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  • As histórias em quadrinhos passaram a fazer parte dos títulos adquiridos pelo PNBE a partir do edital do PNBE/2006.


  • Propor a mudança de perspectiva das crianças sobre o território em que vivem, rompendo estigmas e fortalecendo a autoestima, é o objetivo de um projeto desenvolvido na escola municipal Anne Frank, em Minas Gerais. Com a ação, a escola localizada no bairro de Confisco, entre Belo Horizonte e Contagem, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos deste ano, na categoria Educação Formal.

    Com o título Entre o diário e a história em quadrinhos: construindo a história de um bairro, o trabalho foi realizado por estudantes, que entrevistaram moradores para resgatar a memória e valorizar a história da cidade. O material final foi transformado em quadrinhos.

    “Esse projeto nasceu a partir de três pilares. Um deles é o sonho antigo de uma líder comunitária de contar a história do bairro por meio de quadrinhos. O outro foi a motivação e o incentivo que a gente teve da direção. Outro desencadeador foi uma constatação em sala de aula: sou professor de história da escola Anne Frank há dez anos e percebi que a maioria dos conflitos em sala vinham muito em referência ao local de moradia e uma forte rejeição ao bairro Confisco”, conta o professor Moacir Fagundes.

    Ao entender que não poderia ficar indiferente com a situação, Moacir começou a pensar em formas de trabalhar os problemas enfrentados pelos estudantes. “É um bairro pobre, de periferia, tem muita gente do comércio, muito trabalhador da construção. A maioria é de gente trabalhadora, e a imagem propagada pela mídia sobre o bairro não é nada positiva, ao contrário. Então, o projeto que realizamos com os estudantes da escola Anne Frank também dá atenção para esse dado”, detalha.

    Um formulário com perguntas foi criado em conjunto com os estudantes. De posse desse material, o professor e os alunos percorreram as ruas do bairro coletando informações. O ponto principal era descobrir que imagem os moradores do bairro tinham do local onde moram. Entre as perguntas, havia uma que tratava justamente do que tinha sido debatido em sala de aula: alguma vez tiveram que esconder que moravam no bairro?

    O professor Moacir Fagundes destaca que a experiência acentuou, nas crianças, a consciência de pertencimento ao bairro (Frame: TV MEC)

     “Transcrevi todas as entrevistas e fui selecionando as falas por tema. Por exemplo, as que falavam o porquê de [o bairro] se chamar Confisco. Então, peguei a resposta de todos que falavam nesse assunto e selecionei. Fui fazendo um apanhado, que foram transformados em balões de história em quadrinhos. Fizemos um painel na sala e fomos debatendo com os meninos”, relembra o professor.

    Moacir conta que, com algumas parcerias, foi possível realizar oficinas de histórias em quadrinhos, para os estudantes aprenderem técnicas básicas de desenho. O desdobramento da ação foi o lançamento da revistinha e uma exposição fotográfica.

    O professor destaca que o resultado positivo da atividade em relação aos alunos é perceptível. “A autoestima melhorou bastante. Deu para ver que se criou mais o sentimento de pertencer ao local. Tanto é que hoje diminuíram bastante as brigas por causa do nome do bairro. E sempre que eles veem alguém falando do bairro na mídia, falando bem, se sentem orgulhosos”, ressalta. Para Moacir, dar ao estudante a oportunidade de ser protagonista faz aumentar a participação e o interesse em sala de aula.

    Assessoria de Comunicação Social 

  • A leitura de obras em quadrinhos demanda um processo bastante complexo por parte do leitor: texto, imagens, balões, ordem das tiras, onomatopeias, que contribuem significativamente para a independência do leitor na interpretação dos textos lidos. Além disso, o universo dos quadrinhos faz parte das experiências cotidianas dos alunos. É uma linguagem reconhecida bem antes de a criança passar pelo processo de alfabetização.

  • Estudantes que participam do projeto Fazendo Arte, desenvolvido em escolas públicas de Tremembé, aprendem musicalização e prática de instrumentos e sonham em tocar numa orquestra (foto: junjiabe blogspot com)As aulas são gratuitas e ocorrem duas vezes por semana, durante uma hora, em prédio próprio. Pode participar qualquer aluno a partir do primeiro ano do ensino fundamental, matriculado em escolas públicas municipais de Tremembé, município paulista de 50 mil habitantes, a 150 quilômetros da capital. “No início do ano, a procura é grande, mas os que ficam mesmo são os que se identificam com a arte e querem seguir carreira artística. Temos descoberto talentos”, explica a gestora do projeto Fazendo Arte, Conceição Fenille Molinaro, professora de artes plásticas e cênicas formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

    Nascido há nove anos, o projeto hoje oferece aulas de diferentes expressões artísticas, como hip-hop, dança flamenca, balé clássico, quadrinhos, artes plásticas (desenho, gravura e pintura), teatro e vários instrumentos musicais, com o apoio da Secretaria de Educação do município.

    Atualmente, 620 alunos estão matriculados e participam de aulas coletivas. Eles aprendem musicalização, fazem prática de instrumento e leem partitura. “Todos querem participar das nossas duas orquestras”, afirma Conceição. “Fazemos apresentações em Tremembé e cidades vizinhas.”

    Bruno Amaral toca, no violão, músicas do Metallica, grupo norte-americano de rock (heavy metal). O estudante busca o sucesso com sua própria banda.

    Gustavo Nigoto, apaixonado pelo trombone, ouve solos do mestre Gilberto Gagliardi. Ele diz gostar do instrumento por ser mais cheio de notas brancas (notas naturais, que não sofrem alteração no som) e por completar a harmonia da orquestra. Os dois jovens, que moram em Tremembé, tiveram a chance de descobrir a música graças ao projeto Fazendo Arte, da Secretaria de Educação.

    Aluno do segundo ano do ensino médio, Gustavo Nigoto, 16 anos, faz o curso regular em escola pública, à noite. À tarde, é aluno do curso técnico de músico, em escola particular. De manhã, trabalha como estagiário e ajuda um professor nas aulas de fanfarra em Taubaté, município vizinho. Aos sábados, volta para ensaiar na orquestra do projeto. “Nossos ex-alunos não saem daqui”, comenta Conceição. “O núcleo do projeto virou um ponto de encontro de jovens. Para essa juventude, isso é muito saudável.”

    Bruno Amaral, 19 anos, já terminou o ensino médio e faz curso técnico de eletricista e manutenção de bicicletas. Ele continua frequentando o projeto, onde aprendeu a tocar violão, guitarra e contrabaixo. Atualmente, faz parte da Camerata de Violões e da banda de rock Sinopse. Quando necessário, substitui os professores de violão, viola caipira e guitarra. “Quando cheguei, gostava da ideia de aprender música, mas não sabia tocar nada”, diz.

    As aulas de música do projeto já resultaram em grupos, como a banda Lady Rock, que segue carreira independente. Bruno faz parte da banda. “Estamos atrás do sucesso”, diz, animado. De diferente, o grupo usa violão, em vez de guitarra. “O Slash, do Guns N’ Roses, faz isso”, compara.

    Quadrinhos— O curso de história em quadrinhos, em estilo mangá, é outra atividade do projeto bastante procurada. “Toda criança sabe desenhar, mas depois dos 10 anos vai perdendo o estímulo para a criatividade porque a família e a sociedade não acham importante, que não é algo de futuro”, afirma o professor Douglas Henrique Marques. De origem japonesa, o mangá tornou-se conhecido no Ocidente ao ser elogiado pelo desenhista norte-americano Frank Miller.

    Nas aulas, cada aluno usa habilidade e criatividade para inventar personagens. “Quem mais procura o curso são adolescentes de 13 a 15 anos, o que é muito bom porque os jovens começam a ler, a se informar sobre a origem e a história do mangá, seus diferentes estilos e sua relação com outros movimentos artísticos, como a art nouveau e a pop art”, diz o professor. “Esses jovens passam a ter, na técnica do desenho, do mangá, uma alternativa de trabalho no futuro.”

    O projeto de artes da cidade paulista ganha simpatia e parcerias importantes. Em junho de 2011, sediou o evento Quitutes e Batuques, uma caravana de artistas nacionais e internacionais. Na ocasião, um grupo de 12 artistas holandeses promoveu oficinas de cordas, percussão, sopro, teatro, hip-hop e brinquedos sonoros.

    Rovênia Amorim

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  • Os livros do PNBE são distribuídos para todas as escolas da educação básica. Em 2009, as publicações foram distribuídas para as séries/anos finais do ensino fundamental e também para o ensino médio. Já em 2010, será a vez das escolas de educação infantil e de séries/anos finais de ensino fundamental receberem.
  • Para o PNBE 2009 foram selecionadas 23 obras em quadrinhos.
  • Em 2008, foram selecionadas 16 obras de narrativas em quadrinhos; em 2006, 14 obras.

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