Estudantes brasileiros de seis novas escolas de municípios que fazem fronteira com cidades do Uruguai, do Paraguai e da Venezuela ingressam este ano no Projeto Escola Intercultural Bilíngue de Fronteira. Alunos do primeiro ano do ensino fundamental destas escolas terão aula, uma vez por semana, com professores do país vizinho. No projeto é o professor que vai dar aula na escola do outro país.
Criado em 2005 por uma ação bilateral Brasil-Argentina, o Projeto fechou 2008 com 14 escolas de dois países, e abre 2009 com 26 escolas, em cinco países (ver tabela). De acordo com a consultora do projeto no Ministério da Educação, Tayana Tormena, as escolas que entram no projeto este ano começam com turmas do primeiro ano do ensino fundamental, exceto as duas escolas de Pacaraima, em Roraima, e as duas escolas de Santa Elena de Uiarén, na Venezuela, que inscreveram alunos do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental.
As turmas de alunos das escolas de Uruguaiana (RS) e de Dionísio Cerqueira (SC), que estão no projeto desde 2005, têm turmas do primeiro ao quinto ano. Na maioria das escolas, as aulas do intercâmbio iniciam na próxima semana, mas desde fevereiro os professores dessas turmas participam de atividades de planejamento.
Tayana Tormena explica que o objetivo principal do Projeto Escola Intercultural Bilíngue de Fronteira é a integração de estudantes e professores brasileiros com os alunos e professores dos países vizinhos. O foco é a integração, a quebra de fronteira, além da ampliação das oportunidades do aprendizado da segunda língua.
Para facilitar o trabalho dos professores, uma parceria entre os ministérios da Educação dos países oferece, pelo menos, duas etapas de formação por ano, com duração total de 32 horas. A formação reúne todos os professores das escolas do projeto, mesmo os que não estão diretamente fazendo o intercâmbio. Com isso, toda a escola se envolve no projeto e a progressão para as séries seguintes se dá de forma mais natural. Mesmo assim, uma assessoria acompanha mensalmente cada município.
O que estudam– No Escola de Fronteira, professores e alunos participam da escolha dos projetos a serem tratados a cada bimestre. Tayana diz que os professores estimulam os alunos a formularem perguntas que revelem seus temas de interesse. Depois, considerando essas perguntas, a turma elege uma delas para ser trabalhada durante o bimestre. Uma turma do município de São Borja (RS), por exemplo, quis saber por que a cidade construía tantas casas. Dessa curiosidade, os professores desenvolveram conceitos de matemática com estudantes buscando informações com engenheiros sobre o número de tijolos necessários para construir uma casa; ao formularem perguntas, terem estudado português; e ao descobrir a cidade, ampliaram os conhecimentos de geografia e história.
Ionice Lorenzoni