesmente conversar com os demais estudantes. “Eles começaram a se achar importantes”, assinala a professora. Segundo ela, a maior vitória foi a publicação de dois livros, elaborados totalmente pelos alunos — Paz na Escola, por um Mundo Melhor e Victor, o Menino que Queria Ser Respeitado. “Foi um trabalho coletivo, realizado durante o ano todo.”

     

    Além disso, alguns alunos passaram a realizar trabalhos independentes, como livros de histórias e de poesias. “Com o projeto, criamos escritores e conseguimos coisas que nem imaginávamos”, ressalta a professora, que admite surpresa com o trabalho desenvolvido pelos estudantes a partir do tema drogas. “Apresentei um desafio, e eles conseguiram superá-lo”, destaca. “Criaram histórias e depois as dramatizaram.”

     

    Em 2013, Danielle assume novas funções. Há 15 anos no magistério, com formação em pedagogia e especialização em educação infantil e em psicopedagogia, ela será gestora do Centro Municipal de Educação Infantil Fernanda Jales.


    Fátima Schenini

     

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  • Para combater o bullying, não basta cuidar da vítima; também é preciso dar atenção aos agressores. A afirmação é do psiquiatra Roberto Borges, que atua na prevenção desse tipo de violência. O médico avalia que os agressores também podem ser vítimas de abusos em ambientes fora da escola – muitas vezes, situações vividas no núcleo familiar, por exemplo, levam a criança ou jovem a transferir o comportamento para o ambiente escolar.

    Para Roberto Borges, é necessário identificar todos os que participam desse tipo de violência, além de agressor e vítima. “É muito importante levar em conta o papel dos espectadores: se o autor do bullying não encontrar uma plateia que ache graça nas atitudes que ele está tendo com a vítima, provavelmente, ele irá ficar sem graça e não irá repetir a agressão”, ressalta.

    De acordo com o médico, é comum que as vítimas de violência nas escolas desenvolvam quadros depressivos e ansiosos. Por isso, defende a importância de um tratamento conjunto entre psiquiatra e psicólogo. “Isso resulta em melhora da autoestima e age na restauração da capacidade da vítima em enfrentar o problema”, afirma.

    Em casa, os pais devem proporcionar um ambiente seguro para os filhos se sentirem confiantes, segundo orienta Borges. “Já os professores têm um papel importante na prevenção. Eles devem observar com atenção o comportamento dos alunos, dentro e fora de sala de aula, e perceber se há quedas bruscas individuais no rendimento escolar”, sugere.

    Assessoria de Comunicação Social

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  • Fazer os alunos mais bagunceiros se tornarem os mais aplicados. O sonho almejado por milhares de professores virou realidade na turma mais indisciplinada do Colégio Estadual Almirante Tamandaré, localizada em São Pedro da Aldeia (RJ).  Com o auxílio de recursos audiovisuais, a professora Mariléia Soares dos Santos conseguiu não somente atrair a atenção dos estudantes como também melhorar a auto-estima deles.

    Com mais de 24 anos de experiência como professora de História, Mariléia se deparou no ano passado com a turma mais bagunceira da escola: 42 estudantes do segundo ano do ensino médio. “Eles se orgulhavam de ser os piores alunos”, conta, ao ressaltar que grande parte deles era repetente ou estava retornando depois de fazer um supletivo. Até que em 2008, o projeto pedagógico da escola trouxe o tema “artes” para ser trabalhado em todas as disciplinas. Mariléia optou por abordar o assunto por meio do cinema.

    No primeiro bimestre, os estudantes fizeram pesquisas sobre as formas de expressão do cinema, sua história e seus formatos. A professora exibiu curtas-metragens e levou especialistas em cinema para falar sobre o assunto, mas, ainda assim, os alunos continuavam desinteressados. “A perspectiva deles só mudou quando, já cansada de tanta algazarra, eu propus que filmássemos um curta-metragem”, explica.

    Segundo ela, naquele dia, um grupo de alunos foi expulso de sala de aula e, em seguida, retornou devido à confusão criada do lado de fora. De volta à sala, os estudantes continuavam atrapalhando a aula, contando histórias de colegas que estavam se envolvendo com drogas e das bocas de fumo da região. Foi então que um deles disse: “essa história dava um filme”. A professora, de imediato, aproveitou a oportunidade para propor a filmagem de um curta-metragem para contar aquela história.

    “No dia seguinte, logo de manhã, os alunos que odiavam escrever entregaram um roteiro de quatro páginas”, celebra.

    De acordo com Mariléia, desse momento em diante a postura dos alunos mudou completamente. Eles mesmos conseguiram duas máquinas filmadoras emprestadas com amigos e também levaram três máquinas fotográficas digitais. Como a maioria dos estudantes trabalhava durante o dia e estudava a noite, as filmagens eram realizadas nos fins de semana e até mesmo depois da aula. “Às vezes dava onze horas da noite e a gente estava na rua filmando com os alunos”, ilustra.

    Entre filmagens e edição, que também foi feita pelos estudantes no Núcleo de Tecnologia Educacional da cidade, o projeto levou três meses para ficar pronto. “O mais interessante é que aqueles alunos que achavam graça do uso das drogas começaram a fazer um alerta sobre as conseqüências do seu uso. Isso mudou muito a vida deles”, acrescenta a professora.

    Além disso, a mudança de comportamento se refletiu nas demais disciplinas e pela primeira vez eles começaram a receber elogios na escola. “Eles foram aplaudidos de pé pelos colegas depois de apresentarem o curta-metragem. Os estudantes descobriram que são capazes de fazer algo grandioso”, revela.

    Benefícios –Doutora em educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Laura Maria Coutinho ressalta os benefícios pedagógicos trazidos pelos produtos audiovisuais. Segundo ela, por meio dos vídeos, os estudantes aprendem a trabalhar em grupo, a desenvolver o sentido estético e a se expressar por meio de uma linguagem que incorpora sons e imagens.

    “Um audiovisual é muito mais do que uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” destaca. “Implica muito trabalho e é preciso seguir todos os passos de realização: idéia, argumento, roteiro literário, roteiro técnico, captação de imagens e sons, decupagem, montagem, finalização, exibição”, observa ela.

    De acordo com a especialista, para aqueles professores que ainda não se aventuraram como a professora Mariléia, a dica é pesquisar e procurar se familiarizar com os aspectos de produção e realização de um filme. Para ela, é importante observar os trabalhos já realizados, estudando as imagens, o movimento da câmera e da luz. “Hoje, com um computador e processadores de imagens relativamente simples é perfeitamente possível realizar trabalhos muito bons”, conclui.

    Renata Chamarelli
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