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Conheça a obra de João do Rio

  • Quinta-feira, 24 de julho de 2008, 15h08

O Escritor, João Paulo Alberto Coelho Barreto, membro da Academia Brasileira de Letras e pioneiro na luta pelos direitos autorais (Foto: Biblioteca Nacional)Leia a descrição dos marginalizados da sociedade carioca há mais de 100 anos. Conheça prostitutas, trabalhadores do cais, consumidores de ópio, tatuadores e toda sorte de indivíduos que não freqüentavam os nobres salões. O escritor que expôs essa realidade foi batizado como João Paulo Alberto Coelho Barreto, mas foi sob o pseudônimo de João do Rio que ele se consagrou. Grande parte de sua obra está disponível, gratuitamente, no portal Domínio Público.

João do Rio foi uma das personalidades mais influentes do início do século 20. Jornalista, autor de teatro, membro da Academia Brasileira de Letras e pioneiro na luta pelos direitos autorais, seu campo de atuação se estendeu dos nobres salões do Rio de Janeiro às fúmeries de ópio, freqüentadas por miseráveis imigrantes asiáticos. Paulo Barreto foi o primeiro jornalista a percorrer as ruas procurando por notícias. Até então, os jornais brasileiros eram constituídos por artigos e textos literários assinados por pessoas de renome na sociedade.

Suas obras mais consagradas são coletâneas de textos publicados em jornais. De fevereiro a março de 1904, João do Rio publicou a série de reportagens que viria a ser o seu primeiro livro: As religiões do Rio. O repórter visitava templos e rituais religiosos, descrevia e explicava os acontecimentos e principais dogmas das religiões. Os textos explicitaram costumes e personagens que, até então, eram pouco íntimos da elite carioca. A “Paris brasileira” deparou-se com seus aspectos mestiços, multirraciais e com sua religião sincrética, influência direta do contato com os negros africanos. As crônicas de João do Rio modificaram a maneira como o Rio de Janeiro se percebia e, por conseguinte, terminaram por modificar a própria representação da sociedade carioca.

João do Rio foi um homem à frente de seu tempo. Algumas de suas idéias são consideradas inovadoras ainda hoje. Foi feminista e defendeu o voto das mulheres. Também considerava justo que homens e mulheres tivessem igual número de membros na Câmara e no Senado, o que ainda não foi alcançado. Em uma de suas conferências sobre temas ligados à modernidade de então, o autor escreveu: “Eu sou feminista. E feminista não de hoje, mas feminista histórico como os republicanos (...) Eu sou inabalavelmente feminista. (...) E sou isso por várias razões. A primeira é que o feminismo é a única idéia revolucionária bonita e sempre na moda”. 

Tamanho pioneirismo, entretanto, o expôs a críticas ferozes que encontraram na homossexualidade do autor um prato cheio para chacotas. Considerado por seus biógrafos como um indivíduo muito sensível e com dificuldades de lidar com críticas, João do Rio foi o mais criticado jornalista de sua geração.

Ana Guimarães

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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